quarta-feira, 30 de junho de 2010

Outro mundo é possível, também em Detroit




Imagens da decadência de Detroit, a meca da indústria automobilística dos EUA.

Por esses dias está acontecendo o segundo Fórum Social dos Estados Unidos, na ex-meca da indústria automobilística dos EUA, a cidade de Detroit. A mídia norte-americana não divulga isso, embora o evento tenha sido muito maior do que qualquer convenção do movimento conservador Tea Party. Mais de 10.000 cidadãos, ativistas e líderes comunitários – existe isso lá também, pasme você! – participaram durante quatro dias de oficinas, reuniões e passeatas no Fórum, que ocorre, não por acaso, em Detroit.

O US-Fórum Social define-se como “um espaço aberto de encontro para reflexão, o debate democrático de ideias, formulação de propostas e troca livre de experiências”. O fato de acontecer em Detroit, esta cidade que sofreu o colapso da indústria automotiva e o pior da crise das hipotecas, a cidade é o exemplo máximo do completo fracasso do capitalismo e, ao mesmo tempo, de diversas iniciativas populares para construir um futuro alternativo, justo e verde.

“O continente americano não vislumbrou uma transformação como a de Detroit desde os últimos dias da civilização maia”, comparou a escritora Rebecca Solnit durante o Fórum. O núcleo da Detroit moderna, a indústria automotiva, facilitou a criação de subúrbios que em última análise foram a ruína das pujantes cidades do interior. Detroit, que foi uma metrópole de 2 milhões de habitantes até meados da década de 50, reduziu sua população para em torno de 800 mil habitantes. Pobreza, desemprego, despovoamento e declínio levaram a região a um cenário quase pós-apocalíptico.

A realização do US-Fórum Social em Detroit, que já foi o símbolo do milagre de industrialização e agora se tornou um símbolo da devastação de desindustrialização, aponta para a busca de um novo tipo de sociedade mais sustentável, em que as pessoas tentam ajudar umas às outras, sem foco demasiadamente centrado na conquista de um emprego para construir a própria fortuna, mas mais voltadas à percepção de que dependemos uns dos outros.

Em meio ao caos e às ruínas da pujança de outrora, começa a levantar-se um novo espírito em Detroit, que busca caminhos alternativos que passam por hortas comunitárias, empreendimentos comerciais coletivos e carros elétricos. É uma transformação silenciosa, mas cada vez mais perceptível, num cenário que assusta muita gente.

Nas palavras do grande escritor indiano Arundhati Roy: “Um outro mundo não só é possível, como já está a caminho. Talvez muitos de nós não estejamos aqui para recebê-lo, mas num dia silencioso, se a gente escuta atentamente, já se pode ouvir sua respiração”. E a partir de Detroit, isso poderá ser realidade inclusive nos EUA.

terça-feira, 29 de junho de 2010

Rudinei Bernardi poderia ter sido salvo


Chocante, a morte de Rudinei Bernardi ontem, em Blumenau (http://www.clicrbs.com.br/jsc/sc/impressa/4,186,2953784,14990). Não o conheço, mas a fatalidade estúpida do seu acidente mexeu comigo. Morrer no dia do aniversário de 25 anos, poucas horas depois de realizar o sonho de comprar a tão esperada motocicleta, é uma tragédia que não se pode medir, especialmente para os pais e familiares envolvidos. Perguntas inevitáveis vão martelar as cabeças deles por muito tempo: "Por que deixamos ele comprar a moto? Por que Deus permite uma fatalidade dessas, ainda mais com um jovem trabalhador e sonhador? Por que ele não afivelou o capacete direito?"

Acidentes de moto podem acontecer com qualquer motociclista. Mas eles não precisam ser tão frequentes, nem fatais. Para isso, alguns cuidados mínimos são fundamentais. E o primeiro deles é a direção defensiva, ainda mais para quem compra a sua primeira moto. Estar habilitado não significa estar pronto para pilotar uma moto. É preciso ter paciência para adquirir experiência. E direção defensiva, definitivamente, não é algo que se aprende nessa droga de curso que oferecem por aí nos centros de formação de condutores para habilitar motoqueiros.

O Sindicato dos Motoboys de São Paulo está furibundo porque o Detran quer obrigar os motoboys a fazer um curso especial para exercer a profissão. Eu digo: parabéns ao Detran paulista! O curso deveria ser obrigatório para todos os motociclistas brasileiros, sejam eles profissionais ou de fim de semana, iniciantes ou experientes. Está mais do que na hora de levar as trágicas estatísticas de motociclistas mortos mais a sério.
Eu adoro andar de moto. Mas, sinceramente, não gostaria de fazer parte delas. Se um curso desses já fosse obrigação antes de colocar um capacete na cabeça e sair por aí, curtindo uma Bros ou uma Boulevard, uma Hayabusa ou uma Dafra, talvez a vida de Rudinei tivesse sido poupada...

Chega de mortes! Pilotagem segura e responsável já!
(Obs.: A foto acima é meramente ilustrativa e não reproduz o acidente que matou Rudinei Bernardi.)

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Um manual contra o tráfico de pessoas

“O tráfico de pessoas é uma violação aos direitos humanos que já atingiu aproximadamente 2,5 milhões de mulheres, homens, crianças e adolescentes no mundo. Esta violação quase sempre vem acompanhada de outras violações como o cerceamento da liberdade, o trabalho forçado e escravo e a exploração sexual.”

A definição está no manual “Cidadania, Direitos Humanos e Tráfico de Pessoas”, de 75 páginas, lançado na quarta-feira, 24 de junho na Universidade de Brasília, para ajudar as promotoras legais populares na difícil tarefa de identificar possíveis vítimas deste delito. O curso capacita dirigentes de associações de mulheres a atuar legalmente em defesa dos direitos humanos de mulheres em situação de risco e violência nos cursos de promotoras legais populares desde 1992.

