segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Os primeiros passos da cruzada da intolerância


Numa decisão política surpreendente, os suíços votaram – em um plebiscito realizado neste domingo (29/11) – pela proibição da construção de minaretes no país. A iniciativa de políticos populistas de direita conquistou o apoio de 57,5% dos eleitores. Além de ter obtido 5 milhões de votos, a proposta de proibição foi aprovada pela maioria necessária de 26 dos 30 cantões da Suíça.

O sociólogo suíço Jean Ziegler advertiu sobre o surgimento de uma “atmosfera de pogrom” no país. Para ele, o plebiscito sobre a proibição de minaretes é, na verdade, um referendo sobre o islamismo. “Muitos muçulmanos temem atentados, violência e estigmatização”, explica o ex-deputado social-democrata. “Inicialmente só havia um pequeno grupo dentro do Partido Popular Suíço, beirando ao fascismo, que exigia que se proibisse a construção de minaretes.” E esse grupo acabou iniciando uma campanha gigantesca, que levou à vitória deste domingo.

A decisão é um revoltante ato de regressão, que abre caminho para a volta de estigmas assustadores, como a perseguição aos judeus durante o regime nazista na Alemanha. Vencem o preconceito e a total intolerância religiosa, além de trazer consequências econômicas para a Suíça. O sociólogo prevê que o plebiscito seja só o começo de uma “cruzada” contra o islã e teme que ela ainda possa se acirrar. Além disso, Ziegler adverte que isso poderá transformar os suíços nos “novos inimigos” no mundo islâmico. (Com informações da Deutsche Welle)

Lembranças assustadoras – É inevitável relembrar os tempos do início da imigração alemã no Brasil, iniciada em 1824, quando a religião oficial do estado brasileiro era o catolicismo e os protestantes foram proibidos de construir torres para os seus locais de culto. Durante décadas os nossos antepassados conviveram com essa imposição da maioria católica.

Mas a decisão do povo suíço e muito pior, porque não são só os minaretes que caem. Monumentos mais visíveis da fé islâmica, essas torres de chamado para as cinco orações diárias dos muçulmanos são o símbolo maior de uma presença que é vista com crescente incômodo em toda a Europa.

Preparem-se para uma caça às bruxas, não só em solo suíço. As grandes lições do século 20 estão caindo rapidamente no esquecimento das novas gerações e a xenofobia volta com toda força.

A execução de Jesus


Como uma crítica à onipresente imagem de Mao Tsé-tung (1893-1976) por toda a China, os Irmãos Gao resolveram tematizar este culto em sua arte. Os Irmãos Gao estão entre os mais célebres artistas plásticos chineses. Em sua arte, o culto à personalidade do líder comunista ganha tons iconoclastas e sombrios. Obviamente, a dupla não consegue exibir grande parte de seus trabalhos na China.
A Execução de Jesus é a mais recente obra dos Irmãos Gao. Na obra, seis figuras de Mao Tsé-tung empunham baionetas contra um Jesus indefeso, enquanto uma sétima, também com o rosto de Mao, segura a arma ao fundo. A obra só pode ser vista no estúdio dos artistas, no Distrito 789, uma espécie de território livre da arte contemporânea chinesa. Os artistas estão negociando sua apresentação em 2010 no Kemper Museum of Contemporary Art, em Kansas-EUA.
Gao Zhen (53) estudou Pintura Chinesa Clássica na universidade, enquanto seu irmão Gao Qiang (47) optou por Literatura. Na metade dos anos 80, os dois começaram a realizar trabalhos conjuntos e deram início a uma parceria que se aprofundou a ponto de ambos serem conhecidos como os Irmãos Gao e não por seus nomes individuais. Os dois se vestem de maneira parecida, usando o mesmo tipo de boné e andam sempre juntos nas ruas do Distrito 798.
Eles se tornaram famosos em 1989, ao participarem da China Avant-Garde. Na mesma época, os Irmãos Gao deram início ao ativismo político que viria caracterizar sua obra, ao assinar uma petição que pedia a libertação do dissidente Wei Jingsheng, que estava preso havia dez anos por participar do movimento Muro da Democracia, em 1978.
Os Irmãos Gao entraram na lista negra do governo chinês e se transformaram eles próprios em dissidentes. Seus passaportes foram confiscados e por 14 anos os artistas foram proibidos de sair da China.
Eles não puderam participar da Bienal de Veneza em 2001, onde apresentariam a performance Utopia do Abraço de 20 Minutos, realizada pela primeira vez na China no ano anterior. Nela, voluntários são estimulados a abraçar um estranho por 15 minutos e a participar de um abraço coletivo por cinco minutos. O evento se tornou uma marca registrada dos Irmãos Gao, que já o promoveram em Hong Kong, Berlim, Nottingham e Tóquio.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Um debate com cheiro de pólvora


O debate em torno da questão das armas, nos últimos dias, atingiu níveis que só podem ser lamentados. O cheiro de cartuchos detonados já impregna o ar. O tema é sério, é preocupante, é digno de uma reflexão mais isenta e mais respeitosa. Entretanto, nem todos os debatedores aplicaram esta regra.

