sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Calle 13 - Latinoamérica



Calle 13 – Latinoamérica: uma homenagem espetacular à gente deste continente. Ernesto “Che” Guevara disse em 1952: “Pero ese vagar sin rumbo por nuestra mayúscula Latinoamérica me ha cambiado mas de lo que creí, Yo ya no soy yo... por lo menos no soy el mismo yo interior”.

História que emociona



Kseniya Simonova foi a vencedora da edição Ucraniana do Got Talent-Teens (Show de Talentos Jovens), no qual fez uma animação da invasão da Ucrânia pelo exército da Alemanha nazista, durante a Segunda Guerra Mundial. Para isso, ela usou apenas os dedos e uma superfície com areia. Trouxe lágrimas aos olhos de juízes e do público. Foram oito minutos maravilhosos, que demonstraram um talento especial, e trouxeram, através da arte, a memória viva de uma guerra que marcou gerações.

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Uma aposta na esperança


The best is yet to come”, diz a placa de bronze do túmulo de Frank Sinatra, no Desert Memorial Park, em Cathedral City, na Califórnia. “O melhor ainda está por vir”, é o resumo sobre a vida de um filho de italianos, que morreu em 1998 e, mais de uma década depois de sua morte, continua sendo considerado uma das mais espetaculares vozes jamais gravadas, um dos maiores intérpretes da música do século 20. Se o melhor ainda está por vir, continuamos esperando.

A frase, entretanto, certamente não se refere à sua carreira, ou mesmo à música. O pensamento tem caráter escatológico e revela esperança. Sinatra foi um homem que viveu intensamente. Rico e sofisticado, não desperdiçou as muitas coisas boas que a vida pode oferecer. Ele tentou levar consigo uma parte das coisas que mais amou, sendo atendido no pedido de ter em seu caixão uma garrafa de whisky e um isqueiro de ouro, além de algumas moedas para poder dar algum telefonema de emergência. Mas ele se alimentava da esperança de que o melhor de tudo ainda viria depois da morte.

Não deixa de ser extraordinário, para um homem que marcou profundamente a humanidade do seu tempo. É uma clara demonstração de que não é prudente mostrar todas as cartas do jogo antes do tempo. A vida é mais do que aquilo que podemos juntar em nossas mãos, depósitos, contas bancárias ou posses materiais. Não vale a pena perdê-la com uma corrida louca atrás de sucesso e riqueza. Se o melhor ainda está por vir, é necessário parar de vez em quando e fazer alguns lances movidos pela esperança. Buscar o sentido da vida é mais importante do que tirar a sorte grande. Até Sinatra sabia disso.

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Aula básica do que deve ser feito



São pouco mais de oito minutos. Leonardo Boff dá uma aula magistral do que está acontecendo com o nosso planeta e o que devemos fazer para reverter o processo de exploração alucinada em que nos metemos como humanidade. Em oposição à máxima do crescimento infinito para conquistar vida digna, precisamos acabar com a conversa mole da economia sustentável para começar a reduzir o ritmo e falar de um planeta sustentável.

Mercado treme ao ouvir o que já sabia


Em entrevista à BBC de Londres, o operador de mercados Alessio Rastani teve uma crise de sinceridade e foi abrindo o jogo. Sem pestanejar, disse à repórter da TV britânica que sonha com uma recessão para ganhar dinheiro. “Não ligamos muito para como vão consertar a economia; nosso trabalho é ganhar dinheiro com isso”, tascou.

Rastani abriu o jogo sobre o poder que os governos imaginam ter para resolver a crise do Euro ou a dos EUA. “Os governos não controlam o mundo. O Goldman Sachs controla o mundo. O Goldman Sachs não liga para esse resgate, nem os grandes fundos”, revelou.

Sobre o plano de recuperação da Grécia, ele também foi surpreendentemente sincero. “Estou confiante que esse plano não vai funcionar, independentemente de quanto dinheiro puserem. O euro vai desabar”, disse. “Em menos de doze meses, ativos de milhões de pessoas vão desaparecer”, completou.

A repórter da BBC agradeceu pela sinceridade de Rastani. A entrevista está causando furor no mercado financeiro internacional. Mas ele disse o que todo mundo já sabia: Obama, Merkel, Sarkozy ou quem quer que seja não têm cacife (nem poder) para estabilizar a economia mundial. Estamos nas mãos de agiotas. Rastani apenas disse o que ninguém tem coragem nem de pensar, quanto mais pronunciar em voz alta.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Voto feminino para inglês ver


Definitivamente, vivemos num mundo do faz-de-conta. Quando se quer dar uma determinada impressão, vale até simular, disfarçar, mentir abertamente ou simplesmente manter as aparências.

A tática foi usada no início desta semana pelo ancião que reina todo-poderoso sobre a Arábia Saudita. Abdullah Bin Abd AL-Asis, 87 anos, num ato surpreendente e que foi notícia em todos os recantos do planeta, autorizou as mulheres a exercer pela primeira vez seu direito de voto e de candidatura numa eleição no país.

Alguns festejaram. Infelizmente, crendo tratar-se de uma abertura real. Mas, em lugar de ser um reconhecimento tardio de um direito há muito conquistado pelas mulheres no ocidente, o ato do rei saudita não passa de uma esperteza política. Afinal, a monarquia saudita sempre primou pelo forte conservadorismo islâmico ao longo de seus 80 anos de existência.

Não seria agora, em plena ventania democratizante do chifre africano, que a abertura chegaria com força ao regime. E as mulheres foram, até aqui, as principais vítimas da ausência absoluta de direitos no estado islâmico de Abdullah. E também o direitozinho que agora foi concedido a elas não vai mudar nada nessa situação em particular. Elas, apesar de poder votar, ainda precisam da autorização de um homem da família para trabalhar ou dirigir automóveis.

Todas as promessas de reforma do rei Abdullah, que deveriam garantir maior participação popular na vida política do país, reduziram-se a mudanças irrisórias, apenas para polir um pouco a imagem da Arábia Saudita no ocidente e para reduzir descontentamentos internos e evitar cair na reação em cadeia da região dos países árabes. Afinal, a coroa saudita reagiu de forma agressiva e utilizando seus velhos métodos para combater a onda que ameaçava chegar também às portas do seu palácio. Suas forças até ajudaram a combater os levantes no Bahrein. Internamente, protestos e demonstrações contra o rei foram consideradas anti-islâmicos.

Para as mulheres sauditas, agora com direito a voto, há pouco a comemorar. Se uma delas for eleita para o parlamento, terá que ter a autorização de um homem da família para dirigir seu carro até a casa do povo. Pouquíssimo a comemorar, portanto.

Cladem denuncia clínicas de “desomossexualização” no Equador


Segundo denúncia do Comitê para América Latina e Caribe de Defesa dos Direitos da Mulher (Cladem), existem no Equador clínicas chamadas de “Centro de Reabilitação”, que oferecem serviços de “desomossexualização” para lésbicas. Segundo a denúncia, as mulheres que passam pelo duvidoso tratamento, são internadas a força e submetidas a humilhação e tortura durante o processo.

O comunicado do Cladem, divulgado no dia 23 de setembro, exige o fechamento imediato dessas clínicas, onde “se praticam castigos físicos e psicológicos que vão desde a humilhação verbal, insultos, obrigação de permanecer casadas, dias sem comida, espancamentos, diferentes formas de abuso e violência, incluídas as sexuais, como a ameaça de estupro entre outras”. O objetivo é castigar as mulheres que assumiram orientação homoafetiva e tentar forçá-las a desistir dela.

Segundo o Comitê, tais clínicas funcionam no Equador há uma década, internando a força centenas de mulheres homossexuais, que enfrentaram e enfrentam um tratamento considerado como tortura pela Convenção Contra a Tortura, ratificada pelo Equador e incorporada à constituição daquele país andino. Segundo o Cladem, existem 206 dessas clínicas no Equador.

O resultado do tratamento a que são submetidas as mulheres internadas a força nessas clínicas, causa “danos mentais e morais que impedem de manter sua estabilidade psicológica e emocional, violando seu direito à integridade pessoal”, denuncia o texto da Cladem.

A entidade acusa o Estado de conivência, por não tomar as providências cabíveis segundo a constituição em vigor no país. “A indiferença ou inação do Estado constitui uma forma de incitação e/ou de autorização dos feitos”, diz o Comitê, que exige que o Estado cumpra com os compromissos estabelecidos em instrumentos internacionais de proteção aos direitos da mulher que foram assinados no passado, como a Declaração de Pequim e a Plataforma de Ação, que protegem o direito da mulher decidir livremente sobre sua sexualidade sem ser submetida a coerção, discriminação ou violência.

(Com informações de ADITAL)

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Qumran digitalizado pelo Google



O Google inova mais uma vez. Desta vez, digitalizou o mais importante documento arqueológico do século 20, os Manuscritos do Mar Morto, também conhecidos como os Manuscritos de Qumran. Nesta segunda-feira, em seu blog, o gigante das buscas anunciou a criação do Dead Sea Scrolls Online (Manuscritos do Mar Morto Online). Em linhas gerais, o projeto reúne os cinco manuscritos do Mar Morto digitalizados e acessíveis a qualquer pessoa na internet.

O site foi desenvolvido em parceria com o Museu de Israel, em Jerusalém, e seu lançamento marca também o início do novo calendário hebraico. De acordo com a AFP, o custo total do projeto foi de US$ 3,5 milhões financiados pela Autoridade de Antiguidades de Israel e pela divisão de pesquisa e desenvolvimento do Google local.

As fotografias dos pergaminhos em alta resolução, feitas por Ardon Bar-Hamma, têm até 1.200 megapixels, resultando em uma imagem até 200 vezes maior do que aquilo que se está acostumado a fazer com as câmeras amadoras. Tanta precisão possibilita que o internauta veja os mais minuciosos detalhes dos manuscritos.

Visite o resultado do trabalho do Google, aqui.

Em cima do armário... de novo!

Outra tragédia familiar? Veja detalhes aqui. A arma em cima do armário de novo? Vai ser todo dia agora? Esse pessoal, que tanto ama as armas, não tem maior criatividade para esconder seu brinquedinho? Paz, paz, é o nosso clamor, em defesa de inocentes submetidos à curiosidade por brinquedos letais ocultos sobre o armário. Basta disso.

Nada mudou em Potosi



Essa reportagem comovente do Domingo Espetacular (Record) de ontem, 25 de setembro, mostra que pouca coisa mudou na América Latina desde o imperialismo colonial. O cenário é o mesmo: Potosi (Bolívia), a cidade mais alta do mundo. Os protagonistas são, ainda, os mesmos: indígenas latino-americanos. A situação não mudou nada em séculos: escravidão. O remédio para suportar tudo é, ainda, o mesmo: a bochecha gorda escondendo o maço de folhas de coca para serem mascadas, ajudando a suportar o que não é suportável.

