Mais uma história para contar aos defensores das armas. A história vem do Rio de Janeiro e está no Jornal do Brasil de hoje:
“É gravíssimo o estado de saúde da menina de 9 anos baleada na cabeça em Pedra de Guaratiba, na Zona Oeste do Rio, na manhã de terça-feira (30 de agosto). Ela permanece internada no CTI do Hospital Miguel Couto. A menina passou por uma cirurgia que durou cerca de seis horas. O delegado titular da 43ª DP (Guaratiba), Antônio Ricardo Lima Nunes, disse que o disparo foi acidental. De acordo com a perícia feita na casa da família, a criança teria atirado contra a própria cabeça, pensando que a arma era brinquedo. Segundo o delegado, o pai da criança disse que tinha saído de casa para comprar material de construção e quando voltou, encontrou a filha ferida. O comerciante contou ao delegado que tinha comprado a arma para se defender, já que é dono de um bar e trabalha à noite. Ele disse não saber como a filha encontrou a pistola, que ficava escondida em cima do armário, debaixo de um urso de pelúcia, no quarto das crianças.”
Tudo indica que ela foi pegar o ursinho para brincar e encontrou o “brinquedo” do pai. Absolutamente imprevidente e irresponsável, escondeu o seu brinquedo entre os brinquedos da filha.
quarta-feira, 31 de agosto de 2011
A indecência toma conta
Definitivamente, estamos perdendo a batalha contra a imoralidade e a falta de ética. Não sou dos que pretendem resolver essas coisas com violência. Acredito na educação, na organização popular democrática, na força do voto e em tudo o que a Revolução Francesa tão bem resumiu no seu slogan: “Liberdade, Igualdade, Fraternidade”. Mas, confesso que estou perdendo as esperanças. Dois fatos quentinhos e indecentes, só para exemplificar.
O primeiro deles aconteceu ontem à noite, com o nosso Congresso mais uma vez assinando sua confissão pública de corporativismo e falta de compromisso com os eleitores. O que fizeram? Bem, livraram Jaqueline Roriz da cassação. Mesmo com a debochada exibição de um vídeo em que ela recebe um maço maçudo de grana preta. Contra fatos não há argumentos, diria qualquer pessoa sensata. Mas os deputados provaram, do jeito mais torto possível, que contra fatos há, sim, argumentos, mesmo que sejam execráveis. Mas, o que conta mesmo, é a encenação. No dia em que recebeu o maço maçudo, ela riu (está no vídeo). Ontem à noite, ela chorou. E convenceu. Depois de absolvida, ela riu. De todos nós. Agora nós é que choramos, porque perdemos mais uma batalha.
O segundo fato é essa história do PSD, o partidinho particular do prefeito de São Paulo Gilberto Kassab. Ele foi eleito pelo DEMolido, o partido que derrete que nem sorvete ao sol, que tem se camuflado como camaleão ao longo das últimas décadas para sobreviver sob qualquer pretexto, passando do antigo PSD dos tempos de Getúlio para a ARENA da ditadura milico-civil, que se camuflou de PDS, que e se dividiu estrategicamente para criar o PSDB, depois se camuflou de PFL, arranjou uma mortalha como Democratas e agora retorna qual fênix, como PSD. A ideologia social-democrata foi o que menos importou para eles desde sempre, porque embora usem as surradas três letrinhas pensam todos exatamente como pensava a velha UDN. Pelo visto, a turminha não consegue libertar-se dessas três letrinhas, embora nunca tivessem qualquer resquício de social-democracia, nem no discurso nem nas atitudes. (Para entender um pouco melhor essa ciranda partidária na política brasileira, clique aqui).
Para recriar a velha legenda, agora se revela em todos os cantos do país o que já se sabe aqui em Santa Catarina há pelo menos um mês: até gente morta assinou a lista de adesão que assegura o cumprimento da lei eleitoral que exige 400 mil assinaturas para a criação de um partido. Isso sem contar as assinaturas falsas, repetidas e até triplicadas.
Ou seja, o partido já começa como uma grande farsa, uma palhaçada, um tapa na cara dos otários eleitores, a quem querem fazer crer tratar-se de coisa nova. Embrulhar carne podre em embalagem nova é muita cara de pau! Agora já não tem mais como tapar o sol com a peneira, pois a farsa está em todos os grandes jornais e reportagens de TV do Brasil.
O “novo” partido político, que nem programa partidário tem, já nasce torto, fora da lei, caso de polícia. E, sabemos todos desde criancinha, pau que nasce torto morre torto. Talvez, da próxima vez em que vão querer apresentar a carne podre numa embalagem nova, troquem mais uma vez as letras e usem SDP, ou SPD.
A pergunta que não quer calar é: Quem estaria cometendo este crime de falsificação de assinaturas? A tese levantada pelo deputado e ex-candidato a vice de Serra, Índio da Costa, é típica: “Adversários incomodados podem estar agindo de má-fé para dificultar o trabalho”. Sinceramente, meus queridos, incomodado eu fico com tanta cara de pau, com tanta autoconfiança de que isso tudo vai ser encarado com absoluta normalidade e nada vai acontecer nem a Kassab nem às suas três letrinhas que, de tanto trocarem de posição, até já parecem quiz.
terça-feira, 30 de agosto de 2011
Regenwald
Misericórdia, como chove em Blumenau! Entra semana, sai semana e nada muda. Aliás, só mudou a questão ambiental por aqui. A natureza não suporta mais. Está sangrando. Deviam construir aqui no Vale do Itajaí a maior cisterna do mundo e canalizar toda esta água para o resto do Brasil, que está em chamas.
Interessante constatar que vivemos na região da Mata Atlântica, que em alemão é denominada de Regenwald, ou seja, Floresta de Chuva. E é verdade! Em regiões de Mata Atlântica chove muito. O único problema é que a floresta já não existe mais há décadas. Apenas a chuva ficou, se instalou e se intensificou.
Agora, o que antes a floresta segurava, agora desce. O que antes a floresta mantinha coberto, agora está exposto. Amolece que nem manteiga fora da geladeira. O resto é por conta da mais antiga das leis da natureza: a da gravidade. Os deslizamentos já começaram. As cheias na região também. É a velha rotina que nos afoga por aqui.
Pais devem optar entre radiação e educação em Fukushima
Equipe do Greenpeace mede níveis de radiação nas escolas de Fukushima.
Foto: Noriko Hayashi/Greenpeace
As crianças da cidade japonesa de Fukushima devem voltar às aulas esta semana, apesar de as suas instalações escolares continuarem contaminadas pela radiação vinda da planta nuclear da usina, denuncia o Greenpeace.
Especialistas da entidade de proteção ambiental mediram os níveis de radiação de diversas escolas há uma semana, bem como de locais públicos da cidade. Com os dados na mão, pediram ao recém-empossado primeiro ministro japonês, Yoshihiko Noda, para que mantenha as escolas da região fechadas enquanto não estejam devidamente descontaminadas. Segundo o Greenpeace, os pais não deveriam ser obrigados a escolher entre expor seus filhos a radiação ou a educação – e no momento é exatamente diante desta decisão que estão milhares de pais na região de Fukushima.
A equipe de monitoramento de radiação do Greenpeace inspecionou uma escola secundária, uma pré-escola e uma creche, bem como diversas áreas públicas de Fukushima, constatando altos índices de radiação numa das escolas que as autoridades haviam acabado de submeter a processo de descontaminação. Também descobriram índices perigosos de radiação num parque infantil da cidade.
Além do evidente risco em áreas ainda não assistidas pelas equipes de descontaminação, os índices continuam perigosos em áreas que as autoridades dão como já descontaminadas e prontas para serem ocupadas pelas pessoas. Os índices mais baixos de radiação foram registrados em áreas em que a população realizou suas próprias atividades de descontaminação. Um dos exemplos é uma escola em que a comunidade e ONGs realizaram o trabalho de remoção da radiatividade. Entretanto, mesmo com a escola fora de risco, as crianças estão submetidas a radiação ainda assim, no caminho para a escola e de volta para casa.
O governo japonês anunciou um novo plano de descontaminação para a área de Fukushima – mas, como muitas iniciativas governamentais no passado, é muito pouco e muito tarde, diz o Greenpeace. A única atitude sensata do primeiro ministro Noda, segundo a entidade, seria impedir que as autoridades locais liberem as escolas para as crianças, além de remover a população afetada imediatamente para longe das áreas de alto risco de contaminação. Resolver este problema, que as autoridades têm empurrado com a barriga, é o desafio do primeiro ministro em início de mandato, diz o Greenpeace.
Foto: Noriko Hayashi/Greenpeace
As crianças da cidade japonesa de Fukushima devem voltar às aulas esta semana, apesar de as suas instalações escolares continuarem contaminadas pela radiação vinda da planta nuclear da usina, denuncia o Greenpeace.
Especialistas da entidade de proteção ambiental mediram os níveis de radiação de diversas escolas há uma semana, bem como de locais públicos da cidade. Com os dados na mão, pediram ao recém-empossado primeiro ministro japonês, Yoshihiko Noda, para que mantenha as escolas da região fechadas enquanto não estejam devidamente descontaminadas. Segundo o Greenpeace, os pais não deveriam ser obrigados a escolher entre expor seus filhos a radiação ou a educação – e no momento é exatamente diante desta decisão que estão milhares de pais na região de Fukushima.
A equipe de monitoramento de radiação do Greenpeace inspecionou uma escola secundária, uma pré-escola e uma creche, bem como diversas áreas públicas de Fukushima, constatando altos índices de radiação numa das escolas que as autoridades haviam acabado de submeter a processo de descontaminação. Também descobriram índices perigosos de radiação num parque infantil da cidade.
Além do evidente risco em áreas ainda não assistidas pelas equipes de descontaminação, os índices continuam perigosos em áreas que as autoridades dão como já descontaminadas e prontas para serem ocupadas pelas pessoas. Os índices mais baixos de radiação foram registrados em áreas em que a população realizou suas próprias atividades de descontaminação. Um dos exemplos é uma escola em que a comunidade e ONGs realizaram o trabalho de remoção da radiatividade. Entretanto, mesmo com a escola fora de risco, as crianças estão submetidas a radiação ainda assim, no caminho para a escola e de volta para casa.
O governo japonês anunciou um novo plano de descontaminação para a área de Fukushima – mas, como muitas iniciativas governamentais no passado, é muito pouco e muito tarde, diz o Greenpeace. A única atitude sensata do primeiro ministro Noda, segundo a entidade, seria impedir que as autoridades locais liberem as escolas para as crianças, além de remover a população afetada imediatamente para longe das áreas de alto risco de contaminação. Resolver este problema, que as autoridades têm empurrado com a barriga, é o desafio do primeiro ministro em início de mandato, diz o Greenpeace.
segunda-feira, 29 de agosto de 2011
Resolvendo a bala
Um funcionário de uma empresa de ônibus da Rodoviária de Rondonópolis, a 210 quilômetros de Cuiabá, morreu a tiros no sábado, 27 de agosto. Motivo? Um passageiro se irritou ao perder um ônibus e matou o atendente Luiz Antônio Severino com dois tiros. Simples assim.
O atirador iria pegar um ônibus para Cuiabá, que saía da rodoviária às 15h, mas chegou para embarque às 16h30, querendo pegar o ônibus de qualquer jeito. Mesmo atrasado em uma hora e meia, ele ficou irritado e disparou dois tiros contra o funcionário da empresa, que estava de plantão no guichê de venda de passagens, matando-o friamente, covardemente, por motivo torpe. Depois disso, fugiu de moto e não foi encontrado.
Senhores defensores das armas, eis aí mais um exemplo para a sua lista. Sempre é bom ter razão, nem que seja a bala. Transformando o Brasil num faroeste, certamente vamos, enfim, ter justiça para todos, igualdade de direitos, principalmente de direitos, e todos cumprirão seus deveres.
Polícia, juízes, advogados, estado de direito, tudo isso é caro e desnecessário. Vamos, cada um por sua conta, resolver os problemas, metendo bala quando considerar adequado, justificadamente ou não.
