quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Os 65 anos do assassinato de Gandhi




No dia de hoje completam-se 65 anos que um homem esquálido e quase sempre vestido com uma simples túnica branca morreu. Sua figura frágil não condiz com a robusta obra de sua vida. Sua morte violenta não faz jus à sua luta de toda uma vida. Ele sucumbiu a um atentado, no dia 30 de janeiro de 1948. Seu nome é Mahatma Gandhi, o idealizador da ação não-violenta.

Naquele ano, ele deveria receber o Nobel da Paz. Ele já esteve na lista diversas vezes, mas por razões não reveladas ele sempre ficava para o ano seguinte. Por causa do seu assassinato, 1948 foi um ano em que o Nobel da Paz não foi entregue. E esta talvez tenha sido a maior homenagem de todas.

O que permanece de sua lição, 65 anos depois de sua morte? O seu nome remete imediatamente à resistência não-violenta, que por diversas vezes quase lhe custou a vida por conta de greves de fome que mostraram que ele era um homem pronto a sacrificar-se por seus ideais. A sua paciência contribuiu para a independência da Índia sem uma guerra civil.

A resistência não-violenta era, em sua concepção, uma metodologia de luta e uma postura de vida. Depois de tantos anos, os nossos movimentos sociais ainda têm muito a aprender com Gandhi e sua luta sem agressividade ou revide. “Tudo o que conquistamos com violência, só podemos manter com violência”, ele ensinava. O mundo e as nossas formas de luta teriam um rosto muito diferente se isso fosse levado mais a sério.

Nossa memória enterrada na sucata


Matéria publicada na Rede Brasil Atual dá conta de uma visita, realizada ontem, dia 29 de janeiro, às antigas instalações do DOI-Codi paulista pela Comissão de Direitos Humanos da OAB paulista. Depois de um bate-boca com o delegado titular do 36° DP, Márcio de Castro Nilson, e após má vontade generalizada, o grupo, acompanhado de diversas pessoas que estiveram presas ali e foram torturadas, encontraram um local descaracterizado e completamente abandonado, servindo de depósito de sucata da Polícia Civil. Entre escrivaninhas velhas e cadeiras destruídas, muita poeira e um imóvel em parte depredado, foi difícil reconhecer o maior centro de repressão da Ditadura em São Paulo.

Ou seja, se não é puro desrespeito com a história e a memória do Brasil, é um atentado intencional, para ocultar tudo o que for possível do período mais escuro da nossa história. A foto acima, tirada durante a visita do grupo, dá uma boa ideia de que qualquer tentativa de resgate dessa memória vai esbarrar um muita má vontade e, principalmente, em um sumiço generalizado do que importa para um resgate minimamente confiável dessa memória.

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

À procura dos culpados no país das gambiarras



Aconteceu de novo. Todo o país está chocado. O surreal cenário do piso de um ginásio de esportes com mais de 230 corpos estendidos é o resumo de uma ópera bufa. As vítimas são todas “jovens, jovens, jovens”. O motivo de mais um luto nacional é outra vez o mesmo: uma sucessão de gambiarras. 

Elas estavam lá em 2006, na queda do avião zerinho da Gol que se chocou com um Legacy e matou 154 pessoas. Estavam lá em 2007, no acidente da TAM que vitimou 199 pessoas. Elas também estavam a bordo do voo da Air France, que matou 228 pessoas em 2009. Depois de apontar “culpados”, novas gambiarras tentam contornar o quadro caótico da aviação civil brasileira. A ocorrência de novas tragédias não é uma questão de “se”, mas de “quando”, pois são de fácil previsão.

A sucessão de exemplos de gambiarras facilmente preencheria esta e muitas outras páginas. Elas são massivamente utilizadas em bares, restaurantes, shoppings, supermercados, quadras esportivas, estádios de futebol, casas noturnas, teatros, cinemas e outros. 

Em aeroportos, aeronaves, portos, navios e barcos, caminhões, trens, carros, motos e bicicletas elas estão lá, como uma praga definitiva. Marcam presença em nossas rodovias e estradas, na segurança do trânsito, nas calçadas cheias de armadilhas, na fiação ao longo de toda sorte de redes de eletricidade e de comunicação. 

Elas estão em nossos prédios, casas, móveis e utensílios domésticos; em nossas roupas e calçados. Para resumir numa frase, uns fingem que cumprem as leis e outros fingem que fiscalizam. Os tristes resultados de toda essa absurda irresponsabilidade social epidêmica do país do “jeitinho” manifestam-se a cada nova tragédia. 