Quem quiser saber como tudo começou, precisa ler, da primeira à última página, o clássico dos clássicos sobre o imperialismo no nosso sofrido continente: As Veias Abertas da América Latina, do escritor uruguaio Eduardo Galeano. Ele conta como uma montanha de prata foi reduzida a escombros, por mãos indígenas e bochechas recheadas de folha de coca, aí mesmo, em Potosi. Sem ler esta obra-prima acerca do nosso trágico destino, você não sabe nada sobre a América pobre, indígena, explorada, subjugada, que doou o seu sangue para enriquecer a Europa.

Você vai sentir a sua carne tremer. Como a carne da jovem repórter Adriana Araújo, que entrou na mina junto com aqueles pobres mineiros. Você vai sentir a sua alma gelar de dor e comoção. Adriana entrou na reportagem com a típica firmeza que caracteriza os jornalistas. Mas Adriana tremeu, se envolveu, se abalou com tudo aquilo. Adriana chorou e balbuciou, desesperadamente, que alguém precisa fazer alguma coisa para mudar aquela realidade. Eu balbucio também. E você também balbuciará. Não há como calar-se... Não há como!

Vai-se uma guerreira


Morreu a Prêmio Nobel da Paz de 2004, Wangari Maathai. A queniana morreu aos 71 anos de câncer, no domingo 25 de setembro, após um longo período de luta contra a doença.

Em 2004, a militante foi recompensada com o Nobel pelo trabalho do Movimento Greenbelt (Cinturão Verde), fundado em 1977, e foi a primeira mulher africana a receber o prêmio. Desde sua fundação, a organização plantou quase 40 milhões de árvores na África.

Wangari foi a primeira mulher com doutorado na África central e oriental, presidiu a Cruz Vermelha queniana nos anos 70 e foi secretária de estado para o Meio Ambiente entre 2003 e 2005. Seu trabalho levou o debate ecológico a toda África. Nos últimos anos, ela se envolveu na proteção da selva da bacia do Congo a segunda maior floresta tropical do planeta.

A última tourada na Catalunha


Ontem 20 mil pessoas assistiram à última tourada na Arena Monumental de Barcelona. O parlamento da Catalunha extinguiu a maior tradição espanhola em seu território em julho de 2010, por meio de uma lei que entra em vigor no primeiro dia do próximo ano. A arena de Barcelona é a última em que ainda havia exibições do gênero. Cidades da Catalunha como Gerona, Figueras e Lloret Del Mar já demoliram suas arenas há anos.

A tourada consiste num duelo entre o touro e os toureiros, que provocam o animal com uma capa vermelha, depois cravam estacas em seu dorso e, por fim, o matam com um golpe certeiro de espada. Os organismos de defesa dos animais consideram a prática como tortura e maus tratos. Por isso, comemoram a proibição das touradas na Catalunha após décadas denunciando essa tradição.

“Este é um grande passo para a sociedade espanhola”, afirmam as entidades, ressaltando que continuarão pressionando até que a prática seja banida em toda a Espanha. Dezenas de municípios já haviam aprovado declarações condenando as touradas quando o parlamento catalão, dando sequência a uma proposta legislativa popular, decidiu pelo banimento.

As organizações que defendem as touradas agora buscam as 500 mil assinaturas necessárias para darem entrada com uma proposta no parlamento espanhol que eleve a prática ao status de herança cultural, garantindo sua continuidade.

Os dois lados afirmam que a queda de braços está apenas começando. Para a ativista Soraya Gastón, defensora da proibição, as críticas à lei têm motivações políticas. “Obviamente muitos partidos tentaram politizar a discussão, mas não devemos esquecer que esta proposta de origem popular brotou puramente pela defesa dos direitos dos animais e visa acabar com a crueldade contra eles”, explicou.

(Com informações da Deutsche Welle)

A justiça dos homens é falha


Entre os dias 21 e 22 de setembro foram executadas três pessoas no mundo, por sentença judicial em países que têm a lei capital e a usam com frequência assustadora para resolver crimes. O Irã executou um jovem de 17 anos, condenado por homicídio. A China executou um paquistanês condenado por tráfico de drogas. A terceira pessoa foi executada nos Estados Unidos, por um crime que teria cometido há 20 anos, apesar de se dizer inocente desde então e a polícia não ter juntado suficientes evidências de sua real culpa no caso.

Troy Davis foi condenado à morte em 1991 pelo homicídio do policial Mark Allen Macphail em Savannah, no estado da Geórgia. Sete das nove testemunhas-chave  do julgamento de Davis retiraram ou alteraram o seu testemunho, algumas alegando coerção policial. Mesmo assim, o estado da Geórgia (aquele mesmo, que Martin Luther King cita em seu famoso discurso “eu tenho um sonho”, lembra?) manteve a condenação. Davis era negro. Mark Macphail era branco.

As dúvidas (sim, apesar de existir um princípio do direito internacional, que diz: “in dúbio pro reo”) fizeram um milhão de americanos – entre eles o ex-presidente Jimmy Carter, e até o Papa Bento XVI – pedirem a suspensão da execução. Sem clemência, Davis foi executado na madrugada do dia 22 de setembro, aos 42 anos (mais detalhes aqui). As evidências de que se poderia estar cometendo uma injustiça e executando um inocente eram tantas que, só por isso, Davis deveria ter sido poupado.

Mas a questão não se limita a que movimentos tentem salvar este ou aquele da execução por ser considerado inocente. A pena de morte é uma aberração do direito penal em 44 países ao redor do planeta (saiba quais, aqui) e tem que ser banida.

Troy Davis, por exemplo, preso aos 22 anos de idade, mesmo se culpado, já havia pago com sobra, ao permanecer preso por toda a sua juventude e ao longo de duas décadas. Mesmo assim, foi executado. Mesmo assim, foi penalizado duplamente. Mesmo assim, ainda que o erro possa ser comprovado, não há como desfazer o que lhe fizeram. O jovem executado no Irã tinha 17 anos. Mesmo assim, ele foi executado. Foi executado em nome de uma lei religiosa, que busca argumentos na fé em Deus para condenar seres humanos. O Deus em que eu creio é benevolente, misericordioso, que não tem balança para medir nossos delitos. Porque, se tivesse, ninguém escaparia. Em nome do Deus da graça, revelado em Jesus Cristo, eu não posso ser a favor da pena de morte, em situação alguma.

domingo, 25 de setembro de 2011

O risco de ir ao culto


Quando vamos a um culto na nossa igreja, aqui no Brasil, estamos exercendo um dos mais básicos direitos de toda pessoa humana, que é o de professar livremente a sua fé sem ser intimidado, perseguido ou constrangido. Mas isso não é assim em muitos outros lugares do mundo.

Por exemplo, na Indonésia. Lá, os cristãos estão sendo vítimas de perseguição, constrangimento e desrespeito ao seu direito de professar a sua fé. Pior que isso, ser cristão lá é uma opção que representa risco de vida. Neste domingo, durante um culto numa igreja protestante, um maluco suicida resolveu matar-se com uma bomba amarrada ao corpo. Pelo menos 17 pessoas resultaram feridas e, segundo testemunhas, duas morreram, na cidade de Surakarta, também conhecida como Solo, na Ilha de Java.

O local do atentado fica na cidade natal de Abu Bakar Bashir, considerado o guru espiritual que inspira esse tipo de atentado. Ele é o motivador por trás de outro atentado, ocorrido em 2002, que matou 200 pessoas cristãs na Indonésia.

A Indonésia tem a maior concentração de muçulmanos da Terra. O ódio dos cristãos, entretanto, vem de um grupo fanático radical, que tem provocado a maioria dos conflitos religiosos no país na última década. A luta entre esses islâmicos e os cristãos foi intensa nas Ilhas Moluscas e em Célebes desde a queda do presidente Suharto, em 1998. Desde então, um sangrento regime militar vem impondo o terror no país.

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Por uma sociedade desarmada

Mais uma tragédia familiar ligada a armas de fogo (aqui). Desta vez, o palco foi São Caetano do Sul, e outra vez envolvendo uma escola. Até quando vamos tolerar isso? Por uma cultura de paz e por uma sociedade sem armas, continuo sonhando com o dia em que aprenderemos a resolver diferenças com diálogo e a buscar segurança no respeito mútuo.

Lúcido e dramático, o depoimento de Rodrigo Pimentel ao Bom Dia Brasil do dia 26 de setembro. Veja.

Fachadas com grifes ocultam bastidores perturbadores

Anúncio de 1933 oferece uniformes “de chuva, de esporte e de trabalho” produzidos pela grife Hugo Boss.

O mundo da moda está meio decaído ultimamente. No caminho inverso das tendências em termos de comportamento, algumas grandes marcas preferem ir contra tudo o que se conquistou hoje no plano do politicamente correto.

Primeiro foi John Galliano, e suas declarações bombásticas e canalhas sobre os judeus. A sua boca custou-lhe o milionário emprego na Dior e o generoso espaço que ocupava na vitrine mundial da moda. Ele já falava muito sob flashes e holofotes. Mas, embriagado, disse um monte de bobagem e lhe cobraram a fatura.

Depois veio a história da Zara e seu “inocente” envolvimento com trabalho escravo no Brasil. Os chefões da rede espanhola de lojas de roupas de luxo estão por aqui, tentando apagar um incêndio que pode significar o fim da Zara em solo brasileiro. Até no Congresso eles estiveram, para justificar, de modo envergonhado, que a Zara negociou roupas confecionadas por ilegais bolivianos trabalhando em troca de esconderijo e comida, fazendo roupas a menos de dois reais a peça. Depois que tudo veio à tona e do modo como se revelou, fica difícil acreditar que a chefia não sabia de nada.

Ontem, explodiu outro escândalo. Desta vez, na Alemanha, envolvendo nada menos do que Hugo Boss, uma das mais famosas marcas de luxo de moda, jóias e perfumes do mundo inteiro. A grife de roupas alemã Hugo Boss admitiu que o criador da marca, Hugo Ferninand Boss, apoiou o líder nazista Adolf Hitler durante a Segunda Guerra Mundial. O apoio a Hitler salvou a empresa pré-falimentar de Boss, que passou a produzir os uniformes do alto escalão do nazismo e do exército alemão. Além disso, a empresa pediu desculpas pelas pessoas que sofreram maus-tratos em sua confecção no período do terror nazista.

Segundo o Opera Mundi, a revelação do passado nazista da Hugo Boss foi feita pelo historiador Roman Koester, que acabou de lançar o livro Hugo Boss, 1924-45, autorizado pela companhia alemã. Logo após a divulgação das informações, a grife emitiu um comunicado se desculpando e ressaltando seu “mais profundo pesar com aqueles que sofreram danos durante trabalhos forçados na empresa de Hugo Ferdinand Boss”.