O atirador iria pegar um ônibus para Cuiabá, que saía da rodoviária às 15h, mas chegou para embarque às 16h30, querendo pegar o ônibus de qualquer jeito. Mesmo atrasado em uma hora e meia, ele ficou irritado e disparou dois tiros contra o funcionário da empresa, que estava de plantão no guichê de venda de passagens, matando-o friamente, covardemente, por motivo torpe. Depois disso, fugiu de moto e não foi encontrado.
Senhores defensores das armas, eis aí mais um exemplo para a sua lista. Sempre é bom ter razão, nem que seja a bala. Transformando o Brasil num faroeste, certamente vamos, enfim, ter justiça para todos, igualdade de direitos, principalmente de direitos, e todos cumprirão seus deveres.
Polícia, juízes, advogados, estado de direito, tudo isso é caro e desnecessário. Vamos, cada um por sua conta, resolver os problemas, metendo bala quando considerar adequado, justificadamente ou não.
A melhor invenção do mundo!
Em 29 de agosto de 1885 o inventor alemão Gottlieb Daimler patenteia um veículo motorizado de duas rodas, que hoje é amplamente aceito como o precursor das motocicletas. Pelo menos, era a primeira com cara de moto, em comparação com as geringonças anteriores. A criação de Daimler era uma construção tosca de madeira, com duas rodinhas laterais de apoio, para evitar que o veículo tombasse. Era um veículo leve, com um motor alimentado a gasolina, que atingia a velocidade de oito quilômetros por hora. Sua produção em massa só começou em 1897, pela Hildebrandt u. Wolfmüller, de Munique, que patenteou a expressão “motorrad” (motocicleta).
A partir de então, fábricas para produzir o novo meio de transporte pipocavam por todos os lados, na Alemanha. Mas seu principal negócio era a exportação, pois os alemães faziam piada, chamando o veículo de fedorento e que dava estalos, que podia levar seu usuário a cair duro, intoxicado, se abrisse a boca ao andar muito devagar.
Ao contrário do país que inventou a moto, os americanos e os ingleses encaravam tudo isso de modo bem diferente. Durante a 1ª Guerra Mundial, o exército britânico usou em torno de 50 mil motos das marcas Douglas e Triumph, enquanto os EUA equiparam suas tropas com 10 mil Harley Davidson e Indian. Enquanto isso, o exército alemão tinha apenas 5 mil motos. O cenário só mudou depois daquela guerra, quando a BMW criou a R32, um modelo com 8,5 cavalos-vapor, capaz de atingir 92 km/h e que já apresentei neste blog.
Os anos de ouro para as motocicletas foram após a 2ª Guerra Mundial e o sucesso das motos fez florescer a indústria alemã. DKW, Adler, Tornax, Horex und Zündap, Maiko e Kreidler lançaram modelos no mercado, juntando-se às importadas Harley Davidson e Indian (EUA), Norton e Triumph (Inglaterra), e às esportivas Moto Guzzi, Gilera e Benelli (Itália).
Mas o cenário mudou definitivamente quando os japoneses entraram no setor, mudando a imagem do produto e a estratégia de vendas, a começar por Soishiro Honda, que apresentava suas motos aos consumidores americanos como as mais bonitas para hobby e aventuras, vendendo a sensação de liberdade sobre duas rodas. “You meet the nicest people on a Honda” (Você encontra as pessoas mais legais numa Honda), era o slogan dos seus anúncios.
Nos anos 1970 filmes como Easy Rider - Sem destino contribuíram ainda mais para fixar a imagem cult da motocicleta, tornando-a sinônimo de ruptura, rebeldia e prazer. Hoje a motocicleta é um hobby de muitos adeptos. Os fãs do invento de Daimler têm à disposição os mais variados modelos para todo tipo de terreno e uso. O próprio Gottlieb Daimler havia previsto: “Será algo indescritível, gostoso, ter um veículo motorizado que desenvolva uma velocidade compatível e apta para transportar ao menos uma pessoa e que possa percorrer as estradas livremente”. Acertou em cheio. Andar de moto é uma delícia!
(Com informações de DW-World)
Você gostaria de saber qual é a sensação de ser um papa? Agora isso já é possível. No mundo virtual, dos jogos eletrônicos, tudo é possível; inclusive sentar-se no trono de São Pedro. Qualquer pessoa, mesmo do sexo feminino e sem ser cristã, pode chegar ao trono do bispo de Roma. Virtualmente! Segundo a Agência ALC, a empresa norte-americana SGR Games desenvolveu o jogo “Vatican Wars” (Guerra vaticana), que leva o vencedor a ocupar trono papal.
O jogo está online, gratuitamente, no Facebook. Por meio dele qualquer usuário, homem ou mulher, de qualquer confissão religiosa ou mesmo ateu pode jogar. O competidor escolhe uma das equipes: templários (conservadores) ou cruzados (liberais), e com suas convicções pode revolucionar a igreja ou mantê-la como está.
Até alcançar o Vaticano, o competidor enfrentará obstáculos e imprevistos. Ele terá que tomar posições quanto ao aborto, à bioética, conhecer o calendário litúrgico, os santos diários e ter noções de teologia. O “Vatican Wars”, há meses no Facebook, está na lista dos mais clicados.
Em setembro será lançado outro jogo, o “Shadows on Vatican” (Sombras no Vaticano), pela Arte Studio Torre del Greco. O protagonista é um missionário norte-americano que tem por missão investigar eventos que abalam a tranquilidade vaticana.
sexta-feira, 26 de agosto de 2011
Igreja movida a testosterona
Algumas das pastoras e diáconas da IECLB que atuam em paróquias do Norte de Santa Catarina.
Ainda há muita coisa a ser feita no que diz respeito à liberação das mulheres e na conquista de igualdade de direitos em relação à metade de homens da humanidade. Enquanto para nós luteranos é normal ter bispas no mundo todo – já tivemos uma pastora sinodal aqui mesmo na IECLB – e temos pastoras atuando no ministério com ordenação em muitas de nossas paróquias, muitas igrejas irmãs têm uma verdadeira guerra em torno da implantação do sacerdócio feminino.
Nem falo da igreja católica romana, que deve levar ainda muitos anos – talvez décadas ou séculos – até livrar-se daquela monarquia de machos, com seu patriarcalismo arcaico. Com tristeza, olho para a nossa irmã luterana, a IELB, que encara a nossa abertura para o sacerdócio feminino como um excesso de liberdade luterana, sendo este um dos principais empecilhos para a comunhão luterana plena.
Mas recebi com profunda decepção a notícia de que os presbiterianos do México levaram a votação em assembleia a decisão de aceitar o sacerdócio feminino ou não, e tomaram uma decisão que os lança diretamente no colo do arcaísmo romano mais degradante. Segundo a agência de notícias ALC, com uma votação acachapante de 158 votos contra 14, a Assembleia Geral da Igreja Nacional Presbiteriana do México (INPM), reunida nos dias 17 a 19 de agosto em Xonacatlán, rejeitou a ordenação de mulheres ao sacerdócio.
Veja bem, não houve uma diferença razoável de 40% versus 60%. Nem foi uma diferença de um terço contra dois terços. A votação foi tão esmagadora quanto só mais de 91% consegue ser! Isso é quase uma unanimidade. E, nesse caso, a unanimidade não é somente burra como é uma gigantesca violência contra metade da Cristandade; a metade feminina, bonita, inteligente, capaz e tão filha de Deus quanto a arrogante metade de homens que, incrivelmente, ainda pensa como na idade média, quando só os homens recebiam herança, acreditando que somente machos herdarão o Reino dos Céus.
Incrivelmente, é mais um caso de interpretação fundamentalista da Bíblia. Diversos delegados alegaram que as ordens bíblicas não incluem a possibilidade das mulheres serem ordenadas e outros, mesmo admitindo que Deus possa chamar mulheres para o seu serviço, prenderam-se na “inexistência de textos bíblicos que justifiquem o ministério feminino”.
O debate foi tão medieval que nem mesmo o lema “Liberdade, Igualdade e Fraternidade” da Revolução Francesa escapou, uma vez que houve uma absoluta rejeição aos avanços democráticos e sociais dos princípios expressos por ela, que foi qualificada como “movimento apóstata” que introduziu perniciosamente o conceito e a prática da emancipação das mulheres.
Os vitoriosos da igreja contaminada por ares de porão de masmorra medieval manifestaram descontentamento com os poucos que ousaram voltar ao tema já banido pelos concílios de 1980 e 2006 dos presbiterianos mexicanos. Agora exigem “mão de ferro” para os que não cumprirem as diretrizes aprovadas na Assembleia, dizendo que é tempo de tomar medidas disciplinares sem concessões. Com 102 votos a favor da medida, a Assembleia determinou que presbitérios e igrejas que ordenaram mulheres anulem, de imediato, tais medidas. A decisão dos mexicanos levou ao rompimento com a comunhão presbiteriana mundial, que ordena mulheres, especialmente a dos EUA.
Ainda há muita coisa a ser feita no que diz respeito à liberação das mulheres e na conquista de igualdade de direitos em relação à metade de homens da humanidade. Enquanto para nós luteranos é normal ter bispas no mundo todo – já tivemos uma pastora sinodal aqui mesmo na IECLB – e temos pastoras atuando no ministério com ordenação em muitas de nossas paróquias, muitas igrejas irmãs têm uma verdadeira guerra em torno da implantação do sacerdócio feminino.
Nem falo da igreja católica romana, que deve levar ainda muitos anos – talvez décadas ou séculos – até livrar-se daquela monarquia de machos, com seu patriarcalismo arcaico. Com tristeza, olho para a nossa irmã luterana, a IELB, que encara a nossa abertura para o sacerdócio feminino como um excesso de liberdade luterana, sendo este um dos principais empecilhos para a comunhão luterana plena.
Mas recebi com profunda decepção a notícia de que os presbiterianos do México levaram a votação em assembleia a decisão de aceitar o sacerdócio feminino ou não, e tomaram uma decisão que os lança diretamente no colo do arcaísmo romano mais degradante. Segundo a agência de notícias ALC, com uma votação acachapante de 158 votos contra 14, a Assembleia Geral da Igreja Nacional Presbiteriana do México (INPM), reunida nos dias 17 a 19 de agosto em Xonacatlán, rejeitou a ordenação de mulheres ao sacerdócio.
Veja bem, não houve uma diferença razoável de 40% versus 60%. Nem foi uma diferença de um terço contra dois terços. A votação foi tão esmagadora quanto só mais de 91% consegue ser! Isso é quase uma unanimidade. E, nesse caso, a unanimidade não é somente burra como é uma gigantesca violência contra metade da Cristandade; a metade feminina, bonita, inteligente, capaz e tão filha de Deus quanto a arrogante metade de homens que, incrivelmente, ainda pensa como na idade média, quando só os homens recebiam herança, acreditando que somente machos herdarão o Reino dos Céus.
Incrivelmente, é mais um caso de interpretação fundamentalista da Bíblia. Diversos delegados alegaram que as ordens bíblicas não incluem a possibilidade das mulheres serem ordenadas e outros, mesmo admitindo que Deus possa chamar mulheres para o seu serviço, prenderam-se na “inexistência de textos bíblicos que justifiquem o ministério feminino”.
O debate foi tão medieval que nem mesmo o lema “Liberdade, Igualdade e Fraternidade” da Revolução Francesa escapou, uma vez que houve uma absoluta rejeição aos avanços democráticos e sociais dos princípios expressos por ela, que foi qualificada como “movimento apóstata” que introduziu perniciosamente o conceito e a prática da emancipação das mulheres.