O manual dá informações especialmente às mulheres que fazem o curso em lugares onde o tráfico de pessoas e a existência de rotas do tráfico são uma dramática realidade. Adriana Miranda, investigadora do Núcleo de Estudos para a Paz e os Direitos Humanos da Universidade de Brasília (UnB), é uma das autoras do Manual, que foi elaborado coletivamente, já que muitas autoras trabalharam o conteúdo. “Visitamos instituições que têm promotoras legais para saber quanto elas sabiam sobre tráfico de pessoas. A partir disso, elaboramos o conteúdo”, explicou Adriana.

As Promotoras Legais Populares são mulheres que trabalham em favor dos segmentos populares com legitimidade e justiça no combate diário à discriminação. São aquelas que podem orientar, dar um conselho e promover a função instrumental do Direito na vida cotidiana das mulheres.

O Manual completo pode ser baixado neste link: http://www.oitbrasil.org.br/info/downloadfile.php?fileId=384

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Em nome de Deus?

O filósofo judeu Martin Buber, na versão de Andy Warhol

“Deus é a palavra mais vilipendiada de todas as palavras humanas. Nenhuma tem sido tão manchada, tão mutilada... As gerações humanas têm feito rodar sobre esta palavra o peso de sua vida angustiada, e a têm espremido contra o solo. Jaz no pó e suporta o peso de todas elas. As gerações humanas, com seus partidarismos religiosos, têm desgarrado esta palavra. A têm matado e se deixado matar por ela. Esta palavra leva suas impressões digitais e seu sangue... Os homens vestem um manequim e escrevem debaixo dele a palavra ‘Deus’. Assassinam-se uns aos outros e dizem: ‘o fazemos em nome de Deus’... Devemos respeitar os que proíbem esta palavra, porque se rebelam contra a injustiça e os excessos que com tanta facilidade se cometem com uma suposta autorização de ‘Deus’.”

Este desabafo de Martin Buber me faz pensar que o recém-falecido escritor José Saramago tinha razão na sua ácida crítica às religiões. Nós, em nossas instituições, templos e redutos sacerdotais temos abusado todos os dias, manifestando atitudes tão vilmente humanas. Mas nos apresentamos como pretensos defensores do juízo de Deus e, em Seu nome, temos cometido tantas barbaridades que já não podemos cobrar de Saramago sua total descrença.

Transformamos Deus no argumento do nosso ódio, do nosso desprezo pelo pensamento diletante do próximo, ou o usamos para justificar nossa reprovação rasteira à sua mais ordinária aparência exterior. Quanta arrogância, enlamear o nome de Deus para justificar a nossa pequenez.

Em vez de provocar editoriais azedos nos jornais da Igreja, a coerência de Saramago deveria acender a luz vermelha da autocrítica. A sua reflexão teológica às avessas deveria ser um espelho para a teologia e a prática das religiões. Devíamos falar menos em nome de Deus e nos calar, para dar mais ouvidos ao que Ele tem a dizer.

Um lugar genial sobre a genialidade humana



Este espetacular arquivo da genialidade humana é coisa do milionário excêntrico Jay Walker. A Library of Human Imagination (Biblioteca da Imaginação Humana) é uma verdadeira Disneylândia intelectual, um parque performático da genialidade (e também dos delírios e exageros) da espécie humana ao longo da história. O espaço é montado como uma mistura arquitetônica de biblioteca clássica de atmosfera vitoriana e arranjo hi-tech, com painéis de vidro iluminados com luzes azuladas que formam desenhos das grandes conquistas da humanidade.

Mas não tem só desenhos bonitos na escada. Walker investiu milhões numa coleção particular única, que tem obras exclusivas, que não estão nem nas melhores bibliotecas do planeta. Estão ali uma Bíblia escrita a mão por monges em 1240, o primeiro livro médico ilustrado do mundo, publicado em 1499, o primeiro mapa a colocar o Sol como centro do universo conhecido, de 1699, o guardanapo em que Roosevelt desenhou a estratégia para vencer a Segunda Guerra Mundial quatro meses depois de Pearl Harbor, um Sputnik Original (1957) e muito mais.

O único problema, por enquanto, é que Walker fechou o espaço para um público muito seleto. Ele, a sua esposa, e os amigos da família... Além destes, somente convidados muito especiais, como cientistas e pensadores escolhidos a dedo. Exceções são alguns universitários, governantes, políticos de prestígio e inventores que se inspiram ali para suas invenções. Todos escolhidos pelo casal Walker. Enquanto isso, ficamos na torcida para, um dia, visitar a mais impressionante biblioteca jamais montada.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Um São João só nosso

Todo esse tempo já passou. Entretanto, ainda parece ter sido ontem. Dia de São João. Festa grande. A maior de Rio do Sul durante todo o ano. As barracas cercam a matriz e o povo toma conta do pátio, da praça Ermembergo Pellizzetti, do centro da cidade. É assim todos os anos.

Mas o dia 24 de junho, há 32 anos, foi ainda mais digno de nota. Naquele dia, às 18 horas, começava uma outra festa.

Durante meses eu havia me preparado para ela. Todos os dias eu abria a caixa dos sapatos para admirá-los, sentir o cheiro do couro, espelhar-me no seu brilho. Jamais havia possuído um par tão especial, significativo, bonito. Enquanto admirava os sapatos, os sonhos corriam soltos, como cavalos selvagens. Longe da noiva, naqueles últimos dias antes do casamento, o peito doía. Ao mesmo tempo, o coração pulava de emoção pela expectativa do dia 24 de junho.