Segundo a obra, Boss ingressou no Partido Nacional Socialista em 1931 e os pedidos por uniformes do partido salvaram sua fábrica da falência. Koester aponta que a Hugo Boss empregou 140 mulheres em regime de trabalhos forçados. Outros 40 prisioneiros de guerra franceses trabalharam para a companhia de outubro de 1940 a abril de 1941.

Os documentos que serviram de base para a obra foram em sua maioria disponibilizados pela própria Hugo Boss, e demonstram que seu fundador era um nazista convicto, que não somente apoiou o partido, já que conquistou diversos contratos para a produção de uniformes militares, mas estava totalmente integrado ao movimento político. O historiador disse que a ideologia do Terceiro Reich foi “assimilada profundamente pelo proprietário da empresa, tanto que as condições de trabalho dos próprios trabalhadores eram trágicas”. Após a Segunda Guerra Mundial, Hugo Ferdinand Boss foi processado e multado por sua participação no nazismo. O estilista morreu em 1948.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Dia mundial sem carros


O dia de hoje, 22 de setembro, é declarado solenemente o “Dia Mundial Sem Carro”. Na mesma data, também solenemente, a indústria automobilística mundial participa, ávida para atender as demandas por novidades, da feira internacional do automóvel de Frankfurt.

É uma gritante contradição. Ela se aprofunda mais ainda quando constatamos que, num esforço enorme para vencer a indiferença e até certa má vontade, a indústria automobilística enche os estandes de Frankfurt de novidades na área dos carros alternativos, movidos a energias mais “simpáticas” ao meio ambiente. Falam de “emissão zero”, mas seus protótipos nunca sairão dos laboratórios. São novidades para inglês ver.

São novidades para as quais apreciadores dos carros ainda torcem solenemente seus narizes. Eles querem ouvir o ronco do motor a explosão, movido a petróleo, com um razoável número de cilindros produzindo o que alguns chamam de música. Seus ávidos olhares não querem as novidades da turma da “emissão zero”. Eles se voltam para os estandes da Ferrari, da Aston Martin, da Audi, da Alfa Romeo, da BMW. É de lá que vêm as “cantatas” sonoras que apreciam. Eles querem bólidos, não carrinhos elétricos. Apreciam-nos mais ainda em movimento do que parados num mostruário.

No meio desse frenesi quase erótico de Frankfurt, o dia mundial sem carro é uma proposta interessante, mas que ainda não chega a comover muita gente. Opções não faltam, como a bicicleta, andar a pé, usar o transporte público ou a carona solidária. Mesmo assim, especialmente nas grandes cidades, fica difícil deixar o carro na garagem.

A data de hoje, criada em 1997 por cidades da Europa, propõe uma reflexão global sobre o uso do automóvel como meio de locomoção e expressa o compromiso da sociedade com uma melhor qualidade ambiental, mediante a redução da emissão de CO2 (dióxido de carbono). Cidades no mundo inteiro estão programando atividades para marcar a data. Em muitos lugares, entretanto, a adesão ainda será tão insignificante que passará despercebida.

Além dessa ação, que por certo ajuda a conscientizar todos nós da necessidade de mudança urgente de hábitos, outras ações devem ter mais atenção. O transporte público ainda é precário na maioria das nossas cidades. É sucateado, não cumpre horários, vive entupido de gente, custa caro e trata mal o usuário. O pior de tudo, não está integrado em muitos lugares e se perde tempo demais para chegar a uma rede ou para fazer a conexão entre diferentes redes ou tipos de transporte. Faltam políticas públicas bem-planejadas e vontade política para que as coisas realmente mudem no setor. A própria imprensa continua voltando todos os holofotes para Frankfurt, quando deveria incentivar mais feiras de tecnologias na área do transporte público (alguém visitou alguma feira do gênero recentemente?).

Mas também, dou um doce para quem disser sem pestanejar quais são os principais anunciantes de jornais, revistas, internet, telefonia móvel, rádio e TV...

Acertou! Então, escolha o seu doce aqui.

Enquanto você se delicia, vamos firmes na direção do abismo... muitos dirigindo seus reluzentes bólidos movidos a petróleo...

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Caixa erra com Machado branco



Depois de pisar na bola com força numa campanha publicitária pelos 150 anos da instituição, a Caixa Econômica Federal (CEF) veio a público pedir desculpas. Retirou do ar a peça publicitária em que Machado de Assis é apresentado como um dos primeiros clientes, poupadores e aplicadores do banco. Até aí nada demais. O que faltou, foi cuidado na produção da peça, em que o ator que representa o grande escritor brasileiro é branco. Todos sabem que Machado era afro-descendente, embora já na época de sua existência isso era cuidadosamente ocultado (saiba mais aqui).

Diversas pessoas denunciaram o fato como discriminação e a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República acolheu queixa a respeito, encaminhando pedido à CEF para que se desculpe. O banco suspendeu hoje a veiculação do referido anúncio, em que a atriz Glória Pires faz a narração. Vitória dos movimentos que lutam por igualdade.

Desculpas pedidas, desculpas aceitas. Mas o pedido ainda não foi completo, uma vez que toda a história da "Poupança dos Escravos", de que a CEF se orgulha, pode ter usado ilegalmente a miséria de muitos poupadores para enriquecer a instituição, enquanto esses nem sequer podiam ter a tal poupança no próprio nome. O assunto da poupança dos escravos foi elevado ao status de orgulho da CEF em anúncio anterior a este, agora retirado do ar.

A diversidade das árvores brasileiras


Para o Dia da Árvore, esta também é ótima. Uma coisa da qual eu sempre achei graça, nos poucos meses em que estive na Alemanha nos anos 1980, foi a facilidade das crianças alemãs em recitar os nomes das árvores que encontravam pelo caminho. Elas olhavam para a árvore e pimba, davam o seu nome. “Vai fazer isso no Brasil”, eu tripudiava. Na Alemanha isso era fácil, porque há somente poucas dezenas de espécies de árvores por lá.

Era uma das coisas que realmente me chamavam a atenção, porque uma visita a um bosque alemão é uma monotonia vegetal de desesperar, especialmente para quem conhece a biodiversidade da Mata Atlântica. Por isso, sempre achei que as nossas crianças e até os adultos brasileiros tinham toda razão na sua “memória curta”. Se você não acredita, então veja a notícia abaixo.

Uma coleção com quase 5 mil amostras de madeiras do Laboratório de Produtos Florestais do Serviço Florestal Brasileiro (LPF/SFB) está sendo usada para conhecer e registrar informações sobre as árvores do país. As amostras de madeiras, para serem usadas cientificamente, precisam estar registradas em uma coleção oficial conhecida como xiloteca. Tais coleções são usadas para auxiliar no levantamento da diversidade das espécies que existem no Brasil.

A coleção de madeiras do LPF é voltada principalmente para espécies encontradas na Amazônia. Em torno de 50% delas vieram desse bioma e foram coletadas em estados como Rondônia e Pará, e também na porção mais oriental da floresta amazônica. O restante das espécies vem dos outros biomas e de intercâmbios com xilotecas  de outros países.

A xiloteca do LPF tem dado suporte para pesquisas do próprio Laboratório, como estudos de descrição das características anatômicas das madeiras. Em 2010, informações de 157 espécies foram reunidas em um software que pode ser usado em ações de fiscalização contra o transporte ilegal de madeira. Este trabalho está disponível gratuitamente no site do Serviço Florestal Brasileiro.

A coleção do LPF, chamada de Xiloteca Dr. Harry van der Slooten, em homenagem ao fundador do Laboratório, conta ainda com mais de 4 mil lâminas de madeiras para as análises feitas por microscópio. O banco de madeiras do Laboratório começou a ser montado em 1977 e está cadastrado no Index Xylariorum, da Associação Internacional dos Anatomistas de Madeira (IAWA, em inglês), que faz o registro das xilotecas do mundo. O Brasil tem 16 coleções reconhecidas pela IAWA. A do LPF está entre as que têm maior diversidade de material.

Agora me diga: Quantos nomes de árvores brasileiras você é capaz de arrolar assim, de chofre? Mas talvez isso não seja o mais importante, num tempo em que milhares delas desaparecem todos os dias. Cada vez mais amostras dessas xilotecas fazem referência a espécies em risco de extinção. Isso tem que acabar, com urgência, antes que as xilotecas sejam realmente os últimos registros desses seres vivos.

Uma visita muito especial


No Dia da Árvore, há diversas maneiras de homenagear as árvores. A homenagem, entretanto, pode tornar-se absolutamente incomum quando você é surpreendido pela própria homenageada. Inusitada mesmo a coisa fica, quando você retorna ao seu local de trabalho e a homenageada está sentada diante da sua mesa de trabalho. Foi o que aconteceu comigo, neste Dia da Árvore. Ao chegar na agência, havia uma árvore na cadeira diante da minha mesa.

A árvore é parte da campanha que a Mythos Comunicação criou para a Construtora Frechal, de Blumenau. O objetivo é divulgar a vinculação da Frechal com a importante e urgente temática ambiental da sustentabilidade.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Uma substituta para Emy



Emy Winehouse não vai deixar lacuna por muito tempo. Uma garota britânica com o germânico nome de Adele é a bola da vez. Adele Laurie Blue Adkins é cantora e compositora das melhores. Com sua voz de contralto, ela substitui Amy com folga. O que realmente impressiona, entretanto, é a beleza de suas músicas. Ela nasceu em 1988.

Mais amor, por favor


Recebi e repasso esta mensagem, da pastora Vera Cristina Weissheimer:

“É preciso amor pra poder pulsar.” (Almir Sater)
“Ainda que eu falasse a língua dos homens. E falasse a língua dos anjos, sem amor eu nada seria.” (Paulo de Tarso)

Sacralizado pelo apóstolo Paulo em 1 Coríntios 13, poetizado por Camões no “Soneto 11” e cantado por Renato Russo em “Monte Castelo”, o amor é uma estranha força que move mundos e pessoas. Podemos trabalhar exaustivamente, mas se o trabalho que fazemos não estiver carregado de Amor, nos esgotaremos. O Amor é estranho. Quanto mais eu o dou, mais ele se refaz em mim. Por isso, não falo de um amor qualquer. É Amor maiúsculo. Posso ter grandes feitos, mas o que restará ao coração se ali somente houver o sentimento do fazer por fazer, do fazer por que foi uma ordem, do fazer para cumprir horário?

O amor, não tem pátria, nem religião ou cultura. Tem seu lugar no coração humano. Mas é, talvez, ali que ele esteja mais sem lugar.

O grafite na Avenida Pompéia, Mais amor, por favor, é um convite para estender a mão, olhar nos olhos, sentir a quentura do outro no abraço, desejar “bom dia”, “boa tarde”, “boa noite”. Perguntar “como vai?” e esperar pela resposta do outro. São gestos tão simples, mas podem mudar a cor do dia de alguém e da gente, do setor de trabalho, da pessoa ao nosso lado no metrô ou no ônibus...