Os vitoriosos da igreja contaminada por ares de porão de masmorra medieval manifestaram descontentamento com os poucos que ousaram voltar ao tema já banido pelos concílios de 1980 e 2006 dos presbiterianos mexicanos. Agora exigem “mão de ferro” para os que não cumprirem as diretrizes aprovadas na Assembleia, dizendo que é tempo de tomar medidas disciplinares sem concessões. Com 102 votos a favor da medida, a Assembleia determinou que presbitérios e igrejas que ordenaram mulheres anulem, de imediato, tais medidas. A decisão dos mexicanos levou ao rompimento com a comunhão presbiteriana mundial, que ordena mulheres, especialmente a dos EUA.
quinta-feira, 25 de agosto de 2011
Philip Potter, ícone do ecumenismo
Desde sua fundação em 1948, o Conselho Mundial de Igrejas teve nove assembleias gerais e somente um homem participou de todas elas. Este homem é Philip Potter, que completou 90 anos no dia 19 de agosto último. Ele foi o primeiro secretário-geral do CMI, de 1972 a 1984, com origem no terceiro mundo.
Philip Potter é nascido no Caribe, na ilha de Domênica, onde iniciou sua carreira ecumênica já na infância. Seu avô, fervoroso católico, o levava às missas nos domingos, enquanto sua mãe era metodista convertida. O nome ele herdou de um bispo católico, e barreiras confessionais ele já considerava estranhas naquele tempo: “Durante seis dias da semana nós fazíamos tudo juntos; somente aos domingos estávamos divididos”.
Sangue de escravos africanos, antepassados caribenhos e até de uma família da nobreza irlandesa corriam em suas veias, o que certamente ajudou na facilidade que tem em transitar por diversas culturas.
Ele participou da primeira assembleia geral do CMI, em 1948 em Amsterdam, como orador da delegação jovem. Dois anos depois disso, o seu engajamento em favor dos pobres o levou a ser pastor metodista no Haiti, onde atuou por quatro anos. Depois disso, trabalhou em diversas funções no CMI, antes de ser eleito secretário-geral em 1972.
Para este ícone do ecumenismo mundial, sua função no CMI sempre foi encarada também como um ministério político, com o lema “a bíblia numa mão e o jornal na outra”. A luta contra o racismo dentro e fora das igrejas foi uma das mais engajadas, tanto que suas sucessivas eleições à frente do CMI foram um claro sinal de que essa luta havia produzido frutos perenes, não só no combate ao racismo, mas na demonstração de que a Europa aprendia a valorizar lideranças vindas do hemisfério sul do planeta.
Depois de sua aposentadoria, ele e a esposa foram morar na Jamaica, onde lecionavam Teologia na Universidade de Kingston. Mas, desde que sua esposa Bärbel Wartenberg-Potter foi eleita bispa luterana em Lübeck, na Alemanha, em 2001, ele reside na Alemanha.
quarta-feira, 24 de agosto de 2011
Zara confia na nossa memória fraca
Aí está um prova contundente de que a nossa sociedade – repleta de corruptos, malfeitores e espertos de toda ordem –, conta cem por cento com a inacreditável memória curta de todos. Rouba-se inescrupulosamente, descaradamente, na certeza de que tudo será esquecido em pouco tempo. O político safado reelege-se porque seus eleitores não se lembram dos processos que enfrenta. O empresário volta à carga porque sabe que, com a sua grana, cala a boca de qualquer sujeito que tenha memória boa.
E agora esta: Segundo reportagem do Santa de hoje, no Blog do Pancho, a rede de lojas Zara deve abrir uma unidade em Blumenau, a segunda em Santa Catarina. A notícia termina com uma inacreditável afirmação: “Pode até não ser o momento adequado para o anúncio, já que fornecedores da Zara foram bombardeados por denúncias de trabalho escravo, mas como temos memória curta, em três meses poucos vão lembrar”.
Para os já desmemoriados, as denúncias foram veiculadas pelo programa “A Liga”, há duas semanas. Quem não se lembra, pode refrescar a memória aqui. Na matéria, imigrantes ilegais bolivianos, mantidos como escravos, confeccionam calças jeans e outros modelitos para a rede espanhola Zara, ao preço ridículo de R$ 1,80 a peça, e colocam a etiqueta famosa da marca na vestimenta, que é vendida por centenas de reais dentro da loja, como se fosse importada da Espanha.
Agora, eles vêm instalar uma loja chiquérrima aqui em Blumenau, no novo shopping Park Europeu, que por sinal é próximo da minha casa. A loja terá 2,1 mil metros quadrados, para atender um terço dos clientes do grupo Zara que vai a Florianópolis daqui, para comprar lá. Êta elite burra! E ainda enche a boca para falar mal de pobres, operários, nordestinos...
E agora esta: Segundo reportagem do Santa de hoje, no Blog do Pancho, a rede de lojas Zara deve abrir uma unidade em Blumenau, a segunda em Santa Catarina. A notícia termina com uma inacreditável afirmação: “Pode até não ser o momento adequado para o anúncio, já que fornecedores da Zara foram bombardeados por denúncias de trabalho escravo, mas como temos memória curta, em três meses poucos vão lembrar”.
Para os já desmemoriados, as denúncias foram veiculadas pelo programa “A Liga”, há duas semanas. Quem não se lembra, pode refrescar a memória aqui. Na matéria, imigrantes ilegais bolivianos, mantidos como escravos, confeccionam calças jeans e outros modelitos para a rede espanhola Zara, ao preço ridículo de R$ 1,80 a peça, e colocam a etiqueta famosa da marca na vestimenta, que é vendida por centenas de reais dentro da loja, como se fosse importada da Espanha.
Agora, eles vêm instalar uma loja chiquérrima aqui em Blumenau, no novo shopping Park Europeu, que por sinal é próximo da minha casa. A loja terá 2,1 mil metros quadrados, para atender um terço dos clientes do grupo Zara que vai a Florianópolis daqui, para comprar lá. Êta elite burra! E ainda enche a boca para falar mal de pobres, operários, nordestinos...
O blog que pode virar igreja
Os brasileiros estão entre os povos que mais utilizam redes sociais como twitter e facebook. Mas um dia antes da realização do Eclesiocom, no dia 17 de agosto, os jornais publicaram a informação de que esse vigor todo está arrefecendo.
Ao lado dos russos, os brasileiros também estão entre os mais cansados das redes sociais. Um levantamento realizado pela consultoria Garner em 11 países aponta que no Brasil e na Rússia, 30% a 40% dos usuários usam menos esses sites agora do que quando se inscreveram.
A revista UMA, publicação feminina da Editora Escala, também destaca em sua edição de agosto o surgimento de um movimento contrário à onda virtual, com o surgimento de grupos de mulheres que buscam espaço em suas agendas para os contatos reais, organizando reuniões de bate-papo, meditação, estudo e até prática de tricô.
Na reportagem abaixo você vai conhecer a história de um blogueiro, pastor evangélico, que depois de arrebanhar um rebanho virtual está vendo o movimento se materializar.
Em 2008, o então estudante de teologia Paulo Siqueira resolveu lançar dois blogs de uma só vez: um mais teológico, no qual pudesse publicar seus trabalhos acadêmicos e um outro de caráter mais laico. Ambos abertos ao diálogo sobre a cena evangélica brasileira com o mesmo espírito crítico diante do pensamento e práticas influenciadas pela teologia da prosperidade.
Como diligente blogueiro, Paulo começou a interagir com os seus leitores, respondendo dúvidas e comentários. Ficou quase doido. O número de comentários começou a crescer tanto que nem mesmo de celular em punho, acessando o blog em todos os momentos livres, ele conseguia dar conta de acompanhar as mensagens que chegavam. Paulo Siqueira comprou, então, mais um computador para a casa, ganhou o apoio ativo da esposa Vera, que assumiu o “Estrangeira”, e viu nascer, quase perplexo, um novo movimento pela ética eclesial.
Os blogs do casal Paulo e Vera catalisaram especialmente o descontentamento de jovens evangélicos ansiosos pelo retorno ao “Cristianismo puro e simples” – título de um livro de C. S. Lewis com o qual explicam seu objetivo. São pessoas decepcionadas com a mercantilização da fé, muitas delas feridas por doutrinas e práticas estapafúrdias, mas que mantiveram viva a sua fé.
A própria blogueira Vera é uma dessas sobreviventes. Vera havia pertencido a diferentes grupos religiosos, antes de se tornar evangélica, mas, por maior que fosse a sua fé, não conseguia se livrar de um mal que a afligia: sentia cheiros desagradáveis onde quer que fosse.
“Espíritos” foi a explicação que ela ouviu durante o tempo em que freqüentou centros espíritas. “Demônios”, disseram-lhe pastores evangélicos. Foi na Unifesp (antiga Escola Paulista de Medicina) que Vera se descobriu portadora de uma rara síndrome. Agora, espera ajudar outros portadores desta síndrome, contando sua experiência em um livro que já tem até título escolhido: “Algo não cheira bem na Igreja”.
Inspirados pelas reflexões compartilhadas pelos blogs e mobilizados por intermédio das redes sociais, os blogueiros e seus leitores participaram, em junho, da última Marcha para Jesus (evento capitaneado pela Igreja Renascer) ostentando faixas que pediam ética às igrejas evangélicas brasileiras (foto, acima). “O show tem que parar”, exortavam. Quase apanharam dos seguranças da Marcha. O vídeo da confusão, gravado por celulares, foi para o youtube. “Em seis minutos, comecei a receber e-mails e ligações do Brasil e do exterior”, diz Paulo.
Um desses contatos era de uma repórter do Christian Post, site evangélico de notícias com sede nos Estados Unidos, que o entrevistou. Paulo conta que recebeu convite para se tornar um colaborador do site.
Dois dias depois da Marcha para Jesus, os participantes do Movimento pela Ética Evangélica fizeram o que eles chamam de “antimarcha”: organizaram uma visita, em grupo, a centros de doação de sangue, para sinalizar a “responsabilidade social da Igreja”. “As pessoas querem fazer algo em prol do Reino, mas não são estimuladas pela instituição”, afirma Paulo.
O que eram apenas contatos on line já se tornaram reuniões de reflexão e estudo bíblico. Participam desses encontros, conta Paulo Siqueira, jovens oriundos de todas as tribos e tendências, incluindo um ex-neonazista convertido ao Evangelho. “O virtual está se materializando em nossa frente”, diz o teólogo que já recebeu pedidos para fundar uma Igreja.
A sociologia da religião ensina que os movimentos tendem a se institucionalizar. O que era profeta, contestando a ordem vigente, pode se transformar em sacerdote, legitimando uma nova ordem. Esse é o desafiador quadro que se apresenta ao blogueiro e pastor Paulo. Que Deus o ajude.
Suzel Tunes, para Agência Latino-Americana e Caribenha de Comunicação-ALC
terça-feira, 23 de agosto de 2011
Adeus, sucata!
Finalmente! Até parece um sonho, de tão inacreditável. As sucatas da VASP começaram a ser desmontadas no aeroporto de Congonhas,
Além de estarem entulhando o aeroporto, ainda custava cerca de 100 mil reais mensais para manter cada um desses calhaus velhos parado ali... Só em Congonhas isso dava a bagatela mensal de 900 mil reais em aluguéis de espaços que não eram faturados.
A iniciativa faz parte do programa Espaço Livre, coordenado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), em parceria com a Infraero e Anac, Ministério Público e Tribunal de Justiça de São Paulo.
De acordo com a Infraero, no país, ainda existem 117 aviões deteriorados, sem condições de voo, e que serão leiloados assim como os que estão em Congonhas. No terminal de Cumbica, em Guarulhos (Grande São Paulo), o mais importante do Brasil, existem seis aviões-sucata a ser removidos. Querem limpar 25 aeroportos dessas coisas, tudo para abrir mais espaço para 2014, para a Copa do Mundo.
O pastor 171
Eu já tenho o texto abaixo nos meus arquivos há algum tempo. É assinado por um tal de "Pastor Vinicius", que não sei quem é, nem lembro de onde retirei o texto. Mas a crônica do "Pastor Vinicius" é deliciosa e retrata com maestria o mundo evangélico neo-pentecostal em que está inserida a Igreja de Cristo por essas paragens do terceiro mundo. Tem muito pastor 171 (que é o número da lei do Código Penal Brasileiro que se refere a estelionato). Tem muito pastor estelionatário, esperto, safado, que corrompe a palavra de Deus em benefício próprio, explora a necessidade alheia e arranca de quem não tem com falsas promessas, e leva uma vida de rico. Esses dias ainda vi um desses, de terno e gravata, com uma Nissan Livina preta e um imenso adesivo colado na traseira: "Presente de Deus"... Deu vontade de bater no vidro e perguntar: "Onde é a fila para conseguir outro desses?" É o típico 171. Leia e divirta-se.
