quarta-feira, 29 de maio de 2013

Notícias ruins contagiam



Reproduzo aqui esta análise de Bruno Paes Manso, do Estadão (O Estado de S.Paulo), sobre uma tendência assustadora em nossa sociedade. Falei ainda na pregação de domingo passado sobre a banalização da notícia ruim e o quanto isso nos contagia. A análise de Bruno Paes Manso faz pensar:

“É difícil tentar explicar a loucura ou a irracionalidade. A crueldade em torno dos casos dos dentistas queimados se aproxima do inexplicável. Mas por que duas ações tão bizarras se repetem em menos de um mês? Se o primeiro caso parece se relacionar a algum tipo de distúrbio sádico do autor do crime, o segundo já parece ser resultado de uma espécie de contágio.

A repetição de escolhas trágicas por imitação já foi abordada por Émile Durkheim na descrição dos casos de sentinelas que se suicidavam na mesma guarita do acampamento militar de Boulogne com tiros na cabeça. O suicídio se estancou depois que queimaram a guarita.

Outros casos, como disparos em escolas americanas e motoristas que dirigem para se matar em estradas na contramão, também são exemplos de ações extremas que se repetem pela sugestão de tragédias anteriores. A superexposição de fatos como esses pode contaminar e influenciar escolhas.”

terça-feira, 28 de maio de 2013

Monsanto é alvo de onda de protestos



Uma notícia que foi mantida quase em segredo no Brasil é a onda de protestos contra a maior produtora de sementes transgênicas do mundo, a Monsanto. A maior multinacional de manipulação de sementes do mundo está no Brasil desde 1963 e produz sementes transgênicas de soja, milho e algodão.

Os protestos contra a Monsanto mobilizam multidões em vários países. Tudo começou no Facebook. Depois, os protestos se espalharam por mais de 50 países e 430 cidades. No último final de semana, as demonstrações contra a Monsanto atingiram dois milhões de pessoas. Por aqui, apenas uns “gatos pingados” participaram.

Os manifestantes acusam a multinacional de fazer uso de sementes modificadas para obter o monopólio da indústria alimentícia e de forçar a dependência dos agricultores. A acusação não é nova. Nenhum outro grupo prioriza tanto investimentos em alimentos geneticamente modificados como a Monsanto, que também adota a política de comprar empresas menores, aumentando cada vez mais de tamanho, estabelecendo um quase monopólio das sementes no mundo.

Entre outras evidências da política de monopolizar o setor está o fato de que os agricultores precisam comprar novas sementes a cada ano. A tentativa de fazer a multiplicação da semente por conta própria, alega a Monsanto, configura uma violação de patente. Para obter o mesmo resultado, também é necessário aumentar o uso de agrotóxicos anualmente, quesito no qual o Brasil é campeão mundial de uso há quase uma década.

Segundo o site da Deutsche Welle, o Greenpeace considera este ciclo perverso: “Essas plantas precisam ser testadas em animais nos laboratórios, como se fossem medicamentos. Existem plantas suficientes no mundo que podem ser cultivadas sem precisarem de tais testes”. A organização considera sementes geneticamente modificadas desnecessárias, com riscos potenciais que geralmente não podem ser estimados.

segunda-feira, 27 de maio de 2013

Acabar com o Bolsa Família? Ninguém tem peito para isso!



O recente episódio do “boato” sobre o fim do Bolsa Família apresenta desdobramentos muito interessantes. O primeiro deles, obviamente, é a incontrolável avalanche de críticos do programa, que segundo os conservadores, transforma o Estado em instrumento paternalista e os pobres em inveterados mendigos. 

É interessante observar que, quando dois conservadores se encontram, por qualquer motivo, o assunto invariavelmente vai acabar na condenação ao Bolsa Família. Mas os argumentos, redundantes e cansativos, são sempre os mesmos e, num mantra consagrado, acabam no dito popular preferido de todos eles: “Tem que ensinar a pescar e não dar o peixe!”. 

É interessante também observar que os que pensam assim são todos ouvintes da CBN, dão Ibope à Globo, lêem Veja e, obviamente, citam Alexandre “Gracinha” como referência em seus comentários. E foi justamente ele quem ousou dizer que, embora não tivesse como provar, “pode ser que o PT divulgou esse boato como um balão de ensaio para pôr fim ao Bolsa Família”. Como dizia a ninfomaníaca Copélia de Toma Lá Dá Cá, “prefiro não comentar!”.

Na verdade, o fim do Bolsa Família é um sonho de consumo da classe mérdia brasileira, da qual o Alexandre Gracinha não faz parte, mas de quem se considera porta-voz supremo. Também é a promessa de campanha (antecipadíssima!!!) da turma do Aécio, que pretende angariar votos com esse tipo de aceno.

Mas, e agora chego ao principal desdobramento do episódio, não tem ninguém com cacife no Brasil de hoje para acabar com o Bolsa Família. Mais do que depredar agências bancárias e provocar tumultos em praça pública, quem ousar pôr fim ao Bolsa Família no Brasil hoje vai se ver com o povo. E aí, quem vai encarar? Aécio Neves? O PT? A classe mérdia? Pode acreditar, qualquer um que tenha esta intensão: Acabar com o Bolsa Família é prejudicial à integridade física e à saúde!