Passaram-se 32 anos. É uma vida inteira. Nesses tempos de uniões cada vez mais blitz, nós dois somos quase uma aberração estatística. Mas isso não nos tira o sono. Depois de todo esse tempo, ainda podemos nos olhar nos olhos, sentir um calafrio na espinha e dizer "eu te amo".

terça-feira, 22 de junho de 2010

O teatro Nuclear

As bombas lançadas pelos EUA sobre Hiroshima e Nagasaki em 1945

A proliferação de armas nucleares e um possível desarmamento se encontram entre os principais temas da agenda política mundial apesar de as chamadas armas leves e portáteis (pistolas, rifles, metralhadoras leves, lança-granadas, morteiros, armas anti-tanques móveis e lança-foguetes, inclusive lança-mísseis anti-aéreos portáteis) serem as verdadeiras armas de destruição em massa. A Small Arms Survey realizou pesquisa em 2009 que confirma o crescimento contínuo do comércio global dessas armas. O valor do comércio mundial de atingiu US $ 2,9 bilhões em 2006, um aumento de 28% desde 2000. Os Estados Unidos, aparecem como o maior exportador e o maior importador dessas armas que entre 2001 e de 2006 foram responsáveis pela morte de 450.000 pessoas.

O ano de 2010 se revela de particular importância na questão nuclear. O acordo firmado entre Rússia e os Estados Unidos sobre a redução da armas nucleares estratégicas, a publicação do informe Nuclear Posture Review que identifica a capacidade nuclear que a administração Obama espera para os próximos quatro anos e a conferência de avaliação do Tratado de Não Proliferação Nuclear. Curioso notar que os Estados que possuem armas nucleares (Estados Unidos, Rússia, França, Inglaterra e China – todos signatarios del TNP- possuem 90% das armas nucleares sendo o restante distribuído entre Índia, Paquistão e Israel) são os que mais reivindicam um “mundo sem armas nucleares.”

A mídia saudou como um grande passo para a paz o encontro (maio) entre o Nobel da Paz, Obama, e o recém admitido na “comunidade ocidental”, Medvedev, em que acordaram reduzir seus arsenais estratégicos em torno de 1550 ogivas para cada um. Especula-se que, atualmente, existam em torno de 23.000 armas nucleares, ou em outras palavras, 150.000 explosões nucleares como a de Hiroshima – não fique abismado que é isso mesmo! Mas a “comunidade ocidental” procura tranqüilizar-nos informando que são 40.000 menos que nos tempos críticos da Guerra Fria. Vamos traduzir em números, mais uma vez. O que eles nos dizem é: durante a guerra fria a capacidade nuclear existente poderia destruir o mundo centenas de vezes. Portanto, agora pode-se acalmar que os lideres mundiais, que são muito racionais, informam que fizeram um acordo e o mundo poderá ser destruído apenas algumas dezenas de vezes.

A administração Obama apresentou a sua reformulação da estratégia nuclear como algo completamente revolucionário. Agora, diferentemente da era Bush, ao invés de reservar a possibilidade de ataques nucleares, em resposta a um ataque nuclear, ou um ataque por outras formas de destruição em massa (como armas químicas e biológicas) os EUA declaram que o papel fundamental de seu arsenal é impedir eventuais ataques nucleares ao pais e seus aliados. A chamada revisão da estratégia declara que "os EUA não pode usar ou ameaçar usar armas contra os não-nucleares que fazem parte do tratado de não proliferação nuclear, ou seja Irã e Coréia do Norte ainda se constituem em um possível alvo.

Pergunto se agora algum lugar do mundo se sente seguro com esta nova declaração no caso de uma crise ou uma guerra com o envolvimento dos EUA. Você sabe realmente quando ou como um Estado nuclear poderá realmente usar o seu arsenal para proteger seus interesses? Você acha que é razoável correr esse risco?

Além disso, a decisão de excluir estados com armas nucleares, não-signatários do TNP, parece contraproducente como bem assinalou o especialista Stephen Walt. Pois, se o Irã continua a ser um alvo nuclear, mesmo quando não tem suas próprias armas isso apenas poderá lhe dar incentivos adicionais para perseguir uma opção das armas nucleares pelos mesmos argumentos que os EUA justificam em ter o seu próprio arsenal.

Se o governo dos EUA acredita que o papel fundamental das armas nucleares é impedir um ataque, e agora diz que ainda reserva a opção de usar armas nucleares contra o Irã, então não seria razoável concluir que o Irã ou qualquer outro pais, da mesma forma, poderia usar um arsenal nuclear para sua segurança cujo papel fundamental seria o de impedir que os EUA façam isso?Creio que nesse terreno estamos mais próximos do Teatro do Absurdo do que propriamente da política internacional.

Reginaldo Nasser, Professor de Relações Internacionais da PUC-SP (Carta Capital)

domingo, 20 de junho de 2010

Vida boa longe do problema


Você pensa que os responsáveis pela maior lambança energética da história humana estão preocupados em resolver o problema? Enquanto a graxa grudenta sangra há dois meses do fundo da Terra, nas profundezas do Golfo do México, Tony Hayward pega o seu luxuoso iate e vai velejar. Ele quer de volta a doce vida do passado, longe dos problemas e bem pertinho do luxo e da felicidade.

Não que ele não tenha direito a isso, ou que devessemos invejá-lo ou amaldiçoá-lo por causa do seu desejo de paz e sossego. Ele tem muito dinheiro e pode comprar o que quiser, inclusive o direito de velejar num luxuoso iate, num mar azul e despoluído, longe daquela meleca grudenta que boia, impávida, empestiando as águas do Golfo do México.

O único problema de Hayward é ele ser quem é, ou seja, nada menos que o Diretor da Brittish Petroleum, a entrementes tristemente famosa BP, a incompetente companhia petrolífera britânica causadora do maior desastre com o ouro negro de que se tem notícia na história humana. A Casa Branca está p. da vida com ele. Comportamento arrogante é a acusação mais branda.