O velho pastor chamou em seu escritório o jovem rapaz que lhe auxiliava nos trabalhos. Aquele menino era o seu braço direito e ele queria passar os segredos do seu sucesso, até porque, para dar vôos mais altos e expandir o negócio, quer dizer, a igreja, ele precisaria dividir seus conhecimentos.
– Meu filho, ouve agora as minhas instruções e dá ouvidos às minhas palavras. O que vou te dizer agora é de suma importância para você vencer na vida.
O discípulo achou estranho, mas gostou da confiança que lhe estava sendo imposta.
– Existem dois tipos de pessoas: a ovelha burra e o bode ganancioso. É com este tipo de pessoas que você deverá trabalhar – sentenciou o velho para aquele jovem com olhos arregalados de surpresa. Enquanto o jovem se ajeitou na poltrona para ouvir melhor, o pastor continuou.
– Para você conseguir sucesso, fama, e dinheiro primeiro você precisa se cercar de umas mulheres mal amadas. Estas cujos maridos são totalmente ausentes, desinteressados, beberrões e que dão mais valor aos amigos do que às esposas. Elas serão fiéis a você e não deixarão que falem mal de você.
O jovem se aconchegou ainda mais na poltrona, coçou o queixo e continuava a olhar fixamente o mestre.
– Vou te falar da ovelha burra. Esse tipo de gente não lê a Bíblia e acreditará em tudo o que você falar. Use especialmente textos do Velho Testamento para arrancar o dinheiro delas. E não tenha medo. Seja ousado! Peça muito. E faça parecer que isto é um gesto de dedicação a Deus. Um gesto de fé. Na sua burrice, elas não vão questionar você.
O jovem continuava calado, meio descrente, meio surpreso, mas já vislumbrando o seu futuro.
– A estratégia para com os bodes gananciosos é diferente. Faça parecer que eles sempre irão levar vantagens. Peça dinheiro, bens, carro, casa, joias… Tudo o que eles tiverem. Mas faça parecer que eles irão ganhar o dobro se derem para Deus, quer dizer, para você. O ganancioso é a vítima mais fácil porque mesmo às vezes sendo inteligente, eles são mais facilmente enganados justamente por causa da ganância.
A esta altura o garoto já sorria maliciosamente. Fora fisgado pela fala do mestre.
– Por último, desenvolva a arte de fazer as críticas parecerem perseguição. Mais cedo ou mais tarde alguém vai denunciar ou criticar você. Quando alguém cair em si e sair do seu redil, diga que não obteve o que queria por causa da falta fé. Você precisa fazer tudo parecer um gesto de fé. Assim poderá culpar os críticos de falta de fé.
– Mas pastor… – Tentou dizer algo o jovem aprendiz.
– Ainda não terminei. Viva no luxo. Tenha do bom e do melhor. Tire o exemplo das novelas. Já viu pobreza e coisa feia nas novelas? Lá tudo é lindo e maravilhoso. Não tem miséria. O bode ganancioso e a ovelha burra acham que isto é que é sinal de bênção de Deus.
E assim a conversa se estendeu por um logo tempo. Trocaram ainda algumas considerações finais e o mestre despediu seu pupilo. Saindo para casa, após caminhar alguns metros um senhor se dirige ao jovem.
– Moço, um folheto da Palavra de Deus pra você.
O jovem pensou em recusar, mas visto que poderia fazer aquele velho tentar argumentar, aceitou. Continuou seu caminho e antes de jogar o folheto no chão, deu uma olhada no título: “Mas Deus lhe disse: Louco, esta noite te pedirão a tua alma; e o que tens preparado, para quem será?”
segunda-feira, 22 de agosto de 2011
Passaram a conversa em Dom Dadeus
A Justiça brasileira decretou a prisão preventiva do ex-vice-cônsul de Portugal em Porto Alegre, Adelino D´Assunção Nobre de Melo Vera Cruz Pinto, que é considerado foragido da justiça desde o dia 12 de agosto. A informação é da Agência Latino-Americana e Caribenha de Comunicação-ALC. Pinto está sendo acusado de aplicar um golpe de 2,5 milhões de reais na Arquidiocese de Porto Alegre.
Quando diplomata, Pinto disse que o governo de Portugal tinha 12 milhões de reais disponíveis como doação para reforma de templos de comunidades de origem lusa. O dinheiro viria através de ONG de Bruxelas, ligada à Comunidade Europeia, dirigida por Teresa Falcão e Cunha. Mas para se candidatar ao recurso, a Arquidiocese deveria depositar sua contrapartida na reforma, de 30% do valor total.
Em dois depósitos no final do ano, a Arquidiocese depositou 2,54 milhões de reais na conta do vice-cônsul porque este havia dito que o depósito não podia ser feito para o consulado em Porto Alegre por não ter CNPJ na Receita Federal brasileira. Pinto assinou uma certidão em cartório comprometendo-se a não mexer no dinheiro da Arquidiocese.
O vice-cônsul anunciou que o dinheiro da ONG cairia na conta da Arquidiocese até o dia 31 de janeiro. Dom Dadeus Grings, chegou a cobrar explicações de Pinto pelos atrasos por cinco vezes, que alegava que técnicos europeus teriam que inspecionar as obras para a liberação dos recursos. Seriam recuperadas as igrejas Nossa Senhora da Conceição, a Cúria Metropolitana, na capital, e o templo do Bom Senhor, em Triunfo.
Em março, depois de esperar tempo demais, a Arquidiocese procurou a polícia e Pinto, que estava em Lisboa, foi afastado das funções para ser investigado. Agora sem imunidade consular, Pinto é foragido da Justiça brasileira desde semana passada e está sendo procurado pela Polícia Federal e pela Interpol.
Quando diplomata, Pinto disse que o governo de Portugal tinha 12 milhões de reais disponíveis como doação para reforma de templos de comunidades de origem lusa. O dinheiro viria através de ONG de Bruxelas, ligada à Comunidade Europeia, dirigida por Teresa Falcão e Cunha. Mas para se candidatar ao recurso, a Arquidiocese deveria depositar sua contrapartida na reforma, de 30% do valor total.
Em dois depósitos no final do ano, a Arquidiocese depositou 2,54 milhões de reais na conta do vice-cônsul porque este havia dito que o depósito não podia ser feito para o consulado em Porto Alegre por não ter CNPJ na Receita Federal brasileira. Pinto assinou uma certidão em cartório comprometendo-se a não mexer no dinheiro da Arquidiocese.
O vice-cônsul anunciou que o dinheiro da ONG cairia na conta da Arquidiocese até o dia 31 de janeiro. Dom Dadeus Grings, chegou a cobrar explicações de Pinto pelos atrasos por cinco vezes, que alegava que técnicos europeus teriam que inspecionar as obras para a liberação dos recursos. Seriam recuperadas as igrejas Nossa Senhora da Conceição, a Cúria Metropolitana, na capital, e o templo do Bom Senhor, em Triunfo.
Em março, depois de esperar tempo demais, a Arquidiocese procurou a polícia e Pinto, que estava em Lisboa, foi afastado das funções para ser investigado. Agora sem imunidade consular, Pinto é foragido da Justiça brasileira desde semana passada e está sendo procurado pela Polícia Federal e pela Interpol.
domingo, 21 de agosto de 2011
IECLB é referência em inclusão
Inicia hoje, com lançamento nos cultos das comunidades da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil-IECLB, a Semana Nacional da Pessoa com Deficiência, que se estende até o dia 28 de agosto. "Normal é ser diferente" é o tema da campanha, com um lema prá lá de sugestivo, retirado de 1 Samuel 16.7b: "Porque as pessoas veem as aparências, mas Deus vê o coração".
Não é de hoje que a IECLB está fazendo um trabalho bonito nessa área da inclusão. Quando afirma que o objetivo desta semana é "construir comunidades inclusivas", em muitos lugares isso realmente não é só da boca pra fora. A igreja luterana brasileira não só deu passos significativos e pioneiros neste aspecto da inclusão de pessoas com deficiência, mas é referência para outras igrejas no Brasil e no exterior.
A caminhada iniciou nos anos 1980, com o saudoso Arno Glitz, de Curitiba, que por conta de sua experiência familiar desafiou a igreja em encontros e concílios, tornando o assunto uma das questões prioritárias entre nós.
O material distribuído pela Secretaria de Ação Comunitária para esta semana é rico, belo, inclusivo porque contempla até texto em braile no cartaz. Uma maravilha. Espero que encontre ampla divulgação e estudo em nossas comunidades, no sentido de que cresça a sensibilização para este tema urgente entre nós. Muito além de instalações adaptadas a portadores de deficiência, precisamos dar acesso livre à mensagem para surdos e cegos. Tudo pela superação do preconceito e por maior acessibilidade entre nós.
Embora sejamos referência no assunto, ainda há muito a ser feito. E esta Semana Nacional e seu belo material devem ser encarados como um poderoso e competente instrumento para ampliar espaços e horizontes.
Não é de hoje que a IECLB está fazendo um trabalho bonito nessa área da inclusão. Quando afirma que o objetivo desta semana é "construir comunidades inclusivas", em muitos lugares isso realmente não é só da boca pra fora. A igreja luterana brasileira não só deu passos significativos e pioneiros neste aspecto da inclusão de pessoas com deficiência, mas é referência para outras igrejas no Brasil e no exterior.
A caminhada iniciou nos anos 1980, com o saudoso Arno Glitz, de Curitiba, que por conta de sua experiência familiar desafiou a igreja em encontros e concílios, tornando o assunto uma das questões prioritárias entre nós.
O material distribuído pela Secretaria de Ação Comunitária para esta semana é rico, belo, inclusivo porque contempla até texto em braile no cartaz. Uma maravilha. Espero que encontre ampla divulgação e estudo em nossas comunidades, no sentido de que cresça a sensibilização para este tema urgente entre nós. Muito além de instalações adaptadas a portadores de deficiência, precisamos dar acesso livre à mensagem para surdos e cegos. Tudo pela superação do preconceito e por maior acessibilidade entre nós.
Embora sejamos referência no assunto, ainda há muito a ser feito. E esta Semana Nacional e seu belo material devem ser encarados como um poderoso e competente instrumento para ampliar espaços e horizontes.
sexta-feira, 19 de agosto de 2011
Festa da Colheita em Indaial
Reportagem sobre festa da colheita da comunidade luterana de Warnow, em Indaial, exibida no Globo Rural da última segunda-feira. Tradição bonita e bem nossa, com as famílias participando e expressando sua gratidão pela dádiva dos campos. Gratidão a Deus, oportunidade de convívio fraterno e de comunhão.
Sérgio Vieira de Mello
No dia de hoje, 19 de agosto, celebra-se o Dia Mundial Humanitário, data eleita pela Assembleia Geral da ONU, em recordação ao atentado de 19 de agosto de 2003, en Bagdá, no qual 22 pessoas membros daquele organismo internacional morreram, incluído o chefe do escritório da ONU no Iraque, o diplomata brasileiro Sérgio Viera de Mello.
Mais do que a comemoração de um acontecimento trágico ocorrido há oito anos, é uma forma de chamar a atenção para um fato ainda grave: desde aquela data, a violência contra os trabalhadores humanitários cresceu como nunca antes. Em 2010, 206 personas foram vítimas de raptos e de ataques que deixaram 122 pessoas mortas. No Sudão, Afeganistão, Somália, Sri Lanka, Chade, Iraque e Paquistão ocorreram três quartos dos ataques contra pessoal humanitário. Infelizmente, o trabalho humanitário está entre as atividades de maior risco no mundo.
