Crianças palestinas olham por um buraco para as terras usurpadas.
A adesão da Palestina à Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) como Estado-membro afeta as perspectivas de um acordo de paz, afirmou nesta segunda-feira o governo israelense, ao condenar “a manobra unilateral” palestina. A conseqüência imediata é que o governo dos EUA anunciou que pretende suspender os repasses financeiros à Unesco. Os israelenses deverão seguir o exemplo norte-americano e retirar o apoio financeiro.
Em 2011, a contribuição financeira dos EUA para a Unesco foi de 70 milhões de dólares, o que representa 22% do orçamento da organização. Junto com a parte de Israel, o total de ajuda representa cerca de um quarto do seu orçamento, o que fará com que seja difícil à entidade cumprir sua missão.
A delegação do Brasil votou pelo ingresso da Palestina na Unesco. A decisão foi aprovada por 107 votos a favor, 14 contrários e 52 abstenções, e representa a primeira vitória dos palestinos em um órgão ligado à ONU. Até então, a Palestina era membro observador da Unesco. “Esta votação vai apagar uma pequena parte da injustiça cometida contra o povo palestino”, afirmou o ministro das Relações Exteriores palestino, Riyad al-Malki. A entrada da Palestina leva o número de Estados-membros da Unesco a 195.
segunda-feira, 31 de outubro de 2011
Bem-vindo e boa sorte!
O habitante de número 7 bilhões da Terra é russo, recebeu o nome de Piotr e nasceu em Kaliningrado, às margens do Mar Báltico. O bebê nasceu poucos minutos depois da meia-noite no Centro Perinatal de Kaliningrado, cidade escolhida pelo Fundo das Nações Unidas para a População (UNFPA) para marcar a chegada simbólica do habitante de número 7 bilhões no planeta.
Segunda-feira simbólica 3
O terceiro assunto para este dia especial de 31 de outubro – além da marca dos 7 bilhões de seres humanos atingida hoje e do dia da Reforma Protestante – é o do entrementes famoso Halloween.
Há diversas provas de que somos eternos macacos imitadores dos americanos. Um exemplo é o dessa festa ridícula, que não tem nada a ver conosco, com as nossas tradições e com a nossa origem. Culturalmente dominados, ouvimos música americana e cantamos junto, pronunciando palavras que sequer entendemos; enchemos nossas ruas e revistas de anúncios em inglês e nomes de lojas americanizados; não fazemos liquidação, mas vendemos “30% off”; mesmo tendo visto o filme das grandes lojas de departamentos americanas falindo e virando ruínas, instalamos as nossas com fé de que sabemos fazer melhor; compramos SUVs depois que elas saíram da moda nos EUA, e por aí vai.
E o Halloween, o que é? É o dia dedicado a espantar as bruxas nos EUA, com as crianças pedindo doces para não praticarem vandalismo. Trata-se de uma milenar festa originária na Irlanda, do início do século 19, na qual são cultuadas velhas lendas de origem pagã sobre os mortos e sobre como driblar a força oculta do mal sobre as nossas vidas. Nos EUA hoje em dia, virou mais um dia para vender muito, como o dia dos pais e das mães, o Dia de Ação de Graças (Thanksgiving Day) e o Natal.
O que ela significa no Brasil? Bem, sinceramente, absolutamente nada. Virou moda, que agora é freneticamente macaqueada até nas nossas escolas da Rede Sinodal de Educação. A justificativa? “As crianças gostam”. Com tanta tradição cultural linda, por que se macaqueia justamente uma tradição de origem inglesa, celta? Eu arrisco dizer que a maioria dos nossos professores mal sabe quem foram os celtas.
As origens da nossa cultura, tão maravilhosamente resgatada por Monteiro Lobado e Maurício de Souza, por exemplo, são indígenas. Os seus mitos são seres da floresta. Mas isso é feio, causa vergonha, nos torna “gente atrasada”, como os indígenas. O Saci Pererê, a Cuca, o Curupira, a Mula-Sem-Cabeça, o Boitatá, o Boto Cor-de-rosa... e tantos outros; esses são os nossos mitos, a nossa cultura. Que coisa mais linda o símbolo do barrete vermelho na cabeça do Saci! Ele representa a liberdade, que só um ser da floresta pode representar. Nada de medo dos mortos, de ter que espantar o diabo... Tão sapeca quanto as crianças podem ser, o Saci é livre, feliz, protetor das florestas.
Bem que as nossas escolas podiam adotar o dia 31 de outubro (já que em algumas até o Dia da Reforma passou a ser um incômodo feriado, que prejudica o cumprimento do currículo escolar!) para seguir uma proposta oriunda de diversos movimentos culturais: em vez de Halloween, celebrar o Dia do Saci.
Segundo a jornalista e militante cultural da Ilha, Elaine Tavares, em Florianópolis o Sindicato dos Trabalhadores da Universidade Federal de Santa Catarina-UFSC já lutou por esta data, fazendo os nossos mitos invadirem as ruas e valorizando o que é nosso; não para pedir guloseimas, mas para celebrar o que é brasileiro legítimo. É um movimento que valeria a pena resgatar. Simplesmente porque, na minha humilde opinião, macaquear os outros é coisa de macaco. E, se é para representar um ser da floresta, que seja um Saci...
domingo, 30 de outubro de 2011
Segunda-feira simbólica 2
O dia 31 de outubro é o Dia da Reforma Protestante. O evento que lançou o selo oficial da comemoração dos 500 anos da Reforma para o Brasil, que ocorreu no Hotel Plaza San Rafael em Porto Alegre no dia 18 de outubro, deu a largada num momento único. Para começar, aproximou ainda mais as duas maiores igrejas luteranas brasileiras. Elas já têm um bom histórico de cooperação, como os emocionantes encontros interluteranos, a histórica cooperação na publicação anual do devocionário Castelo Forte e a importante parceria na publicação das obras de Lutero em língua portuguesa.
As duas igrejas também são referência continental no que diz respeito à seriedade de suas casas de formação teológica, por sua contribuição acadêmica de peso e por serem cada vez mais procuradas ecumenicamente para contribuir na formação teológica de outras denominações.
Os pastores presidentes Kopereck (IELB) e Friedrich (IECLB) durante o lançamento do selo dos 500 anos.
Juntas, a IECLB e a IELB congregam em torno de um milhão de luteranos e luteranas no Brasil que, com a nova parceria em torno do selo das comemorações dos 500 anos da Reforma, dão um passo decisivo na direção de se tornarem a espinha dorsal do meio evangélico brasileiro. São uma espécie de reserva teológica de Lutero no Brasil.
Mais que uma honra, este papel traz uma imensa responsabilidade consigo. Numa realidade religiosa em que o evangelho virou “pau para toda obra” e se transformou numa espécie de manual de vantagens pessoais, com a teologia da prosperidade puxando a dianteira, os guardiães do escopo do movimento protestante da reforma não podem mais continuar assistindo a tamanha distorção do pensamento de Lutero.
IECLB e IELB precisam assumir um papel mais decisivo nesse debate e erguer suas vozes com mais coragem e em conjunto contra os shows da fé, os abusos em nome de Jesus e o enriquecimento vergonhoso de muitos que fundam igrejas somente para explorar a fé do povo simples. Estamos de volta ao tempo das indulgências, desta vez sob os auspícios dos que se dizem evangélicos. Não é mais possível continuar tolerando que o evangelho, tão amado por Lutero, continue a ser usado na prática do estelionato explícito e descarado.
Para assumirem esse papel em conjunto, IECLB e IELB precisam aprofundar os seus laços. Não é mais racional que continuem apenas se tolerando, preocupadas em defender suas trincheiras paroquiais ou que se digladiem para ver qual das duas cuida melhor do legado do Reformador. Diante da briga de foice no escuro que é o predatório mercado da fé no Brasil de hoje, não tem outra opção: IECLB e IELB só têm uma chance juntas. Separadas, elas irão devorar-se mutuamente e, pelos fundos, sangrar indefinidamente, num doloroso processo de perda de membros e de espaço.
É importante comemorar os 500 anos da Reforma também no Brasil. Mas o meu desejo é que o selo comum una a IECLB e a IELB para muito além das conveniências dos eventos celebrativos. Que até 2017 apareça um projeto consistente e duradouro que, finalmente, nos una. As duas irmãs que apenas se toleram (e fazem churrasco juntas quando o pai completa anos) precisam unir-se para que não sejam engolidas pela avalanche pentecostal.
E por falar em churrasco em família, se até 2017 IECLB e IELB fossem finalmente capazes de partilhar do mesmo pão e do mesmo vinho, lançariam um marco ecumênico insuperável, dando-lhes moral única para assumir de fato o papel de guardiães do legado da Reforma no Brasil. Enquanto este gesto concreto de fraternidade autêntica entre as duas irmãs luteranas não acontecer, todo discurso será pálido, desbotado e com aspecto de falácia sem muito estofo.
sexta-feira, 28 de outubro de 2011
Jovens xenófobos querem anular ENEM
Quem pensa que xenofobia é coisa da Europa ou ligada aos países islâmicos, não sabe do que são capazes os nossos jovens. Dizer bobagens e chover preconceitos sobre os outros parece ser um de seus esportes preferidos, especialmente nas redes sociais. A história do vazamento de algumas questões do último ENEM é só mais um triste caso que comprova o que eu afirmo, uma vez que o vazamento ocorreu no Nordeste.