"O mundo vai acabar e ela só quer dançar, dançar, dançar..."

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Um cubinho que não largava a gente

O inventor do cubo mágico, Ernö Rubik, em Londres (1981)
O cubo original, feito de madeira.

Há 30 anos, o húngaro Ernö Rubik apareceu de trás da Cortina de Ferro com um brinquedo que rapidamente tornou-se uma mania mundial. Trata-se do cubo mágico. Segundo Rubik, do primeiro esboço ao sucesso comercial passaram-se seis anos. Em pouco tempo, apareceram recordistas de todos os lados e diversos livros foram lançados, explicando passo a passo como resolver o enigma, fazendo as seis faces do cubo de uma só cor. Como poucos conseguiam resolver o enigma sozinhos, esses livros entraram na lista dos bestsellers em pouco tempo.

Quase três décadas depois, nem o Tadeu Schmidt escapou do brinquedo. Veja neste vídeo do Fantástico:


quinta-feira, 17 de junho de 2010

Na falta de bom futebol, vamos de Mandela

Nelson Mandela com sua bisneta Zenani, que morreu na sexta-feira em acidente de carro e foi sepultada ontem.

Ontem, durante o jogo da África do Sul e do Uruguai (que pena, a derrota da Bafana Bafana), uma jovem perguntou-me: "Quem é esse tal de Mandela, que todo mundo fala?". Pacientemente, em tom professoral, expliquei a ela quem é este ser humano, cuja fantástica herança moral e explêndido legado histórico reacende minha fé na espécie humana.

Talvez, o resgate da história e da conquista de Nelson Mandela seja uma das poucas coisas boas que esta copa tem feito. A melhor imagem ao vivo que foi transmitida da África do Sul até agora foi o também Nobel da Paz e não menos ícone bispo Desmond Tutu, vestido com a camisa da Bafana Bafana, levando o estádio inteiro a gritar "Mandiba! Mandiba!", para que o grandioso herói de 92 anos pudesse sentir o carinho do povo.

Porque de futebol na Copa, até hoje, não se viu nada. Sinceramente, ainda guardo na memória o mais espetacular jogo de futebol que eu já assisti na minha vida: Santos e Grêmio, em Porto Alegre, pela Copa do Brasil deste ano. Uma hora e meia de futebol impecável. Do ponto de vista do espetáculo futebolístico aquilo foi tudo de bom! Lindo! Na África, até agora, quem pagou uma fortuna para ver os jogos, só viu o mesmo futebol que se pode ver numa partida do Metropolitano, aqui em Blumenau...

Achei genial esta arte estampada na capa do SANTA de hoje. Para um encontro que deveria ser a Fórmula 1 do futebol, até agora, ninguém passou dos 80...

Enquanto isso, voltemos à aula de cidadania e falemos um pouco mais de Mandela. Ele merece. Acima de tudo, ele merece nosso carinho e solidariedade, não porque Bafana Bafana está praticamente eliminada da copa, mas porque perdeu a bisneta durante o show de abertura, num acidente de carro. Mandiba, um bisavô de 92 anos, fisicamente frágil e mais uma vez duramente atingido, precisa do abraço solidário do planeta.

Para a moça que me perguntou sobre Mandela, e para todos os que não sabem ou não lembram, um pouco mais dele. A revista Novolhar de novembro/dezembro de 2007 estampava Mandela na capa (http://www.novolhar.com.br/edicoes.php?id=4784), para falar do tema Reconciliação. No editorial, dizíamos:
“Nelson Mandela (...) é o rosto da reconciliação. Mandela foi protagonista da mais impressionante, bem-sucedida e encantadora história de reconciliação jamais vivida por uma nação. Aliás, a África do Sul só se tornou nação verdadeira depois da reconciliação nacional que pôs fim ao apartheid, ao colocar vítimas e algozes frente a frente para expor tudo um ao outro e culminar num gesto de paz e de novo começo. Como presidente, Mandela empenhou-se pessoalmente para que a nova Constituição que surgiu desse processo fosse cumprida na íntegra.
Por isso a capa desta edição não poderia ser outra senão o rosto desse homem. Mandela inspira a reconciliação em meio a um mundo movido a pequenos e grandes conflitos. Mandela instiga a não desistir, por mais que o céu insista em revelar-se coberto. Mandela impulsiona para o 'rosto-a-rosto' em busca da paz perdida.”
A matéria sobre sua vida e luta também estão na Novolhar (http://www.novolhar.com.br/noticia_edicoes.php?id=4734). Boa leitura.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Direção defensiva com humor

Alguns de vocês usam o retrovisor somente para passar o fio dental nos dentes, por isso, eu uso equipamentos de segurança.

A maioria de vocês pensa que usar o pisca-pisca é opcional, por isso eu uso capacete.

Pilotar seguro é mais do que colocar o capacete na cabeça. Você precisa estar literalmente preparado para tudo e antever os riscos na própria atitude suspeita e displicente dos outros em meio ao caos do trânsito. A campanha publicitária bem-humorada acima foi criada pela agência Amálie Company para o Departamento de Trânsito do Colorado (EUA). Ela tem como foco chamar a atenção dos motoristas descuidados para a existência dos motociclistas.

Carros têm parachoques. Motociclistas têm ossos.

Para carros e caminhões, o inceto é você.

O vento é uma delícia no seu rosto. Parachoques, nem tanto.