O evangelho diz que «não há amor maior que dar a vida pelos amigos» (João 15.13). Maior ainda é aquele amor que arrisca a vida para atender as necesidades de outras pessoas a quem, na maioria dos casos, nunca se havia visto ou conhecido antes. Por certo, o amor é o princípio constitutivo da fé cristã. O apóstolo Paulo lista que as três principais virtudes são a fé, a esperança e o amor (1 Coríntios 13), mas que destas, a maior é o amor.
O apóstolo refere-se a um amor que deve estar bem além da simples caridade assistencialista (própria de alguns proselitismos cristãos), que deve trascender o protagonismo dos que se creen mais fortes (típica do humanitarismo dos países mais ricos) e que deve assumir as conotações sociais e políticas (sempre presentes em contextos de pobreza e sofrimento). Um amor, em resumo, como o de Jesús, Mestre e Senhor de muitas das organizações de serviço (ONGs e outras) que trabalham no campo humanitário como uma expressão do testemunho do amor de Deus ao mundo. A elas nos juntamosd para celebrar seu ministério de amizade e de serviço neste dia.
A raposa e o corvo
Para este final de semana, uma fábula fabulosa.
Um dia, um corvo estava pousado no galho de uma árvore com um pedaço de queijo no bico, quando passou uma raposa. Vendo o corvo com o queijo, a raposa logo começou a matutar um jeito de se apoderar daquele quitute. Com esta ideia na cabeça, foi para debaixo da árvore, olhou para cima e disse:
- Que pássaro magnífico eu avisto nesta árvore! Que beleza estonteante! Que cores maravilhosas! Será que ele tem uma voz suave para combinar com tanta beleza? Se tiver, não há dúvida de que deve ser proclamado rei dos pássaros!
Ouvindo aquilo, o corvo ficou que era pura vaidade. Para mostrar à raposa que sabia cantar, abriu o bico e soltou um sonoro “Cróóó!” . O queijo veio abaixo, claro, e a raposa abocanhou, ligeiro, aquela delícia, dizendo:
- Olha, meu senhor, estou vendo que voz o senhor tem. O que não tem, é inteligência!
quinta-feira, 18 de agosto de 2011
Vivendo numa redoma 1
Aquele meu colega que disse que a Igreja vive numa redoma, volta à carga. Desta vez, concordando com ele e pescando no aquário da Tribo de Jacob, publico esta deliciosa charge sobre a relação tumultuada da Cristandade com a ciência.
Além dos óbvios problemas com a ciência, que tem provocado diversos equívocos lastimáveis ao longo da história, que tiveram que ser reparados séculos depois com envergonhados desditos e pedidos de perdão, a charge mostra os constantes problemas da turma da redoma com a sexualidade humana. No passado, obras de arte tiveram genitais cobertos com panos, folhas e outros artifícios, confundindo anatomia com sexo e vice-versa.
Hoje a briga é com a genética, a ciência espacial, a física e, fudamentando preconceitos absurdos na área da sexualidade, com a velha afirmação de que alguns comportamentos sexuais são "opção" ou "fruto da educação" ou da "permissividade" da sociedade moderna.
Em meio a tanta estupidez provocada pela síndrome da redoma, muitos estão tão apegados ao seu próprio "evangelho" que nem sequer permitem a hipótese de que Deus pode ser muito mais criativo do que pode supor todo o nosso conhecimento ou admitir a nossa moral ou religião.
Boa e saudável é a divertida visão do saudoso pastor Hans Blümel, que se identificava traduzindo o seu nome para João Flores: "Es gibt nix nicht das es nicht gibt!" (Não existe nada que não exista!).
João Flores não viveu numa redoma...
quarta-feira, 17 de agosto de 2011
Mais um excelente "A Liga"
Por falar no programa "A Liga" de ontem à noite, recomendo mais uma vez que seja visto. O tema das reportagens de ontem foi o trabalho escravo no Brasil. Veja você mesmo aqui. Eu vi somente a matéria sobre a barra pesada a que são submetidos imigrantes ilegais bolivianos em São Paulo, por confecções clandestinas. Ao "troco" de R$ 1,80 ou 2,00 por peça confeccionada, num duro trabalho de mais de catorze horas diárias, essa gente trabalha ali, mora ali, come ali, vive ali em cubículos. Já chegam devendo ao patrão, têm a comida controlada e até para sair na hora de folga têm que pedir autorização. Os "patrões" não se intimidam nem com a presença do Ministério do Trabalho, que acompanhou a reportagem.
Mas o que mais me chamou a atenção é que nós, aqui embaixo, no nível dos consumidores, sustentamos toda essa coisa e nem sentimos peso na consciência. Sabe como? Vamos à loja e compramos roupas de grife, com um vistoso selo de marca, que é colocado sem maiores constrangimentos naquelas peças costuradas pelos bolivianos ilegais naquelas confecções clandestinas em São Paulo. Só isso. Dispensa maiores comentários.
Mas o que mais me chamou a atenção é que nós, aqui embaixo, no nível dos consumidores, sustentamos toda essa coisa e nem sentimos peso na consciência. Sabe como? Vamos à loja e compramos roupas de grife, com um vistoso selo de marca, que é colocado sem maiores constrangimentos naquelas peças costuradas pelos bolivianos ilegais naquelas confecções clandestinas em São Paulo. Só isso. Dispensa maiores comentários.
Ganham bem e ainda reclamam
Gráfico mostra que a elite se considera majoritariamente parte da classe média
Veja agora essa notícia, que li no JB há alguns dias. Segundo pesquisa do Instituto Data Popular, mais de um terço dos brasileiros que fazem parte das classes A e B se consideram de baixa renda. Ou seja, estão descontentes com o que ganham e ainda se consideram prejudicados. Segundo o IBGE, a classe B é composta por pessoas que ganham entre R$ 5 mil e R$ 10 mil por mês, enquanto a classe A ganha acima disso, mas bota acima disso. Juntas, essas duas camadas representam 11% da população brasileira.
São portentosos 20 milhões de brasileiros que, sinceramente, não têm de que se queixar ao bispo, ao governo, a Deus ou a quem quer que seja. Estão na turma da mamata, que troca de carro(s!) todos os anos, faz viagens à Europa e aos EUA (Orlando! Nova York!), estão em cruzeiros de luxuosos transatlânticos, têm os melhores apartamentos da orla brasileira, vestem roupas de marca (feitas por empresas que, aliás, vi ontem no belo programa “A Liga”, da Band, que usam mão de obra escrava para produzir aquelas roupas de marca a míseros dois reais por peça para depois receber a etiqueta de grife).
São abomináveis 20 milhões de brasileiros que odeiam a política de cotas, não querem ouvir de qualquer tipo de inclusão, detestam essa conversa de “politicamente correto” e odeiam principalmente pobres, negros e homossexuais. Desculpe generalizar, que eu sei que há alguns bons desse lado também, e que metem a mão no bolso generosamente para ajudar ONGs, projetos sociais ou até botam a cara pra bater no sentido de fazer atividades sociais de peso. Mas é uma honrada minoria com desconfiômetro, em meio a um mar de inúteis consumidores de logomarcas, futilidade e vazio existencial.
Ainda de acordo com a pesquisa, 66% dos membros da classe C e 82% das classes D e E se consideram de baixa renda. Apenas 10% da população de alta renda se considera realmente rica, ou seja, um em cada dez ao menos tem um pingo de vergonha na cara.
Hoje, a classe C é a mais numerosa do Brasil. Entre 2003 e 2011, essa parcela da população ganhou 39 milhões de membros, chegando aos 101 milhões. Em contrapartida, a classe E perdeu 24 milhões de pessoas e a classe D 7,9 milhões. Mas essa turminha aí, de cima, também odeia as políticas do governo que promovem inclusão social, como o Bolsa Família, o Luz para Todos, o programa de combate à miséria, o Casa para Todos e tantos outros. Dizem que é dar o peixe sem ensinar a pescar. Sinceramente, nem param para pensar quando repetem seus toscos argumentos todos os dias, o dia todo, como se a orelha da gente fosse...
Veja agora essa notícia, que li no JB há alguns dias. Segundo pesquisa do Instituto Data Popular, mais de um terço dos brasileiros que fazem parte das classes A e B se consideram de baixa renda. Ou seja, estão descontentes com o que ganham e ainda se consideram prejudicados. Segundo o IBGE, a classe B é composta por pessoas que ganham entre R$ 5 mil e R$ 10 mil por mês, enquanto a classe A ganha acima disso, mas bota acima disso. Juntas, essas duas camadas representam 11% da população brasileira.
São portentosos 20 milhões de brasileiros que, sinceramente, não têm de que se queixar ao bispo, ao governo, a Deus ou a quem quer que seja. Estão na turma da mamata, que troca de carro(s!) todos os anos, faz viagens à Europa e aos EUA (Orlando! Nova York!), estão em cruzeiros de luxuosos transatlânticos, têm os melhores apartamentos da orla brasileira, vestem roupas de marca (feitas por empresas que, aliás, vi ontem no belo programa “A Liga”, da Band, que usam mão de obra escrava para produzir aquelas roupas de marca a míseros dois reais por peça para depois receber a etiqueta de grife).
São abomináveis 20 milhões de brasileiros que odeiam a política de cotas, não querem ouvir de qualquer tipo de inclusão, detestam essa conversa de “politicamente correto” e odeiam principalmente pobres, negros e homossexuais. Desculpe generalizar, que eu sei que há alguns bons desse lado também, e que metem a mão no bolso generosamente para ajudar ONGs, projetos sociais ou até botam a cara pra bater no sentido de fazer atividades sociais de peso. Mas é uma honrada minoria com desconfiômetro, em meio a um mar de inúteis consumidores de logomarcas, futilidade e vazio existencial.
Ainda de acordo com a pesquisa, 66% dos membros da classe C e 82% das classes D e E se consideram de baixa renda. Apenas 10% da população de alta renda se considera realmente rica, ou seja, um em cada dez ao menos tem um pingo de vergonha na cara.
Hoje, a classe C é a mais numerosa do Brasil. Entre 2003 e 2011, essa parcela da população ganhou 39 milhões de membros, chegando aos 101 milhões. Em contrapartida, a classe E perdeu 24 milhões de pessoas e a classe D 7,9 milhões. Mas essa turminha aí, de cima, também odeia as políticas do governo que promovem inclusão social, como o Bolsa Família, o Luz para Todos, o programa de combate à miséria, o Casa para Todos e tantos outros. Dizem que é dar o peixe sem ensinar a pescar. Sinceramente, nem param para pensar quando repetem seus toscos argumentos todos os dias, o dia todo, como se a orelha da gente fosse...
terça-feira, 16 de agosto de 2011
Nossa redoma aduba o ateísmo
Com a chamada “diga não ao preconceito contra ateus”, a Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos de Porto Alegre (RS) espalhou outdoors pela cidade com mensagens, como “Religião não define caráter” e “Somos todos ateus com os deuses dos outros”. A capital gaúcha é a primeira do país a receber o projeto, que deve ser implantado também em outras cidades. No exterior, ação semelhante foi aplicada em ônibus urbanos. No Brasil, a associação informou que empresas de transporte de Porto Alegre, Salvador, Florianópolis e São Paulo rejeitaram a proposta de publicidade, feita no final do ano passado. (Fonte Ultimato)
O ateísmo crescente na nossa sociedade não é fruto da secularização. Muitos ateus buscam coerência. E não é, certamente, dentro das igrejas que ela se hospeda. O ateísmo vem no embalo do mau exemplo que os “crentes” têm dado. Há uma indisfarçável dicotomia entre prática e discurso, tema e enredo. Nossa capacidade de apontar o dedo na direção dos outros é tão gigantesca, que já podemos esconder-nos atrás do próprio dedo.
