quinta-feira, 24 de novembro de 2016

CHARIS (χαρις)

O termo grego χαρις aparece 158 vezes nos livros do Novo Testamento. É um verbete central do Evangelho, com destaque para a Teologia do Apóstolo Paulo, e tem significado inalienável para o luteranismo. χαρις é "graça". Segundo Lutero, nossa redenção é pura χαρις (graça) de Deus.
Por esse caminho etimológico (etimologia é a ciência que estuda a origem das palavras), χαρις é algo que nos é dado sem que nada seja cobrado em troca. Assim a χαρις (graça) que produz a nossa salvação não se encaixa em nenhuma matemática. Não existe calculadora em condições de calcular a χαρις de Deus consumada em Cristo.
χαρις deu origem a termos conhecidos da nossa língua portuguesa, como CARIdade e CARIsma. O termo grego χαρις tornou-se "gratia" no latim, o que contribui para que nem sempre percebamos a etimologia das palavras a que χαρις deu origem.
"CARIdade" é algo que você faz por doação, "por" graça e "de" graça, sem colocar na ata da sua vida como algo a ser cobrado mais tarde.
"CARIsma" é uma capacidade ou habilidade que você recebeu, que lhe foi dada. Por isso, é um DOM, algo que lhe foi dado. E é bom que fique claro que você o recebeu sem merecimento. Não existe meritocracia na χαρις!
Assim, é de lamentar que no termo CARISmático o uso do verbete se resuma a classificar um grupo de cristãos pelo uso de "dons" específicos como o de falar em línguas ou de cura, o que muitas vezes é visto como um privilégio ou um dom especial dado a cristãos que são mais e melhores do que os outros. A χαρις de Deus não usa esse tipo de classificação. TODOS e TODAS são agraciados (olha o termo GRATIA aí!) com dons. É só descobrir e usar o seu!
Por isso, GRATIA produz GRATIDÃO. Seja agradecido! Seja agradecida! Hoje é o Dia Nacional de Ação de Graças. Aproveite para usar seu CARIsma e fazer CARIdade.
Que Deus abençoe o seu dia!

quarta-feira, 9 de novembro de 2016

Muros na prancheta

No dia 9 de novembro de 1989, uma avalanche de gente derrubou o muro mais emblemático da história da humanidade. Muitos outros haviam sido erguidos e derrubados até então, como a muralha de Jericó (derrubada por trombetas), o muro de Jerusalém (destruído), a muralha da China (virou atração turística)...
Mas nenhum foi simbolicamente tão global e impactante quanto o muro de Berlim. Ele inverteu a simbologia dos muros, já que no passado eles serviram para proteger as cidades. O muro de Berlim sitiou uma cidade inteira durante décadas, dentro do território inimigo. Intermináveis negociações e muita ousadia diplomática levaram à sua queda há 27 anos passados.
Hoje, 27 anos depois, a eleição de Donald Trump como 45º presidente dos Estados Unidos da América eleva ao posto mais alto da humanidade um construtor de muros.
De onde vem esta força maligna que legitima o discurso dos construtores de muros tantos anos depois? E justo do lado dos que contam entre suas maiores conquistas a vitória numa guerra que derrotou o fascismo europeu?
Que lições aprendemos, afinal, se é que somos capazes de aprender alguma lição? A história nos mostrou onde este caminho pode levar. E lá vamos nós e reerguemos das cinzas toda a sordidez de que a humanidade é capaz, acreditando que, desta vez, não haverá risco. Pobres de nós.
No meio da escalada ao poder de um belicoso projetista de muros, relembrar e celebrar a queda do muro de Berlim, afinal, parece uma piada de mau gosto... Quem foi que disse "nunca mais"? Veremos. Os primeiros traços já estão desenhados na prancheta.

DEPOIS DE WORMS, A CAÇADA A LUTERO

No último dia da Dieta de Worms, 26 de maio de 1521, já sem a presença de Lutero, foi decretado o Édito de Worms. O documento fora redigido ...