Já esta outra campanha, foi criada pela agência Richter7 para o Departamento de Trânsito de Utach (EUA), com o objetivo de reduzir os acidentes de moto. Duas boas ideias para copiar aqui entre nós, onde motoristas e motociclistas se acusam mutuamente pela elevação dos acidentes de trânsito, enquanto ambos desrespeitam a legislação.

terça-feira, 15 de junho de 2010

Stammtisch, Lederhosen e Blasmusick

O verdadeiro motivo para comemorar hoje não é a provável vitória do Brasil na Copa sobre a Coreia do Norte, mas a decisão do juiz Osmar Tomazoni, titular da Vara da Fazenda Pública, que concedeu liminar ontem à tarde, suspendendo a execução do contrato de privatização do tratamento de esgoto de Blumenau.

Tomazoni determinou a retirada imediata de todos os funcionários da empresa Foz do Brasil (que nome, hein? Vocês têm que ouvir a Voz do Brasil!) das instalações do Samae e o cancelamento das suas senhas no sistema da prefeitura. Ou seja, a empresa é privada, mas eles estão nos quadros do funcionalismo público.

Comemoro também a ação do promotor Gustavo Ruiz Diaz, do Ministério Público Estadual, autor da ação civil pública que levou à decisão do juiz. Eternos e audaciosos vigilantes, esses promotores percebem quando o povo está sendo ludibriado e a lei tratada como pano de chão.

Não se pode esquecer também do empenho do coordenador jurídico do Comitê Contra a Privatização do Esgoto, o advogado Ivan Natz. Concordo com eles que esgoto é assunto público. E Blumenau tem somente 6% do seu esgoto tratado (vergonha nacional!) porque enfiar tubo debaixo da terra não dá voto. Privatização dá voto porque a gente finge que resolve o problema, enquanto contrata um terceiro (privado!) para fazer o serviço sujo e cobra a conta do contribuinte.

Em vez de usar o rio como uma explêndida alternativa de transporte para o Vale, ele só serve para transportar cocô. Mas, para essa turma, o negócio é privatizar, nem que seja o tratamento do nosso cocô... Copiar coisas boas da Alemanha, como esgoto bem tratado e transporte fluvial de qualidade, não interessa a eles. Enquanto isso, dá-lhe Stammtisch, Lederhosen e Blasmusick...

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Um Index para defender o pensamento único?

Para combater o movimento da Reforma, no ano de 1559 durante o Concílio de Trento, a igreja de Roma criou uma lista de livros que ninguém devia ler. Era o Index Librorum Prohibitorum (Lista dos Livros Proibidos).

Obviamente, as obras dos reformadores constavam desta lista. Por incitação de Roma, os livros de Martim Lutero foram queimados em praça pública. Quando o Reformador luterano foi excomungado, ele queimou a Bula Papal também.

Durante os séculos, a lista foi incluindo todo tipo de livros, até mesmo romances e obras de pensadores famosos. Tanto assim que a 32ª e última edição do Index, publicada pela Cúria Romana em 1948, continha quatro mil títulos.

Entre os escritores famosos que constavam do Index estavam Daniel Defoe, Victor Hugo (inclusive a sua famosa obra Os Miseráveis), Honore de Balzac, Alexandre Dumas Pai, Gustave Flaubert, Nikos Kazantzakis, Descartes, Montaigne, Espinosa, Jean-Jacques Rousseau, Blaise Pascal, Kant, John Stuart Mill, Ernest Renan, Henri Bergson e muitos outros.

O Index foi extinto somente pelo Papa Paulo VI, em 1966, no dia 14 de junho. No dia seguinte, a decisão do papa, chamada de Notificatio de Indicis librorum prohibitorum conditione, foi publicada no Osservatore Romano.

Lamentavelmente, continua a haver muita gente que adoraria uma lista assim na sua igreja, confissão religiosa ou, mesmo, baixada pelo Estado. Nela, deviam constar todos os livros que ensinam teorias e divulgam pensamentos com os quais essas pessoas não concordam. A defesa de uma doutrina do “Pensamento Único” continua bem presente entre nós. Não debatemos ideias. Julgamos pessoas a partir do que pensam ou dizem. Não se dão conta de que, ao quererem fechar a boca de outros, abrem o caminho para que seja fechada também a deles.

Lembro aqui o poema de Martin Niemöller, que fica sempre como um alerta contra a ideia do “Pensamento Único”. Protestarei sempre que tentarem impedir alguém de manifestar seu pensamento ou que busquem criar qualquer lista do que pode ou não ser divulgado. O certo e o errado não são propriedade de ninguém. Segue o poema:

E Não Sobrou Ninguém
Quando os nazistas levaram os comunistas, eu calei-me, porque, afinal, eu não era comunista. Quando eles prenderam os sociais-democratas, eu calei-me, porque, afinal, eu não era social-democrata. Quando eles levaram os sindicalistas, eu não protestei, porque, afinal, eu não era sindicalista. Quando levaram os judeus, eu não protestei, porque, afinal, eu não era judeu. Quando eles me levaram, não havia mais quem protestasse. (Martin Niemöller)

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Para curtir no final de semana


As belas mulheres do cinema.

Margot Kässmann dá a volta por cima


A ex-presidente da Igreja Evangélica da Alemanha e ex-bispa da Igreja Territorial de Hannover, pastora Margot Kässmann, continua uma das mulheres mais admiradas e estimadas da Alemanha. Ela abriu mão recentemente de todos os seus cargos por ter sido flagrada embriagada ao volante do seu carro, em Hannover.
Sua decisão de abdicar foi motivada pela convicção de que sua autoridade de bispa e de maior portavoz da igreja evangélica alemã estava prejudicada por conta do seu erro. O fato e a decisão de Kässmann repercutiram em todo o mundo e despertaram ainda mais a admiração pela postura ética que ela teve na ocasião.

Os dividendos por sua irretocável postura não tardaram a aparecer. Mesmo de volta a uma função de pouca expressividade, Margot Kässmann assumiu o topo da lista de nomes de eminências alemãs escolhidas pela revista Stern para compor uma enquete: "Escolha você mesmo o próximo presidente da Alemanha".