Entre os muitos argumentos de franco ataque à defesa da paz desarmada, faço questão de citar somente um, mormente por sua origem. É uma manifestação que veio de ninguém menos do que Bene Barbosa, o presidente do Movimento Viva Brasil – entidade que foi constituída em 2005 com o único propósito de vencer o referendo que queria o desarmamento da população civil.

Está óbvio que conseguiram o seu intento. Está óbvio que o resultado de 76,64% dos votos a favor das armas foi fruto do seu trabalho, amealhando votos de uma população desinformada e que sequer tem dinheiro para comprar uma arma. Mas não é este o problema.

Ao conquistarem o direito de ter armas através do referendo, eles imaginam que o respeito à sua vitória significa o total silêncio de quem defende a paz. Ao contrário do que Barbosa afirma, tão raivosamente, com argumentos absolutamente chulos e desrespeitosos, a vitória deles não significa que o assunto se esgotou. Muito menos, significa que devêssemos nos calar e não tocar no assunto. Se fosse assim, toda oposição seria ilegítima, uma vez que a maioria elegeu quem está no poder. Mas ainda não é este o problema.

O problema de Barbosa, que usa o argumento do "respeito é bom", bem no estilo "ou cale-se ou eu atiro", transformou a palavra "babaca" – que sequer consta no Aurélio –, segundo sua brilhante dedução etimológica, em "órgão genital feminino". Para ser claro, na sua cabeça babaca é vagina.

Embora de um nível desprezível, a sua argumentação fortalece o que eu quis dizer. Por defender a paz, eu me sinto como um "babaca", como uma vagina estuprada pelos trogloditas da guerra. Aliás, foi um deles que usou exatamente esta palavra para desfazer os que defendem a paz. Os trogloditas da guerra se defendem, como Barbosa, com argumentos baixos do tipo: dizer que todo dono de arma a possui para usar, "é o mesmo que dizer que todo homem é um estuprador uma vez que possui instrumento para execução deste tipo de crime".
É assim que funciona a mente de quem usa e defende armas. Sinceramente, me nego a descer ainda mais baixo na argumentação. Além de defender a paz desarmada, me alinho com todos os que praticam a não-violência.
A propósito, o texto que foi tão vilmente atacado por Barbosa, está aqui, no Blog, postado no dia 12 de novembro. Ele foi publicado no dia 25 de novembro no Jornal de Santa Catarina, com algumas alterações.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

The boy who harnessed the wind


O jovem William Kamkwamba, hoje com 22 anos de idade, viu uma oportunidade de ouro num lugar em que mal conseguiríamos sobreviver. Ele vive no interior do Malauí, um paupérrimo país perdido no meio da África, que faz fronteira com Moçambique. Seu pai é agricultor em Wimbe, uma pequena vila do interior, praticando agricultura de sobrevivência num lugar inóspito, de colheitas reduzidas e secas periódicas terríveis.

Com dois livros de física elementar, um monte de lixo e vento, William criou eletricidade em meio ao nada, abrindo caminho para a luz e para o bombeamento da água do poço, permitindo irrigação da roça e duas colheitas por ano ao seu pai. De quebra, os vizinhos podem abastecer seus celulares.

A ousadia de Kamkwamba chegou ao canal de TV local e correu o mundo. Hoje sua história virou livro, com o título deste post (O menino que domou o vento). Seu sucesso surgiu em meio a miséria, dedicação, senso de oportunidade e muito lixo. Segundo William, na seca de 2000 a sua família e toda a vizinhança foi forçada a cavar o chão para encontrar raízes, cascas de banana ou qualquer outra coisa para forrar o estômago. Sem dinheiro para ir à escola, seu destino era ser mais um agricultor miserável do Malaui. Mas ele não se rendeu ao destino.

Na biblioteca comunitária perto da vila ele encontrou os livros que o tornaram um empreendedor e palestrante requisitado. Enquanto ele construía seu moinho de vento para gerar energia, todos o chamavam de louco e maconheiro. Quando viram o moinho girando e produzindo eletricidade, seu valor foi finalmente reconhecido. Não só na sua vila, mas em todo o mundo. Hoje, ele estuda na African Leadership Academy, em Johannesburgo, uma escola que reúne jovens de 42 países africanos para formar líderes para a África. Hoje ele quer voltar ao Malaui e gerar energia em todas as vilas, levar água a todas as cidades e fazer com as próprias mãos o que o governo não faz. Um exemplo que deveria ser imitado por aqui...

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Uma visita indesejada


Uma carta do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs-CONIC ao ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, assinada pelo presidente, o pastor da IECLB Carlos Möller, e pelo secretário-geral, rev. Luiz Alberto Barbosa, critica a visita ao Brasil do presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, na semana que vem. Segundo a carta, as importantes relações comerciais entre Brasil e Irã não podem ser a única motivação para recebê-lo.

Os direitos humanos são o pomo de discórdia. “Como cidadãos brasileiros, ficamos extremamente preocupados ao testemunhar a aproximação do nosso país com um regime autoritário e perpetuador de graves violações dos direitos humanos, como o dirigido pelo presidente Mahmoud Ahmadinejad”, diz o texto do CONIC.