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Pirataria no parlamento


Você concorda que nem todo mundo que baixa uma música ou um filme da internet é pirata? Pois na Europa existe um partido político que pensa exatamente assim. Surgido na Suécia em 2006, esse partido popularizou-se rapidamente, principalmente por conta de sua familiaridade com a internet. E eis que, no domingo passado, 18 de setembro, a Piraten Partei fez quase 9% dos votos nas eleições parlamentares e consegue, pela primeira vez, representação num parlamento estadual na Alemanha. Eles vão compor a bancada estadual no estado de Berlim.

Fundado na Alemanha também em 2006, o Partido Pirata cresceu rapidamente e já conta com 13 mil membros em todo o país. Os membros do partido argumentam que nem todos que baixam músicas e filmes do site Pirate Bay deveriam ser considerados criminosos. O paradigma da era digital não é mais a posse, mas o acesso, argumentam piratas em todo mundo.

Além da questão da internet, um dos principais pontos do programa do Partido Pirata é a tentativa de estabelecer uma política mais transparente. Andreas Baum, de 33 anos, o principal candidato em Berlim, diz que os cidadãos deveriam ter mais influência na política do governo, “com o apoio das novas ferramentas da internet”. Os eleitores votam nos piratas como forma de protesto, por ser um partido que não faz parte do cenário tradicional.

Nas eleições em Berlim, o Partido Pirata se apresentou como um partido interessado em questões sociais, pedindo acesso à educação, ao conhecimento e à participação na vida pública da cidade. Para os piratas o metrô deveria ser livre, assim como o acesso à internet, por meio de conexão sem fio para toda a cidade. Segundo eles, o princípio que guia a internet – o livre fluxo de informações – deveria ser aplicado na vida real de Berlim.

Em favor do Estado da Palestina

Se Jesus fosse neopentecostal


Se Jesus fosse neopentecostal, não venceria satanás pela palavra, mas o teria repreendido, amarrado, mandado ajoelhar, dito que é derrotado, feito uma sessão de descarrego durante sete terças-feiras; aí sim ele sairia (Mt 4.1-11).

Se Jesus fosse neopentecostal, não teria feito simplesmente o “sermão da montanha”, mas teria realizado o “Grande Congresso Galileu de Avivamento Fogo no Monte”, cuja entrada seria apenas 250 Dracmas divididas em 4 vezes sem juros (Mt 5:1-11).

Se Jesus fosse neopentecostal, jamais teria dito, no caso de alguém bater em uma de nossa face, para darmos a outra; Ele certamente teria mandado que pedíssemos fogo consumidor do céu sobre quem tivesse batido, pois “ai daquele que tocar no ungido do senhor” (Mt 5 :38-42).

Se Jesus fosse neopentecostal, não teria curado o servo do centurião de Cafarnaum à distância, mas o mandaria levar o tal servo em uma de suas reuniões de milagres e lhe daria uma toalhinha ungida para colocar sobre o seu servo durante sete semanas; aí sim, ele seria curado (Mt 8: 5-13).

Se Jesus fosse neopentecostal, não teria multiplicado pães e peixes e distribuído de graça para o povo, de jeito nenhum! Na verdade, o pão ou o peixe seriam “adquiridos” através de uma pequena oferta de no mínimo 50 dracmas e quem comesse o tal pão ou peixe milagrosos seria curado de suas enfermidades (Jo 6:1-15).

Se Jesus fosse neopentecostal, ele até teria expulsado os cambistas e os que vendiam pombas no templo, mas permaneceria com o comércio, desta vez sob sua gerênci. (Mt 21:12-13).

Se Jesus fosse neopentecostal, nunca teria dito para carregarmos nossa cruz e perdermos nossa vida para ganhá-la, mas teria dito que nascemos para vencer e que fazemos parte da geração de conquistadores, e que todos somos predestinados para o sucesso. E no final gritaria: receeeeeeebaaaaaa! (Lc 9:23)

Se Jesus fosse neopentecostal, ele teria sim onde recostar sua cabeça e moraria no bairro onde estavam localizados os palácios mais chiques e teria um castelo de verão no Egito (Mt 8:20).

Se Jesus fosse neopentecostal, Zaqueu não teria devolvido o que roubou, mas teria doado ao seu ministério (Lc 19:1-10).

Se Jesus fosse neopentecostal, não pregaria nas sinagogas, mas na recém-fundada Igreja de Cristo, e Judas ao traí-lo não se mataria, mas abriria a Igreja de Cristo Renovada.

Se Jesus fosse neopentecostal, não diria que no mundo teríamos aflições, mas diria que teríamos sucesso, honra, vitória, sucesso, riquezas, sucesso, prosperidade, honra (Jo 16:33).

Se Jesus fosse neopentecostal, ele seria amigo de Pôncio Pilatos, apoiaria Herodes e só falaria o que os fariseus quisessem ouvir.

Certamente, se Jesus fosse neopentecostal, não sofreria tanto nem morreria por mim, nem por você. Ele estaria preocupado com outras coisas. Ainda bem que não era.

Se Jesus fosse neopentecostal não teria prendido satã, mas pisado na cabeça dele por mil anos com sapato de fogo.

Retirado do blog uma estrangeira no mundo

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Um desabafo sobre as enchentes


Está circulando na internet e recebi agora o texto abaixo. É um desabafo emudecedor. Fala da indiferença da Globo em relação ao que aconteceu no Vale do Itajaí neste início de setembro. Aliás, também me chamou a atenção o quanto a própria RBS trabalhou toda a situação de maneira superficial, sem se envolver, com a indiferença de quem narra uma partida de futebol. No passado a RBS deu muito maior atenção nessas circunstâncias. Fiquei positivamente impressionado com o papel desempenhado pela RIC-Record, que fez uma cobertura muito mais cuidadosa e próxima das pessoas. Em suma, na mosca o desabafo de Auri Carlini. Veja o que ele diz, no texto a seguir:

Moro em Taió (SC) e, nos últimos dias, nossa região vem sofrendo uma das piores enchentes da história de Santa Catarina. A casa onde moro com minha família felizmente foi pouco atingida e pouco perdemos. Aos poucos tudo está voltando ao seu normal e, graças a Deus, não chegamos a passar nenhuma dificuldade mais séria, a não ser erguer nossas coisas, abandonar nossa casa e voltar pra limpar a lama depois.


O ponto chave deste meu protesto é a indignação que estou sentindo devido a um fato: No alto vale existem milhares de pessoas passando fome, sede, frio e muita necessidade devido a essa tragédia. Pessoas perderam suas casas e suas coisas. Empresários perderam suas empresas. O comércio está todo comprometido e muita gente não tem pra onde ir.


E me espantei quando consegui, em meio a toda bagunça lá de casa, instalar minha televisão para ver o programa do “Fantástico” da emissora Rede Globo, no domingo a noite, e ver qual seria a importância que dariam para nós brasileiros que estamos sofrendo com tudo isso. Não queria ver fotos ou imagens da tragédia. Queria simplesmente que este veículo de comunicação se mobilizasse e ajudasse as pessoas que precisam. Mas, ao contrário, o que eu vi? Uma reportagem de 12 segundos; isso mesmo 12 segundos sobre as enchentes e quase que todo o programa falando sobre os 10 anos do atentado de 11 se setembro nos Estados Unidos.


Tudo bem, concordo que lembrar as vítimas é muito importante, porém, dar extrema importância para os norte americanos e deixar pra trás milhares de pessoas sofrendo aqui, é lamentável. A Patrícia Poeta foi até o Marco Zero, onde ficavam as torres do World Trade Center, mostrar sobre as homenagens às vitimas, fazendo uma demagogia impressionante. Como se ela realmente se importasse com quem morreu lá. Como se a Rede Globo se importasse com alguém naquele país ou no mundo. Fizeram chamadas ao vivo mostrando como estava tudo lá, naquele momento, e mostraram as seguidas homenagens que foram feitas pelos parentes das vítimas naquele dia. Mostraram a tristeza e a dor de quem perdeu algum parente naquela tragédia.


Hipócritas, isso que são. Deviam ter feito a chamada ao vivo, em frente a uma das casas que caíram aqui na cidade de Rio do Sul, mostrando a agonia de quem perdeu tudo, a tristeza de quem trabalhou uma vida toda para conseguir uma casinha e ver ela sendo destruída em minutos. Deviam mostrar a dor daquele pai que perdeu seu filho eletrocutado por um fio de alta tensão quando tentava escapar da sua casa tomada pelas águas; para ver se assim alguém fica sensibilizado e ajuda pelo menos a dar um pouco de comida a quem tem fome, um cobertor a quem tem frio ou um gole d’água a quem tem sede.


O que mais me revolta é o sensacionalismo que a Rede Globo faz em cima de certas coisas. O Criança Esperança, fazem a cada ano e chamam diversos cantores, atores etc... Uma mobilização enorme para ajudar quem precisa. Não sei até que ponto isso é sincero, porque eu tenho comigo que devemos fazer o bem sem olhar a quem. E ir na TV aparecer e dizer que ajuda, é fácil. Mas entrar em casas até o peito com água para salvar crianças ou ir dar uma palavra de carinho para uma criança que não tem mais sua cama e sua coberta para dormir daí ninguém faz, nenhum artista faz, nenhuma emissora faz.


Por que? Porque não dá audiência, não aparece... Cadê o Renato Aragão ? Cadê a Xuxa? Cadê aquela turma de artistas implorando pra ajudar quem precisa? Será que só ajudam quando aparece na TV? Será que realmente vão no Criança Esperança pedir ajuda porque são boas pessoas? Ou porque querem aparecer? Essa turma da Globo só pensa em audiência e dinheiro. Não passam de um tremendo bando de porcos sujos e mal-intencionados.


Passe adiante. Quem sabe, alguém da Rede Globo se sensibiliza e faz alguma coisa para ajudar de verdade!


Aurí José Carlini, Administrador - CRA/SC 22828

Umidificador em Blumenau?

Um bom exemplo de marketing capenga é o e-mail que recebi agora mesmo da Americanas.com. Oferece frete grátis e desconto para umidificadores. Seria mais saudável para nós e para toda a população do resto do Brasil se todos viessem para cá respirar um pouco do excesso de umidade que beira os 100% por aqui... e isso nos últimos três meses! Veja você mesmo, aqui.

Cardeal Arns completa 90 anos

Pelos 90 anos de D. Paulo Evaristo Arns, esta foto histórica em que ele aparece cumprimentando o ex-pastor sinodal Nelso Weingärtner e ambos exibem suas cruzes episcopais, num gesto repleto de sincero ecumenismo e marcado pela alegria de dois bem-sucedidos filhos de colono que se tornaram marcos em suas igrejas.

A presidenta Dilma Rousseff divulgou nota cumprimentando dom Paulo Evaristo Arns, cardeal arcebispo emérito de São Paulo, pelos seus 90 anos, completados ontem, 15 de setembro. A ex-prisioneira política e torturada homenageou o pastor que aterrorizou a ditadura militar, ao visitar os “porões do regime”, viajar para Roma e relatar em entrevistas o que via.