A enquete no site da revista (http://www.stern.de/politik/deutschland/neuer-bundespraesident-waehlen-sie-ihren-favoriten-1570677-664636f1b3f9d9ac.html) ouviu 395 mil internautas, que deram a Kässmann a nota mais alta, com 6,77 numa escala de zero a dez. O segundo colocado, Frank-Walter Steinmeier, recebeu 4,72. Já o candidato preferido da chanceler Angela Merkel e favorito ao cargo, Christian Wulff, recebeu a nota 3,68.

Margot Kässmann não é candidata ao cargo de presidente da República Federal da Alemanha.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Homenagem a Dieter Prinz

Daqui há pouco, tenho um compromisso fúnebre (9h00). Vou render a última homenagem ao pastor Dieter Prinz, que recebeu a graça do alívio ao seu longo sofrimento, no dia de ontem. Ele está na minha memória do tempo de jovem estudante, de estagiário em Blumenau, quando eu era candidato a pastor.

Visto de dentro dos meus olhos de então (1976), o pastor Dieter Prinz era uma imagem forte, de um homem determinado e que era estimado pela sua paróquia, na qual atuou por mais de duas décadas. Como até ali eu só tinha ensaiado tímidos passos de liderança num grupo de juventude, eu admirava a sua destreza como líder, a sua agilidade mental e de argumentação em assembléias e concílios.

Me impressionava a sua determinação em não se contentar com o aceitável e em buscar qualidade, num tempo em que era bastante comum oferecer cadeiras de palha ou mesas de tábuas rústicas em dependências de comunidades. Com ele não havia essa de "está bom assim". Ou era bom, ou não era. E quando ele falava "bom", era bom mesmo.

A sala de reuniões do presbitério da paróquia Itoupava Seca, em Blumenau, era um espaço executivo que não ficava devendo nada a uma sala com destino semelhante em qualquer empresa têxtil de vanguarda, como eram as da sua época, em Blumenau. Nada de cadeiras de palha, cheiro de mofo ou divisórias de festa de igreja encostadas num canto. Havia quadros na parede com a história da comunidade, uma mesa de verdade, em torno da qual se sentava em cadeiras estofadas e confortáveis. Aquela sala tem o jeito dele, ainda hoje.

E ele era assim em tudo. Os seus cultos eram irretocáveis, da vestimenta litúrgica ao último "amém". Havia profundidade, seriedade litúrgica e o que se pode chamar de postura sacerdotal. Para ele, não bastava anunciar o evangelho. Este anúncio tinha que vir embalado em papel de presente, com laço e tudo. Num tempo em que poucos valorizavam ou sequer suspeitavam do verdadeiro sentido da palavra "qualidade", ele dava passos pioneiros.

Ser levado ao último repouso hoje, no dia 10 de junho, o dia do pastor, é uma justa homenagem. E no meu entender, uma homenagem tardia, que não resgata sua real importância para Blumenau e o Vale do Itajaí. A excessiva severidade disciplinar da igreja maculou o final da sua impecável carreira de sacerdote.

Mas agora, descanse em paz, Dieter. A história há de ser mais justa contigo do que foram em vida.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Quem é culpado pela lambança?


A catástrofe interminável; assim já é conhecida, entrementes, a maior tragédia da história humana da exploração de petróleo. No início ela foi comparada ao desastre do petroleiro Exxon Valdez, em 1989.

Mas, aos poucos, depois de 40 dias de óleo jorrando do fundo do mar, a referência é outra. Cada vez mais especialistas não têm dúvida: em termos de desastres motivados por causa da sede humana por todo tipo de energia, o parâmetro agora é Chernobyl. Quem se lembra da explosão da usina atômica na Ucrânia?

Bem, isso foi em 1986. Quem nasceu naquele ano, já tem 24 anos. Mas, para quem nunca viu, pode fazer uma viagem virtual pela “Terra dos Lobos” e conhecer as cidades fantasmas da região (http://www.kiddofspeed.com/chernobyl-land-of-the-wolves/author.html). Elas estão lá, como um mórbido museu da maior tragédia atômica depois de Hiroshima e Nagasaki.


Agora o cenário mórbido se repete num jorro interminável, em milhões de fotos que nos vêm da região do desastre no Delta do Mississipi. Pássaros endurecidos por camadas de asfalto, praias soterradas no betume, conchas marcadas para sempre com a lambança da maior fonte de energia da globalização. São imagens terríveis, apocalípticas.

Elas abalam nosso emocional porque sequer conseguimos calcular a enormidade dos estragos. Elas nos frustram, porque não há qualquer perspectiva de que se encontre alguma solução que, ao menos, amenize o desastre. Há 40 dias não pára de jorrar óleo em estado bruto do buraco aberto no fundo do oceano. Relatos recentes de especialistas dão conta de que a menor parte do óleo está subindo à superfície. Há uma gigantesca manta asfáltica no fundo do mar...

As imagens nos revoltam e fazem a nossa raiva contra as multinacionais do petróleo chegar a níveis nunca vistos. A British Petroleum não é capaz de desenvolver uma tecnologia para lacrar um poço no fundo do mar? O que é isso? E a Petrobrás teria? Como vamos explorar o pré-sal?


É bem-visto quem critica tudo isso, quem protesta, escreve artigos irados sobre essa lambança. É “de bom alvitre”, como se dizia antigamente. Entretanto, mesmo que se deva criticar autoridades corruptas que abrem concorrências e permitem que sejam usadas técnicas de perfuração não testadas ou aceitem que companhias que não sabem o que fazer na hora do acidente possam explorar petróleo, a tragédia do Golfo do México é culpa de todos nós.