A violação sistemática dos direitos humanos tem sido a regra no Irã, inclusive no campo religioso. “É um regime de profunda intolerância religiosa, em que cristãos, judeus e os seguidores da fé Baha’i, dentre outros, sofrem perseguições diárias, inclusive com ameaças que muitas vezes culminam em prisões e até mesmo em morte”, exemplifica o CONIC.

Uma temática urgente é proposta pela carta, no sentido de que os direitos humanos e a liberdade religiosa sejam parte dos temas abordados durante a visita de Ahmadinejad. “Uma vez que esta visita parece ser mesmo inevitável, esperamos que o Governo brasileiro não perca a oportunidade histórica de cumprir com o seu papel em defesa das minorias perseguidas e oprimidas pelo regime do Sr. Mahmoud Ahmadi­nejad”, reforça a carta.

O importante papel do Brasil no mundo é destacado pelo CONIC na carta, que afiança o apoio das Igrejas “para a construção de um Brasil cada vez mais justo e fraterno para todos”. Segundo o organismo ecumênico brasileiro, “o Brasil cumprirá bem e com eficácia o seu papel no mundo, se continuar defendendo os valores éticos e democráticos que não constam na agenda do atual presidente iraniano”.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Os 40 anos do milésimo


Hoje é um dia muito especial. No dia 19 de novembro de 1969, diante do Maracanã lotado, Pelé marcava, de pênalti contra o Vasco, o milésimo gol oficial de sua carreira. Quarenta anos depois, nem o próprio Rei do Futebol consegue esquecer que as suas pernas tremeram naquela noite.

Não é pelo gol, não é pela figura única de Pelé como o atleta mais admirado de todos os tempos, em todo o Planeta. É como lembrança de um futebol de outros tempos, com outra índole e uma certa inocência perdida. O que Pelé ganhou ao longo de sua vida, é uma merreca diante do que ganham Kaká, Ronaldinho Gaúcho, Robinho, Cristiano Ronaldo e outros. O dinheiro acabou com o futebol-arte. O dinheiro acabou com os craques. O dinheiro acaba com tudo.

Pelé, que o seu gol continue indelével em nossa memória por muito tempo. Aos que não se contentam com a imagem acima, um link para rever um pouco das peripécias do artista máximo da bola: http://www.youtube.com/watch?v=8QEmnP48PEc&feature=related.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Hyperphotos de Rauzier


O fotógrafo francês Jean-Francois Rauzier inaugura este mês em Londres a exposição "Hyperphotos". Em suas obras, Rauzier mistura sonho e realidade em composições fotográficas manipuladas no Photoshop. Dando atenção minimalista aos detalhes, o artista monta imagens que parecem reais, mas surpreendem pelos elementos nada convencionais. "Durante longas horas, dias e noites, eu trabalho nas imagens e algumas vezes chego a dormir na frente do computador", disse ele ao jornal britânico The Independent. Rauzier junta no Photoshop algo entre 600 e 3,5 mil fotografias em close de inúmeros detalhes da imagem representada. A costura entre as imagens é tão precisa que mal dá para perceber, mantendo forma e foco nos menores detalhes. A alta definição das imagens, que mantém a mesma qualidade mesmo quando ampliadas mais de 50 metros, também se destaca. Se você quer ver o impressionante trabalho do artista, não precisa ir até Londres. Entre no site http://www.rauzier-hyperphoto.com/ e divirta-se. Você vai ficar horas por lá.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Cadeias e navios negreiros


A foto aí de cima, de Eliane Gorritti e publicada no Terra, é uma das duas celas do Departamento de Polícia Judiciária de Vila Velha, na região metropolitana de Vitória (ES). Segundo Eliane, que visitou o local, as celas foram interditadas porque havia muita sujeira, terra e até fezes no local. O calor intenso, a insuportável proximidade de dezenas de pessoas, o tempo todo e nenhum espaço. Isto é cadeia no Brasil. Nem as masmorras dos porões dos castelos medievais eram assim.

"A situação lá dentro é lastimável. Muita sujeira, lixo, água e fezes boiando. Enquanto escavavam, os presos foram juntando terra em duas celas. Um cano estourou e a água ficou represada no local. O resultado é realmente crítico", descreveu o delegado Mário Brocco para Eliane. Mais de 250 presos ocupam um espaço onde por lei só deveriam estar 36 pessoas. Presos também ocupam a recepção da unidade.

Nem mesmo os navios negreiros eram tão entulhados de gente. Não será dessa maneira que o Brasil vai ser respeitado a ponto de ocupar uma cadeira no Conselho Permanente de Segurança das Nações Unidas. O desrespeito aos direitos humanos é tão revoltante que chega a causar náuseas. Aliás, olhando essa foto aí, alguém ainda pode falar de algum direito?

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Os três grandes problemas da Aldeia


Hoje, a comunidade científica está cada vez mais inquieta com três grandes problemas que se avolumam e não têm solução à vista:

A Crise Social – Ela consiste no fosso cada vez maior entre ricos e pobres. Cerca de 20% dos mais ricos do mundo consomem 80% de tudo que se produz e, em seu consumo desmedido, poluem o planeta. Se cada pessoa que vive hoje no mundo quisesse viver conforme o padrão de consumo médio norte-americano, seriam necessários dois e meio planetas Terra.