Bem dizia um amigo meu esses dias: as igrejas vivem dentro de uma redoma e acham que o mundo se resume àquilo. Há muito mais lá fora e que muitos nem admitem existir. O resultado é que, descontextualizados, tornam-se obsoletos, descartáveis, sem condições de dizer algo. Por isso, quem não tem o que dizer ou, pior, só diz besteira, abre espaço para o descrédito.
segunda-feira, 15 de agosto de 2011
Visita especial no dia dos pais
Uma grande família de Bicos de Lacre veio nos visitar ontem, no dia dos pais. Refestelaram-se nas sementes frescas da grama do jardim, sem incomodar-se com a nossa presença. Até permitiram esses registros de sua visita muito especial. Um belo presente para o dia dos pais.
Sem perspectiva de voltar para casa
Conheça um pouco mais da realidade de milhões de pessoas que não têm pátria. Muitos países estão fechando suas fronteiras para essa gente. A ONU quer proteção para eles. Veja neste artigo da ALC qual é a situação atual no mundo.
O Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur) realizará, no final do ano, em Nova Iorque, reunião em nível ministerial, quando os países da ONU deverão apresentar os compromissos para fortalecer a proteção e a assistência aos refugiados e apátridas.
Números do Acnur indicam a existência de 10 milhões de refugiados. Mas excede em três vezes esse dado o número de pessoas deslocadas internamente (PDIs). Na atualidade há, ainda, 6 milhões de apátridas no mundo.
A Colômbia, com 3 milhões de pessoas, tem um dos maiores números de desabrigados e desalojados internos. Os palestinos são um terço da população refugiada do mundo.
Guerras, mudança climática, crescimento populacional, desenvolvimento ambientalmente insustentável, falta de oportunidades econômicas, conflito por causa da terra e acesso à água são causas que levam ao deslocamento interno ou mesmo a busca de refúgio em outro país.
Existe diferença conceitual entre imigrante, deslocado e refugiado. As pessoas deslocadas permanecem no seu próprio país. Elas não cruzam as fronteiras internacionais, o que é um dos critérios para definir um refugiado.
O termo refugiado, explicou a antropóloga e professora Denise Jardim, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), em entrevista para o Instituto Humanitas, começou a ser concebido durante a guerra civil espanhola para se referir àquelas pessoas civis que saíram de sua cidade, atravessaram o monte Pirineus no inverno, a pé, e não tinham perspectiva de retorno.
Já o imigrante tem a perspectiva de retorno, mesmo que imaginada. “O refugiado raramente consegue uma inserção no local de origem, seja porque aquele local social não existe mais, ou porque há enormes limitações ao ‘retorno’, entre elas o desejo de não reviver uma situação de violência ou complicações político-ideológicas a serem enfrentadas”, definiu Denise.
A Convenção de Genebra sobre o Estatuto de Refugiados reconhece como solicitantes de asilo pessoas que sofrem em seus países de origem perseguição por razões étnicas, religiosas ou políticas. Mas uma das principais razões para a imigração ou busca de refúgio é de cunho econômico. O fluxo de imigrantes e refugiados ainda é econômico, em grande parte.
Mas também começam a ganhar destaque os refugiados ambientais. “Países como o Chile, o Haiti e o México têm um alto grau de vulnerabilidade sísmica, enquanto outros, como a Colômbia e países do Caribe enfrentam a cada ano fenômenos hidrometeorológicos, como furacões e temporadas de chuvas invernais, lembrou para o IHU o diretor do Serviço Jesuíta para Refugiados, padre Alfredo Infante.
Sejam quais forem os motivos, muitos países não querem mais receber refugiados. A Europa, os Estados Unidos e a Austrália não querem abrigar refugiados oriundos da África. A própria África do Sul fecha as portas para essa população.
O diretor do Centro de Estudos sobre Refugiados da Universidade de Oxford, Roger Zetter, observa que o processo de migração de refugiados passou a ser um fenômeno global a partir dos anos 90 do século passado. Existe grande resistência dos países do “norte” global de receber refugiados e requerentes de asilo do “sul” global. (ALC)
sexta-feira, 12 de agosto de 2011
Veneno puro na nossa mesa?
Este filme, atualíssimo (2011), é do premiado documentarista brasileiro Silvio Tendler, apresentando o cenário assustador do Brasil em relação ao uso indiscriminado de agrotóxicos. O Brasil é o país que mais pulveriza agrotóxicos nos alimentos, sendo o recordista no consumo desses químicos. Por isso, cada um de nossos compatriotas consome todos os anos em torno de 5 litros de agrotóxicos.
Tentar proibir o uso de alguns dos mais perigosos é uma luta contra gigantes da indústria química mundial, que vendem aqui o que estão proibidos de vender no resto do mundo. Venenos condenados há décadas lá fora continuam sendo aspergidos nos nossos campos. Quando o governo consegue vencer uma batalha, uma liminar da justiça a favor das grandes corporações químicas derruba a proibição. Eles dominam até os bancos, que obrigam os pequenos agricultores a usar transgênicos e pesticidas para lhe conceder empréstimo.
Veja o documentário na íntegra e conheça mais esta triste realidade nacional. Você também pode conhecer mais de perto o documentarista Silvio Tendler e suas motivações para fazer o documentário, lendo uma entrevista que ele concedeu para a jornalista Aline Scarso, do jornal Brasil de Fato.
quinta-feira, 11 de agosto de 2011
Os evangélicos americanos e Israel
Tela do novo vídeogame "Left behind", baseado numa série de livros, filmes e programas fundamentalistas sobre o Apocalipse e o Juízo Final.
Um artigo do jurista e escritor espanhol Gustavo Vidal Manzanares, publicado no site Lupa Protestante, ilumina com luz brilhante a relação escatológica por trás do apoio dos evangélicos norte-americanos a Israel. O triste resumo de toda essa ópera bufa é apressar o Juízo Final. Exatamente! A crença de que Cristo voltará no dia em que Israel estiver reunido na Terra Prometida é o “princípio teológico” por trás do apoio incondicional das igrejas evangélicas dos EUA a tudo que Israel faz no Oriente Médio. Segundo esses cristãos – que lamentavelmente também são a maioria dos políticos no poder nos EUA –, é tudo desígnio de Deus. Veja você mesmo, no texto delicioso de Manzanares, que você pode ler também em espanhol aqui. Para facilitar, traduzi e publico abaixo:
Sem dúvida, muitos na Europa ignoram a conexão entre este terror judeu e a igreja evangélica. De um lado, esta direita “cristã” fundamentalista, incrustada nos núcleos de poder dos EUA, já há tempos tem empreendido uma batalha assustadora contra a racionalidade e a ciência. Poderosos lobbies religioso-financeiros têm declarado a guerra ao pensamento científico ao mesmo tempo em que alimenta os demônios da superstição e do pensamento delirante.
Por exemplo, ignora-se que, entre os livros mais vendidos nos EUA estão as doze novelas da série apocalíptica “Left behind” (Deixados para Trás). Em suas páginas, baseadas numa interpretação literal da Bíblia, se descreve “o fim próximo dos tempos”, quando Cristo, “como um ladrão na noite”, irá arrebatar os seus. Os não-abduzidos – ou seja, os maus – sofrerão de modo espetacular num planeta açoitado por pragas mil.
Finalmente, após tribulações sem maiores riscos, Cristo virá, desta vez de modo oficial, e reinará durante um milênio, depois do qual se restabelecerá o Reino de Deus para sempre... Pois bem, milhões de norte-americanos professam estas crenças e, acreditem vocês ou não, isto condiciona importantes decisões econômicas e políticas. Entre elas, a postura em relação a Israel.
Para que tenhamos uma idéia, o autor daqueles abortos literários, Tim LaHaye, é um ativista neoliberal (como não!) que fundou, junto com o telepregador Jerry Falweel, um lúgubre lobby, “A maioria moral”, a partir do qual defende a substituição da Constituição pela Bíblia, para converter os EUA numa teocracia.
E o que tem a ver o terrorismo israelense com tudo isso? – perguntará o leitor. Pois lamento assustá-lo, mas constituem assuntos intimamente conectados. Segundo as crenças do poderosíssimo lobby evangélico, Jesus Cristo não pode vir até que Israel tenha ocupado as “terras bíblicas”.
Deste modo, pressionam os governos e regam de dólares os corredores de Washington e dos meios de comunicação para “ajudar Israel”. Se Israel tem que massacrar, invadir, destruir casas... é a Bíblia, amigos.
No torvelinho dessa loucura, se Israel não ocupar o Oriente Médio, a agenda do apocalipse irá atrasar-se. Em conseqüência eles, os bons, os “cristãos” (e neoliberais, obviamente) perderiam a visão de Jesus Cristo descendo dos céus para abduzi-los e, depois, julgar os maus (gays, livres pensadores, esquerdistas, etc.) “com fogo e espada”.
E os fundamentalistas “cristãos” (numerosíssimos e muito influentes nos EUA) não desejam perder o programa das sessões apocalípticas integrados à segunda vinda de Jesus Cristo “que todo olho verá”, a batalha do Armagedão contra o anticristo e, obviamente, o “choro e ranger de dentes” dos pecadores. Porém, por Deus!, essa programação se postergará se Israel não ocupar todo o Oriente Médio, as “terras bíblicas”. Um desastre.
Pensam que estou fazendo piada? Antes fosse! É nisso que acreditam milhões de pessoas nos EUA, e tal fé evangélica decide eleições a presidente, governador ou presidente do congresso, condiciona agendas políticas e econômicas e, desgraçadamente, nos atinge também.
Não quero aterrorizar o leitor (eu já estou bastante assustado) relatando o poder que a igreja evangélica acumula nos EUA e que se acentuou na época de Bush. Antes, deve servir para preservar o resto de racionalidade que ainda desfrutamos na Europa. E, por isso, não permitir que aqui o fundamentalismo religioso avance um milímetro.
Não duvidemos, o império da razão, o verdadeiro amor ao próximo, o secularismo, o livre pensamento e o relativismo não são simples opções nestes tempos... fazem parte do nosso kit básico de sobrevivência diante de tantos fanáticos e mal intencionados.
Um artigo do jurista e escritor espanhol Gustavo Vidal Manzanares, publicado no site Lupa Protestante, ilumina com luz brilhante a relação escatológica por trás do apoio dos evangélicos norte-americanos a Israel. O triste resumo de toda essa ópera bufa é apressar o Juízo Final. Exatamente! A crença de que Cristo voltará no dia em que Israel estiver reunido na Terra Prometida é o “princípio teológico” por trás do apoio incondicional das igrejas evangélicas dos EUA a tudo que Israel faz no Oriente Médio. Segundo esses cristãos – que lamentavelmente também são a maioria dos políticos no poder nos EUA –, é tudo desígnio de Deus. Veja você mesmo, no texto delicioso de Manzanares, que você pode ler também em espanhol aqui. Para facilitar, traduzi e publico abaixo:
Sem dúvida, muitos na Europa ignoram a conexão entre este terror judeu e a igreja evangélica. De um lado, esta direita “cristã” fundamentalista, incrustada nos núcleos de poder dos EUA, já há tempos tem empreendido uma batalha assustadora contra a racionalidade e a ciência. Poderosos lobbies religioso-financeiros têm declarado a guerra ao pensamento científico ao mesmo tempo em que alimenta os demônios da superstição e do pensamento delirante.
Por exemplo, ignora-se que, entre os livros mais vendidos nos EUA estão as doze novelas da série apocalíptica “Left behind” (Deixados para Trás). Em suas páginas, baseadas numa interpretação literal da Bíblia, se descreve “o fim próximo dos tempos”, quando Cristo, “como um ladrão na noite”, irá arrebatar os seus. Os não-abduzidos – ou seja, os maus – sofrerão de modo espetacular num planeta açoitado por pragas mil.
Finalmente, após tribulações sem maiores riscos, Cristo virá, desta vez de modo oficial, e reinará durante um milênio, depois do qual se restabelecerá o Reino de Deus para sempre... Pois bem, milhões de norte-americanos professam estas crenças e, acreditem vocês ou não, isto condiciona importantes decisões econômicas e políticas. Entre elas, a postura em relação a Israel.