Não importa se somos apenas consumidores que compram toda sorte de produtos de plástico, como turista que asperge toneladas de querosene de aviação pela estratosfera, como operário que vai ao trabalho de carro ou como cidadão que não se engaja suficientemente para obrigar seu governo a mudar a política energética. No fundo no fundo, o culpado por tudo isso é a nossa sede de petróleo, cada vez mais prospectado por causa da crescente procura. É essa nossa sede que leva empresas como a BP ou a Petrobrás a continuar procurando por reservas novas e cada vez maiores e mais profundas, com perfurações cada vez mais perigosas e arriscadas.

Em torno de 86 milhões de barris de petróleo são consumidos no planeta terra todo santo dia! Nada mais, nada menos do que 14 bilhões de litros diários, consumidos para gasolina e diesel, medicamentos, fertilizantes e produtos têxteis, embalagens, detergentes e tintas.

E essa sede está longe de terminar ou, ao menos, de ser reduzida. Se eu e você parássemos neste momento de usar o carro, a moto, o ônibus e passássemos a andar só de bicicleta e a pé, ainda assim haveria uma infindável montanha de plástico ligada ao nosso modo diário de levar a vida, ainda que dita “sustentável”. Tudo muito fresquinho e prático nas nossas geladeiras, tudo muito colorido no nosso armário, e o próprio tão bem coladinho, feito de inocente MDF e acabamentos em plástico e silicone. A tinta dos livros e jornais, os tubos de pasta-de-dente, a esferográfica, o CD do Acústicos Valvulados, os vasos de flores. E todo este consumo sobe ainda mais quando a economia vai de vento em popa, como a brasileira no momento.


Além da nossa parcela de culpa neste desastre, o problema vai ficar ainda maior, porque todo este óleo um dia vai acabar. Os especialistas somente ainda não chegaram a um acordo sobre a data a partir da qual não será mais possível extrair mais e mais óleo do fundo do planeta. Alguns dizem que isso já aconteceu em 2007 e as reservas devem acabar em três ou quatro décadas.

As maiores reservas ainda existentes estão cada vez mais fundo, no Golfo do México – onde acontece a atual tragédia –, na África Ocidental e no nosso pré-sal. Para fugir dos brigões do Oriente Médio, os gastões de óleo estão cavando a profundidades de mais de 3 mil metros para dar ao povo – e a cada um de nós também – o óleo nosso de cada dia. Enquanto isso, culpamos as petrolíferas, que botam a cara para bater em nosso nome, para garantir o nosso progresso.

Os rotuladores e sua habilidade de rotular


Mais um dia de reações no Jornal de Santa Catarina sobre a questõ de Israel. Posso considerar realizado o meu intento de levar as pessoas à reflexão. Até tive uma produtiva troca de e-mails com o colunista Maicon Tenfen, que apontou para a facilidade que têm as pessoas por aqui de rotular.

Aqui, quem é favelado é "bandido". Quem tem pensamentos de preocupação social é "de esquerda". Pastor com visão social é "marxista". E a coisa vai mais ou menos por aí. Em vez de debater o tema, por falta de argumentos ou no calor do debate, sei lá, o negócio é rotular. E as pessoas por aqui andam com um rolo de rótulos bem grande por aí, e vão colando os ditos cujos nas testas das pessoas. Uma vez rotulado, o seu destino é uma caixinha. Depois disso, você pode dizer o que quiser e o seu lugar já está pré-deternimado no almoxarifado ideológico dessa gente.

Tudo bem. Pelo menos, de vez em quando, as minhas manifestações têm contribuído para que os rotuladores tenham o que fazer com o seu rolo de rótulos. Já não me importo. Estou na turma do Galileu, ao ser levado a renegar sua teoria de que a Terra se move: "Entretanto, ela se move!"

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Junto-me ao protesto da maioria dos luteranos


A foto de hoje foi tirada por uma jovem luterana brasileira que está em Genebra-Suíça. Diante do prédio das Nações Unidas (ONU), na capital diplomática do mundo, também aconteceram protestos contra o terrorismo de Israel, que atacou um barco de ajuda humanitária e ainda fez de tudo para difundir a idéia de que matou gente naquele barco em legítima defesa. O mundo inteiro não acredita em Israel, cujo ato foi classificado de assassino (murderer, no cartaz da foto).

Essa jovem luterana é Daniele, que está no Centro Ecumênico em Genebra, local em que funcionam o Conselho Mundial de Igrejas e a Federação Luterana Mundial. É um lugar onde a cristandade procura caminhar unida, no fomento à paz mundial e no apoio às minorias.

Segundo Daniele (http://danielepeter.blogspot.com/), durante toda a semana passada, no Centro Ecumênico, as orações e reflexões matinais nos grupos de oração trabalharam o tema "Semana Mundial pela Paz na Palestina". Durante a semana, todos os grupos de orações, o grande culto de segunda-feira pela manhã e demais celebrações foram em favor da Palestina, além de uma exposição de fotos sobre o terror vivido pelos palestinos e que mostra uma realidade terrorista que se inicia já com as crianças, que são doutrinadas para o ódio mútuo. É um terrorismo que se aprende em casa, cultivado como uma confissão religiosa.

Repito aqui a oração que Daniele colocou em seu blog: Que nesta abençoada terra, criada por ti, ó Deus, Tu libertes a todos dos sinais de indiferença, desprezo e violência que somente trazem ódio e morte. Que a Tua paz transcenda todas as barreiras de culturas, religiões e preencha os corações de israelitas e palestinos. Liberdade ao povo de Gaza, que vive sob ameaça e constantes atos de terrorismo!


A propósito (um), a iniciativa do Centro Ecumênico de Genebra – a maior autoridade ecumênica mundial dos luteranos e das igrejas históricas – mostra que, ao contrário do que manifestaram alguns dos missivistas do Jornal de Santa Catarina na edição de hoje (amplie a imagem acima) sobre o meu artigo – também publicado neste blog na semana passada –, a opinião que eu manisfestei ali condiz com a da maioria dos luteranos.