Dilma lembrou o “sacerdote que, num momento crucial da vida política do nosso país, foi um facho de luz e de esperança para todos os brasileiros que não se conformavam com o regime de arbítrio e as perseguições políticas, e sonhavam com um Brasil livre e mais justo socialmente”, agregou.

A nota da presidência enfatiza que ele “empregou suas energias na batalha pela liberdade, na defesa dos direitos humanos, acolhendo e protegendo os perseguidos pela ditadura, na ajuda ao povo pobre, em prol de seus direitos de cidadania, e no combate às desigualdades sociais”, afirmou a maior mandatária do país.

Destacou ainda que o líder religioso católico da maior diocese brasileira, à época, “defendeu os líderes sindicais nas greves, deu apoio decisivo aos movimentos contra a alta do custo de vida, contra o desemprego e pelas eleições diretas”, deixando um legado de resistência, firmeza e determinação.

Arns tinha consciência desde a infância de ser filho de trabalhador rural. “Papai é colono, e você, mesmo depois de estudar muito, sempre será filho de colono e de seu povo”. O menino cresceu, foi ordenado padre aos 24 anos e ainda estudou por 12 anos, até ser doutor pela Universidade de Sorbonne, na França, sem esquecer quem era e o povo de onde vinha.

Defrontou-se com as marcas das atrocidades na Europa, com a desigualdade social do pós-guerra, e com a realidade dos que lutaram contra a intolerância nazista. Isso foi fundamental para lidar com o país em pleno crescimento da ditadura, numa capital sem cor nas paredes e na alma de seus habitantes, que empurrava à periferia os migrantes de todo o país, em 1966.

Com os avanços teológicos do Concílio Vaticano II, buscando resposta às mazelas da realidade, esforço que fez surgir a Teologia da Libertação – com a opção preferencial pelos pobres e a consciência das massas – o bispo auxiliar vindo de Petrópolis seria guindado à Arquidiocese em apenas quatro anos, determinado a enfrentar a opressão, sem esmorecer com a repressão na periferia e nem com a invasão da Pontifícia Universidade Católica da capital paulista.
ALC

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Serras famintas por floresta

Datada de 01 de outubro de 1972, em Lebon Régis, mostra grupo de amigos posando para a posteridade em frente a um caminhão Chevrolet, que leva consigo uma única tora de madeira que toma conta de toda a carroceria. Época em que a extração madeireira era uma das principais atividades da região.

Nesta foto, datada de 1958,e que fica para a prosperidade, vemos um Ford F8 carregado de madeiras.

Caminhões carregados de toras de madeira em Lebon Régis, entre as décadas de 50 e 60. Cargas enormes eram transportadas em robustos caminhões durante a exploração madeireira no município, próspera naquela época.

Frota de caminhões da firma Bonatti & Comper LTDA, carregados com toras de madeira, em julho de 1986.

Essas fotos são um testemunho contundente do que fizemos ao meio ambiente no passado. Milhares, talvez até milhões de caminhões como estes das fotos arrancavam árvores e mais árvores da mata atlântica todos os dias e conduziam seus cadáveres às serrarias. Era parte da rotina diária. Todo mundo via isso como a construção do progresso das colônias de imigrantes de diversas nacionalidades e de pequenas localidades de nativos brasileiros do interior por todo o sul do Brasil.

Foi assim por anos a fio, por décadas e décadas. Durante um século inteiro dizimamos o que a natureza levou milhares de anos para erguer, paciente e diligentemente. No lugar das árvores foram surgindo estradas. Primeiro em forma de picadas, depois de estradas bem cobertas por macadame e, posteriormente, melhoradas e cobertas de asfalto. Ao longo desses rastros mata adentro, foram surgindo vilarejos, vilas, pequenas cidades e metrópoles. Em sua origem elas eram todas de madeira. Agora, asfalto e concreto dominam a paisagem, numa nova e moderna visão de selva, agora de pedra.

Elas também representam um legado assombroso que eu guardo dentro de mim desde muito pequeno. Cresci envolto em pilhas de tábuas e serragem de madeira. Todas as casas em que eu vivi desde que nasci até o dia em que saí de casa para fazer faculdade, eram feitas de espessas tábuas de madeira, caibros e barrotes de canela preta da melhor qualidade e assoalho com tábuas de variadas larguras, partindo de 25 centímetros até quase meio metro de largura. Até o calor do fogão, que eu socava de serragem até o topo todos os santos dias, era movido a mata atlântica. E de graça. O pessoal da serraria ao lado da nossa casa agradecia por retirar aquele lixo de debaixo das serras, que faziam mais serragem sem parar, dia e noite.

A cerca da divisa com a serraria, também de madeira, separava o nosso quintal de uma “metrópole” de arranha-céus de tábuas de madeira, que eram empilhadas umas sobre as outras para secarem ao sol. A madeira verde, ainda com o cheiro dos cadáveres recém-extraídos da floresta, aguardava ao sol o dia de ser transformada em assoalho, paredes, portas e janelas. Brincávamos de esconde-esconde entre as pilhas de tábuas. Longe dos olhos dos adultos, subíamos nelas e observávamos o mundo do alto, com olhar privilegiado.

Bem na boca da fila de serras fitas e circulares, famintas por madeira novinha, acumulavam-se centenas e centenas de toras de canela, peroba, cedro, jacarandá, pinheiro brasileiro, sassafrás, maçaranduba, freijó e incontáveis outras espécies. Eram trazidas pelos motoristas de chevrolets, fenemês e fords, num esforço gigantesco e por gente que nós, moleques, considerávamos verdadeiros heróis desbravadores. Tínhamos miniaturas daqueles caminhões, que carregávamos com miniaturas de toras, que conduzíamos por miniaturas de estradas a miniaturas de serrarias... Imitávamos aquela destruição como se esse fosse o único jeito de lidar com a natureza, que todos consideravam inóspita, inesgotável, e extremamente perigosa e inimiga, que deveria ser subjugada até os joelhos.

E ela ficou de joelhos e ali ainda se encontra. Apesar de todos os esforços por recuperação e todas as brigas para preservar o “um por cento” que sobrou do que se considerava inesgotável outrora, o que se vê são pequenos mostruários de mata atlântica. Um aqui e outro ali, como pequenos canteiros em meio à floresta de concreto e asfalto. Somos todos ingênuos, os moleques e os adultos de então; os moleques e os adultos de hoje.

Agimos e não medimos as conseqüências. Continuamos reproduzindo esse mesmo jeito de lidar com a floresta, hoje não mais com minúsculos chevrolets, fenemês e fords, mas com gigantescos tratores, trabalhando em duplas, ligados por uma corrente. Os cadáveres de madeira nobre não caem mais por causa dos machados dos Daniel Boons, mas em inacreditáveis arrastões, que jogam ao solo os gigantes de madeira ao lado das débeis mudinhas que pretendiam alcançar a luz do sol algum dia; os pequenos e workahólicos formigueiros ao lado dos tamanduás que deles vivem.

Agora não mais na mata atlântica, que não mais existe, mas na maior floresta do planeta... que tomba tão indefesa e sem luta quanto todas as outras que derrubamos por aqui durante o século passado. Por lá, neste exato momento, outros meninos, como eu, crescem entre pilhas de tábuas e montanhas de serragem, brincando com miniaturas de tratores em parelhas, arrastando uma corrente que derruba gravetos enfiados no pátio poeirento em volta da casa, para carregar em seus pequenos mercedes, volvos e scanias e levar à miniatura de serraria para fazer o que, também para eles, parece o jeito mais natural do mundo de levar a vida e erguer o futuro.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Trabalho escravo chega ao Congresso

Chegou hoje ao Congresso Nacional, mais especificamente à comissão de Direitos Humanos e Minorias, o assunto do trabalho escravo promovido por terceirizados da Zara Confecções. Em audiência pública sobre trabalho escravo na comissão, foram ouvidos os representantes do Ministério do Trabalho (MIT) e até dois espanhóis representando a Zara, cuja sede é na Espanha.

Quem acrescenta novas informações sobre o envolvimento da Zara com o trabalho escravo, é o deputado Jean Willys, através do twitter. Segundo o seu relato, há mais gente do ramo de confecções sob a lupa do MIT, inclusive as Casas Pernambucanas.

Segundo o auditor do MIT na audiência pública no Congresso, a escravidão de bolivianos no Brasil está ligada ao tráfico internacional de pessoas, que existe “para atender as demandas por trabalho escravo (inclusive sexual), adoção ilegal e por órgãos”, twittou Jean Willys. Segundo o deputado, a PEC do trabalho escravo está parada no congresso “por conta dos parlamentares conservadores”.

Ainda segundo o deputado, os representantes espanhóis da Zara, na audiência pública, “disseram que os impactos das denúncias sobre os negócios da Zara são terríveis”. Ambos afirmaram que estão no Brasil para colaborar com as autoridades, no sentido de erradicar o trabalho escravo e corrigir os erros cometidos no Brasil.

Segundo Willys, os dois afirmaram que a Zara desconhecia o trabalho escravo usado por suas terceirizadas no Brasil. Mas o MIT encontrou provas de que a Zara não só sabia de tudo como controlava toda a cadeia de produção, “inclusive a partir da Espanha”.

O MIT impôs à Zara um Termo de Ajuste de Conduta, para corrigir a rota. Mesmo assim, a empresa não incorporou os bolivianos à sua produção. A empresa pagou os salários devidos aos trabalhadores, mas ainda não os indenizou por danos morais e materiais.

Segundo o deputado, a Comissão de Direitos Humanos e Minorias pretende “acompanhar de perto a execução do Termo de Ajuste de Conduta imposto à Zara”. Entretanto, ao receber um retweet de um leitor apontando para o programa “A Liga” sobre trabalho escravo, Jean foi grosseiro, chamando de “lamentável” que apenas se retwitte “A Liga” sobre o assunto. Jean e a sua Comissão talvez chegassem ao assunto somente hoje porque não viram o programa. Foi “A Liga” que levou o MIT à terceirizada da Zara e mostrou ao mundo as condições de trabalho dos bolivianos.

Camisa de força para Bolsonaro

O desespero de Jair Bolsonaro revela muita coisa.

O destempero do deputado Jair Bolsonaro, ontem, ao invadir uma coletiva do líder do governo sobre a criação da Comissão da Verdade mostra duas coisas.

Em primeiro lugar, confirma a forma que a turma da farda sempre teve de lidar com os que não pensam como eles: na pancada, no grito, na imposição, na base do “Deita! Vinte flexões!”. Nenhum argumento que os conteste é aceito e, se for necessário, repressão e tortura para calar os opositores.