A Crise do Sistema de Trabalho – A modernização tecnológica e a robotização dispensam cada vez mais a força do trabalho humano. O uso de alta tecnologia gera sempre mais desemprego e acumulação de riquezas nas mãos dos grandes empresários. Como resultado, temos pobreza endêmica, violência generalizada e apelo à contravenção como meios de sobrevivência. Vivemos uma guerra civil e o caos social.

A Crise Ambiental – Os recursos renováveis do planeta Terra estão chegando à exaustão. O ser humano se constitui no “câncer da Terra”. O modelo civilizatório em curso destruirá o planeta em poucas gerações. Se não tratarmos a nossa casa (oikos) global como um organismo vivo, que precisa de cuidados especiais, acabaremos por destruir o único lar que temos no universo.

A república, a democracia e o voto

Foto histórica da campanha pelas Diretas, em 1984. A luta desses políticos foi a porta de entrada para o retorno do direito do voto no Brasil, no dia 15 de novembro de 1989.


No dia 15 de novembro, o Brasil teve duplo motivo de comemoração. O primeiro deles é o dos 120 anos da Proclamação da República, embora nessas 12 décadas que se passaram ainda não conseguimos acabar com os principais males que motivaram o fim do Império e o início de um novo tempo na maneira de governar o Brasil. Como nos tempos do Império, velhas oligarquias continuam manejando as marionetes. Ainda é assim que grande parte do poder está nas mãos dos grandes proprietários de terras e dos que compram o poder com o seu dinheiro - muitas vezes amealhado justamente pelas facilidades que a proximidade com o poder dá.

Entretanto, a República trouxe a participação popular para perto do poder, mesmo que em 1889 ainda valesse a regra de que era necessário ter posses e ser homem para votar. Os ex-escravos, os meeiros, os operários, o homem trabalhador do campo e as mulheres não tinham espaço entre os cidadãos.

Hoje tudo isso é superado. Na lei, diga-se. Mas a exclusão da cidadania por pobreza ou gênero é passado no Brasil. E isso é digno de comemoração. Difícil é fazer com que o nosso povo entenda o tamanho do poder que tem nas mãos. Para muitos, o voto é uma obrigação chata, que a gente cumpre justamente porque é uma obrigação. Antes de facultar livre decisão sobre o exercício do direito do voto, entretanto, é preciso educar para que se perceba o poder imenso que a oportunidade do voto coloca nas nossas mãos.

Para dizer o mínimo, podemos falar mal de Brasília o quanto quisermos, podemos detonar o congresso com todas as forças ou atacar o senado com nosso protesto veemente, mas tudo isso que está aí foi escolhido por nós. O nosso voto tem este poder. E também pode mudar tudo. Basta querer. Basta fiscalizar.

É uma grande bobagem dizer que o meu voto é apenas um voto. Somado aos votos dos outros, ele tem poder. A soma dos nossos votos muda tudo. Portanto, se quisermos realmente, vamos melhorar o Brasil.

Ah, já ia esquecendo o outro motivo de comemoração. No dia 15 de novembro de 1989 elegíamos o primeiro presidente do Brasil pelo voto direto, depois de 30 anos sem exercer este direito. Muitos fizeram isso pela primeira vez naquele dia, ao menos todos os brasileiros que tinham menos de 45 anos. E, sem dúvida, este é o melhor caminho. Mesmo que depois das eleições haja muitos que querem estragar esta festa da democracia, o voto é o melhor instrumento que temos. Que mantenhamos o nosso sagrado direito de opinar e que o voto seja a manifestação básica da cidadania entre nós por muito tempo.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Ser da paz é babaca


Os defensores da sociedade armada em defesa da família uniram forças para defender o artigo do colunista Cézar Zillig, na última segunda-feira, na qual o escritor e médico defendeu a idéia de que a segurança depende do amplo acesso da população a armamentos, para se protegerem dos larápios e invasores de propriedade alheia. De quebra, Zillig criticou outro colunista do Jornal de Santa Catarina, colega seu, que tem defendido meios mais pacíficos de convivência.

Em resposta a Zillig, escrevi ao jornal uma manifestação, publicada na terça-feira: "O estimado colunista Cezar Zillig, sempre tão ponderado em sua coluna, acaba de anular o Estado Constitucional de Direito e instituir a república da justiça pelas próprias mãos, remetendo a humanidade de volta à Idade da Pedra. De minha parte, peço a Deus que nos livre de uma sociedade assim. Armas, só nas mãos da polícia e, mesmo ali, elas têm feito lambança demais."

Nos dias seguintes, diversas cartas e até um artigo de leitores deram apoio a Zillig e jogaram pesado com os defensores da sociedade sem armas. Para eles, quem defende a paz tem sangue de barata nas veias e é incapaz de reagir à violência que assola nossa sociedade.

Sem levar em consideração a ideologização de algumas reações, tais manifestações resumem o quanto temos que começar do zero na construção de uma sociedade capaz de resolver seus conflitos de modo não-violento, que seja promotora da paz e se recuse a retribuir com violência maior à violência que nos atinge. Este é o caminho mais longo, trabalhoso, mas certamente mais eficaz que o armamento geral. Mas o pessoal quer trilhar o caminho mais curto: o atalho da violência contra a violência. Não percebem que isso leva a uma escalada brutal. Anamaria Cováks tem razão em sua coluna de hoje: "estamos numa guerra civil".