Todos lamentamos profundamente a atitude do Estado de Israel e não entendemos que um povo que experimentou o holocausto nazista possa colocar um outro povo sob jugo semelhante.

A propósito (dois), tal posição contra a atitude terrorista e xenófoba do Estado de Israel não tem nada a ver com nazismo ou com qualquer posição anti-judaica. Condeno o terrorismo como instrumento de coerção. Condeno o combate do terrorismo com instrumentos de terror. Condeno o uso da violência para combater a violência. Condeno que o exército israelense, no velho estilo vetero-testamentário do "olho por olho", atire a esmo para responder a cada ameaça de bomba, matando mulheres, crianças e civis em geral. Condeno o sionismo como doutrina de estado e como forma de ver os problemas do oriente médio. Considero o sionismo a vertente judaica do nazismo. Suas ações xenófobas contra o povo palestino devem ser duramente condenadas pela ONU e levadas a tribunal internacional para serem julgadas pelas mesmas leis do tribunal de Nüremberg. Estive pessoalmente no museu de Dachau e conheço bem de perto o drama do holocausto. Por isso mesmo, não entendo, não aceito e não posso continuar tapando o sol com a peneira: o sionismo israelense campeia no mesmo pântano da doutrina da qual o povo judeu foi vítima no passado.

Disse neste blog e repito: O Estado de Israel está determinado a varrer a Palestina do mapa e, se ninguém fizer nada para impedí-lo, conseguirá seu intento. Vou levantar minha voz contra isso até o último palestino na Faixa de Gaza.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Acampamento para sentir na pele


A organização Médicos Sem Fronteiras reproduziu um campo de refugiados em várias cidades do Canadá. O objetivo era mostrar às pessoas a dura realidade da vida de milhares de refugiados em todo o mundo, que vivem em situação semelhante à reproduzida. A ação da ONG oferecia visitas guiadas, apresentava vídeos e games que reproduzem a dura realidade dos campos de refugiados. Uma boa ideia para amolecer muitos corações por aqui, que não acreditam na importância dos direitos humanos.

Para curtir no final de semana



Para este final de semana, não custa matar a saudade. O vídeo mostra um trecho retirado da abertura do show/CD de Vinicius de Moraes Ao Vivo no Canecão, de 1977, em que o poeta recita o poema “Dia da Criação”, com acompanhamento musical em jazz. Ouvir isso é ser um pouco mais brasileiro do que de costume.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Mais protestos contra Israel

Uma nova sequência de fotos de protestos em todo o mundo contra o ato de terrorismo de Israel. Aqui, o protesto que queima a bandeira de Israel, em Gaza...

... Em Ashdod-Israel

... Em Istambul

... No Egito

... Na Turquia

... Na Jordânia

... Na Síria

... Na Indonésia

... Em Londres

... No Irã

... Em Roma

... Na Grécia

... No Iraque

... Na polônia

Se liga n'ALIGA!



Ontem à noite, vi meu primeiro episódio de A Liga. O novo programa da Band é, de fato, novo. Novo formato, com um layout fantástico e inovador, muito na linha da revista Galileu, numa interação comunicacional perfeita entre a imagem, a narração e os grafismos. Nova abordagem, com atores-jornalistas envolvidos até a medula com as pessoas e o tema das reportagens. É um banho de comunicação e emoção no marasmo da TV aberta brasileira. Parabéns à Band.

O projeto é a única coisa que não é nova. Mas o que é bom deve ser copiado. O projeto do programa vem da produtora argentina Cuatro Cabezas (leia-se “CQC” e “E24″) e investe em um formato jornalístico em que quatro repórteres-atores dão depoimentos subjetivos sobre as experiências das reportagens. O programa usa recursos como a tela dividida para mostrar mais de uma ação ao mesmo tempo.

Sem um âncora do quilate de Caco Barcelos, o programa conseguiu nível A – como o Profissão Repórter – envolvendo gente nova e disposta à emoção da reportagem, com qualidade editorial.

Os apresentadores são o jornalista e comediante stand-up Rafinha – um dos apresentadores do “CQC” e um dos pioneiros no Brasil em usar a internet para divulgar seu trabalho –, Altair Gonçalves (Thaíde) – músico e ator –, a jornalista e ex-modelo Débora – apresentadora (SportTV, Globo Esporte e Record) – e a atriz de cinema, teatro e TV Rosanne – série JK, novela Sete Pecados e A Grande Família.

O programa de ontem à noite, um dos da série sobre o lixo, impressionou especialmente pelo envolvimento pessoal dos repórteres-atores com os seus entrevistados. Débora foi com sua entrevistada ao lixão de São Paulo e viveu ali um dia inteiro com ela. Rafinha passou o dia puxando um carrinho de catador de lixo e dormiu com os catadores debaixo do viaduto, em meio a ratos mortos e vivos. Thaíde entrou de cabeça na coleta de lixo na traseira de um caminhão coletor e Rosanne passou o dia com sua entrevistada coletando as sobras no Seasa paulista, jantando com a família uma refeição feita com os legumes e verduras coletados. Em todos eles marcou na alma o profundo respeito àquelas pessoas humildes e batalhadoras, todas retratadas como gente. Nota mil!

terça-feira, 1 de junho de 2010

Este blog junta-se aos protestos no mundo

Protesto na República Tcheca...

Na Palestina...

Na Malásia...

Na Líbia...

Na Itália...

Na Indonésia...

Na Austrália...
Em Hong Kong.

DEPOIS DE WORMS, A CAÇADA A LUTERO

No último dia da Dieta de Worms, 26 de maio de 1521, já sem a presença de Lutero, foi decretado o Édito de Worms. O documento fora redigido ...