sexta-feira, 28 de junho de 2013

A lenda do tomate venenoso




É interessante saber que faz menos de dois séculos que se come tomates no ocidente sem medo de que sejam venenosos. E pensar que somente depois de tão pouco tempo esse apreciado produto tenha se transformado numa das mais caras hortaliças no Brasil.

No dia 28 de junho de 1820 chegou ao fim a crença popular de que os tomates seriam venenosos. Depois que esse pensamento caiu por terra, abriram-se as portas do consumo deste alimento como molho e nas saladas.

O tomate tem sua origem na América do Sul, nos altiplanos do Peru. Assim que chegou à Inglaterra pensou-se que era venenoso. Um dos primeiros a cultivar a planta, um empregado da companhia Barber-Surgeon chamado John Gerard, acreditou que os tomates eram venenosos por conterem baixos níveis da toxina tomatina.

Contudo, para alegria dos apreciadores desse alimento, o coronel norte-americano Robert Gibbon não acreditou nos rumores. No dia 28 de junho de 1820, no auge da safra de tomate, ele desmentiu este mito popular com uma demonstração pública nas escadarias dos tribunais de Salem, em Nova Jersey, comendo tomates sem sofrer problemas, derrubando a lenda.

quarta-feira, 26 de junho de 2013

O Papa NÃO mora aqui



O Palácio dos Papas no Vaticano está vazio. A cúria está em polvorosa. Em seu conservadorismo encastelado, diz que o papa Francisco não mora no endereço oficial por conta de um “estilo pessoal”, um rompante de originalidade.

Mas isso assusta a corte no Vaticano. Pois seria o mesmo que Obama pegar mala e cuia e mudar-se da Casa Branca, ou a Rainha Elisabeth deixar o Palácio de Buckingham aos fantasmas. Pois o papa Francisco não quer saber do palácio que lhe é devido.

Desde que o argentino chegou ao posto máximo na Igreja Católica, nesses primeiros 100 dias ele tem feito um trabalho diário de desmonte da simbologia imperial e quase divina dos pontífices. Rejeitou o manto e os sapatos púrpuras dos imperadores romanos, eliminou as mitras triunfalistas, ficou na chuva com fiéis, e se nega a viver enclausurado como um soberano por “razões psiquiátricas”, deixando claro que acha coisa de maluco encerrar-se numa torre de marfim.

O palácio vazio, que virou uma simples sede de trabalho, é uma verdadeira reforma em Roma, fazendo o sagrado ícone da “sede apostólica”, um lugar de cunho divino, aos pedaços. Em resumo, Francisco tornou o Papa um ser humano, descartando a velha ideologia da onipotência.

Para ele a igreja deve ser pobre e o lugar do clero é na periferia. E seus dirigentes devem ser sóbrios e pastorais, não viver como príncipes. Bons ventos sopram desde Roma...

Informações do Instituto Humanitas (Unisinos), na íntegra aqui.

terça-feira, 25 de junho de 2013

Mandiba quer descansar



Em meio à onda de protestos no Brasil e no mundo, de reivindicações de balcão por toda parte e de exigências como de criança mimada que se atira no chão da loja de brinquedos e esperneia até ser atendida, vai passando despercebida uma lenta agonia. Aos 94 anos, Nelson “Mandiba” Mandela quer o merecido descanso. Um ícone mundial das lutas difíceis – e daquelas que realmente valem a pena – quer partir.

Mandiba é a prova de que “a luta é tamanha”. Não há balcões onde se possa comprar um país melhor, mais qualidade na educação e na segurança ou um pouco menos de corrupção. Essa é uma luta árdua e demorada, que pode custar muito além de meia dúzia de cartazes ou faixas num protesto de rua. Tanto é assim que Mandela passou a juventude e boa parte da vida adulta atrás das grades por conta de uma África do Sul livre do apartheid.

Foi libertado já velho, para comandar uma transição difícil de um país corrupto e nas mãos da minoria branca para um país africano autêntico, em que havia espaço também para os negros. E não o fez espumando de raiva, vociferando impropérios contra adversários, mas num duro e trabalhoso processo de reconciliação nacional, que transformou a África do Sul num modelo real do que significa recomeçar do zero, reconciliando os inimigos e construindo pontes em vez de prisões.