Depois, começa o infindável empurra-empurra em busca de culpados. Sucedem-se as promessas de punição rigorosa e mudanças nas leis e na fiscalização. Mas o tempo desmente todas as nossas promessas, até que ocorra o próximo drama.

No caso de Santa Maria, não se trata de defender a banda que utilizou o sinalizador ou o dono da boate; a ausência de saídas de emergência ou os seguranças que impediram os jovens de sair sem pagar. A culpa é deles, mas também dos bombeiros e da prefeitura que não fiscalizaram com o rigor necessário.

Mas há um aspecto de culpa coletiva em tudo isso. Ele pode estar na sociedade que obriga os jovens a ir a uma verdadeira arapuca isolada acusticamente com material altamente inflamável para que a música não incomode quem não está na festa. E elas existem às milhares em quase todas as cidades brasileiras, todas com o mesmo isolamento acústico que asfixiou os jovens corpos que forraram o chão do ginásio de esportes em Santa Maria.

A principal culpa coletiva é o “jeitinho” que tanto nos caracteriza. Em vez de procurar um bode expiatório para assumir a culpa, está mais que na hora de mudar o nosso teimoso comportamento de resolver tudo à base de gambiarras.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

A periferia da vitória contra o fascismo na Segunda Guerra Mundial

Um dos períodos mais pesquisados da história do século vinte é o do nazismo e da segunda guerra mundial. Bibliotecas inteiras de livros a respeito, documentários e filmes a rodo e muita pesquisa acadêmica esmiuçaram cada ação e reação do maior conflito da história da humanidade.

Mas um excelente artigo da Deutsche Welle sobre uma exposição (mais uma!) relacionada ao conflito vencido pelos aliados (EUA, França, Grã-Bretanha e URSS), levanta um tema que quase não mereceu atenção dos pesquisadores. É, obviamente, aquele capítulo que fala das nações do terceiro mundo (pobre, subdesenvolvido e carente) e seu apoio aos aliados para garantir esta tão celebrada vitória. O artigo pode ser lido aqui.

O texto também mostra que outros lugares do planeta foram atrozmente bombardeados, além daqueles que estamos acostumados a lembrar. Por exemplo, em Manila, nas Filipinas, morreram 100 mil civis – ou seja, mais do que em Berlim, Dresden ou Colônia.

Também a herócia participação de exércitos de jovens pobres do mundo inteiro é ignorada pelos historiadores. A Índia ajudou o exército britânico com 2,5 milhões de soldados e os que lutaram sob a bandeira francesa eram negros e africanos em sua maioria. E toda esta história é esquecida, reprimida e até difamada.

Basta lembrar, por exemplo, que a participação dos nossos pracinhas que lutaram na Itália não raro é motivo de pouco caso, com frase do tipo "eles fincaram a bandeira brasileira no Monte Castelo quando a guerra já havia quase terminado". Mas muitos foram para lá com o coração pulando na boca de angústia e medo, deixando famílias desesperadas aqui no Brasil, torcendo por seus jovens meninos que ousaram heroicamente enfrentar o fascismo. Uma história esquecida, varrida para debaixo do tapete.

Bem cita a autora do artigo da DW, Sarah Wiertz: "A história é sempre escrita pelos vencedores. Pelos mais ricos, que dispõem dos meios para determinar suas pesquisas e o rumo das mesmas". Esta afirmativa do historiador africano Kum'a Ndumbe vale para tudo o que se lê sobre história, também em nosso país. Os verdadeiros heróis e as verdeiras heroínas que construíram o nosso país quase nunca aparecem nos compêndios e nos livros de história.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Quanta água existe na Terra?




A ilustração acima mostra o planeta Terra junto a três pequenas esferas azuis. A esfera azul maior representa o volume total da água que há no nosso planeta em comparação ao tamanho total do planeta. As outras duas já estão contidas na grande, mas representam o quanto dessa água é doce e potável. O que surpreende é o tamanho reduzido das esferas de água em relação ao tamanho do resto do nosso planeta.

A primeira importante dedução a partir dessas comparações de volume é que a quantidade total de água na Terra é realmente muito pequena. Os oceanos representam apenas um finíssimo filme de água que envolve o planeta na sua superfície.

A esfera maior representa toda a água existente na Terra, com um volume de 1.386.000.000 de quilômetros cúbicos (km3). Esta esfera inclui toda a água dos oceanos, das calotas polares, dos lagos e rios, bem como as águas dos lençóis freáticos, a água que está em forma de vapor na atmosfera e até mesmo a água presente em todos os organismos vivos do planeta, como os animais, as plantas e até você.

Diante da exuberância líquida do planeta que costumamos chamar também de “planeta água”, esta esfera é muito pequena, não é mesmo?