Estudantes de outras regiões publicaram vários comentários preconceituosos nas redes sociais, criticando os nordestinos por conta do vazamento de questões que podem levar à anulação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) seção Ceará divulgou uma nota informando que irá tomar providências. “Nós não podemos permitir em pleno século 21, com a valorização da cidadania, com a valorização dos direitos humanos, que essas pessoas fiquem denegrindo a imagem de regiões, de pessoas”, disse hoje o vice-presidente da Ordem, José Julio da Ponte Neto.
A OAB irá realizar um levantamento para identificar os responsáveis pelos casos de preconceito regional e entrar com uma representação criminal na Justiça contra os usuários. Num caso semelhante ocorrido em 2009 já foram encaminhadas as mesmas providências.
É lamentável tudo isso. Mas levar esses jovens aos tribunais não irá mudar a sua cabeça. Isso irá reprimir uma tendência, mas não formar cidadãos.
Talvez um bom começo para reverter o preconceito contra o Nordeste seja divulgar a verdadeira revolução pela qual passa aquela região nos últimos anos. Investimentos maciços por lá fazem com que o crescimento do Nordeste seja comparável ao da China (mais de 10% ao ano!), enquanto as outras regiões do Brasil patinam em 3% ao ano, inclusive o Sul Maravilha...
Quem sabe, em vez de escrever asneiras no twitter sobre os nordestinos, esses jovens comecem a procurar emprego e um bom lugar para crescer na vida naquela região, que está começando a se distanciar dos velhos estereótipos que estão registrados nas mentes poluídas dos brasileiros do Sul, não somente entre os jovens.
Estudantes de outras regiões publicaram vários comentários preconceituosos nas redes sociais, criticando os nordestinos por conta do vazamento de questões que podem levar à anulação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) seção Ceará divulgou uma nota informando que irá tomar providências. “Nós não podemos permitir em pleno século 21, com a valorização da cidadania, com a valorização dos direitos humanos, que essas pessoas fiquem denegrindo a imagem de regiões, de pessoas”, disse hoje o vice-presidente da Ordem, José Julio da Ponte Neto.
A OAB irá realizar um levantamento para identificar os responsáveis pelos casos de preconceito regional e entrar com uma representação criminal na Justiça contra os usuários. Num caso semelhante ocorrido em 2009 já foram encaminhadas as mesmas providências.
É lamentável tudo isso. Mas levar esses jovens aos tribunais não irá mudar a sua cabeça. Isso irá reprimir uma tendência, mas não formar cidadãos.
Talvez um bom começo para reverter o preconceito contra o Nordeste seja divulgar a verdadeira revolução pela qual passa aquela região nos últimos anos. Investimentos maciços por lá fazem com que o crescimento do Nordeste seja comparável ao da China (mais de 10% ao ano!), enquanto as outras regiões do Brasil patinam em 3% ao ano, inclusive o Sul Maravilha...
Quem sabe, em vez de escrever asneiras no twitter sobre os nordestinos, esses jovens comecem a procurar emprego e um bom lugar para crescer na vida naquela região, que está começando a se distanciar dos velhos estereótipos que estão registrados nas mentes poluídas dos brasileiros do Sul, não somente entre os jovens.
Segunda-feira simbólica 1
A população mundial chegará a 7 bilhões de pessoas na próxima segunda-feira, dia 31 de outubro, de acordo com as projeções da ONU. A data é considerada simbólica para debater crescimento e sustentabilidade, incluindo temas como a produção de alimentos, a distribuição da água, a capacidade de geração de energia e o crescimento da produção de lixo e poluição.
Independente do simbolismo da data, algumas questões não podem ser caladas. Entre elas está a concentração de renda. O número de 7 bilhões de pessoas no planeta é assustador, mas todos poderiam viver dignamente (tendo comida, bebida, casa e lar, como se diz) se os recursos fossem distribuídos de forma mais equilibrada. É inadmissível que milhões de pessoas ainda passem fome (ou morram em conseqüência das doenças provenientes da desnutrição). É inaceitável que a maioria dessa gente não tenha água tratada ou de boa qualidade para beber.
A outra questão é a forma predatória com que lidamos com os recursos do planeta, transformando a terra numa boca de mina. O nível civilizatório alcançado pela humanidade, em sua quase totalidade dependente de energias fósseis não-renováveis, é absolutamente insustentável. Ou seja, não se mantém de pé. Pior que isso, é que toda essa destruição beneficia somente uma pequena parcela desses 7 bilhões de seres humanos. O resto, tem que se virar com o obsoleto, as sobras, os descartes, o lixo e a poluição.
Enquanto se insiste na união das palavras crescimento e sustentabilidade, para cada vez mais especialistas está claro: temos que reduzir o consumo de energia e de recursos, baixando a bola do nosso modelo civilizatório.
quinta-feira, 27 de outubro de 2011
Na contramão da história
As centrais de Angra I (à direita) e Angra II representam alto risco e produzem somente 3% do total da energia consumida no Brasil.
O Brasil planeja expandir a sua política de energia nuclear com a construção de cinco novas centrais, que devem juntar-se às duas que já estão em funcionamento. O programa será mantido, apesar do acidente ocorrido na usina japonesa no início do ano. O anúncio foi feito no dia 26 de outubro pelo ministro de Minas e Energia, Edison Lobão.
“A pesar dos recentes episódios no Japão, Brasil mantém sua política de expansão do programa nuclear”, declarou o ministro, num ato solene no Rio de Janeiro. A surpreendente decisão do Ministério das Minas e Energia ignora também a decisão da Alemanha de desativar todas as suas centrais nucleares em 20 anos, e ignorando também que o programa nuclear brasileiro depende tecnologicamente em sua quase totalidade da tecnologia alemã.
O Brasil, que junto com a Argentina são os únicos países da América do Sul que dispõem de plantas de energia nuclear civil, atualmente tem em operação duas centrais: Angra I (com uma produção de 657 MW), inaugurada em 1985, e Angra II (1.350 MW), em 2001.
As duas “jóias” da coroa radioativa brasileira, entretanto, são conhecidas como usinas vaga-lume, por causa do tempo que passam desligadas em função de defeitos e problemas. Além disso, respondem somente por míseros 3% da produção energética do país, deixando óbvio que não compensam o risco que representam em caso de um acidente nuclear.
Apesar de tudo o que vem ocorrendo no mundo em relação à energia nuclear, o Brasil insiste em dirigir seu veículo energético na contramão da história. “Estamos construindo uma terceira (central) e temos projetos de construir mais quatro. E ainda temos a possibilidade de construir outras no território nacional”, afirmou Lobão sem antecipar datas.
O Brasil planeja expandir a sua política de energia nuclear com a construção de cinco novas centrais, que devem juntar-se às duas que já estão em funcionamento. O programa será mantido, apesar do acidente ocorrido na usina japonesa no início do ano. O anúncio foi feito no dia 26 de outubro pelo ministro de Minas e Energia, Edison Lobão.
“A pesar dos recentes episódios no Japão, Brasil mantém sua política de expansão do programa nuclear”, declarou o ministro, num ato solene no Rio de Janeiro. A surpreendente decisão do Ministério das Minas e Energia ignora também a decisão da Alemanha de desativar todas as suas centrais nucleares em 20 anos, e ignorando também que o programa nuclear brasileiro depende tecnologicamente em sua quase totalidade da tecnologia alemã.
O Brasil, que junto com a Argentina são os únicos países da América do Sul que dispõem de plantas de energia nuclear civil, atualmente tem em operação duas centrais: Angra I (com uma produção de 657 MW), inaugurada em 1985, e Angra II (1.350 MW), em 2001.
As duas “jóias” da coroa radioativa brasileira, entretanto, são conhecidas como usinas vaga-lume, por causa do tempo que passam desligadas em função de defeitos e problemas. Além disso, respondem somente por míseros 3% da produção energética do país, deixando óbvio que não compensam o risco que representam em caso de um acidente nuclear.
Apesar de tudo o que vem ocorrendo no mundo em relação à energia nuclear, o Brasil insiste em dirigir seu veículo energético na contramão da história. “Estamos construindo uma terceira (central) e temos projetos de construir mais quatro. E ainda temos a possibilidade de construir outras no território nacional”, afirmou Lobão sem antecipar datas.
quarta-feira, 26 de outubro de 2011
Uma testemunha inconveniente
Kurt, a esposa, Paula, e as filhas gêmeas: recomeço de vida em Buenos Aires, na Argentina (Foto: Aldo Jofre Osorio/Opera Mundi)
Você já ouviu falar de Kurt Sonnenfeld? A sua impressionante história é só mais uma demonstração de como se faz política baseada em chantagem e espionagem da pior espécie nos EUA.