Opiniões raivosas contra os defensores da paz demonstram que damos muito mais ouvidos a protagonistas violentos da ficção, como Silvester Stalone, Arnold Schwartzenegger, Vin Diesel, Steven Siegel, Brus Willys, Chuck Norris, Mel Gibson e muitos outros. A sua forma de reagir é que vale, jogando no lixo do esquecimento as gigantescas lições de ícones da história humana, arautos da luta pacífica, como Mahatma Gandhi, Martin Luther King, Dietrich Bonhoeffer, Nelson Mandela, Madre Tereza de Calcutá e Jesus Cristo. Não posso deixar de citar também dois seres humanos extraordinários do nosso meio, infelizmente já falecidos, que são os pastores luteranos Ricardo Wangen e Bertoldo Weber.

Ao classificarem os que defendem a ideia de uma sociedade pacífica como equivocados, covardes e até babacas, os defensores do método violento educam seus filhos para reagirem sempre, para nunca deixarem uma agressão sem resposta e jamais levarem um desaforo para casa. Depois, estranham que eles são capazes de orquestrar o assassinato dos próprios pais para se livrar das críticas. Depois, lamentam que eles são capazes de ir para a escola com uma pistola no bolso para intimidar o professor que lhe deu uma merecida nota baixa numa prova, metendo bala em todos que estão à volta.

A nossa geração deixou Woodstock no registro da história. Os netos dos hippies de Woodstock, pelo visto, não querem mais nada com esse papo careta de paz e amor. O negócio hoje é impor respeito pelo visual agressivo, apostando na violência como melhor solução para combater a violência. A aula inaugural da sociedade Mad Max em que vivemos já se recebe muito cedo, em jogos eletrônicos com muitos tiros e muito sangue. Vamos em frente! Defendamos a paz armada. Até o dia em que seremos a próxima vítima...

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

A vida no escuro


Todo mundo assustado com o apagão? Isso vai acontecer mais vezes? De quem é a culpa? Alguma coisa será feita para evitar que isso se repita? Essas são algumas das perguntas. Há muitas respostas. Umas querem apagar o fogo e outras jogam gasolina na fogueira. Mas o buraco, minha gente, é mais embaixo.

Em primeiro lugar, o Brasil não tem problema de geração de energia. O Brasil tem problema de transmissão da energia gerada. Por isso, esta reação em cadeia. Cai um poste na linha Paraná-São Paulo e começa uma sequência de dominó que ninguém sabe em que ponto do país vai parar. Todo o sistema está interligado e num emaranhado tão grande qual um novelo de lã que passou pela fanfarrice de um gatinho. Ninguém sabe de onde vem a energia consumida aqui, em São Paulo ou em Brasília. As usinas são todas ligadas num imenso emaranhado de fios e, quando cai uma delas fora, é o caos. Ainda mais se for Itaipu.

Em segundo lugar, isso é só o começo. Já faz um tempão que ninguém leva a sério os avisos que vêm sendo dados. Pelo visto, o jogo de empurra-empurra continua. O problema é que a questão energética no Brasil vem sendo empurrada com a barriga há décadas. O Luz para Todos só pendurou mais gente no novelo emaranhado. E com o Brasil crescendo ao ritmo da China nos últimos meses, vai acontecer de novo, e de novo, e de novo... A demanda é maior que a capacidade de distribuição. E, cá entre nós, arrumar este emaranhado não vai ser coisa de poucas horas.

Em terceiro lugar, não adianta falar, não é? Reuniões e mais reuniões, encontros, cúpulas, tudo para tratar da séria questão energética do planeta. A Terra não suporta 7 bilhões de seres humanos consumindo desenfreadamente todo tipo de energia. E tem gente achando que é séria ao escrever em seu blog que dormiu mal porque não conseguiu ligar o ar-condicionado. Ora, tenha santa paciência. Falta um pingo de desconfiômetro nisso.

Por fim, blecautes não são uma exclusividade nossa. Desde 2006, grandes partes da Suécia e da França ficaram completamente sem energia por dias a fio. Mas, como era no primeiro mundo, nem chegou aqui. A escuridão brasileira da última noite (!) está em todos os jornais do mundo hoje. Interessa a quem quer vender energia, usinas ou catastrofismo... para tirar uma lasquinha. Então toca o filme, nem que seja no escuro!

terça-feira, 10 de novembro de 2009

O livre mercado não satisfaz


Vinte anos depois da queda do muro de Berlim, a maioria das pessoas não está satisfeita com o capitalismo. A afirmação é resultado de um estudo britânico, realizado em 27 países, segundo o qual a melhor impressão sobre a economia de mercado ficou por conta dos americanos e dos paquistaneses.

De resto, a insatisfação com o capitalismo impera ao redor do planeta. O estudo da BBC de Londres foi divulgado no dia 9 de novembro. Segundo ele, somente 11% dos entrevistados em 27 países eram de opinião que o capitalismo, em sua forma atual, funciona bem. Para 27% a economia de livre mercado comete muitos erros – na França 43% pensam assim, no México 38% e no Brasil 35%. Em contrapartida nos EUA e no Paquistão um entre cinco estavam satisfeitos com a atual ordem econômica.