Mandiba fará falta a um mundo ansioso, angustiado e prisioneiro da pressa cidadã. A sua paciência repleta de sabedoria se fixa como uma lição inalienável de que conquistas perenes são erguidas com persistência, dedicação e paciência. Hoje não oro para que Nelson Mandela tenha mais alguns dias, meses ou anos de difícil vida de alquebrado ancião, mas para que a bela lição de Mandiba permaneça eternamente na nossa memória e se transforme num daqueles legados que a humanidade não pode, sob nenhuma hipótese, esquecer.

terça-feira, 18 de junho de 2013

A Igreja de retirantes pode ser uma parceira relevante

 O estádio Mangueirão lotado em Belém, nos 100 anos da AD em 2011.

No dia 18 de junho de 1911 era fundada, no Pará, a igreja Missão de Fé Apostólica. No ano de 1918 essa pequena igreja pentecostal foi rebatizada de Assembleia de Deus. A maior igreja evangélica do Brasil foi fundada pelos missionários suecos Gunnar Vingren e Daniel Berg, que chegaram em Belém no final de 1910, vindos dos Estados Unidos.

Ao longo dos anos, a Assembleia de Deus no Brasil expandiu-se pelo estado do Pará, alcançou o Amazonas e se propagou pelo Nordeste, em especial entre as pessoas mais carentes. A Igreja chegou ao Sudeste no começo da década de 20 por conta das famílias de retirantes do nordeste.

Outros missionários estrangeiros foram enviados para dar suporte a Gunnar Vingren e Daniel Berg no crescimento da Igreja. A partir de 1930, a Assembleia de Deus no Brasil passou a ser administrada exclusivamente pelos pastores residentes no Brasil, sem perder os vínculos com a igreja na Suécia. A partir de 1936 a igreja teve mais colaboração das Assembleias de Deus dos Estados Unidos através dos missionários enviados ao país.

Com a estimativa de 22,5 milhões de membros, a Assembleia de Deus no Brasil é hoje a maior denominação pentecostal do mundo. Em segundo lugar está a Coréia do Sul com 3,1 milhões. As Assembleias de Deus no Brasil puxaram o crescimento dos evangélicos no país e, segundo algumas projeções, deverá ultrapassar os 100 milhões em 2020, o que obviamente é um tanto exagerado.

As estimativas apontam ainda mais de 35 mil ministros e mais de 100 mil templos espalhados por todo o Brasil. Na verdade, a Assembleia de Deus está presente até mesmo nos lugares onde as estruturas governamentais não estão. 

Ao todo, as Assembleias de Deus têm 64 milhões de membros espalhados no mundo e 363.450 ministros, divididos entre 351.645 igrejas e presentes em 217 países. O Brasil lidera essa lista com 22,5 milhões de membros, de acordo com as estimativas da igreja nos EUA.

Na verdade, a AD é hoje uma igreja a ser considerada como parceira relevante no meio ecumênico brasileiro. 

Em primeiro lugar porque, como uma igreja institucionalizada e com um século de tradição, já não deve ser contada entre os grupos pentecostais de cunho meramente proselitista ou radical. Há cada vez mais teólogos entre seus ministros com uma reflexão aberta e bem fundamentada, inclusive com pensamento progressista, com influência dos grandes teólogos europeus e latino-americanos.

Em segundo lugar, porque é uma parceira de peso na formação teológica de contingentes cada vez maiores de ministros e ministras pentecostais em todo o Brasil, em centros de formação conduzidos por teólogos que fizeram mestrado e doutorado na Faculdades EST, em São Leopoldo (RS). Alias a Faculdades EST é uma instituição que contribui cada vez mais para o aprofundamento da reflexão teológica entre os pentecostais e, consequentemente, para a crescente abertura teológica da AD.