Sonnenfeld foi o único cinegrafista com autorização oficial para filmar e fotografar entre os escombros do World Trade Center, após os ataques de 11 de setembro de 2001. O que ele descobriu, transformou-o num perseguido político e refugiado. Transformou-se numa testemunha inconveniente, que deve ser eliminada a qualquer custo.
Kurt Sonnenfeld vive hoje em Buenos Aires, em pânico, com medo de ser seqüestrado e levado de volta aos EUA, onde uma montanha de provas falsas e intrigas inacreditáveis o querem diante dos tribunais e, de preferência, executado numa cadeira elétrica.
Corajosamente revelada pelo site Opera Mundi, a história de Kurt é kafkiana. Veja você mesmo, no impressionante relato publicado aqui.
Você já ouviu falar de Kurt Sonnenfeld? A sua impressionante história é só mais uma demonstração de como se faz política baseada em chantagem e espionagem da pior espécie nos EUA.
Sonnenfeld foi o único cinegrafista com autorização oficial para filmar e fotografar entre os escombros do World Trade Center, após os ataques de 11 de setembro de 2001. O que ele descobriu, transformou-o num perseguido político e refugiado. Transformou-se numa testemunha inconveniente, que deve ser eliminada a qualquer custo.
Kurt Sonnenfeld vive hoje em Buenos Aires, em pânico, com medo de ser seqüestrado e levado de volta aos EUA, onde uma montanha de provas falsas e intrigas inacreditáveis o querem diante dos tribunais e, de preferência, executado numa cadeira elétrica.
Corajosamente revelada pelo site Opera Mundi, a história de Kurt é kafkiana. Veja você mesmo, no impressionante relato publicado aqui.
Duas décadas pedindo
Pelo vigésimo ano consecutivo, a Assembleia Geral da ONU aprovou ontem (25/10) com maioria esmagadora de votos uma resolução que pede a suspensão do embargo econômico e comercial que os EUA impõe contra Cuba desde 1962. O documento obteve apoio quase unânime da Assembleia: 186 Estados votaram a favor e apenas EUA e Israel se manifestaram contra, além de três abstenções (Ilhas Marshall, Micronésia e Palau).
Segundo as autoridades cubanas, existe uma “retórica oficial que pretende convencer a opinião pública de que o atual Governo americano introduziu uma política de mudanças positivas”. Porém, o governo Obama reforçou “a perseguição às transações financeiras cubanas no mundo todo, sem respeito às leis de terceiros países nem à oposição de seus governos”.
A manutenção da sanção americana também frustra os esforços para atingir os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM), estabelecidos pela ONU, e afeta negativamente a cooperação regional. Mas, para o representante dos EUA no debate, o diplomata Ronald Godard, o embargo de Washington a Havana “é um assunto bilateral que não concerne à Assembleia (da ONU)”.
Para o diplomata americano, “as políticas do governo cubano são seus próprios obstáculos ao desenvolvimento e ao crescimento econômico”, uma vez que os ambientes de liberdade são a melhor via para um crescimento econômico sustentável. Deve ser este mesmo ambiente de liberdade que prende manifestantes contra o abuso econômico de Wall-Street, em Nova York. Bem no estilo do “facão que eu mando mas não o que eu faço!”.
Enquanto os EUA insistem em manter o bloqueio, o impacto do embargo é o principal obstáculo para o desenvolvimento da ilha. O embargo causou prejuízos de US$ 975 bilhões a Cuba desde que foi imposto, em 1962. O bloqueio americano é particularmente cruel no campo da saúde pública de Cuba. O impacto da medida desde maio de 2010 até abril deste ano é estimado em US$ 14 milhões, enquanto, em alimentação, seu efeito chega a mais de US$ 120 milhões.
O embargo americano sobre Cuba foi aplicado de maneira oficial no dia 7 de fevereiro de 1962, sob o mandato do presidente John Kennedy, mas o Governo de Washington já havia imposto certas sanções desde 1959, ano do triunfo da Revolução Cubana, que levou Fidel Castro ao poder.
Os já tradicionais pedidos da Assembleia Geral da ONU para que os EUA suspendam o embargo à ilha não possuem efeitos vinculantes, mas apresentam caráter simbólico e são usados como meio de pressão internacional contra Washington.
Segundo as autoridades cubanas, existe uma “retórica oficial que pretende convencer a opinião pública de que o atual Governo americano introduziu uma política de mudanças positivas”. Porém, o governo Obama reforçou “a perseguição às transações financeiras cubanas no mundo todo, sem respeito às leis de terceiros países nem à oposição de seus governos”.
A manutenção da sanção americana também frustra os esforços para atingir os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM), estabelecidos pela ONU, e afeta negativamente a cooperação regional. Mas, para o representante dos EUA no debate, o diplomata Ronald Godard, o embargo de Washington a Havana “é um assunto bilateral que não concerne à Assembleia (da ONU)”.
Para o diplomata americano, “as políticas do governo cubano são seus próprios obstáculos ao desenvolvimento e ao crescimento econômico”, uma vez que os ambientes de liberdade são a melhor via para um crescimento econômico sustentável. Deve ser este mesmo ambiente de liberdade que prende manifestantes contra o abuso econômico de Wall-Street, em Nova York. Bem no estilo do “facão que eu mando mas não o que eu faço!”.
Enquanto os EUA insistem em manter o bloqueio, o impacto do embargo é o principal obstáculo para o desenvolvimento da ilha. O embargo causou prejuízos de US$ 975 bilhões a Cuba desde que foi imposto, em 1962. O bloqueio americano é particularmente cruel no campo da saúde pública de Cuba. O impacto da medida desde maio de 2010 até abril deste ano é estimado em US$ 14 milhões, enquanto, em alimentação, seu efeito chega a mais de US$ 120 milhões.
O embargo americano sobre Cuba foi aplicado de maneira oficial no dia 7 de fevereiro de 1962, sob o mandato do presidente John Kennedy, mas o Governo de Washington já havia imposto certas sanções desde 1959, ano do triunfo da Revolução Cubana, que levou Fidel Castro ao poder.
Os já tradicionais pedidos da Assembleia Geral da ONU para que os EUA suspendam o embargo à ilha não possuem efeitos vinculantes, mas apresentam caráter simbólico e são usados como meio de pressão internacional contra Washington.
Vazamento estancado à força
Após sofrer bloqueios de grandes instituições financeiras, a organização WikiLeaks intensificou a campanha para arrecadar fundos, noticia a Folha de S.Paulo. Foi divulgado, nesta segunda-feira (24), um vídeo em que o co-fundador da organização não governamental, Julian Assange, pede a colaboração mundial para impedir a barreira econômica.
Com o slogan “O WikiLeaks precisa de você”, a campanha alerta sobre a pressão política de Washington para que empresas, como Visa, Mastercard, Paypal, Bank of America e Western Union, “estrangulem” a organização e não realizem transações financeiras. Pelo website, o WikiLeaks divulga meios alternativos para fazer doações.
A restrição bancária comprometeu em torno de 95% da arrecadação da organização, impedindo a entrada de US$ 15 milhões. A campanha pretende reunir fundos para financiar o trabalho dos jornalistas e da equipe - muitos deles são voluntários -, custos de viagens e proteção legal.
A ONG afirmou, ainda, que deixará de publicar documentos confidenciais por algum tempo. “Para garantir a sobrevivência futura, o WikiLeaks é forçado, agora, a suspender temporariamente as operações de publicação e a fazer uma campanha agressiva de arrecadação de fundos, com o objetivo de confrontar o bloqueio e seus proponentes”.
(Portal Imprensa)
terça-feira, 25 de outubro de 2011
A democracia dá um show
A Argentina acaba de dar um show de democracia e civismo. A reeleição da Presidenta Cristina Kirchner, que amealhou impressionantes 53,7% dos votos válidos na eleição majoritária do último final de semana, liquidando a fatura de modo incontestável no primeiro turno, foi simplesmente um espetáculo. Seu maior adversário na disputa ficou com uma sonora minoria de 17% do total dos votos dos argentinos.
É uma mensagem clara, avassaladora, de que a presidenta é a apaixonada opção dos argentinos. Para Cristina, foi sdimplesmente o maior triunfo eleitoral desde a volta da democracia, depois do sangrento regime militar terminado em 1983. Para a elite argentina e latino-americana, um osso duro de engolir. Para a democracia, um espetáculo que poucos países são capazes de dar. Parabéns aos argentinos. Parabéns a Cristina.
segunda-feira, 24 de outubro de 2011
Quem ora é demitido
Dezenas de pessoas se concentraram no Aeroporto Internacional de Seattle, Estado de Washington, na semana passada, em solidariedade aos 34 trabalhadores muçulmanos, 22 homens e 12 mulheres, despedidos pela Hertz, empresa de aluguel de veículos, por orarem durante a jornada de trabalho.
A empresa anunciou que, se continuassem com as orações, eles seriam despedidos, contou Asha Farah, uma das demitidas. A maior parte do grupo trabalhava na limpeza dos carros, informou.
No aeroporto, onde a Hertz tem uma loja de aluguel de carros, os manifestantes pediram “respeito à nossa religião”. Cinco vezes ao dia os seguidores de Maomé devem dirigir suas orações voltando-se em direção à Meca.