Tendo a pior crise econômica mundial da história recente como pano de fundo, 51% dos entrevistados é de opinião que o mercado precisa ser regulado com maior rigor. Em média 23% pensam que uma ordem econômica totalmente nova deva ser criada.

“Parece que a queda do muro de Berlim não representou a vitória derradeira do livre mercado, como se pensava na época”, disse Doug Miller, executivo do Instituto GlobeScan, que em parceria com a Universidade de Maryland, ouviu 29 mil pessoas. “Alguns elementos do socialismo, como a distribuição mais igualitária das riquezas continuem soando bem para muita gente no mundo”, disse Steven Kull, da Universidade de Maryland.

Em 15 dos 27 países a maioria é favorável a um controle maior do Estado sobre as empresas privadas. Em 22 países a maioria deseja que os governos dos países melhorem a distribuição de renda, constatou a pesquisa. (Fonte: Der Spiegel)

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Die Mauer


Die Mauer 1 - O mundo ficou pasmo no dia 9 de novembro de 1989. Os noticiários e jornais do mundo todo exibiam a euforia dos alemães da República Democrática Alemã-RDA, empoleirados sobre o até então intransponível muro de Berlim. O motivo da euforia era plenamente justificado. Acabava naquele dia uma das maiores "nações-cadeia" da história humana. Na prática, acabava ali a Guerra Fria. Com o fim do muro e o posterior desmonte da Cortina de Ferro, acabava também a União Soviética. Uma nova era na história humana estava sendo lançada naquele momento de alegria infantil, de gente pulando sobre o muro e abraçando estranhos como se fossem familiares.

Vinte anos depois, a nação alemã reunificada celebra - já não tão eufórica - a lembrança daquele dia. É que a República Federal da Alemanha-RFA pagou a conta dessa unificação. O fim do muro, que praticamente caiu de maduro, custou caro à nação mais desenvolvida da Europa, afetando dramaticamente seu poder aquisitivo e seu poderio econômico. Afinal, havia um vasto território a reinventar, restaurar, remontar praticamente do zero - uma tarefa que ainda está bem longe de terminar, mesmo após 20 anos. A extinta RDA é, de certo modo, o Nordeste da Alemanha de hoje.

Em 1986 eu conheci aquela fronteira. Estive cara a cara com o muro e mirei por cima dele, no mirante que dava para o Portão de Brandenburgo. Também andei pelas ruas da Berlim Oriental, angustiado com cada visão de um Stasi, descrito pelos nossos hóspedes como a visão do próprio demônio. Estive no Check-Point Charlie e ouvi o emocionado depoimento de um jovem que havia transposto a fronteira intransponível ileso, enquanto mostrava as fotos de centenas de conterrâneos seus que haviam sido fuzilados durante a tentativa de sair da RDA.

Em 1988 estive por 11 meses na Alemanha com a família... um ano antes do fim do muro e da Cortina de Ferro. Se alguém sequer mencionasse a possibilidade de que, um ano depois, aquilo tudo iria ser mera lembrança, seria chamado de doido varrido. Hoje, num processo tão revolucionário quanto o da eleição de Obama nos EUA, a nova Alemanha é governada por Angela Merkel, uma cidadã da extinta RDA.

Na primavera de 1988 convidamos um casal de aposentados, primos da minha avó e cidadãos da RDA a virem nos visitar na RFA. Um país já falido facilitava a saída de seus aposentados e até ficava feliz se não voltassem. E o ocidente pagava as aposentadorias como se tivesse resgatado vítimas de uma pandemia. Mas eles não vieram para ficar. Apenas se animaram com a possibilidade de conhecer o ocidente.

Minha esposa e eu ficamos impressionados com aquela visita. Durante 14 dias, aquele casal viajou conosco pela Alemanha Ocidental sem fechar a boca, literalmente. Nunca haviam visto tanta fartura, tanta facilidade, tanta riqueza, tanta tantura... Coisa que, de modo algum, era suficientemente óbvio para nós brasileiros, sem que nos atingisse profundamente também.

O contraste com o que estavam acostumados era tão gigantesco que quase adoeceram de emoção. A lembrança de sua carestia, das filas para tudo, dos mercados vazios, das vitrines desbotadas, dos produtos sem qualidade, dos 13 anos de fila para comprar o seu Trabant, tudo isso era o assunto inesgotável da conversa com eles.

Poucos meses depois, pegamos o nosso velho carrinho ocidental de 10 anos de uso e fomos a Dresden-Radebeul visitá-los. Uma semana dentro da cadeia comunista. Foi a experiência mais dramática das nossas vidas. Vimos que eles não estavam inventando, nem exagerando. Dresden era uma cidade ainda muito marcada por ruínas do tempo da guerra e havia muita decadência. Almoçar num restaurante era um exercício de paciência. Heinz e Elfriede quase nos cozeram vivos em sua casinha, com medo de que passássemos frio. Acho que detonaram a metade da sua ração de carvão de inverno para aquecer a casa naqueles dias. Na volta para casa, o nosso carro foi quase desmontado no posto da fronteira. A Stasi temia que algum cidadão oriental pudesse querer cruzar a fronteira encapado no forro dos bancos do carro...