Para que tenhamos uma idéia, o autor daqueles abortos literários, Tim LaHaye, é um ativista neoliberal (como não!) que fundou, junto com o telepregador Jerry Falweel, um lúgubre lobby, “A maioria moral”, a partir do qual defende a substituição da Constituição pela Bíblia, para converter os EUA numa teocracia.
E o que tem a ver o terrorismo israelense com tudo isso? – perguntará o leitor. Pois lamento assustá-lo, mas constituem assuntos intimamente conectados. Segundo as crenças do poderosíssimo lobby evangélico, Jesus Cristo não pode vir até que Israel tenha ocupado as “terras bíblicas”.
Deste modo, pressionam os governos e regam de dólares os corredores de Washington e dos meios de comunicação para “ajudar Israel”. Se Israel tem que massacrar, invadir, destruir casas... é a Bíblia, amigos.
No torvelinho dessa loucura, se Israel não ocupar o Oriente Médio, a agenda do apocalipse irá atrasar-se. Em conseqüência eles, os bons, os “cristãos” (e neoliberais, obviamente) perderiam a visão de Jesus Cristo descendo dos céus para abduzi-los e, depois, julgar os maus (gays, livres pensadores, esquerdistas, etc.) “com fogo e espada”.
E os fundamentalistas “cristãos” (numerosíssimos e muito influentes nos EUA) não desejam perder o programa das sessões apocalípticas integrados à segunda vinda de Jesus Cristo “que todo olho verá”, a batalha do Armagedão contra o anticristo e, obviamente, o “choro e ranger de dentes” dos pecadores. Porém, por Deus!, essa programação se postergará se Israel não ocupar todo o Oriente Médio, as “terras bíblicas”. Um desastre.
Pensam que estou fazendo piada? Antes fosse! É nisso que acreditam milhões de pessoas nos EUA, e tal fé evangélica decide eleições a presidente, governador ou presidente do congresso, condiciona agendas políticas e econômicas e, desgraçadamente, nos atinge também.
Não quero aterrorizar o leitor (eu já estou bastante assustado) relatando o poder que a igreja evangélica acumula nos EUA e que se acentuou na época de Bush. Antes, deve servir para preservar o resto de racionalidade que ainda desfrutamos na Europa. E, por isso, não permitir que aqui o fundamentalismo religioso avance um milímetro.
Não duvidemos, o império da razão, o verdadeiro amor ao próximo, o secularismo, o livre pensamento e o relativismo não são simples opções nestes tempos... fazem parte do nosso kit básico de sobrevivência diante de tantos fanáticos e mal intencionados.
O Chile engata a marcha ré
Um manifesto da Comissão de Direitos Humanos da Igreja Evangélica Luterana no Chile (IELCH) lamentou a repressão da polícia chilena contra estudantes que pedem mudanças na educação, em manifestações públicas país afora. O uso sistemático de violência contra as manifestações estudantis por melhorias na educação traz lembranças dos tempos da ditadura de Pinochet, que deixou feridas profundas na sociedade chilena.
“Denunciamos a prisão indiscriminada de centenas de estudantes em todo o Chile, muitos deles submetidos a tratamento indigno”, diz o manifesto dos luteranos, que também manifesta “preocupação com a linguagem empregada por autoridades do Estado”, citando como exemplo a afirmação do senador Carlos Larraín, de que os manifestantes são “um bando de inúteis subversivos”, que “não irão nos dobrar”. Para a igreja, declarações desse tipo “abrem ainda mais as brechas e criam dores e frustrações aos que esperam do Estado e de seus líderes uma ação mais sábia”.
Respeito à integridade física desses jovens e resolução do conflito é o que pede o manifesto luterano, que deseja ver o governo atendendo a demanda estudantil, que está conquistando a adesão cada vez mais ampla da sociedade chilena.
No dia 10 de agosto, quarta feira, cerca de 150 mil estudantes marcharam pelas ruas da capital, exigindo educação de qualidade, pública e gratuita. Outros 12 mil estudantes participaram de um manifesto em Concepción, a segunda maior cidade chilena. Os líderes do movimento sugerem querem um plebiscito para definir o futuro da educação chilena. Segundo o sindicato dos professores, 80% da categoria concorda com as reivindicações dos estudantes. Também estudantes de escolas particulares e religiosas aderiram ao movimento. (Com informações de ALC)
Não satisfeitos com o governo de mudanças de Michelle Bachelet, nas últimas eleições os chilenos deram maioria ao governo conservador de Sebastián Piñera, que trouxe de volta ao palácio de La Moneda um grande número de velhos políticos e simpatizantes do ditador Augusto Pinochet.
O grupo, além de estar realizando um governo desastroso, está lentamente desmantelando diversas conquistas sociais do governo de Bachelet. Piñera, um dos homens mais ricos do Chile, desfez-se – ou ao menos disse que assim procedeu – das ações que tinha na companhia aérea Lan Chile, cinco meses antes da sua posse. Ele também é dono do canal de TV Chile Vision. Somente isso basta para indicar claramente a quem Piñera representa e quais os interesses em jogo ao assumir a presidência do país.
Não é necessário muito esforço para concluir que, em lugar de resolver o conflito e atender a demanda dos estudantes, o governo de Piñera irá incrementar a repressão ao movimento estudantil e esmagar qualquer outro tipo de levante, embora ainda conte com pouco mais de 25% de aprovação do seu governo. O resultado pode ressuscitar o velho fantasma que, insistentemente, ronda todos os países da América Latina. Obviamente, sempre com um sutil toque de apoio dos endividados irmãos do norte do continente.
“Denunciamos a prisão indiscriminada de centenas de estudantes em todo o Chile, muitos deles submetidos a tratamento indigno”, diz o manifesto dos luteranos, que também manifesta “preocupação com a linguagem empregada por autoridades do Estado”, citando como exemplo a afirmação do senador Carlos Larraín, de que os manifestantes são “um bando de inúteis subversivos”, que “não irão nos dobrar”. Para a igreja, declarações desse tipo “abrem ainda mais as brechas e criam dores e frustrações aos que esperam do Estado e de seus líderes uma ação mais sábia”.
Respeito à integridade física desses jovens e resolução do conflito é o que pede o manifesto luterano, que deseja ver o governo atendendo a demanda estudantil, que está conquistando a adesão cada vez mais ampla da sociedade chilena.
No dia 10 de agosto, quarta feira, cerca de 150 mil estudantes marcharam pelas ruas da capital, exigindo educação de qualidade, pública e gratuita. Outros 12 mil estudantes participaram de um manifesto em Concepción, a segunda maior cidade chilena. Os líderes do movimento sugerem querem um plebiscito para definir o futuro da educação chilena. Segundo o sindicato dos professores, 80% da categoria concorda com as reivindicações dos estudantes. Também estudantes de escolas particulares e religiosas aderiram ao movimento. (Com informações de ALC)
Não satisfeitos com o governo de mudanças de Michelle Bachelet, nas últimas eleições os chilenos deram maioria ao governo conservador de Sebastián Piñera, que trouxe de volta ao palácio de La Moneda um grande número de velhos políticos e simpatizantes do ditador Augusto Pinochet.
O grupo, além de estar realizando um governo desastroso, está lentamente desmantelando diversas conquistas sociais do governo de Bachelet. Piñera, um dos homens mais ricos do Chile, desfez-se – ou ao menos disse que assim procedeu – das ações que tinha na companhia aérea Lan Chile, cinco meses antes da sua posse. Ele também é dono do canal de TV Chile Vision. Somente isso basta para indicar claramente a quem Piñera representa e quais os interesses em jogo ao assumir a presidência do país.
Não é necessário muito esforço para concluir que, em lugar de resolver o conflito e atender a demanda dos estudantes, o governo de Piñera irá incrementar a repressão ao movimento estudantil e esmagar qualquer outro tipo de levante, embora ainda conte com pouco mais de 25% de aprovação do seu governo. O resultado pode ressuscitar o velho fantasma que, insistentemente, ronda todos os países da América Latina. Obviamente, sempre com um sutil toque de apoio dos endividados irmãos do norte do continente.
quarta-feira, 10 de agosto de 2011
Homenagem aos povos indígenas
Hoje é o Dia Internacional dos Povos Indígenas, proclamado pela Organização das Nações Unidas. São os ancestrais da nossa terra, os irmãos primordiais, que ignoramos desde a conquista espanhola/portuguesa/inglesa no vasto continente americano. Dizimamos sua gente, seus territórios, suas culturas, suas crenças e costumes. Invadimos suas casas, suas terras, suas almas. Nos apossamos do que era deles e os expulsamos.
Hoje, eles vivem em cantões de terras pobres, inférteis e despeladas por nossas mãos. E mesmo nesses cantões são obrigados a lutar dia e noite para que sejam respeitados, que possam permanecer ali, que tenham ao menos uma "reserva" para viver. Terra virou sinônimo de "reserva".
Mesmo neste dia chuvoso, em Blumenau, depois de vários dias de chuva intensa em Santa Catarina, não respeitamos o povo Xokleng, por exemplo. Inundamos a reserva deles para que nossas cidades não sejam inundadas. Nossos governos prometeram e não cumpriram o que combinaram para poder erguer barragens na reserva deles para que as águas não invadam as nossas casas. Não há nada para comemorar neste dia.
Rendo minha comovida homenagem a todos os povos nossos irmãos, pela bravura e persistência na luta da sobrevivência. Rendo minha humilde homenagem ao pessoal do COMIN, que não se rende e continua ao lado dos povos indígenas e de sua luta inglória. Assista ao vídeo recomendado para o dia de hoje pelo teólogo Hans Alfred Trein, do COMIN, que disponibilizo aqui.
terça-feira, 9 de agosto de 2011
Lembrança do apocalipse
Nagasaki, no dia 9 de agosto de 1945. Nesta semana o mundo lembra os 66 anos do duplo bombardeio atômico a Hiroshima e Nagasaki, no Japão, promovido pelos EUA e causador do final imediato da segunda guerra mundial. A bomba em Hiroshima foi lembrada no domingo.
Hoje, em Nagasaki, uma cerimônia especial lembrou os 100 mil mortos da explosão da “Fat Man”, apelido que recebeu a bomba lançada sobre a cidade pela Força Aérea americana. Segundo as agências de notícias, pela primeira vez um representante dos EUA participou da cerimônia, que em nosso fuso horário aconteceu ainda na segunda-feira, às 23 horas. O horário, que no Japão foi às 11 horas de terça-feira, lembra a hora exata da queda da bomba, que matou 70 mil pessoas no mesmo instante. Representantes de outros 45 países estiveram na cerimônia.
Para o prefeito da cidade, Tomihisa Taue, que discursou durante o evento, é inacreditável que o acidente de Fukushima tenha acontecido justamente no Japão, que depois de Hiroshima e Nagasaki assumiu o compromisso de nunca mais ter “hibakusha”, como são conhecidas as vítimas das bombas nas duas cidades. Oficialmente ainda vivem 40.908 pessoas que presenciaram a ecatombe em 1945. Eles têm a idade média de 76,8 anos.
Também o primeiro-ministro do Japão defendeu, tanto na cerimônia em Hiroshima como na de Nagasaki, a redução da dependência japonesa da energia nuclear, bem como os três princípios não nucleares do Japão (não possuir, produzir ou introduzir armas atômicas no país).
Hoje, em Nagasaki, uma cerimônia especial lembrou os 100 mil mortos da explosão da “Fat Man”, apelido que recebeu a bomba lançada sobre a cidade pela Força Aérea americana. Segundo as agências de notícias, pela primeira vez um representante dos EUA participou da cerimônia, que em nosso fuso horário aconteceu ainda na segunda-feira, às 23 horas. O horário, que no Japão foi às 11 horas de terça-feira, lembra a hora exata da queda da bomba, que matou 70 mil pessoas no mesmo instante. Representantes de outros 45 países estiveram na cerimônia.
Para o prefeito da cidade, Tomihisa Taue, que discursou durante o evento, é inacreditável que o acidente de Fukushima tenha acontecido justamente no Japão, que depois de Hiroshima e Nagasaki assumiu o compromisso de nunca mais ter “hibakusha”, como são conhecidas as vítimas das bombas nas duas cidades. Oficialmente ainda vivem 40.908 pessoas que presenciaram a ecatombe em 1945. Eles têm a idade média de 76,8 anos.