Em terceiro lugar, justamente por tudo isso, a AD é hoje o grande fiel da balança no meio pentecostal e neopentecostal brasileiro. Não só por conta de sua representatividade numérica mas especialmente por causa de sua influência teológica, a AD é o grande catalisador que tem força para resfriar o vulcão em crescente ebulição nesse lado do cristianismo na América Latina. Em meio à inconsistente e escaldante lava ainda lançada às alturas no meio pentecostal, a AD é a parte dessa massa que vai se acomodando e criando um terreno firme e confiável.

segunda-feira, 17 de junho de 2013

Protestar é ser protestante

Então, pessoal, o povo está ouvindo o convite e atendendo: "Vem pra rua que a rua é a maior arquibancada do Brasil!!!". O povo tá indo pra rua, que coisa bonita.

Não pensei que ainda veria isso de novo antes de chegar aos 60 anos! Protestar é coisa de protestante. Nós não protestamos mais. Agora estamos na lista dos "evangélicos"...

Será que isso é bom? Era melhor quando éramos protestantes. Afinal, protestar deveria estar no nosso DNA!

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Luis Carlos Azenha e a tortura no regime militar

Nesta quarta-feira, os depoimentos emocionados de Ernestinho (de pijama de florzinha, na foto acima) o mais jovem brasileiro a ser considerado terrorista, do pai e da mãe dele. No Jornal da Record, a partir das 20h30m.

Ontem à noite, mais uma vez, a emoção tomou conta de mim. As reportagens da Record sobre torturas, produzidas pelo competentíssimo Luis Carlos Azenha, são desconcertantes. Se você ainda não viu nenhuma, precisa ver aqui. Tem que assistir. Hoje à noite tem mais, no Jornal da Record.

Trata-se do mais completo material jornalístico já produzido sobre a tortura no Brasil durante o regime militar. Os depoimentos são de filhos que, ainda muito pequenos, viram e ouviram seus pais sendo torturados. Pior, as próprias crianças foram torturadas com o único propósito de arrancar confissões dos pais. Coisa de campo de concentração nazista...

As pessoas que, desestruturadas ainda por conta da emoção que as domina quando falam de sua dolorosa experiência, contam o que viveram na própria carne, eram crianças. Quando eu falei que isso tudo havia ocorrido, tentaram me intimidar dizendo que eu não tinha idade suficiente na época da ditadura para saber do que estou falando. Eu era uma criança... E olha que eu era bem mais crescido do que essas pessoas que testemunham suas dolorosas experiências com a tortura.

Eu era estudante do curso de Teologia da IECLB em São Leopoldo quando corriam soltas as conversas de que era preciso tomar muito cuidado com o que se diz durante o culto. Havia infiltrados do regime entre os bancos. Assim como os houve para o pai do atual ministro da saúde, Anivaldo Padilha, que foi denunciado por seu próprio superior hierárquico ao regime e sofreu bárbaras torturas...

Os testemunhos que Luis Carlos Azenha revela no Jornal da Record vem de pessoas que eram crianças de colo, ou simplesmente meninos e meninas...

Depois dessas reportagens, sou pela anulação da Lei da Anistia, pelo fim da impunidade dos torturadores e de seus mandantes; sou pela mais rigorosa apuração dos crimes da ditadura. Sem tratar esta ferida, profunda ainda, dolorosa mais ainda, que o povo brasileiro não pode ficar indiferente ante revelações tão brutais, absurdas, contra todos os princípios mais elementares dos direitos humanos...

terça-feira, 4 de junho de 2013

O Galo Verde, responsabilidade das Igrejas




O dia 5 de junho é o Dia Mundial do Meio Ambiente. Por conta desse dia, da preocupação que desperta em todos e todas nós, temos uma mensagem e um convite a lhe fazer. Nossa preocupação com a pegada que deixamos na Criação de Deus com o nosso modo de vida é inadiável. A Natureza é um presente de Deus a todas as gerações. Assim sendo, a presente geração não tem o direito de usufruir da Natureza além do que é seu de direito. Ainda assim, ultrapassamos os limites todos os dias, demonstrando irresponsabilidade e ingratidão com as dádivas que Deus nos dá, ofendendo o Criador. 