Ainda hoje guardo centenas de slides dessa memorável visita, do muro de Berlim e da cerca que dividia as duas Alemanhas. O fim de tudo isso significou um novo tempo para a humanidade. Caiu o Muro da Vergonha, como se dizia à época. A sua queda deu a falsa impressão ao mundo de que o capitalismo havia derrotado o comunismo e que o livre mercado iria resolver tudo. A partir daí, também quem estava até então atrás da Cortina de Ferro iria ser incluído no mercado mundial de consumo quase que por mágica, e todos viveriam felizes para sempre.

Die Mauer 2 - Mas não foi bem assim. A euforia dos "vitoriosos" durou bem pouco. Em 2008, com a inadimplência gigante dos tomadores de empréstimos nos EUA, caiu o segundo muro, o de Wall Street. Em pouco mais de um ano, aquela exagerada abundância que tanto encheu os olhos dos nossos parentes que visitaram a RFA em 1988 apresentava a conta em todo o mundo.

Mais que uma simples crise, o rombo de Wall Street trouxe o segundo significado simbólico de que o mundo precisa para, realmente, iniciar uma nova era na história da humanidade. Agora, não é necessário somente fazer a contabilidade do fim do mundo comunista que havia por trás da Cortina de Ferro e do Muro de Berlim. Mas é necessário também abrir a caixa preta do capitalismo, agora falido, derrotado, jogado ao chão, impiedosamente.

O tempo provou que as duas contas jamais iriam fechar e que é preciso começar uma contabilidade totalmente nova, que seja global, que pratique inclusão, que seja sustentável e respeite os limites (muito tênues!) do único planeta que podemos habitar. Não há outro! Edificar uma nova casa para a humanidade fora deste nosso querido planeta é um muro intransponível. A colonização de Marte é um sonhozinho tão ridículo que chega a me causar um ataque de riso. A estratosfera é o nosso muro definitivo. Não contemos com a sua queda!

Por isso, longe da velha briga entre esquerda e direita, ocidente e oriente, comunismo e capitalismo, a humanidade precisa encontrar uma nova forma de administrar a única casa que lhe foi disponibilizada. A queda dos dois grandes muros foi o começo. Mas ainda há muitos para cair. Há o muro da indiferença com a África, isolada na peste e na fome. Há a cortina entre dois mundos religiosos, o cristão e o muçulmano. Se ela não vier abaixo, nos aguarda uma terceira guerra mundial, e de proporções apocalípticas. Há o muro entre ricos e pobres, o muro da fome, o da exclusão e o da falta de solidariedade.

Que o dia de hoje, em que a Alemanha e o mundo celebram os 20 anos da queda do Muro de Berlim, instale em nossos corações esta reflexão necessária.

domingo, 8 de novembro de 2009

Olho por olho


A resposta dos EUA ao ataque que derrubou as torres gêmeas de Nova York, em 11 de setembro de 2001, veio. E na forma que já se poderia adivinhar: com mais armamento. Um monumento no lugar dos prédios derrubados já não tem mais necessidade de ser. Ele já existe.

A marinha americana apresentou, na semana passada, seu mais novo navio militar, o USS New York. A sua poderosa carcaça é feita de aço. Uma pequena parte, porém, contém um tipo de aço muito simbólico: sete toneladas do aço que sobrou das torres gêmeas derrubadas no dia em que o orgulho americano foi ao chão.

Ele foi apresentado publicamente em Nova York. Em terra, policiais, militares e muitos parentes das vítimas do atentado, admiraram o mais novo símbolo nacional de superação de uma tragédia, com direito a salva de canhões em homenagem às quase três mil vítimas mortas nas torres gêmeas.

É uma homenagem, sim. Mas é também uma resposta à altura e no grau exato de belicosidade americana. Não há espaço para a paz quando a homenagem vem envolta num tão magnífico e poderoso instrumento de guerra.

A resposta fica ainda mais significativa pelo fato de os EUA nunca terem sido atingidos em seu território em todas as guerras nas quais se meteram. A resposta a Pearl Harbor foram duas bombas atômicas que emudeceram os japoneses e estarrecem o mundo até hoje. A resposta ao ousado ataque de 11 de setembro começa a tomar forma nesse navio com o aço da vingança em seu casco.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

O mundo marcha pela paz


Iniciou no dia 2 de outubro e deve terminar no dia 2 de janeiro a primeira Marcha Mundial pela Paz e pela Não-Violência. A Marcha foi lançada durante o Simpósio do Centro Mundial de Estudos Humanistas no Parque de Estudo e Reflexão Punta de Vacas (Argentina), em 15 de novembro de 2008.

O objetivo dos organizadores é criar consciência frente à perigosa situação mundial que atravessamos, marcada pela grande probabilidade de conflito nuclear, pelo armamentismo e pela violenta ocupação militar de territórios.É uma proposta de mobilização social sem precedentes, impulsionada pelo Movimento Humanista através de um de seus organismos, o Mundo sem Guerras.