Estima-se que um terço dos migrantes no Estado de Washington é constituído de muçulmanos, boa parte procedente da Somália, afirmou Jessica Scruggs, da ONG América, que defende o direito dos migrantes.
(ALC - Agência Latino-Americana e Caribenha de Comunicação)
sexta-feira, 21 de outubro de 2011
Navegue com moderação
Eli Pariser 2011 from TED & Tira on Vimeo.
Este vídeo de nove minutos é um importante alerta sobre o que realmente está ocorrendo na internet, sem que nos demos conta. Ele coloca com clareza o quanto estamos sendo vigiados enquanto navegamos e como isso influencia o que aparece diante de nós, no nosso monitor. Em resumo, selecionam por nós, em nosso lugar, sem nos perguntar, o que vamos ver ou não.
Quando você faz uma pesquisa no Google, por exemplo, esta pesquisa, sem que você se dê conta, é montada a partir de um perfil previamente montado a partir dos seus hábitos de navegação. Com base nesse perfil, irão aparecer somente links que têm a ver com este perfil. Nada além disso entra. Você não decide o que vai ler sobre determinado assunto. Este perfil, montado com base em cálculos algorítmicos de computador, irá montar a sua “bibliografia”.
Eu já havia percebido isso intuitivamente desde quando criei este blog. Na barra superior do Blogger, há um navegador que permite buscar outros blogs e eu ficava irritado com o fato de sempre aparecerem somente blogs com assuntos pentecostais. “Fui classificado entre eles só porque no meu perfil consta que sou pastor”, eu protestava. E não tem o que fazer, você está lá e pronto. Se quiser navegar em outros blogs a partir dali, terá sempre aquela “companhia” que escolheram para você. Os provedores vão formando espécies de “gangues” de gente que pensa do mesmo jeito ou, no meu caso, de gente que eles imaginam pensar do mesmo jeito.
Assista este vídeo com muita atenção, porque a partir de agora você não poderá mais dizer que não sabia que está sendo monitorado. O big brother não é só um programa da Globo. Há um inacreditável controle sobre tudo o que você faz quando está conectado. O pior de tudo é perceber que os algoritmos que lançam você numa bolha não foram programados para ter ética, valores, caráter ou qualquer uma dessas coisas que podem representar respeito pelo que você é ou decide ser...
Portanto, navegue com moderação!
Histórias que se repetem
A morte de Cadafi, aparentemente, vira outra página de um livro de histórias que repete sempre as mesmas histórias. O poder conquistado pela força, mais dia menos dia, acaba fazendo uso exatamente daquilo que o levou ao poder, ou seja, a própria força, o abuso, a truculência. Muhamar Cadafi é só mais um exemplo desse círculo tétrico. Ele assumiu o poder em 1969 depois de combater um regime atroz na Líbia. Durante décadas, construiu um governo exatamente nos moldes que queriam a Líbia e o próprio ocidente.
Metido a rompantes, como todo aquele que constrói poder com truculência, Cadafi exagerou muitas vezes ao longo desse tempo. Sempre com a clara intenção de demonstrar que ele tinha bala na agulha, que podia mais que o inimigo, que usaria de qualquer meio para chegar aos resultados que havia planejado.
Ele foi assim até o último momento. Acuado, dentro de um cano de esgoto (a foto é do esconderijo do ex homem mais poderoso da Líbia, minutos antes de ser executado), como um rato, ele implorou pela própria vida.
Era mais interessante para todos os envolvidos na “reconstrução” da Líbia, que Cadafi desaparecesse. Se não fosse agora, seria depois. Sadam não foi enforcado depois de um julgamento patrocinado e exibido à exaustão pelo ocidente, quase como um espetáculo macabro? As cenas de Hussein sendo enforcado ainda estão na minha retina. Um celular “clandestino” fez as imagens e as divulgou ao mundo, lembram? O quanto ele realmente era clandestino, é uma questão mui pertinente...
Ontem foram novamente os celulares que, sempre oportunamente posicionados, mostraram o terror nos olhos de Cadafi e um tiro vindo “de não se sabe onde”...
Voltando ao ponto: poder que se conquista pela força, mais dia menos dia, usará os mesmos métodos que hoje condena. E o ocidente se meteu nisso, com a OTAN dando apoio oficial. Assim como Cadafi tinha no passado, hoje a turma da reconstrução da Líbia tem o apoio de todo o Ocidente... Enquanto eles fizerem o jogo de interesses do Ocidente, terão armas, dinheiro e suporte internacional. Quando quiserem romper os cordões que os amarram, serão tratados como inimigos...
E tudo vai se repetir nas páginas do velho livro de histórias que repete sempre as mesmas histórias.
quinta-feira, 20 de outubro de 2011
A Carlos Mesters, pelos 80 anos
O holandês Carlos Mesters é um dos nomes mais conhecidos no meio cristão brasileiro. Com o nome de Jacobus Gerardus Hubertus Mesters, ele nasceu no dia 20 de outubro de 1931.
Vinte anos mais tarde, ao receber o hábito da Ordem Carmelita, já no Brasil (sua pátria definitiva desde 1949), foi rebatizado de Carlos: frei Carlos Mesters. E com este nome, sem estardalhaço, ele estampou o seu nome no cenário bíblico brasileiro, com suas poesias, textos inspirados e reflexões deslumbrantes que se espalharam como o bom perfume.
Estudou Filosofia em São Paulo e Teologia em Roma, São Paulo e Jerusalém. Foi professor de Curso Teológico dos Carmelitas, onde despertou grande interesse pela exegese bíblica, até então considerada uma matéria árida pelos estudantes. Também lecionou em Roma e em Belo Horizonte, onde envolveu-se no movimento contra o regime militar.
Atuou durante décadas como uma das mais destacadas lideranças do CEBI, o Centro de Estudos Bíblicos, como autor de textos, assessor e facilitador de cursos. No CEBI, sua palavra, falada ou escrita, espalhou-se com a liberdade de uma “brisa leve”, para usar uma imagem que lhe é cara, criando um clima novo na atmosfera bíblica.
Homem de escrita fácil, Mesters publicou centenas de livros sobre a Bíblia, refletindo a Palavra de modo popular e acessível, sem menosprezar o rigor científico, escondido sob um denso manto poético. Simplicidade, beleza e reverência caracterizam as suas incontáveis reflexões.
Uma amostra das obras de Mesters você encontra aqui.
terça-feira, 18 de outubro de 2011
Kraftwerk em tecnologia 3D
No início dos anos 1970, quatro jovens de Düsseldorf-Alemanha revelaram uma nova forma de cultura pop, que era muito diferente da música rock que se fazia na época. Krafwerk (Usina de força) era o nome da banda. Era um som para curtir sentado entre as caixas de som estereo ou com o fone de ouvido (tamanho capacete!) bem colado nas orelhas.
Não havia guitarras, mas sons tirados do órgão eletrônico, da voz distorcida, da visão futurista de um mundo robotizado, num clima de ficção científica impressionante, com uma estética mais científica do que musical. Eles faziam música com o eco eletrônico de estúdio, batidas secas de estampidos sintéticos e vozes metalizadas. Passavam horas, dias, meses no estúdio, pesquisando e montando combinações de sons inusitados e espaciais. A música “Autobahn” era uma viagem eletrônica pelas autoestradas alemãs, as melhores do mundo.
Mas não era somente o som. Os rapazes se esforçavam para ligar seus sons a imagens. Eles subiam no palco como robôs, mal se mexiam. Nenhuma expressão facial, ou os famosos contorcionismos dos Stones. Tudo paradaço, com movimentos de robocop. Desde o começo, a história do Kraftwerk esteve ligada ao desenvolvimento das mais modernas tecnologias, sempre com muita encenação. O que mais impressiona em toda a sua obra é a coerência conceitual do seu trabalho, que ultrapassa as fronteiras do pop e se aproxima de movimentos artísticos como o construtivismo.
Pois essa trilha aberta pelo Kraftwerk conquistou milhões de fãs pelo mundo e continua fascinando. A banda, ainda intacta depois de todos esses anos de estúdio, agora está expondo seu trabalho em Munique, capital da Baviera, numa videoinstalação com o nome de Kraftwerk 3D. Pela primeira vez, o mundo visual e acústico programado pelo Kraftwerk pode ser visto fora dos palcos num ambiente em que você mergulha, que é gerado através da tecnologia 3D.
A videoinstalação foi inaugurada no último sábado 15 de outubro e permanecerá até 13 de novembro no espaço de exposições Kunstbau, anexo ao museu Lenbachhaus. Antes da exposição, a banda fez três shows com lotação esgotada, que deviam ser assistidos com óculos 3D. Veja, no vídeo abaixo, um pouco do espetacular trabalho dessa banda de mais de 40 anos de estrada.