Em segundo lugar, mostra que há, sim, muita coisa que os militares querem esconder de qualquer jeito. Enquanto puderem, vão usar todos os meios para impedir que essa história – que é a nossa história brasileira a partir de 1964 – seja colocada em pratos limpos. Eles não querem e ponto final. Vale qualquer coisa para impedir, do destempero patético de Bolsonaro e conchavos, difamações e agressões baratas.

Tiro o chapéu para Cândido Vaccarezza, que não se descontrolou diante da grosseira invasão de Bolsonaro em sua entrevista coletiva. “Vamos debater isso no Congresso”, disse ele ao colega, que deveria ter sido retirado dali numa camisa de força. Ele não é polêmico, como vem dizendo a imprensa. Ele é louco.

Tem muita gente que pensa como ele, mas poucas vezes vi algum deles se expor a tamanho ridículo. Imaginei que isso seria impossível, mas Bolsonaro conseguiu superar o falecido general Newton Cruz, que é a outra figura patética que me vem à mente no modo destemperado e ridículo de defender suas idéias de direita.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

O Papa é denunciado em Haia


A cristandade está perdendo sua força missionária. Há diversos motivos que podem ser arrolados como causadores. Entre eles, a falta de vocações, a crescente secularização e o descrédito em que foi lançada, graças a posições turronas, irredutíveis e ultrapassadas com relação a diversos temas da atualidade.

Entretanto, no meu entendimento, a cristandade tem cometido seus mais graves erros na falta de coerência, no testemunho fraco e minado dos mesmos pecados de que acusa a sociedade e, acima de tudo no mau testemunho. A lista de exemplos de comportamentos inadequados, desvios de conduta e até de mau-caratismo abundam em toda a cristandade e em todas as igrejas em que se divide. Aliás, a própria divisão da cristandade é um dos piores testemunhos, levantando suspeitas e desconfianças sobre a credibilidade do seu testemunho.

Veja as milhares de vítimas dos sucessivos escândalos de pedofilia na igreja católica, por exemplo. Depois de muitas acusações, gritos desesperados e até processos com pedidos de indenizações que faliram diversas dioceses pelo mundo, finalmente Roma se deu por vencida. O Papa Bento XVI expressou sua vergonha e pediu desculpas às vítimas e à sociedade, prometendo tolerância zero contra os pedófilos. Ele também pediu aos bispos de todo o mundo para que cooperem plenamente com os tribunais criminais, nos casos que estão em julgamento.

Muitos não acreditam nessa súbita “conversão” do Papa. A história até aqui está repleta de atos de ocultação, transferências de despiste e abafa-abafa do “diz que, diz que”. Por isso, não acreditam mais. E todo esse mau testemunho acabou nos tribunais, agora em Haia. Vítimas de pedofilia nos EUA denunciaram o Papa por crimes contra a humanidade e acusam o chefe da Igreja de “ter tolerado crimes sexuais contra crianças”.

Uma associação americana de vítimas de padres pedófilos anunciou nesta terça-feira 13 de setembro ter apresentado uma queixa ante o Tribunal Penal Internacional (TPI) contra o Papa Bento XVI e outros dirigentes da Igreja católica por crimes contra a humanidade. Os dirigentes da associação SNAP, orientados pelos advogados da ONG americana “Centro para Direitos Constitucionais”, entraram com uma ação para que o Papa seja julgado por “responsabilidade direta e superior por crimes contra a humanidade por estupro e outras violências sexuais cometidas em todo o mundo”, que teria “tolerado e ocultado sistematicamente”.

Segundo a acusação, que enviou 10 mil páginas de documentação de casos de pedofilia ao tribunal, os bispos e o próprio Vaticano rejeitaram ou ignoraram muitas das queixas das vítimas de padres pedófilos. O escândalo desacreditou a Igreja em vários países na Europa.

O pior capítulo dessa história é que a Igreja – e não somente a católica –, que devia ser o reduto de máxima confiança onde tais vítimas pudessem abrigar-se da violência a que são ou foram submetidas, tem sistematicamente participado, até com lascívia, dos atos de violência, assédio e desrespeito a crianças. Esses pequenos e inocentes aprendizes lhes são confiados para a catequese, para ensinar a trilhar os passos da fé e até para seguir a sublime vocação sacerdotal. Saem de suas mãos acuados, violentados e traumatizados. Enquanto isso, mesmo que seus clamores tenham chegado às pencas ao Vaticano, lá se tem feito ouvidos moucos.

O problema é que – e nem Roma contava com isso – tudo aparece à luz do dia uma hora dessas. Como a Igreja prefere esconder-se na Idade Média, vivendo sob a redoma que criou para si, nem percebeu que vivemos na era do Big Brother, onde tudo é visto, registrado e gravado e, mais dia menos dia, cai nas redes sociais, na conversa do povo, nas barras dos tribunais. Um dia, por certo, tinha que acabar também em Haia.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Edir Macedo acusado de lavagem de dinheiro pelo Ministério Público


Hoje as notícias sobre "pastores" 171 estão a todo vapor. Veja mais esta, que saiu no portal Terra e no JB.

O Ministério Público Federal em São Paulo afirmou nesta segunda-feira que denunciou o bispo Edir Macedo Bezerra, chefe religioso da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), por montar, com mais três dirigentes da igreja uma quadrilha para lavar dinheiro da instituição. Os valores seriam remetidos ilegalmente do Brasil para os Estados Unidos por meio de uma casa de câmbio paulista entre os anos de 1999 e 2005.

Também são acusados o ex-deputado federal João Batista Ramos da Silva, o bispo Paulo Roberto Gomes da Conceição, e a diretora financeira Alba Maria Silva da Costa.

Segundo a denúncia, o dinheiro era obtido por meio de estelionato contra fiéis da IURD, através do "oferecimento de falsas promessas e ameaças de que o socorro espiritual e econômico somente alcançaria aqueles que se sacrificassem economicamente pela Igreja".

Os quatro também são acusados do crime de falsidade ideológica por terem inserido nos contratos sociais de empresas do grupo da IURD composições societárias diferentes das verdadeiras. O objetivo da prática seria ocultar a real proprietária de diversos empreendimentos, a IURD.

Apesar de os fatos denunciados remontarem ao período entre 1999 e 2005, a denúncia contextualiza e explica todos os antecedentes da montagem do esquema milionário e escuso de envio de dinheiro para o exterior e a criação de empresas de fachada, cujos recursos foram empregados na aquisição de diversos meios de comunicação, usados como plataforma para conseguir fiéis. (TERRA)

Para Tea Party aquecimento global é balela


Agora vejam essa. Uma pesquisa da Universidade de Yale sobre mudanças climáticas apurou que os simpatizantes do Tea Party (o movimento de extrema direita norte-americano) se recusam a acreditar que o mundo vive o risco do aquecimento global. Como eles são adeptos da idéia de que “quanto pior melhor”, ou seja, que tudo deve ruir rapidamente para apressar a volta de Cristo, o aquecimento global é muito bem-vindo.

Nada menos do que 53% deles se recusam a acreditar no aquecimento global. A direita tradicional é menos cética: 30% acha que é balela esquerdista a elevação da temperatura do planeta por conta da sociedade movida a petróleo. Entre os democratas e os independentes, a percentagem cai para 8 e 14%.

Os extremistas de direita dizem em maioria (52%), além disso, que não precisam mais de nenhuma informação sobre o tema. E quase todos dizem que nunca será sentido algum efeito sequer do aquecimento global.
(Fonte: Tijolaço.com)

Renascer em crise não afeta bispa Sônia Hernandes


Veja um relato impressionante de até onde pode ir o mau-caratismo em nome de Jesus. O livro da bispa Sônia Hernandes, da Igreja Renascer, tem um título extremamente coerente. Condiz com a vida nababesca que leva, em nome de Jesus. Leia a matéria da ALC, a seguir.

A líder da Igreja Renascer em Cristo, bispa Sônia Hernandes, 52 anos, lançou no sábado, 10 de setembro, na Feira do Livro do Rio de Janeiro, “Vivendo de Bem com a Vida”, pela Editora Thomas Nelson.

A primeira edição do livro, com tiragem de 17 mil, já está esgotada. Um segunda edição foi providenciada, de 10 mil cópias. Parte desse volume, contam os repórteres João Loes e Rodrigo Cardoso, da revista IstoÉ, serão destinados aos fiéis da Renascer a um preço acima do mercado.

Bispos e pastores vão anunciar nos cultos: “Quero cinco pagando 300 reais por cada um desses livros até o final do culto”. A estratégia aponta para uma crise na Renascer ancorada em cisões internas, lideranças migrando para outras denominações, templos fechados por falta de pagamento do aluguel e indenizações que deverão ser pagas no futuro, uma delas pela queda do telhado do templo da Renascer do Cambuci, São Paulo, em 18 de janeiro de 2009, que matou nove e feriu 117 pessoas.

O quadro da crise está estampado no número de templos da denominação espalhados pelo país. A Renascer chegou a ter 1.100 templos em 2002, hoje são pouco mais de 300. Em entrevista à revista semanal IstoÉ, Sônia Hernandes explicou que igrejas menores foram agrupadas para formar igrejas maiores, ao mesmo tempo em que a liderança incentivou a formação de grupos em casas de fiéis.

Só em São Paulo, a Renascer enfrenta 40 ações de despejo. “Todas as ações estão em negociação e a igreja tem feito um grande esforço para resolver as questões pendentes. Muitos casos já estão resolvidos, negociados com imobiliárias e proprietários”, explicou a bispa.

Na análise dos repórteres da revista, o episódio da prisão do casal Sônia e Estevam Hernandes, 57 anos, em Miami, quando foram flagrados, em 14 de janeiro de 2007, transportando 54.647 dólares em moeda acomodados numa Bíblia, foi outro baque na credibilidade dos líderes da Renascer. O casal tentou passar pela alfândega sem declarar o valor e ficou preso nos Estados Unidos.

Em São Paulo, o Ministério Público acusou o casal de lavagem de dinheiro, falsidade ideológica e estelionato. A Renascer também perdeu, em 2010, o seu maior divulgador, o jogador de futebol Kaká, ele e sua mulher, Caroline Celico, dizimistas da igreja. Kaká é o sexto jogador mais bem pago do mundo, recebendo, segundo estimativas, 21 milhões de dólares por ano. Dez por cento iam para os cofres da Renascer.

Mesmo nessa crise, segundo a reportagem da IstoÉ, a bispa Sônia pouco alterou seus hábitos consumistas. “Com um salário que gira em torno dos 100 mil reais, ela continua com programas televisivos e de rádios diários, veste-se com as mais exclusivas grifes e está sempre adornada com joias e relógios caros. Do apartamento tríplex onde mora, em um bairro nobre na zona centro-sul da capital paulistana, ela sai pela cidade para cumprir suas obrigações de carro importado, blindado e escoltado por dois seguranças. Isso quando não usa um helicóptero avaliado em 2,5 milhões de reais para visitar seus sítios e haras no interior paulista”, relatam os repórteres.

