A reflexão sobre o que vamos fazer com relação à superpopulação de carros em nossas cidades é necessária e urgente. Porém, ainda vamos patinar muito na incoerência antes de encontrar uma saída razoável. O último dia sem carro se tornou um evento mundial e atinge até a indústria automobilística cada vez mais empenhada em criar novidades compatíveis com a nova onda preservacionista (combustíveis alternativos, eletricidade etc). Mas, confessemos, foi um fracasso! Em Blumenau havia 20 por cento mais carros nas ruas no dia sem carro do que em dias normais. Sim, choveu muito. Mas a chuva foi uma desculpa bem-vinda para o nosso comodismo, convenhamos.
A grande verdade é que temos uma relação doentia com essas carruagens. São construídas para as famílias, com quatro, cinco, sete e até nove lugares. Mas, a maioria deles anda por aí com um ocupante só; o seu orgulhoso dono.
No ano de 2009 estamos reproduzindo fielmente no Brasil o que acontecia nos anos 1940 e 1950 nos EUA, como mostra uma série de fotos que circula na internet com cegonheiras lotadas de carros da época, novinhos em folha (uma dessas fotos está aí em cima, para você curtir). Hoje, nós topamos com incontáveis dessas parideiras de carruagens zerobala, despejando milhares de carros novinhos em folha para continuar entupindo nossas já entupidas ruas das nossas poluídas cidades. Tudo isso, para continuar alimentando o nosso sonho de ter um desses brinquedinhos nas próprias mãos.
Até há tentativas de mudar isso, mas sem sucesso. Curitiba tem corredor exclusivo de ônibus há décadas e excesso de carros, ainda assim. São Paulo tem o metrô mais moderno da América do Sul, mas engarrafamentos diários de mais de 150 quilômetros de extensão. O rodízio de automóveis por lá é um logro que aumenta ainda mais o número de registros de IPVA. Até vereadores burlam a lei com placas especiais. As ciclovias de Blumenau são trechos descontinuados e cheios de armadilhas, que jogam o ciclista diante dos veículos sem aviso prévio. Para usar bicicleta em Blumenau tem que ter mais que sangue frio.
Enquanto isso, as páginas de todos os jornais – dos grandes diários aos pequenos tablóides regionais – estão lotadas de ofertas, com IPI reduzido, para que também você compre o seu carro. Anúncios de página dupla de carros de luxo, encartes ostentando notórios bebedores de gasolina e classificados com carros e mais carros para vender.
Aliás, a imprensa especializada em veículos nunca traz reportagens sobre novidades no transporte coletivo. Isso não interessa. O que vende é carro, salão de Frankfurt, de Detroit, de Tóquio. Como conscientizar a população de que usar ônibus é bom? Bom é andar de carro! Quanto mais potente e rápido, melhor!
A grande verdade é que temos uma relação doentia com essas carruagens. São construídas para as famílias, com quatro, cinco, sete e até nove lugares. Mas, a maioria deles anda por aí com um ocupante só; o seu orgulhoso dono.
No ano de 2009 estamos reproduzindo fielmente no Brasil o que acontecia nos anos 1940 e 1950 nos EUA, como mostra uma série de fotos que circula na internet com cegonheiras lotadas de carros da época, novinhos em folha (uma dessas fotos está aí em cima, para você curtir). Hoje, nós topamos com incontáveis dessas parideiras de carruagens zerobala, despejando milhares de carros novinhos em folha para continuar entupindo nossas já entupidas ruas das nossas poluídas cidades. Tudo isso, para continuar alimentando o nosso sonho de ter um desses brinquedinhos nas próprias mãos.
Até há tentativas de mudar isso, mas sem sucesso. Curitiba tem corredor exclusivo de ônibus há décadas e excesso de carros, ainda assim. São Paulo tem o metrô mais moderno da América do Sul, mas engarrafamentos diários de mais de 150 quilômetros de extensão. O rodízio de automóveis por lá é um logro que aumenta ainda mais o número de registros de IPVA. Até vereadores burlam a lei com placas especiais. As ciclovias de Blumenau são trechos descontinuados e cheios de armadilhas, que jogam o ciclista diante dos veículos sem aviso prévio. Para usar bicicleta em Blumenau tem que ter mais que sangue frio.
Enquanto isso, as páginas de todos os jornais – dos grandes diários aos pequenos tablóides regionais – estão lotadas de ofertas, com IPI reduzido, para que também você compre o seu carro. Anúncios de página dupla de carros de luxo, encartes ostentando notórios bebedores de gasolina e classificados com carros e mais carros para vender.
Aliás, a imprensa especializada em veículos nunca traz reportagens sobre novidades no transporte coletivo. Isso não interessa. O que vende é carro, salão de Frankfurt, de Detroit, de Tóquio. Como conscientizar a população de que usar ônibus é bom? Bom é andar de carro! Quanto mais potente e rápido, melhor!
Ainda nos falta mesmo é vontade de nos livrarmos do sonho em torno do carro. Todos querem ter um na garagem. Ele é tudo de bom em nossos anseios mais intransferíveis. Enquanto isso não mudar, vamos continuar na luta diária por um espaçozinho nas ruas para o nosso objeto maior de desejo. O meu, confesso, continua ocupando o seu.