O sonho de um mundo sem fome
Um mundo no qual toda criança se sacie; no qual cada uma delas tenha o que comer todos os dias e o suficiente para levar uma vida sadia e ativa. Um mundo no qual a incomensurável abundância do nosso planeta alimente todas as pessoas, no qual o solo, as plantas e os animais não sejam usados somente como fonte de lucro, mas possam ser preservados e protegidos. Este é o sonho de um mundo sem fome. Será utópico demais? Um sonho inatingível?
Uma simples olhada para a atualidade, em que crianças famintas são vítimas diárias e implacáveis da ganância de quem tem, nos dá prova inconteste de que esse sonho é como um muro intransponível. Vivemos num mundo em que a cada segundo uma indefesa criatura sucumbe à falta de qualquer coisa para colocar na boca e morre em conseqüência de doenças provocadas pela subnutrição.
Como é possível que a humanidade tolere que abundância e fome andem lado a lado? É uma convivência inaceitável, intolerável, incompreensível. Ela me faz desesperar, sucumbir, entregar os pontos.
Entretanto, enquanto houver neste mundo miserável pessoas que não aceitam a fome como destino, que se empenham até a própria fraqueza, por falta de tempo para comer para, erradicar essa chaga do planeta, há esperança. E eu posso continuar acreditando nas pessoas. Porque essas pessoas têm histórias de sucesso para relatar. Com sua ajuda, crianças não sucumbem mais às doenças da subnutrição, nem morrem de fome. Apesar de tanta indiferença, de tanta vida sem sentido e construída sobre o acúmulo, há muita gente que acredita que outro mundo é possível e se empenha por isso. Veste essa camiseta como se fosse sua e não se rende, nem mesmo diante das adversidades.
E é esse exército de gente aplicada e cheia de utopia que me faz ter uma visão. Ela é bela e cheia de confiança extrema: um mundo sem fome é possível. Apesar dos políticos, dos economistas, dos estudiosos, dos pesquisadores da genética e dos transgênicos. Um mundo sem fome é possível, com gestos simples e burlescos, como repartir, ajudar, dar de si, compartilhar, oferecer, estender a mão, acolher...
Junte-se a mim nesse sonho e vamos nos unir a outros. Vamos sonhar juntos. Um sonho que se sonha junto, deixa de ser um simples sonho.
segunda-feira, 17 de outubro de 2011
Um imposto para a agiotagem
O recém-eleito bispo luterano da Baviera, professor Dr. Heinrich Bedford-Strohm, declarou em entrevista coletiva que é a favor da introdução urgente de um imposto sobre transações financeiras na Alemanha. Ao seu lado, durante a coletiva, o presidente da Ação Diacônia da Baviera, Michael Bammessel, afirmou que o novo imposto é uma “questão de justiça”.
Para o futuro bispo luterano, o novo imposto iria minimizar a dissociação entre o mercado financeiro e a economia real, contribuindo ao mesmo tempo para levantar recursos importantes para aplicação em justiça social e sustentabilidade ecológica.
É uma questão na qual a igreja e os cristãos devem envolver-se, por se tratar de uma questão de claras dimensões éticas. Devem promover abaixo-assinados e outras ações que levem a um sistema econômico mais justo. Segundo Bedford-Strohm, os cristãos têm o dever de engajar-se como atores da sociedade civil democrática em questões centrais da humanidade e na busca por soluções eticamente responsáveis.
Para Michael Bammessel, presidente da Ação Diacônica da Baviera, não é concebível que os cidadãos devem pagar impostos sobre cada compra que realizam, enquanto os negócios com produtos financeiros estão livres de impostos. “Os lucros gigantescos do supermercado dos produtos financeiros até agora não contribuíram em nada para financiar as necessárias tarefas do nosso Estado”, lascou ele na entrevista.
Está na hora de o mercado financeiro arcar um pouco com as conseqüências de crise que ele próprio criou, sem ter que pagar nada por isso. A conta para superar a crise européia deve ser cobrada do mercado financeiro e não do cidadão comum, que já tem pago demais a conta de manter o Estado. “Não podemos continuar a privatizar os lucros e a socializar as perdas, empurrando-as para a coletividade”, disse Bammessel.
É óbvio que um imposto sobre transações financeiras, por si só, não resolverá os graves problemas da crise em que a Europa se meteu. Mas ela será uma contribuição decisiva no sentido de envolver no processo do resgate os principais causadores da crise, portanto, questão de justiça. É o começo de um raciocínio diferente e mais responsável. No mundo inteiro, a agiotagem praticada pelo mercado financeiro tem o beneplácito da lei e a benevolência do fisco. Está mais do que na hora de nos envolvermos na busca de alternativas mais justas. E isso também diz respeito à nossa fé como cristãos num mundo diferente e mais justo para todos.
domingo, 16 de outubro de 2011
Sabedoria que vem das ruas
Para vocês vida bela/Para nós favela
Para vocês carro do ano/Para nós resto de pano
Para vocês luxo/Para nós lixo
Para vocês escola/Para nós esmola
Para vocês ir à lua/Para nós morrer na rua
Para vocês coca-cola/Para nós cheirar cola
Para vocês avião/Para nós camburão
Para vocês academia/Para nós delegacia
Para vocês piscina/Para nós chacina
Para vocês compaixão/Para nós organização
Para vocês imobiliária/Para nós reforma agrária
Para vocês tá bom, felicidade/Para nós… igualdade!
Rogério, um menino de rua de Curitiba
(Fonte: cidadaodomundo.org)
sábado, 15 de outubro de 2011
Aquele que "professa"
Hoje é Dia do Professor e da Professora. Assim mesmo, com letra maiúscula. E quanto mais eu mergulho em pequenos e grandes lances do passado imigrante da nossa gente, mais me convenço de que esquecemos alguns dos principais valores de nossos antepassados. Um deles é o da valorização das pessoas que têm a tarefa de repassar as lições mais importantes às futuras gerações.
O professor tinha uma posição de reconhecido destaque nas nossas colônias de imigrantes e, em diversos anais da história está registrado que nessas colônias havia um professor bem antes de um pastor. Mais, em muitas delas era o professor que fazia as vezes do pastor, porque este era um profissional raro e caro. Muitos professores até foram nomeados curas nessas colônias do interior.
Esta é uma herança inconteste do pensamento do Reformador Martim Lutero, que deu aos mestres um destaque e valorização inéditos, elevando a educação a prioridade absoluta. A conta de Lutero era simples e direta: um povo ignorante e analfabeto não tem condições de ler a Bíblia. Assim sendo, ensine-se ao povo a leitura e ele conhecerá a Palavra de Deus. E com essa conta simples ele lançou a Europa na era do Iluminismo e do Conhecimento que transformou o mundo em algo nunca antes visto. Vieram as grandes descobertas e o conhecimento humano aflorou em todas as ciências, trazendo desenvolvimento nunca visto. Essa dimensão do gesto simples de Lutero de incentivar a alfabetização é de uma importância gigantesca. Tudo erguido em cima da valorização do professor.
Hoje, porém, nem professor, nem pastor são tratados com a atenção e o respeito de outrora. Não que devam ser destacados como pessoas diferentes das outras, mas, especialmente no caso dos professores, pela nobreza de sua atribuição. Entretanto, como em nossa sociedade consumista hedonista tudo é valorizado apenas pelo que vale como recurso financeiro, o professor vale o quanto lhe pagam. E, reconheçamos, é uma verdadeira bagatela. Na outra extremidade, exige-se cada vez mais dele, em termos de formação e de rendimento.
Do ponto de vista etimológico, a palavra “professor” tem uma interessante relação com o verbo “professar”, que também declina a palavra “profissão”. Infelizmente, a profissão foi transformada num simples modo de “ganhar a vida”, o sustento e, mais rasteiro ainda, o modo pelo qual conquistamos os muitos bens de consumo com os quais nos exibimos qual pavões uns diante dos outros. Que pena! Professar tem um intransferível significado religioso. Professar é realizar aquilo em que você põe fé, fazer aquilo no que você acredita. Este devia ser o sentido último de qualquer profissão. E este, certamente, é o mais profundo significado do termo “professor”, aquele que “professa”, que põe fé nas lições que repassa.
Nesse sentido, no dia de hoje, nada mais justo do que render reverência aos “professores”, àqueles que “professam”, ou seja, acreditam nas lições que nos transmitem. E precisamos fazê-lo como sociedade, exigindo que a função receba um mínimo de respeito e valorização. Porque, em continuar-se no desastroso rumo que estamos seguindo, fatalmente chegará o dia em que não haverá mais quem “professe”, e as lições mais importantes somente estarão a esperar por nós nos arquivos do Google.
sexta-feira, 14 de outubro de 2011
Rumsfeld nervosinho
O ex-secretário de defesa dos EUA, Donald Rumsfeld, que cuidou do belicismo norte-americano durante o governo de Jeorge W. Bush, entende a pergunta do repórter Abderrahim Foukara, da TV Aljazeera, como ataque pessoal, insiste nisso e não responde à pergunta que lhe foi feita.
Rumsfeld, a truculência em pessoa não nega a forma como comandou toda a questão dos EUA no Iraque. Além disso, demonstra que há muita coisa que não se quer revelada sobre o episódio lamentável da guerra ao Iraque.