O primogênito do casal, Felippe Daniel Hernandes, o bispo Tid, tomara as rédeas das finanças da Renascer para o saneamento das contas, ação que estava dando resultados. Em agosto de 2009, porém, Tid realizou operação para reparar cirurgia de redução do estômago malsucedida. Ao refazê-la, ele teve parada cardiorrespiratória, e hoje vive em hospital, em estado vegetativo.

“Tenho o privilégio de viver uma vida relativamente equilibrada, apesar dos altos e baixos e da doença do meu filho, e me sinto devedora por isso. Escrevi o livro como forma de agradecer às pessoas que torcem por mim e me dão forças”, afirmou a bispa na entrevista para a IstoÉ.O portal da Igreja Renascer informou que a bispa vendeu mais de 2 mil exemplares do seu livro na Bienal do Rio. (ALC)

sábado, 10 de setembro de 2011

O pastor incendiário


Muita gente considera o “pastor” Terry Jones um maluco excêntrico. É aquele que queimou o Alcorão e quase incendiou o mundo de novo. Vocês sabem. Mas ele diz às claras o que muitos americanos crêem e defendem em seus encontros de família, festas de aniversário e encontros fortuitos nos happy hours. Pois hoje mesmo, neste sábado antes das celebrações pelos dez anos do 11 de setembro, este “pastor” fez uma pregação contra o Islã na área de Times Square, em Nova York. Jones chamou o Islã de “falsa religião” durante sua pregação e usava uma camiseta que dizia: “Tudo o que eu precisava saber sobre o Islã, eu aprendi com o 11 de setembro”. É lenha de boa qualidade na fogueira do fundamentalismo americano, conforme você mesmo descobre no post a seguir.

Os fundamentalismos do 11.09


Os dez anos de 11 de setembro, além de remeter ao mais vil ato de terrorismo da história, com consequências sequer imaginadas pelos seus executores, levanta uma série de questões de extrema importância para reflexão.

Antes de qualquer coisa, é fundamental reconhecer que o povo americano tem toda razão em sua comoção, em homenagear as vítimas dos quatro aviões covardemente utilizados pelos suicidas que os derrubaram, em criar um Marco Zero para que jamais se esqueça o lugar em que se erguiam as Torres Gêmeas e, também, em homenagear os milhares de mortos dentro das torres e no Pentágono, bem como as centenas de heróis bombeiros que morreram para salvar quem pudessem, naquele dia fatídico. Também a comoção e o medo de novos atentados, vividos pela nação americana nesta primeira década depois do atentado, são plenamente justificados. O mundo mudou, terrivelmente, e para pior, depois daquele dia de céu azul-anil na maior cidade do continente americano. Por isso, à semelhança das dramáticas imagens que nos mostram insistentemente sobre a 2ª Guerra Mundial, nenhuma das cenas de 11 de setembro devem ser esquecidas ou minimizadas.

Entretanto, quanto mais o tempo passa depois daquele dia, mais se evidencia que o fundamentalismo que o provocou não está somente de um lado. O país que se considera uma terrível vítima de 11 de setembro de 2001, é, também, algoz. E sua fúria mede-se com a mesma escala fundamentalista com que eles próprios medem seus inimigos. Aliás, toda a belicosidade americana está solidamente fundamentada sobre conteúdo bíblico. A sua política, a sua economia, a sua sociedade e até mesmo alguns setores da sua ciência estão contaminados por uma interpretação extremista do texto sagrado dos cristãos. Nesse quesito, não há diferença alguma entre essa visão e a dos muçulmanos fundamentalistas em relação ao Alcorão.

Isso por si só não surpreende. O pensamento fundamentalista faz e desfaz presidentes, o Congresso, juízes e todas as grandes lideranças da nação em que todo o movimento pentecostal se criou, à luz de pregadores como Billy Graham, Jimmy Sweggart e muitos outros. A própria crise do governo Obama é cozida nesse caldo politico-religioso tipicamente americano. O proprium americano é de considerar-se acima do bem e do mal, com legado do próprio Senhor para bem-administrar o planeta enquanto o Reino não for instalado definitivamente, obviamente, desde que Jesus Cristo reserve aos americanos um privilegiado lugar no governo do seu Reino, com direito a veto e tudo. É, também aqui, um apoio que não tem a generosidade da ausência de interesse. Tudo é calculado, mesmo que escatologicamente.

Tanto isso é assim, que a poderosa indústria do aço americana foi erguida sobre uma empresa com o sugestivo nome de Betlehem Steel, cujo objetivo original era fundir sinos para as igrejas batistas. Mas não é somente a siderurgia americana que carrega o legado da Betlehem Steel. As letras BS estão gravadas em relevo em cada canhão que expele mísseis e balas em todas as guerras nas quais os americanos se metem. Ou seja, em plena era do ecumenismo pós-guerra, na qual amplos setores da Cristandade clamam por paz, os americanos estão vivendo fervorosamente no tempo das Cruzadas, julgando com isso estar cumprindo a vontade de Deus. Que Deus nos livre de todo tipo de fundamentalismo. Esta é a minha mais fervorosa oração.

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Os italianos e suas macchinas


Como todo amante das belas macchinas italianas sabe, a Itália especializou-se em produzir veículos para poucos. Ferrarri, Lamborghini, Alfa Romeo, Mazzeratti são alguns dos nomes mais conhecidos dessa tradição competentíssima e de sucesso mundial.


Mais restrito ainda, entretanto, porque é assunto para apreciadores, é o mundo das motos italianas. Também entre elas, os italianos se especializaram em produzir alguns modelos exclusivíssimos, de inquestionável beleza no design e competência tecnológica de ponta. Marcas como Laverda, Gilera, Moto Guzzi, Ducati e MV Agusta (que produz as motos mais caras e exclusivas do mundo) estão entre elas.


Agora, às vésperas do Salão do Automóvel de Frankfurt (que inicia no dia 13 de setembro), a Ducati se uniu à AMG para lançar uma série especialíssima da Diavel. A moto, que já era uma miss, ficou irresistível. Como as imagens mostram, trata-se de uma dessas máquinas que nos fazem parar para ver. A parceria entre a fabricante de motos e a Mercedes AMG foi anunciada no Salão de Los Angeles e essa moto é o primeiro resultado.


Construída em cima da Diavel Carbon (na imagem acima), a AMG Special Series tem rodas de liga com desenho especial, grades de radiadores laterais em fibra de carbono e detalhes de alumínio anodizado, escapamento com saída desenhada similar à dos carros e selim costurado em couro Alcantara.

A exclusividade se vê ainda no coração da máquina. O motor Desmodromic recebeu a atenção de um engenheiro específico, que cuidou de cada detalhe de sua montagem e calibragem e cujo nome está gravado em uma placa que acompanha cada unidade fabricada.

Além disso, há também uma placa numerada em cada tanque de combustível. O motor é o mesmo Testastretta 11, já consagrado. Tudo nessa Diavel é montado manualmente. A moto é toda em tons de preto com partes de fibra de carbono. A marca AMG está gravada em vários locais do modelo.

O feliz comprador levará, além de uma máquina impressionante, capacete e casaco de couro feitos sob medida e especiais para serem usados com a moto. A marca não divulgou quanto cada unidade custará, nem quantas delas serão produzidas.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Um mês de oração e ação pela natureza


O Conselho Mundial de Iglesias (CMI) uniu-se ao apelo para observar, de 1º de setembro a 4 de outubro, um tempo de oração e reflexão sobre o cuidado e o uso justo dos dons da natureza. Durante mais de 20 anos um número crescente de cristãos de todo o mundo reservaram esse período do ano como um tempo para dar graças pela criação de Deus e unir-se em oração e ação em favor do meio ambiente.

A iniciativa inspira-se na ação do então Patriarca Ecumênico de Constantinopla, Dimitrios I, ao proclamar, em 1989, o 1º de setembro como Dia de Oração pela Terra e o Ecossistema. O ano da Igreja Ortodoxa começa tradicionalmente em setembro. O novo tempo litúrgico estende-se até o dia 4 de outubro, quando católicos e ortodoxos celebram o Dia de São Francisco de Assis.

2011 foi declarado Ano Internacional dos Bosques. O CMI exortou cristãos das suas igrejas-membro a dedicarem orações à preservação de matas e florestas. O organismo ecumênico internacional fez um apelo ao compromisso com a “ecojustiça” e lembrou a necessidade de lutar para superar problemas como a contaminação do planeta e as causas que levam à mudança climática.

Em mensagem apresentada na Conferência das Nações Unidas sobre a Mudança Climática, realizada em Copenhague em dezembro de 2009 (COP 15), a delegação ecumênica disse aos participantes do evento: “A injustiça é que quem sofre as piores consequências dessa crise são os que menos contribuíram para causar essa situação. É uma questão de justiça e um apelo à responsabilidade moral.”

Em outra declaração, o CMI e organizações religiosas mundiais reconhecem as provas científicas apontando a responsabilidade humana no processo de transformação nos ecossistemas. A mudança climática, alertaram, “não é só um sintoma de nossa economia ou uma insuficiência tecnológica: é um problema cultural, moral e espiritual”. (ALC/CMI)

Somos incorrigivelmente vorazes


No século 20, o ser humano conquistou o “impossível”. Sabemos voar como os pássaros, navegar sob as águas como os peixes, correr mais rápido do que os coelhos e somos capazes de nos comunicar a distâncias outrora inimagináveis. Somos a geração automotiva. O relógio mede cada segundo do nosso tempo, cavalos e carruagens cederam lugar a carros e aviões, trovadores invisíveis cantam através de nosso equipamento de som, arautos sem rosto divulgam os fatos pelo rádio, o circo e o teatro irrompem em nossa sala nas dimensões de uma pequena tela eletrônica.

Melhor do que dividir a história em antiga, medieval, moderna e contemporânea é distingui-la pelas eras. A era agrícola durou 10.000 anos; a industrial os últimos 100 anos; e agora a era cibernética.

Johannes Kepler, nascido na Alemanha em 1571, atraído pelo faro estético dos gregos – que acreditavam ter o Universo uma natural simetria – descobriu a arquitetura do sistema solar e levou quatro anos para calcular a órbita de Marte, uma elipse perfeita. Com um computador, bastariam quatro segundos.

Kepler, que escreveu um livro intitulado “O Sonho”, teria invejado a nossa geração se imaginasse quanto tempo poderíamos poupar. Daria asas à imaginação, sonhando em fazer tudo aquilo que o trabalho exaustivo não lhe permitia: desfrutar da vida campestre, perder tempo com os amigos, ficar na igreja ouvindo o som inebriante do órgão, contemplar o céu noturno para captar a música das estrelas. O que ele jamais poderia supor é que, com tanta tecnologia, a nossa geração dispõe cada vez mais de menos tempo.