Nossa ação responsável para com o Criador e as futuras gerações é preservar o que, de direito, pertence a elas. Este é o nosso dever, quando confessamos no Credo Apostólico que cremos em Deus como o Pai que a tudo criou. Para que o nosso discurso em defesa da Natureza passe à ação, surgiu no Sínodo Vale do Itajaí o Programa Ambiental Galo Verde. Convidamos você e sua comunidade a juntar-se a nós, do Galo Verde

O galo é um antigo símbolo, que está sobre as torres de muitas de nossas igrejas. Isso começou no antigo Oriente, onde o galo era um símbolo para o Sol Nascente, por ser o primeiro a acordar, antes do Sol, para anunciar sua chegada ainda de madrugada. Muitos povos consideram o galo um símbolo para a vigilância, atalaia que desperta todo mundo. Conhecemos bem a história da negação de Pedro, que aparece nos quatro evangelhos. Ela nos convida para a vigilância, a fim de que não neguemos a causa de Cristo. 

A partir do século nono o galo sobe nas torres das igrejas cristãs, primeiro na Itália e depois em toda a Europa. Através dos imigrantes ele chegou também ao Brasil e subiu as torres das nossas igrejas. Ele está lá, no ponto mais alto, como um símbolo para a vigília.

Ser vigilante é acordar antes dos outros e reconhecer as coisas antes de todo mundo, anunciando e denunciando. Isso vem a calhar para a questão ambiental. Por isso, adotamos o galo como símbolo para o engajamento ambiental da Igreja. A cor verde, obviamente, aponta para a questão ambiental como a cor que preserva a paisagem nos moldes da Criação de Deus: verde, viva, pulsante e preservada.

Assim como o galo não se cala quando o Sol vai nascer, também é nossa tarefa abrir o bico e alertar, chamar a atenção para o que se desenha no horizonte da humanidade, caso não mudar a maneira de lidar com o maior legado de Deus à humanidade através da sua Criação: a Natureza. Nesse sentido, há muitos “vigias”, pessoas prontas a alertar sobre a destruição ambiental e a indicar caminhos que ajudem na preservação da Criação de Deus. 

Ver que a hora se aproxima é tarefa do galo. Essa também quer ser a tarefa dos e das vigilantes do cuidado ambiental do Galo Verde. É chegada a hora de despertar para um novo dia, de maior cuidado com a Criação! O Programa Ambiental Galo Verde quer unir pessoas em torno da causa da preservação da Criação a partir da ótica da fé. Temos especialistas que, voluntariamente, desenvolvem projetos e ajudam comunidades cristãs a melhorar sua relação com a Criação. 

Também estamos reunindo muitas pessoas interessadas que querem ajudar no que for possível, porque amam a Criação de Deus e querem preservá-la. Se você for uma dessas pessoas, junte-se a nós. Seja também um Galo Verde, que vê as coisas antes que acontecem e fala sobre as consequências das atitudes que maltratam a Natureza. Esteja entre aqueles e aquelas que acordam com o primeiro cantar do galo e começam a trabalhar cedo. Na urgente questão do cuidado com a Criação, tenha a gostosa sensação de fazer algo de positivo, que deixa um legado duradouro, serve de exemplo para as outras pessoas e preserva também para os nossos filhos e netos o que Deus nos deu.

Comece desafiando algumas pessoas da sua comunidade, a dar o primeiro passo. Converse com o seu pastor e a sua pastora; com o presbitério da sua comunidade. Proponha a criação de um grupo que investiga o tamanho da “pegada ambiental” deixada por sua comunidade e desenvolva um projeto para diminuí-la. Nós, do Programa Ambiental Galo Verde, vamos ajudar nessa tarefa, em reuniões, palestras e assessoria técnica. Se você quiser envolver-se conosco, poste um comentário abaixo, com o seu e-mail.

Junte-se a nós e integre sua comunidade neste sonho!

Clovis Horst Lindner, pelo Programa Ambiental Galo Verde
(Divulgue este texto em sua comunidade eclesial ou grupo)

DEPOIS DE WORMS, A CAÇADA A LUTERO

No último dia da Dieta de Worms, 26 de maio de 1521, já sem a presença de Lutero, foi decretado o Édito de Worms. O documento fora redigido ...