Demonstração mais clara do que incomoda Rumsfeld, por exemplo, é o pedido da Anistia Internacional à justiça do Canadá. Eles simplesmente pediram a prisão do ex-presidente Bush no Canadá durante sua visita àquele país na próxima semana, para ser julgado por crimes contra os direitos humanos durante a sua administração, como o uso da técnica de afogamento para obter confissões de prisioneiros, largamente usada no Iraque. Ele mesmo revelou isso durante uma entrevista, em que se mostrava orgulhoso dos métodos adotados na época.
quinta-feira, 13 de outubro de 2011
Marchas pedem o fim da corrupção
Alegre, festiva e cheia de ironias. Assim foi a Marcha contra a Corrupção, realizada a partir das 14 horas de ontem na Avenida Atlântica, em Copacabana. A manifestação popular reuniu cerca de 4 mil pessoas de todas as idades e classes sociais. As palavras de ordem pediam tolerância zero com a corrupção.
Os locutores que coordenavam a manifestação insistiam em cinco exigências: pôr em prática o Ficha Limpa, realizar votação aberta e pública nas Casas Legislativas, transformar a corrupção em crime hediondo, acabar com o foro privilegiado dos parlamentares e apoiar o Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
Essa foi a segunda manifestação pedindo o fim da corrupção e tem crescido o número de cidades que aderem ao movimento. Ela aconteceu simultaneamente, ontem, em 26 cidades brasileiras e a situação de impunidade mais comentada na marcha foi o conflito no Poder Judiciário. A intenção de diminuir os poderes do Conselho Nacional de Justiça despertou reações fortes.
O advogado Reynaldo Velloso, coordenador da manifestação no Rio, defendeu a ampliação do prazo para o pedido de impugnação das eleições de cinco para 15 dias, para que haja tempo hábil para ingressar com ações no Tribunal Regional Eleitoral (TRE). Criticou também a lista fechada de candidaturas dos partidos políticos e sugeriu que o número maior de partidos pode dificultar o controle dos “caciques” políticos.
(Texto de Antonio Carlos Ribeiro
para a Agência Latino-Americana e Caribenha de Comunicação)
terça-feira, 11 de outubro de 2011
Escancare a porta da sua vida
Uma porta tem muitos significados e finalidades. Em determinadas circunstâncias ela representa privacidade, aconchego, segurança. Por trás da porta as pessoas se isolam para encontrar-se consigo mesmas. Por trás da porta também se ocultam para esconder o que desejam fazer sem serem vistas.
É bem verdade que a nossa vida é, por vezes, uma interminável sucessão de muros e paredes. Mas não existe parede em que não se possa abrir um buraco e colocar uma porta.
Portas podem significar a passagem para mundos novos, diferentes, desconhecidos e desafiadores. “Knocking on heavens door”, a ontológica canção de Bob Dylan, pede passagem para entrar no céu.
Importante, porém, é o passo que damos para fora da porta, em direção ao mundo, em direção ao outro. Importante também é o gesto de abrir a porta, abrindo a nossa vida para o outro, para acolher o outro em nós, oferecendo amizade, aconchego e partilha.
Não feche as suas portas. Não feche a sua vida. Abra-se para o mundo; para o outro; para Deus. Ele escancarou todas as suas portas para a humanidade. Não precisamos bater na porta do céu. Ela já está aberta para nós, não tem trancas nem chaves, e a decisão de entrar por ela é somente nossa.
Deus é aquele que bate à porta do nosso coração e pede passagem. Quer transformar-nos de criaturas introspectivas e fechadas em si em seres abertos e receptivos, de portas escancaradas. Escancare a sua vida.
segunda-feira, 10 de outubro de 2011
Uma lição de esperança
Esta entrevista com Eduardo Galeano, escritor, poeta e historiador latino-americano, legendário autor de “As Veias Abertas da América Latina”, é uma lição de humildade e sabedoria. Em 25 minutos, torne-se um ser humano rico, encantado e iluminado. Mergulhe na utopia da vida digna e verdadeira e continue caminhando, pleno e emocionado, com as lições aprendidas deste grande artífice da esperança e visionário de um mundo melhor e mais digno para todos.
(Programa produzido pelo Canal Brasil em 2009)
sexta-feira, 7 de outubro de 2011
O Nobel da Paz é das mulheres
Ellen, Leymah e Tawakul vão dividir o prêmio de 2011
Três mulheres, duas africanas e uma árabe, vão dividir o Nobel da Paz. Elas têm em comum a luta pelos direitos humanos. Ellen Johnson Sirleaf (72 anos) em 2006 foi a primeira presidente eleita democraticamente na África. Durante seu governo na Libéria criou programas de educação para mulheres e um tribunal especial para julgar casos de estupro. Leymah Gbowee (39 anos), também liberiana, é ativista dos direitos das mulheres. A terceira premiada é a jornalista iemenita Tawakul Karman (32 anos), que se engajou em campanhas de igualdade. Ao saber do prêmio, disse que é uma vitória dos jovens, das mulheres e de todos que lutam pela democracia nos países árabes.
Três mulheres, duas africanas e uma árabe, vão dividir o Nobel da Paz. Elas têm em comum a luta pelos direitos humanos. Ellen Johnson Sirleaf (72 anos) em 2006 foi a primeira presidente eleita democraticamente na África. Durante seu governo na Libéria criou programas de educação para mulheres e um tribunal especial para julgar casos de estupro. Leymah Gbowee (39 anos), também liberiana, é ativista dos direitos das mulheres. A terceira premiada é a jornalista iemenita Tawakul Karman (32 anos), que se engajou em campanhas de igualdade. Ao saber do prêmio, disse que é uma vitória dos jovens, das mulheres e de todos que lutam pela democracia nos países árabes.
Desmond Tutu faz 80 anos hoje
Hoje Desmond Tutu completa 80 anos. O Prêmio Nobel da Paz por causa de sua luta contra o apartheid é um herói na África do Sul. Negro, sacerdote anglicano e militante contra o racismo, ele foi parceiro de primeira hora de Nelson Mandela e outros, na luta por uma África do Sul livre do regime que dividia o país em brancos (ricos e cheios de privilégios) e negros (a maioria pobre e recolhida a bairros que eram como guetos.
Desde jovem, em suas manifestações, ele era conhecido como o herói estridente por jamais calar-se. Enquanto é cômico por um lado, é uma instância moral pelo outro. Suas pregações e discursos costumam ser expressivos, quase sempre iniciados com alguma piada de um vasto repertório que quase sempre resvala para os tempos do racismo do apartheid.
“Por vezes estridente, por vezes afetuoso, jamais ansioso e raramente sem humor, Tutu tem emprestado sua voz desde sempre àqueles que não têm voz”, definiu Nelson Mandela. Ele próprio já não pensa assim e define suas palavras por vezes duras demais como “reflexões de um decrépito”.
Ele jamais se cala quando algo duro precisa ser dito. Foi assim há poucos dias, por exemplo, durante a execução de Troy Davis ou quando o governo impediu seu amigo Dalai Lama de participar da festa de aniversário dos seus 80 anos. Não se conteve e pediu aos políticos do seu país para que vendessem suas “carroças de luxo” e finalmente se importassem com os pobres. Às vésperas da Copa do Mundo, no ano passado, ele não se calou e exibiu uma imagem deprimente do seu país ao mundo, mostrando a violência e a corrupção.
Desmod Mpilo Tutu foi nomeado o primeiro decano da catedral anglicana de Johanesburgo em 1975 e, pouco tempo depois, virou secretário geral do Conselho Sul Africano de Igrejas. E ele não se fez de rogado para revelar o drama da discriminação em seu país ao mundo inteiro. Ele conduziu pessoalmente marchas de protesto, foi ameaçado de morte, e o regime suspendeu o seu passaporte. A sua luta corajosa e baseada nos princípios cristãos da igualdade e da paz lhe valeu o Nobel da Paz em 1984. Dois anos depois ele foi nomeado arcebispo anglicano da Cidade do Cabo, aposentando-se dez anos depois. E o aposentado não parou, assumindo a presidência da Comissão que tratou dos crimes do apartheid. Ele também foi um importante interlocutor ecumênico no Conselho Mundial de Igrejas e amigo pessoal do Dalai Lama.
Quando foi diagnosticado com câncer de próstata, ele brincou: “Quando se ouviu lá no céu que eu viria, eles disseram: Não esse sujeito! Segurem-no lá embaixo, porque não daremos conta dele de jeito nenhum!”
quinta-feira, 6 de outubro de 2011
Típica confusão pentecostal
A falta de conhecimento da história e a leitura fundamentalista das sagradas escrituras são uma combinação perfeita. O resultado, abaixo do traço, é a ignorância total. Um exemplo interessante vem da Guatemala, onde 300 evangélicos saíram às ruas da capital do país ontem, dia 5 de outubro, para criticar o apoio que o presidente da República, Alvaro Cólom, anunciou para a criação de um Estado palestino.