Quanto desse total de água está disponível para manter a vida das pessoas e de todas as formas de vida existentes no planeta? Bem, aí está a esfera azul ao lado da grande, aquela de tamanho médio. Ela representa toda a água doce em estado líquido na superfície do nosso planeta (lençóis freáticos como o Aquífero Guarani, lagos de água doce, pântanos e rios). Dessa quantidade, 99 por cento é de lençóis freáticos, a maior parte inacessível para as populações humanas. O diâmetro dessa esfera de água doce líquida é de 272,8 quilômetros e o volume total de água contido nela é de 10.633.450 km3.

Excluindo os oceanos, esta é a água que a humanidade agride todos os dias com toda sorte de detritos químicos e orgânicos, nos rios que atravessam as megalópoles do planeta e nos lençóis freáticos atingidos por toda esta poluição.

Agora, você consegue ver aquela esfera azul minúscula do lado das outras duas?  Esta é a parte da água imediatamente disponível para manter toda a vida da Terra. Desses poucos recursos depende a sobrevivência diária de toda a exuberância da vida na superfície do planeta Terra, inclusive a nossa. O volume desta minúscula esfera é de 93.113 km3, com um diâmetro de pouco mais de 56 quilômetros, ou seja, a distância entre Blumenau e o litoral. É muito pouco para que a gente fique desperdiçando e tratando com tanto desleixo...

(Os dados são de Igor Shiklomanov, na obra “Water in Crisis: A Guide to the World's Fresh Water Resources”. Ilustração de Jack Cook). Leia a informação na íntegra aqui, inclusive com uma tabela dos volumes de água existentes.

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

A pirataria é anterior à internet

Esta imagem é uma prova cabal de que a pirataria é anterior à internet. Todos os jovens com algum recurso economizavam os seus parcos trocados para comprar um gravador de fitas K-7 e montar a sua própria "playlist", que na época não tinha este nome pomposo.

Era assim nos anos 1970. E era muito mais gostoso copiar as músicas de uma fita para a outra do que ouvi-las depois de copiadas... Isso sem contar os incômodos quando a fita dobrava ou enroscava no toca-fitas. Não era difícil encontrar centenas de metros de fita no meio da rua, arrancadas com fúria de dentro de um K-7 que deu problema.

A diferença é que hoje, depois do escândalo da prisão e soltura do dono do site Megaupload, tudo parece uma brincadeira de criança. Depois de virar multimilionário com a pirataria, Kim Dotcom foi preso na Nova Zelândia e teve os seus bens arestados pela justiça. Agora solto, no último sábado 19 de janeiro lançou seu novo site de downloads pela internet, agora só MEGA, que ele jura ser cem por cento legal. O pirata virou santo. Mas continua enriquecendo a olhos vistos, com a arte dos outros.

A outra diferença é que os jovens dos anos 1970 não costumavam vender as suas "playlists" em bancas de camelô. Eles curtiam música em casa ou no carro. Lembro bem de uma caixa gigante no console do carro, lotada de fitas gravadas. Hoje, quem imaginava isso na época das K-7 (?), cabem dezenas de playlists num simples MP3 Player.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Intolerância no Facebook? Denuncie!





Os assuntos mais denunciados no Facebook ao longo de 2012 mostram o grau de preconceito e intolerância que reina na rede de relacionamentos. Ao todo 11.305 páginas do Facebook no Brasil foram denunciadas como promotoras de intolerância.

O racismo está na ponta da lista dos assuntos mais denunciados, com 5.021 denúncias. Logo em seguida, vem a pornografia infantil, com 1.969; os crimes contra a vida (1.513 denúncias); maus tratos aos animais (697 denúncias) e homofobia (635 denúncias). A lista segue com a intolerância religiosa (494 denúncias), a xenofobia (376 denúncias), o tráfico de pessoas (233 denúncias), o neonazismo (186 denúncias) e o genocídio (181 denúncias).

Os dados são da ONG Safernet Brasil, que também aponta um aumento de 264,5% no número de reclamações feitas na Central Nacional de Denúncias de Crimes Cibernéticos (CND).

O próprio Facebook tem um campo para denunciar páginas e perfis. Qualquer pessoa que se sentir ofendida com as postagens poderá fazer a denúncia explicando os motivos.  

Não deixe por menos. Denuncie a intolerância na internet, porque esses números evidenciam que há pouca gente se importando com a intolerância que circula na rede. Eu, pelo menos, não creio que seja só isso daí...

DEPOIS DE WORMS, A CAÇADA A LUTERO

No último dia da Dieta de Worms, 26 de maio de 1521, já sem a presença de Lutero, foi decretado o Édito de Worms. O documento fora redigido ...