Em poucos meses, a Marcha Mundial já teve a adesão de milhares de pessoas, agrupações pacifistas e não-violentas, diversas instituições, personalidades do mundo da ciência, da cultura e da política, sensíveis à urgência do momento. Também inspirou uma grande diversidade de iniciativas em mais de 100 países, configurando um fenômeno humano em veloz crescimento.

A Marcha Mundial é um chamado para que todas as pessoas unam seus esforços e tomem em suas mãos a responsabilidade de mudar nosso mundo, superando sua violência pessoal, apoiando-se em seu âmbito mais próximo e até onde chegue sua influência. Também pede o desarmamento nuclear no mundo, a retirada de tropas invasoras de todos os territórios ocupados, a redução progressiva dos armamentos convencionais, a assinatura de tratados de não-agressão entre os países e a renúncia de governos que usam a guerra como forma de resolver seus conflitos.

No dia 2 de outubro iniciou, em Wellington (Nova Zelândia) uma marcha simbólica de uma equipe multicultural que percorrerá os seis continentes, com previsão de terminar no dia 2 de janeiro de 2010 aos pés do Monte Aconcágua, em Punta de Vacas (Argentina).

Ao longo de todo o trajeto, em centenas de cidades haverá marchas, festivais, fóruns, conferências e outros eventos com o objetivo de criar a consciência da urgência da paz e da não-violência nas relações entre as nações e as pessoas individualmente. A marcha só está acontecendo porque pessoas aderem a ela. E ela só irá tornar-se significativa e forte o bastante, se também você aderir. Entre no site (http://www.theworldmarch.org/) e participe.

Você poderá participar de um dos trajetos brasileiros da Marcha, que deverá percorrer 160 mil quilômetros em todo o mundo. A marcha passará por diversas cidades brasileiras, rumo à Argentina, durante o mês de dezembro. Algumas cidades são Recife (15), Salvador (17), Rio de Janeiro (18), São Paulo (20), Curitiba (22), Florianópolis (23), Porto Alegre (24) e Canoas (26), chegando a Montevideo no dia 27 de dezembro.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Uma mulher à frente dos luteranos alemães


Margot Kässmann é uma mulher de fibra. Admirada e respeitada, ela é pastora luterana e bispa da sua igreja territorial da Baixa Saxônia, na Alemanha. Suas opiniões firmes e bem-fundamentadas têm tido cada vez mais ouvidos atentos em todo o mundo. Criticada no início, por ter abertura ecumênica e social e inovar no exercício do ministério pastoral, ela foi conquistando admiradores e o respeito dos adversários a ponto de ser escolhida Mulher Alemã do Ano, em 2006.
Na presidência da sua igreja territorial, ela estendeu a mão em direção à Igreja Católica e disse que, apesar das diferenças, há mais pontos em comum do que questões que separam as duas confissões. Também referiu-se aos temas sociais, como a política de asilo, a pobreza, o cuidado das crianças, dos idosos e dos doentes. Comentou abertamente as dificuldades pelas quais passou na sua vida pessoal, de modo especial o divórcio e a luta contra um câncer (http://www.alcnoticias.org/).

Agora, no dia 25 de outubro, aos 51 anos, ela tornou-se a primeira mulher eleita para a presidência do Conselho da Igreja Evangélica da Alemanha (IEA), comunhão de igrejas territoriais que reúne 25 milhões de protestantes, no Sínodo reunido em Ulm. Ela recebeu 132 votos dos 142 eleitores para substituir o bispo Wolfgang Huber pelos próximos seis anos na função de presidente da IEA.

Um Novolhar sobre a Bíblia


Já está circulando a edição número 30 (novembro e dezembro de 2009) da revista Novolhar. Até parece mentira, mas já foi divulgado um bocado de informação ao longo das mais de 1200 páginas já publicadas. Foi enriquecedor ter participado desta caminhada.

O tema da edição de número 30 da nossa revista é a Bíblia. Diversos especialistas debruçam-se sobre o texto maior da fé dristã e o dissecam sob diversos ângulos. Os autores revelam como surgiram os escritos bíblicos a partir de relatos transmitidos oralmente por gerações e como foi formado o cânone da Bíblia que chegou aos nossos dias com o título de Bíblia Sagrada. Você também fica sabendo como o texto bíblico é alvo dos mais diversos abusos e distorções e fica sabendo que no Brasil está a maior gráfica da Bíblia de todo o mundo, em Barueri, na sede da Sociedade Bíblica do Brasil.

A Novolhar número 30 também aborda outros assuntos, como os 120 anos da República, as maiores religiões do mundo, os 100 anos de existência dos albergues da juventude e a questão dos quilombos.

Com vistas ao Natal, a revista publica algumas fotos da coleção de presépios étnicos de Werner Ewaldt, além de outros assuntos.

A edição atual da revista você pode obter por assinatura, na Editora Sinodal (51/3037.2366). As 29 edições anteriores estão disponíveis no site da revista: http://www.novolhar.com.br/. Visite o site da Novolhar, onde você poderá encontrar uma fonte rica de informações sobre temas tão diversos quanto chás, a história do pão ou as mudanças climáticas.

DEPOIS DE WORMS, A CAÇADA A LUTERO

No último dia da Dieta de Worms, 26 de maio de 1521, já sem a presença de Lutero, foi decretado o Édito de Worms. O documento fora redigido ...