O objetivo do grupo, segundo Felipe Marroquin, um dos organizadores da passeata, é “expressar repúdio”. O apoio ao Estado palestino poderia converter-se numa maldição para a Guatemala, alegam os manifestantes, porque significa ir contra o povo eleito por Deus. “Tudo o que estiver na contramão disso será amaldiçoado”, disseram. Eles entregaram carta contendo o seu posicionamento à Embaixada de Israel e enviaram uma cópia ao primeiro ministro israelense, Benjamin Netanyahu. (com informações de ALC)
Confundir o estado moderno de Israel com o povo de Deus na Bíblia é uma das mais graves rasteiras teológicas do fundamentalismo bíblico, que tem a sua “Roma” nos EUA (Leia mais aqui). Lá, esses cristãos não querem que o Estado Palestino vingue, porque isso significa adiar o juízo final e a volta de Cristo. Enquanto Israel puder contar com o apoio dessa gente, a política dos EUA em relação à Palestina não vai mudar e Israel poderá continuar com sua trajetória assassina na região.
Steve Jobs, o homem que nos fez morder a maçã pela segunda vez
Steve Jobs (1955-2011) se foi; depois de uma luta de sete anos contra o câncer, que não faz distinção entre pobres e ricos, gênios ou gente comum. Jobs é parte da geração que moldou o século 20 e ajudou a construir uma humanidade que, antes dessa geração, só podia ser vislumbrada em livros de ficção científica.
Se a humanidade antes de Jobs tinha um medo apocalíptico da tecnologia, dos computadores, dos robôs, depois dele criou uma relação visceral com essas coisas. O computador virou coisa tão indispensável que hoje se fala em “inclusão digital”. Quem não tem um, é visto como gente necessitada, na qual falta algo. Ter um computador é quase uma extensão da própria condição de ser humano. Devemos isso em grande parte ao Jobs, à Macintosh, à Apple.
A relação é tão profunda que sempre se diz que a Apple não tem clientes; a Apple tem seguidores. Ter um Macintosh, havia um tempo, era quase uma religião. Era quase a mesma diferença entre ter uma moto e ser proprietário de uma Harley Davidson. Hoje já não é mais assim, porque a própria Apple teve que embarcar no ritmo de popularização do PC, o Personal Computer de Bill Gates, outro gênio que ajudou a mudar o jeito de ser gente no século 20. Eu nunca mordi a Maçã, mas lembro bem que havia um tempo em que o proprietário de um Macintosh olhava com certo desdém quem possuía um “simples PC”.
Sempre me perguntei o porquê da maçã. Segundo a Wikipédia, o símbolo da Apple lembra Isaac Newton (aquele que definiu a lei da gravidade depois de levar uma maçã na cabeça enquanto dormia debaixo de uma macieira). A mordida na maçã é símbolo para o senso de descoberta. Lembra bem Adão e Eva, que perderam o Paraíso mas não perderam a curiosidade (bem no sentido do “perco o amigo mas não perco a piada”).
A verdade é que, com Steve Jobs, a espécie humana criada por Deus mordeu a maçã pela segunda vez. Desta vez, um novo paraíso se abriu depois do pecado original tecnológico em que nos enfiamos como humanidade.
Steve foi muito mais do que um cara com senso de descoberta. Além de um gênio tecnológico, ele era um deus do marketing pessoal e corporativo. A última coincidência foi que a revelação da sua morte veio só depois do lançamento do novo iPhone da Apple.
quarta-feira, 5 de outubro de 2011
Título vendido
Sempre os chargistas. Eles são especialistas em resumir. Paz e Rudy no Pagina 12 de hoje diz tudo em poucos traços e palavras.
Dalai Lama não poderá ir à festa
Razões comerciais levaram o governo da África do Sul a adiar ao máximo a concessão de visto ao líder religioso do Tibete, Dalai Lama. Ele iria participar das comemorações dos 80 anos do também Nobel da Paz Desmond Tutu. “Nosso governo é pior do que o governo do apartheid, porque ao menos no regime do apartheid você esperava isso”, desabafou Tutu.
O fato de a China ser o principal parceiro comercial da África do Sul levou ao “entrave burocrático” em relação ao visto para o Dalai Lama, que na terça-feira 4 de outubro cancelou sua ida à África do Sul. A pressão veio do próprio Ministério das Relações Exteriores da China, onde o líder tibetano é considerado “separatista”. O gigante asiático considera que qualquer país de suas relações comete uma afronta e “atividade separatista” ao receber o Dalai Lama.
Segundo o Opera Mundi, o Governo da África do Sul estudava a permissão da entrada desde junho, e não chegou a negá-lo oficialmente, mas foi acusado de retardar o trâmite propositalmente. Essa foi a segunda vez que a África do Sul impediu a entrada do Prêmio Nobel da Paz de 1989 no país. Em 2009, o governo presidido por Jacob Zuma rejeitou a entrada do líder espiritual convidado a participar de uma conferência.
Greenpeace, 40 anos de vitórias
Greenpeace 40 anos
O Greenpeace está comemorando 40 anos de existência. São quatro décadas de lutas, muitas lutas. Mas também 40 anos de muitas vitórias. Tais conquistas se marcaram especialmente nos escritórios das grandes corporações, em grande parte responsáveis diretas pelas principais causas ambientais que perfazem a luta do pessoal do Greenpeace. Os protestos geraram efeitos, resultados múltiplos e mudanças de postura.
Muita gente não gostou das conquistas ao longo desse tempo. Mas a natureza agradece. E nós, comodamente sentados sobre nossa indefesa indignação, somos gratos pelas conquistas do Greenpeace, em nosso lugar e em nosso nome.
Com os seus protestos, vocês provocaram a ira de quem polui, de quem destrói, de quem explora as entranhas do planeta. Com as suas ações, vocês causaram furor em muitos...
Este vídeo, que alguém fez em homenagem aos 40 anos do Greenpeace, mostra bem como reagiram os que tiveram que mudar suas ações por causa das ações do Greenpeace. Obrigado a vocês!
O Greenpeace está comemorando 40 anos de existência. São quatro décadas de lutas, muitas lutas. Mas também 40 anos de muitas vitórias. Tais conquistas se marcaram especialmente nos escritórios das grandes corporações, em grande parte responsáveis diretas pelas principais causas ambientais que perfazem a luta do pessoal do Greenpeace. Os protestos geraram efeitos, resultados múltiplos e mudanças de postura.
Muita gente não gostou das conquistas ao longo desse tempo. Mas a natureza agradece. E nós, comodamente sentados sobre nossa indefesa indignação, somos gratos pelas conquistas do Greenpeace, em nosso lugar e em nosso nome.
Com os seus protestos, vocês provocaram a ira de quem polui, de quem destrói, de quem explora as entranhas do planeta. Com as suas ações, vocês causaram furor em muitos...
Este vídeo, que alguém fez em homenagem aos 40 anos do Greenpeace, mostra bem como reagiram os que tiveram que mudar suas ações por causa das ações do Greenpeace. Obrigado a vocês!
terça-feira, 4 de outubro de 2011
A volta do bom senso
Helle Thorning-Schmidt é a nova premiê dinamarquesa
Parece que a crise econômica que varre a União europeia está tendo alguns efeitos colaterais muito bons. No que se refere ao medo do futuro, parece que os europeus até poderiam conviver com problemas de dinheiro, mas não com problemas de liberdade. A nova premiê dinamarquesa Helle Thorning-Schmidt, que é social-democrata, acaba de pôr um fim no controle de fronteira que o governo anterior havia imposto.
Em Bruxelas, sede da União europeia, a notícia soou como música. O controle, que havia sido reinstaurado pelo Partido do Povo Dinamarquês (DF), populista e de direita, fora visto pela UE com grande preocupação. “Estamos felizes com o fato de que o novo governo não vai dar continuidade a isso”, disse uma porta-voz.
O ministro alemão do Exterior, Guido Westerwelle, declarou em Berlim que a decisão do novo governo dinamarquês foi tomada “em prol da liberdade dos cidadãos na Europa”. O juízo está retornando.
Parece que a crise econômica que varre a União europeia está tendo alguns efeitos colaterais muito bons. No que se refere ao medo do futuro, parece que os europeus até poderiam conviver com problemas de dinheiro, mas não com problemas de liberdade. A nova premiê dinamarquesa Helle Thorning-Schmidt, que é social-democrata, acaba de pôr um fim no controle de fronteira que o governo anterior havia imposto.
Em Bruxelas, sede da União europeia, a notícia soou como música. O controle, que havia sido reinstaurado pelo Partido do Povo Dinamarquês (DF), populista e de direita, fora visto pela UE com grande preocupação. “Estamos felizes com o fato de que o novo governo não vai dar continuidade a isso”, disse uma porta-voz.
O ministro alemão do Exterior, Guido Westerwelle, declarou em Berlim que a decisão do novo governo dinamarquês foi tomada “em prol da liberdade dos cidadãos na Europa”. O juízo está retornando.
Humor não é Bullying
Parece que, neste Brasil que teima em manter a truculência colonial da época da escravatura no seu comportamento medieval em relação a diversos temas, só é humor aquele que pratica bullying social. Os alvos preferidos dos nossos pouco criativos humoristas são os pobres, as mulheres, a ingenuidade das crianças, os negros, os índios, os homossexuais, as pessoas com necessidades especiais (leia-se doentes mentais, físicos etc.) e toda sorte de gente que pode ser enquadrada como imbecil.