O mais sensato a fazer com relação ao programa – que aliás foi criado por Fernando Henrique (pela saudosa Dona Ruth, por sinal!) e não por Lula! – é ampliar, melhorar, incrementar e aperfeiçoar o Bolsa Família, para que, além de ser o maior programa de distribuição de renda existente no mundo hoje, se torne também um programa de inclusão e de erradicação da pobreza, com tudo, repito, TUDO o que isso significa.

sábado, 25 de maio de 2013

Jovens fazem manifesto na Assembleia do CLAI



A terceira sessão plenária da VI Assembleia Geral do Conselho Latino-Americano de Igrejas (CLAI) foi interrompida na tarde de ontem pela leitura de manifesto redigido pelos jovens participantes no evento. O documento expressa seu descontentamento com a “quase nula participação jovem nas delegações que compõem a Assembleia”. 

Martcelo Schneider, Havana, sexta-feira, 24 de maio de 2013 para ALC

O debate sobre a participação efetiva de jovens em encontros ecumênicos não é novo. Em pauta, o conflito entre servir como pessoal de apoio nos eventos e a vontade de exercer maior protagonismo nos processos de tomada de decisão. Um das causas mais agudas desse quadro está na baixa indicação de delegados jovens por parte das igrejas que compõem esses espaços.

Dividido em cinco pontos principais, o manifesto tem um forte tom de desabafo: “Parece que nossa presença só é requerida para estabelecer alianças com agências de cooperação, e não para o trabalho concreto”.

Jessica Mora Romero, 26 anos, coordenadora da Pastoral de Juventude do CLAI, oferece elementos para compreender o descontentamento dos jovens que representa. Ela lembra que quando as igrejas receberam a convocação para a Assembleia, o CLAI ressaltou a importância de que as delegações incluíssem jovens. “O que vemos na plenária aqui em Havana prova que o resultado, mais uma vez, foi bastante decepcionante”, afirma. Ela lidera um grupo de 43 jovens, dos quais 19 são de diversos países onde o CLAI tem presença, que estão em Havana participando de atividades ligadas à VI Assembleia.

Ao contrário dos delegados e convidados da Assembleia, que estão hospedados no hotel Habana Libre, onde acontece o evento, os jovens estão alojados nas dependências de uma igreja de Havana. Esse cenário, segundo o manifesto lido em plenária, acaba gerando um sentimento de distanciamento. O documento elaborado pelos jovens afirma: “Não se trata do lugar, mas de que não se pratica a igualdade que pregamos”.

“Temos visões, projetos, ideais e sonhos, mas também o compromisso sério e decidido de trabalhar com todas e todos vocês”, declararam os jovens. “Não queremos ser servidos nem deixar de servir. Queremos igualdade”, concluíram.

A Assembleia segue até o dia 26 com enfoques sobre o futuro do CLAI, seu lugar no movimento ecumênico e perguntas sobre sua sustentabilidade.

terça-feira, 21 de maio de 2013

Havana hospeda a VI Assembleia Geral do CLAI



A VI Assembleia Geral do Conselho Latino-Americano de Igrejas (CLAI), de 20 a 26 de maio em Havana-Cuba, reúne cerca de 300 delegados e delegadas de denominações de 20 países. Para conhecer a lista de igrejas que integram o Conselho Latino-Americano de Igrejas e que estarão representadas na Assembleia Geral em Havana, clique aqui. A sede administrativa do CLAI fica em Quito-Equador.

Na celebração ecumênica de abertura, delegados das igrejas que integram o CLAI ofereceram doações, coletadas em suas denominações, para a reconstrução das áreas cubanas atingidas por furacões, fazendo jus ao lema da Assembleia: “Afirmando um ecumenismo de gestos concretos”. 

Em entrevista coletiva, o secretário-geral do CLAI, Nilton Giese, disse que as igrejas do continente latino-americano querem conhecer como atuam as igrejas da Ilha caribenha, fortalecer laços de amizade com o povo cubano e compartilhar experiências extraídas desses contatos.

Giese, que é brasileiro e pastor da IECLB, lembrou na coletiva que a Assembleia estava prevista originalmente para o mês de fevereiro, mas que não foi possível realizá-la então porque os Estados Unidos congelaram os recursos destinados à organização do evento, por conta do bloqueio mantido há 50 anos contra Cuba, que estavam depositados em um banco norte-americano.

O presidente do CIC, Joel Ortega, expressou a satisfação dos religiosos do país pela celebração da Assembléia na Ilha, o que considera um reconhecimento ao trabalho ecumênico das igrejas cubanas ao longo de muitos anos. Ortega destacou o “momento histórico” vivido pela América Latina devido às experiências de unidade e integração, e o “espírito de solidariedade que esse evento levantou em diferentes sentidos”. A Assembleia será uma oportunidade de demonstrar como a igreja trabalha na busca da paz, da reconciliação, de caminhos de transformação para Cuba e a América Latina.

A Assembleia do CLAI realiza-se a cada seis anos. A Assembleia em Cuba teve a abertura no Teatro Lázaro Peña e faz suas sessões no Hotel Habana Livre. Você poderá acompanhar notícias da Assembleia Geral do CLAI aqui, neste blog.

DEPOIS DE WORMS, A CAÇADA A LUTERO

No último dia da Dieta de Worms, 26 de maio de 1521, já sem a presença de Lutero, foi decretado o Édito de Worms. O documento fora redigido ...