quarta-feira, 18 de julho de 2012

Mais de mil trombonistas em Santa Maria de Jetibá


Ana Schultz aprendeu aos 12 anos e, aos 84, continua tocando trombone.

Numa época bem diferente da que conhecemos hoje, a pequena Ana Schultz, aos 12 anos, aprende a tocar trombone, sozinha, escondida dos pais. Anos depois a menina vira adolescente, se casa na juventude... Ensina ao marido. Os filhos nascem, crescem... O tempo passa. Setenta e dois anos depois, aos 84 anos, Ana Schultz se torna a trombonista mais antiga em atividade do Espírito Santo. Ela mora no pequeno distrito de Garrafão, zona rural, distante 35 quilômetros da sede do município de Santa Maria de Jetibá, na região serrana do Espírito Santo.

O G1 pegou a estrada para conhecer essa história. Um exemplo para muitos jovens da região. "Muita gente se inspira em dona Ana para começar a tocar um instrumento musical na comunidade", conta o maestro do município, Renato Strelow, 23 anos. Dona Ana não fala português, somente o pomerano, língua dos imigrantes que colonizaram a região. Com a ajuda de um intérprete ela disse que está muito feliz de continuar tocando trombone até hoje. "Enquanto Deus me der forças, vou continuar tocando trombone", diz a aposentada.

Santa Maria de Jetibá tem uma das maiores comunidades luteranas do Espírito Santo. A religião e a música são as marcas da tradição pomerana. "Os primeiros imigrantes quando chegaram aqui trouxeram a bíblia, o catecismo e o hinário. Os grupos de metais estão presentes nas principais comemorações da cultura pomerana", relata o pastor da comunidade de Jequitibá, Marcos Vollbrecht.

Por conta dessa tradição, hoje, o município tem o maior grupo de trombonistas do Estado. "Os trombonistas estão presentes em todas as comunidades do município. Ao todo, são mais de mil instrumentistas na cidade. Um recorde para o Espírito Santo e, talvez, para o país", revela o secretário municipal de cultura de Santa Maria de Jetibá, Leandro da Silva.

Os grupos ensaiam todas as semanas.  Entre os músicos, encontramos famílias inteiras de trombonistas. "Na minha família quase todo mundo toca trombone: eu, meus quatro filhos, meu pai tocava e minhas irmãs também tocam" diz o agricultor Valdeci Wolfgrann, 41.

O aposentado Flortélio Krüger, 66, conta que aprendeu a tocar trombone ainda na juventude. "Eu aprendi a tocar com um senhor que morava perto da minha casa. Ele tinha um pequeno comércio. A primeira vez que ouvi o som do instrumento fiquei impressionado. Toco trombone até hoje. O trombone é a marca do nosso município. Não podemos deixar essa tradição morrer", finaliza.

A música tem um outro papel na cidade. "O problema do alcoolismo é muito presente na nossa região. E com a música, com o projeto dos trombonistas, estamos conseguimos afastar os jovens do álcool e das drogas. A música tem uma importância muito grande em nosso município", completa o secretário de Cultura, Leandro de Jesus.

(Reportagem do G1 do dia 14 de julho. Obrigado ao Norival por me enviar o link)

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