Odeio o humor do CQC (não só do Rafinha Bastos, mas de toda a equipe, o Tas inclusive), detesto o humor patético do Casseta & Planeta e tenho verdadeiros calafrios com o humor truculento do Pânico. Ah, cabe aqui também toda sorte de programas de pegadinhas idiotas, que estão sempre ferrando pessoas desavisadas na rua, como se isso fosse engraçado. Não escapa nem mesmo uma penca de gente que se mete a fazer stand-up comedy, contando piadinhas da rotina cotidiana e fazendo as pessoas rir da própria desgraça.
Toda essa tropa de choque do humor sem-graça me faz lembrar as sacanagens infantis e as brincadeiras idiotas que alguns jovens do nosso tempo adoravam fazer nos encontros de jovens, de preferência sempre “ferrando” algum “amigo” a ponto de expô-lo ao ridículo. Fazer humor não é expor ao ridículo. Fazer humor é, sobretudo, inteligência. E essa característica está totalmente ausente do humor nacional, no momento.
Repudiando a ignóbil sequência de falta de inspiração para fazer humor de nível no Brasil, com as polêmicas recentes envolvendo Rafinha Bastos e a propaganda de lingerie com a Gisele Bünchen, posto aqui uma aula de humor. Clássico, genial e que provoca convulsões de tanto rir. Divirta-se com a genialidade, que parece ter se ausentado do meio humorístico brasileiro ultimamente. Antes, porém, leia a resenha abaixo para entender o contexto desse sketch genial, chamado “Dinner for One?”.
Na Alemanha, desde 1963, a cada ano novo é exibido na TV o filme “Dinner for One?” (Jantar para Um?), também chamado “The 90th Birthday” (O 90º Aniversário), ou “Der 90.” (O 90º). É um filme cult, produzido pela emissora alemã Norddeutscher Rundfunk (NDR), transmitido em inglês, que esboça muito bem o humor britânico. Estrelado pelos atores britânicos Freddie Frinton e May Warden, o filme se desenrola durante um jantar realizado para marcar o aniversário de 90 anos de uma anciã inglesa da alta sociedade chamada Miss Sophie, que é servido pelo seu velho mordomo, James.
Para a comemoração, Miss Sophie convida sempre os seus amigos mais próximos: Mr.Pommeroy, o Sr.Winterbottom, Sir Toby e o Almirante Von Schneider. No entanto, ao longo dos anos, os amigos foram morrendo e agora sobram apenas Miss Sophie e seu mordomo. Mesmo assim, o fiel James serve o jantar de aniversário de Miss Sophie como se seus amigos ainda estivessem presentes.
Durante o jantar, ao ser servido cada prato, é mantido um diálogo que se tornou lendário na Alemanha: James: “É o mesmo procedimento do ano passado, Miss Sophie?” Miss Sophie: “O mesmo procedimento de todos os anos, James”.
Com cada prato, James serve à Miss Sophie e seus amigos uma bebida alcoólica: Xerez, Vinho Branco, Champanhe e Vinho do Porto. Ao brindar, o mordomo faz o papel de cada um dos quatro convidados e vai tomando a bebida de seus copos. Quando chega o momento da sobremesa, ele já está completamente bêbado.
A interpretação do mordomo (Freddie Frinton) é ótima do começo ao fim e vai crescendo a cada instante, sendo que os tropeços com o tapete de tigre empalhado são emblemáticos. Uma preciosidade. Mais do que isso, uma verdadeira aula de interpretação, de comédia, de verdadeiro humor. Divirta-se.
segunda-feira, 3 de outubro de 2011
Faça o que eu digo e não o que eu faço
O defensor da democracia em todo o mundo, deu uma demonstração de truculência e atitude anti-democrática por excelência, no final de semana. As imagens acima, que foram veiculadas pelo New York Times, deixam claro que não houve qualquer quebra-quebra, agressão ou algo que possa ser classificado de ato de violência que justifique a prisão de mais de 700 manifestantes que se dirigiam a Wall Street, o centro financeiro do mundo, para reclamar da subserviência do sistema político americano e mundial ao capital.
O povo está cansado e quer ter o direito de opinar. E o que é isso, senão democracia? Parece que o governo americano não entende assim. Os Estados Unidos, sempre prontos a apoiar manifestações civis pacíficas e desarmadas em toda parte do mundo onde haja um governo que lhe seja hostil, não praticam dentro de casa as lições que pregam e cobram no resto do mundo.
Não é possível que mais de 700 pessoas tenham passado dos limites nessa manifestação, na qual não há registro de cenas de violência por parte dos manifestantes. O próprio vídeo distribuído pela polícia novaiorquina não mostra qualquer ato de vandalismo. O policial apenas lê um texto dizendo que, quem atravessar a ponte será enquadrado por “conduta desordeira”, a alegação para a prisão.
Diz-me onde dormes e te direi como vives
O quarto deste menino italiano, na periferia de Roma, é este colchão ao relento. Ele e sua família foram parar aí depois de vir do interior da Itália de ônibus após pedir esmola para poder comprar as passagens de ônibus. Sem documentos, não conseguem emprego e os seus pais limpam parabrisas em semáforos para sobreviver. Ninguém na família deste menino é alfabetizado.
O ensaio “Where Children Sleep” (“Onde as crianças dormem”) se propõe a contar a história de crianças através de retratos e fotos de seus quartos de dormir. O belíssimo resultado é fruto do trabalho do fotógrafo James Mollison. A ideia surgiu de uma proposta de construir com imagens um ensaio sobre os direitos das crianças. “Quando o meu editor me pediu para dar uma ideia de como poderíamos discutir os direitos das crianças, eu me vi pensando no meu quarto, o quão significativo ele foi na minha infância e como ele refletia o que eu tinha e quem eu era. Ocorreu-me que uma maneira de resolver muitas situações complexas e questões sociais que afetam as crianças é olhar para os seus quartos”.
Mollison decidiu mostrar as diferentes realidades da vida das crianças através do seu espaço mais íntimo, sem reduzir a abordagem apenas às crianças carentes do terceiro mundo. “Eu queria fazer algo mais inclusivo, mostrando a vida de crianças em todos os tipos de situações e condições econômicas e em contextos sociais distintos”, estabeleceu o fotógrafo.
As fotos dos quartos retratam as condições materiais e as circunstâncias culturais sob as quais as crianças vivem, detalhes que marcam as suas vidas e as fazem adultos únicos, diferentes uns dos outros. Uma seleção de 56 situações compõe o livro “Where Children Sleep, em que uma foto mostra o quarto da criança e outra, ao lado, mostra a criança em fundo neutro. É incrível o quanto esse ensaio diz sobre a realidade das crianças em todo o mundo.
O ensaio “Where Children Sleep” (“Onde as crianças dormem”) se propõe a contar a história de crianças através de retratos e fotos de seus quartos de dormir. O belíssimo resultado é fruto do trabalho do fotógrafo James Mollison. A ideia surgiu de uma proposta de construir com imagens um ensaio sobre os direitos das crianças. “Quando o meu editor me pediu para dar uma ideia de como poderíamos discutir os direitos das crianças, eu me vi pensando no meu quarto, o quão significativo ele foi na minha infância e como ele refletia o que eu tinha e quem eu era. Ocorreu-me que uma maneira de resolver muitas situações complexas e questões sociais que afetam as crianças é olhar para os seus quartos”.
Mollison decidiu mostrar as diferentes realidades da vida das crianças através do seu espaço mais íntimo, sem reduzir a abordagem apenas às crianças carentes do terceiro mundo. “Eu queria fazer algo mais inclusivo, mostrando a vida de crianças em todos os tipos de situações e condições econômicas e em contextos sociais distintos”, estabeleceu o fotógrafo.
As fotos dos quartos retratam as condições materiais e as circunstâncias culturais sob as quais as crianças vivem, detalhes que marcam as suas vidas e as fazem adultos únicos, diferentes uns dos outros. Uma seleção de 56 situações compõe o livro “Where Children Sleep, em que uma foto mostra o quarto da criança e outra, ao lado, mostra a criança em fundo neutro. É incrível o quanto esse ensaio diz sobre a realidade das crianças em todo o mundo.
Assinar:
Postagens (Atom)
DEPOIS DE WORMS, A CAÇADA A LUTERO
No último dia da Dieta de Worms, 26 de maio de 1521, já sem a presença de Lutero, foi decretado o Édito de Worms. O documento fora redigido ...
-
No dia 20 de novembro de 1820, a cerca de 3.700 quilômetros da costa do Chile, um cachalote anormalmente grande destruiu o navio baleeiro E...
-
O debate em torno da questão das armas, nos últimos dias, atingiu níveis que só podem ser lamentados. O cheiro de cartuchos detonados já imp...
-
Interessante a relação entre o ócio e o negócio. O ócio é lazer, descanso, passeio, liberdade das atividades que garantem o sustento. ...