Somos incorrigivelmente vorazes. Queremos processar o máximo de informações no mínimo de tempo. Desafiamos as barreiras do espaço a cada momento. Ansiamos por estar lá – não no caminho – e, por isso, afundamos o pé no acelerador do carro possante e afugentamos os pedestres, disputando com o motorista ao lado um palmo de asfalto, como se à frente não houvesse sinais vermelhos contrários à nossa sofreguidão. Reduzimos as distâncias com telefones celulares e operações digitais no computador.

Ainda que no trânsito ou no aeroporto, no trabalho ou no clube, a “coleira eletrônica” impede que nos percam de vista. Entre uma marcha e outra, uma flexão abdominal e outra, uma decisão e outra no trabalho, controlamos os filhos, as aplicações financeiras, os negócios geograficamente distantes. Como Prometeu, queremos arrebatar o fogo dos deuses, fazendo de conta que não somos frágeis e mortais.

Porque precisava pensar, Kant nunca saiu de Königsberg, onde construiu uma obra filosófica monumental. Ora, para que livros se há milhares de vídeos interessantes? Basta saber que o patrimônio cultural da humanidade se encontra armazenado nas bibliotecas. Relaxados, passamos horas, dias, meses e anos de nossas vidas vendo um punhado de homens correrem atrás de uma bola e carros velozes desafiando as curvas da morte. Nossos heróis estão distantes da arte musical de Mozart, da física de Planck ou da literatura de Machado de Assis. Veneramos aqueles que quebram limites. O Evangelho da “pós-modernidade” são os índices do mercado financeiro. A Bíblia, o Guiness Book of Records. Pelé fez 1.000 gols. Michael Jackson coloriu de branco sua pele negra. Ayrton Senna andou mais depressa grudado ao solo que qualquer outro mamífero.

Só não descobrimos o elixir da felicidade. Por que nenhuma empresa vende o que mais procuramos? Ora, talvez possamos deixar de pagar, com o sacrifício da própria vida, o preço letal dessa busca, se abraçarmos os sonhos de Kepler: a vida campestre, a roda de amigos, o coro de anjos numa igreja e a melodia das estrelas.
Fonte: Revoluções.org

Sem sinal de rubor



Estes são os representantes do nosso valoroso povo trabalhador. São os primeiros a apontar “corrupção”... no gabinete dos outros, no governo dos outros, nos outros Estados da Federação, em Brasília... Em sua opinião, cínica e sem qualquer sinal de rubor na face, justificam com uma desenvoltura impressionante suas “atribuições” na Assembléia Legislativa Catarinense. Certamente se contam entre os paladinos da moral e da ética na gestão pública. E esses são apenas os casos até agora levados à luz do dia... a ponta de um iceberg que emperra, sufoca, leva à inanição a máquina do governo e do estado. É asqueroso.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

O velho e o ônibus


Nos arredores da cidade de Hebron (Al-Khalil), a nordeste do centro histórico, localiza-se o Wadi Al-Ghrous, um vale localizado entre as duas colinas onde estão instalados dois assentamentos israelenses: Qiryat Arba (ao sul) e Givat Harsina (ao norte). O primeiro foi estabelecido em 1968 e o segundo no início da década de 1980 por colonos removidos do Sinai após o tratado de paz entre Israel e o Egito. Algumas famílias palestinas continuam vivendo ali, resistindo à pressão criada pelos assentamentos circundantes, que se manifesta normalmente através do confisco de terras e da violência dos colonos. Em meio a esse conturbado ambiente, encontra-se a história de perseverança de um velho e seu ônibus.

Sozinho, agarrando-se ao pouco que resta de sua terra, um idoso de 80 anos chamado Abd Al-Hasib Atta Zaloum passa a maior parte do tempo embaixo de uma árvore. Durante toda a sua longa vida testemunhou inúmeros acontecimentos-chave do conflito árabe-israelense, como as guerras de 1948 e 1967. Também testemunhou a formação e a expansão dos assentamentos israelenses à sua volta, já a partir do ano de 1968.

Desde o princípio esses assentamentos se constituíram tomando terras palestinas sejam privadas ou estatais (ou assim declaradas pelo Estado ocupante, Israel), às vezes vagarosamente, às vezes abruptamente. Isso é realizado normalmente através de um engenhoso sistema que utiliza medidas de segurança que inviabilizam o acesso à terra e leis otomanas de confisco de terras não cultivadas durante três anos. As terras pertencentes a Abd Al-Hasib não ficaram imunes a esse processo de desapropriação.

Localizadas junto ao assentamento de Qiryat Arba, cuja população atual gira em torno de oito mil habitantes, suas terras também sofreram o mesmo processo de desapossamento ao qual tantos outros palestinos estão sujeitos. De seus originais 21 dunums de terras restam-lhe apenas 4 dunums (1 dunum = 1.000 m²). Como em tantos outros casos, o motivo declarado pelas autoridades israelenses foi a proteção dos assentamentos através da criação de área de isolamento que provesse uma espécie de faixa de segurança para as instalações desse, como a escola para as crianças dos colonos que fica próxima às terras de Abd Al-Hasib.

Essas medidas de segurança foram impostas à custa da propriedade privada de um idoso inofensivo, sem que lhe fosse dada qualquer compensação pelas perdas, o que deveria ser a prática em qualquer sociedade sob o Estado de Direito. Ao contrário, os próprios assentamentos que provocaram essa destituição forçada é que estão em flagrante violação com as leis internacionais, de acordo com a Quarta Convenção de Genebra, segundo a qual é ilegal a transferência de uma população para territórios ocupados pela força ocupante.

Mais de 100 assentamentos israelenses foram erguidos desde 1967 na Cisjordânia, para os quais foram construídos em meio a um território alheio rodovias, sistemas de canalização de água, redes de luz e eletricidade aos quais a população local, os palestinos, tem pouco ou nenhum acesso.

A partir de 1994, durante o processo de Oslo, foi estabelecido que a Cisjordânia seria divida em áreas A, B e C. As áreas consideras A estariam dali em diante sob controle total da Autoridade Nacional Palestina, pelo menos em tese. Já as áreas consideradas C (quase 2/3 da Cisjordânia) permaneceriam sob controle total israelense, sendo as áreas B um misto das duas: controle civil palestino e militar israelense.

Do mesmo modo que tantas outras nas imediações de assentamentos, as terras de Abd Al-Hasib caíram dentro da Área C. Isso significou que qualquer construção realizada dali em diante necessitaria da aprovação das autoridades militares israelenses.

Como regra geral, é praticamente impossível para um palestino conseguir permissão para construir nessa área, não restando outra opção a não ser fazê-lo ilegalmente. Ordens de demolição são emitidas pouco tempo depois do término das construções e, após o esgotamento de todos os recursos possíveis, aos quais a grande maioria sequer tem acesso, vem a demolição de fato. Assim foi com a casa que Abd Al-Hasib construiu em suas terras em fins da década de 1990, demolida pouco tempo depois de sua construção, no ano de 2000. A retirada forçada de sua casa pelos soldados e policiais israelenses resultou em algumas sequelas, principalmente em seu braço direito, quebrado enquanto resistia à remoção forçada.

Seu filho buscou então uma solução para seu pai que insistia e ainda insiste em permanecer vivendo em suas terras até o dia que morrer. Comprou para ele um ônibus quebrado de uma companhia de Beit Sahur por 400 shekels para que pudesse continuar ali. Não sendo uma construção, o ônibus não está sob ameaça de demolição pelas autoridades israelenses. Já há dez anos o idoso Abd Al-Hasib vive em seu ônibus, cerca de 20 metros de sua antiga casa demolida.

As condições dentro dessa residência, o ônibus, são consideravelmente austeras. Não há água encanada, nem banheiro. Há apenas alguns colchões, uma televisão, um rádio e um fogão a gás simplíssimo. Algumas janelas do ônibus estão quebradas ou faltando, o que durante o inverno torna as condições ali difíceis de serem suportadas. Adjacente ao ônibus encontra-se a árvore onde o idoso passa a maior parte do tempo. À primeira vista é possível pensar que alguém vivendo nessas condições se sinta miserável e infeliz, mas não é o caso de Abd Al-Hasib. “Eu tenho tudo aqui: pão, água. Eu prefiro viver aqui do que em um hotel cinco estrelas,” diz ele, apontando para o que mantém próximo ao alcance de suas mãos.

O insistente idoso permanece firme em sua terra, temendo que, caso a deixe, ela seja incorporada ao assentamento adjacente de Qiryat Arba. Os colonos dali costumavam importuná-lo regularmente até que fosse erguida uma cerca há oito anos. Entretanto, a mesma lhe barrou o acesso à maior parte de suas terras, restando apenas menos de um quinto do que tinha anteriormente. Ainda assim, esse exíguo lote de terra é visado por aqueles que desejam usá-lo para expansão do assentamento.

Alguns anos atrás um advogado veio até ele interessado em comprar suas terras e ofereceu-lhe um altíssimo valor por elas. Inicialmente, foi oferecido em torno de 30.000 dinares jordanianos por cada dunum de terra (um dinar jordaniano costuma valer entre 2 a 2,5 reais).

Suspeitando algo estranho, Abd Al-Hasib continuou negociando e conseguiu aumentar o valor para 100 mil dinares por dunum. Finalmente ele disse que não venderia a terra, já que sabia que tal preço só poderia ser pago por colonos ideológicos interessados na expansão do assentamento próximo. Então, disse que toda sua terra junta não valia 10 mil dinares jordanianos e expulsou o advogado dali.

Inicialmente, sua mulher lhe fazia companhia morando com ele no ônibus. Porém, há cerca de oito meses teve que se retirar dali por causa de problemas de saúde que praticamente a imobilizaram. Ela vive agora na casa do filho, há poucas centenas de metros dali. Agora resta apenas o velho solitário, sentado debaixo de sua árvore ou dormindo dentro de seu ônibus.

“Eu sou como um rei aqui na minha terra. Eu tenho uma TV e posso ouvir no rádio Umm Kulthum (famosa cantora egípcia). O rei da Jordânia não poderia vir aqui e viver aqui, pois precisaria de seus guarda-costas. Eu tenho só um protetor: Deus”, afirma.

Resoluto em terminar seus dias sobre o chão que legitimamente lhe pertence, o idoso Abd Al-Hasib Atta Zaloum resiste firme ao que é apenas um exemplo do lento avanço do processo de desapontamento que ocorre na atualidade em toda a Cisjordânia. Ao contrário do habitualmente veiculado pela mídia, não é a violência a principal arma da maioria dos palestinos em sua longa luta contra quase 45 anos de ocupação, mas a paciente persistência como a do velho em seu ônibus.

GABRIEL MATYIAS SOARES, brasileiro, observador ecumênico em Hebron. Jerusalém, quinta-feira, 1 de setembro de 2011 para ALC

DEPOIS DE WORMS, A CAÇADA A LUTERO

No último dia da Dieta de Worms, 26 de maio de 1521, já sem a presença de Lutero, foi decretado o Édito de Worms. O documento fora redigido ...