Também o primeiro-ministro do Japão defendeu, tanto na cerimônia em Hiroshima como na de Nagasaki, a redução da dependência japonesa da energia nuclear, bem como os três princípios não nucleares do Japão (não possuir, produzir ou introduzir armas atômicas no país).
Como quebrar o ciclo do ódio 7
Cada vez mais perto de nós, os pilares da sociedade do respeito mútuo, da tolerância e da igualdade vão ruindo a olhos vistos. Que sociedade pretendemos construir?
Ontem, um grupo da nossa belíssima capital se julgou no direito de espancar um homem de 61 anos até a morte. Veredicto: Gay não merece viver!
Amanhã, estaremos lichando prostitutas, pais de santo, beatas católicas ou evangélicos pentecostais. Veredicto: não merece viver. Não cabe dentro da minha classificação do que eu considero normal, digno, honesto ou representativo da minha visão de moral, de "bons costumes", de religiosidade sadia ou de comportamento.
Que sociedade pretendemos construir? Ou melhor: Devemos nos render, encerrar a luta por paz e justiça, por uma sociedade de aceitação e decretar nosso retumbante fracasso? Já começo a temer pela minha própria integridade... Amanhã poderão linchar porque discordam de quem pensa da maneira que eu penso...
O pior de tudo, eu tenho que dizer isso, é que eu me sinto um pouco culpado pela morte deste homem de 61 anos, porque gente da minha IECLB, do meu círculo de colegas ministros da IECLB, justamente naquela região da Capital, não têm o menor escrúpulo em subir no púlpito de sua igreja para dizer toda sorte de impropérios contra os homossexuais.
Fazem isso em nome de uma pretensa liberdade de expressão, de um direito de "pregar livremente o evangelho". Há tantos temas fantásticos, de edificação e de promoção da paz, dentro dos Evangelhos. Mas preferem o ódio, a discriminação. Preferem proferir o julgamento, que definitivamente nãos lhes cabe fazer, porque é prerrogativa de Cristo.
O resultado é que vão disseminando o ódio, a intolerância, a segregação. Vão plantando a homofobia, a xenofobia, a agressividade gratuita contra todos que não são como eles, que não são "convertidos", não jogam no time deles, não são do seu grupo de oração. Vão transformando esta temática da homofobia em bandeira, como se todos os cristãos fossem homofóbicos. Vão manchando a reputação da igreja de Cristo, ajudando a semear o desprezo e o desrespeito por qualquer tema que venhamos a abordar no futuro.
Por causa da arrogância teológica desses "pastores", cada vez menos gente aceita ouvir o que temos a dizer. Estamos manchados, sujos mesmo, marcados na testa pela pregação intolerante dessa gente. Ajudam a construir a sociedade que não queremos, uma sociedade na qual, amanhã mesmo, nós estaremos num círculo de gente com pedras na mão, prontas a linchar-nos. Com sabedoria os antigos ensinavam: "Quem semeia vento, colhe tempestade".
segunda-feira, 8 de agosto de 2011
Uma saída para o balão na praça
Por Luis Fernando Verissimo, no Zero Hora de hoje
Fora os falsários, só americanos podem imprimir dólar. E o dólar, apesar de combalido, ainda é a moeda padrão do mundo. É por isso que letras do tesouro americano são os títulos preferidos de investidores internacionais. E é por isso que os mais nervosos com a possibilidade de os Estados Unidos darem um balão na praça, inclusive não honrando suas letras do tesouro, não eram os americanos. Eram os chineses, seus maiores credores.
Pode-se até imaginar uma reunião de emergência do comitê central do partido comunista chinês para discutir a crise americana.
– Mas que capitalismo de araque é esse?
(Nota: a palavra usada não foi “araque”.)
– Em que mundo vivemos, se não se pode mais confiar nem no tesouro americano?!
– Foi para isso que fizemos a Longa Marcha com Mao, sacrificamos milhões de chineses, industrializamos o país na marra, invadimos as lojas 1,90 do mundo com os nossos produtos? Para botar nosso dinheiro na mão de irresponsáveis?
– Há uma real possibilidade de nos darem um calote, se não se entenderem. Será nossa ruína. Onde estão a ética nos negócios e a moral cristã quando precisamos dela?
– Temos que nos defender.
– Há uma saída.
– Qual?
– Executamos a dívida. Eles não têm como pagar, portanto não têm como recusar nossa oferta.
– Você quer dizer…
– Sim. Compramos os Estados Unidos.
– Humm. Pode dar certo.
– Substituímos o moreno por um presidente permanente e um comitê central. Acabamos com essa frescura de dois partidos, responsáveis pela lambança atual, e instalamos um partido único com plenos poderes. E damos um jeito na economia deles. Não somos o maior exemplo de economia de mercado bem-sucedida no mundo, hoje? Vamos mostrar a esses americanos como se faz capitalismo de verdade.
– Grande. E teremos outra vantagem, comprando os Estados Unidos.
– Sei o que você vai dizer. A Julia Roberts será nossa.
– Melhor do que isso.
– O que?
– Vamos poder imprimir dólar!
(Recorte e guarde para mostrar aos netos!)
Marque o dia de hoje no calendário
O dia 8 de agosto de 2011 pode entrar para a história como mais uma data decisiva. A partir de hoje, o mundo pode mudar de forma tão radical, que haverá um antes e um depois de 8 de agosto.
Explico. Até ontem, estavam em vigor três leis não escritas, que sempre soaram quase como mandamentos em um decálogo. Todo mundo se curvava diante delas e elas eram intocáveis e inquestionáveis. A primeira delas determinava que os EUA eram a superpotência da economia mundial. A segunda dizia que o dólar era a moeda de reserva mais confiável para todos os países do planeta. A terceira dizia que os títulos do governo americano eram os papéis mais seguros do mundo para se investir. Todo mundo acreditava cegamente nessas três regras tácitas da economia mundial.
Pois todas as três caíram neste final de semana, depois que o edifício todo já balançava há várias semanas. A maior agência de classificação financeira do mundo rebaixou essa confiança nos papéis americanos, que passaram de AAA para AA+. Os EU eram, durante mais de um século, a estrela-guia da economia mundial. Pois esta estrela começa a dar sinais claros de que seu brilho empalidece rapidamente. Por isso, a reclassificação, que deixa claro que o crédito dos EUA não é mais algo em que se possa confiar cegamente, sem restrições. Embora a reclassificação não pareça tão dramática, em se tratando dos EUA ela é o mesmo que uma dramática queda, representando literalmente um novo quadro para a economia mundial.
E a pintura apresenta tons dramáticos. Simplificando, a reclassificação aumenta os juros da dívida americana, o que torna a consolidação das finanças públicas ainda mais difícil. Para o resto do mundo, isso significa turbulências no mercado, pelas próximas semanas, meses e, talvez, anos. A longo prazo, porém, o tombo da maior economia do século muda todo o cenário das finanças mundiais. Porque a crise não é só americana, mas europeia e mundial.
O fim de uma estrela, em astrofísica, significa o inevitável surgimento de um buraco negro. Ele suga tudo que está dentro do seu campo magnético. E, infelizmente, todos nós estamos dentro do campo magnético da economia americana. O que nos espera do outro lado, depois da passagem pelo buraco, é um mistério.
Por isso, guarde bem a data de hoje. Todas as bolsas asiáticas abriram em baixa no pregão dessa segunda-feira, 8 de agosto de 2011. Só as próximas horas vão dizer se, de fato, teremos uma segunda-feira “negra” para os mercados mundiais. E tudo indica que alguém como eu, que viveu a queda do muro de Berlim e o fim da União Soviética, esteja vivendo também o fim da economia ocidental capitalista, tão endeusada por muitos como a única saída para o mundo. Eu acho que o colapso já se instalou e sua reversão é impossível. Tem tudo para sobrar também para o Brasil, que tanto festejou os poucos anos de fartura que viveu recentemente...
Cinco anos da Lei Maria da Penha
A história de Maria da Penha Maia Fernandes deu nome à lei.
A Lei Maria da Penha completou cinco anos ontem. Desde a sua promulgação, em 2006, segundo o Ministério da Justiça, foram sentenciados 111 mil processos e distribuídos mais de 331 mil procedimentos sobre violência contra a mulher. Além disso, foram efetuados 9,7 mil flagrantes e sentenças de flagrantes, além de terem sido decretadas mais de 1.500 prisões preventivas de agressores de mulheres.
É de comemorar que a lei ll.340/2006 tenha exposto o nervo da violência contra a mulher. Mas, de acordo com a Fundação Abramo, ainda há muito a ser feito, pois cinco mulheres são espancadas a cada dois minutos no Brasil. Os homens ainda se consideram donos de suas esposas, amasiadas ou companheiras. Tem até homem batendo na mulher ainda durante o namoro. Um total absurdo, que tem que ser punido rigorosamente.
O que aumentou substancialmente nesses cinco anos é o número de denúncias. A mulher, ao sentir-se protegida pela lei, tem mais coragem para denunciar o covarde com quem vive. Denuncie você também. A violência tem que ser banida da nossa sociedade, a começar pelo espaço mais sagrado que temos, que é o nosso próprio lar.
A Lei que protege as mulheres contra a violência recebeu o nome de Maria da Penha em homenagem à farmacêutica cearense Maria da Penha Maia Fernandes. Com muita dedicação e senso de justiça, ela mostrou para a sociedade a importância de se proteger a mulher da violência sofrida no ambiente mais inesperado, seu próprio lar, e advinda do alvo menos previsto, seu companheiro, marido ou namorado.
Em 1983, Maria da Penha recebeu um tiro de seu marido, Marco Antônio Heredia Viveiros, professor universitário, enquanto dormia, o que a deixou presa em uma cadeira de rodas. Seu marido tentou acobertar o crime, afirmando que o disparo havia sido cometido por um ladrão.
Após um longo período no hospital, a farmacêutica retornou para casa, onde mais sofrimento lhe aguardava. Seu marido a manteve presa dentro de casa, iniciando-se uma série de agressões. Por fim, uma nova tentativa de assassinato, desta vez por eletrocução que a levou a buscar ajuda da família. Com uma autorização judicial, conseguiu deixar a casa em companhia das três filhas.
Em 1984, Maria da Penha iniciou uma longa jornada em busca de justiça e segurança. Sete anos depois, seu marido foi condenado a 15 anos de prisão. A defesa apelou da sentença e, no ano seguinte, a condenação foi anulada. Um novo julgamento foi realizado em 1996 e uma condenação de 10 anos foi-lhe aplicada. Porém, o marido de Maria da Penha apenas ficou preso por dois anos, em regime fechado.
Sua história e luta foram o impulso central para a criação da lei que hoje protege a mulher contra a violência.
A Lei Maria da Penha completou cinco anos ontem. Desde a sua promulgação, em 2006, segundo o Ministério da Justiça, foram sentenciados 111 mil processos e distribuídos mais de 331 mil procedimentos sobre violência contra a mulher. Além disso, foram efetuados 9,7 mil flagrantes e sentenças de flagrantes, além de terem sido decretadas mais de 1.500 prisões preventivas de agressores de mulheres.
É de comemorar que a lei ll.340/2006 tenha exposto o nervo da violência contra a mulher. Mas, de acordo com a Fundação Abramo, ainda há muito a ser feito, pois cinco mulheres são espancadas a cada dois minutos no Brasil. Os homens ainda se consideram donos de suas esposas, amasiadas ou companheiras. Tem até homem batendo na mulher ainda durante o namoro. Um total absurdo, que tem que ser punido rigorosamente.
O que aumentou substancialmente nesses cinco anos é o número de denúncias. A mulher, ao sentir-se protegida pela lei, tem mais coragem para denunciar o covarde com quem vive. Denuncie você também. A violência tem que ser banida da nossa sociedade, a começar pelo espaço mais sagrado que temos, que é o nosso próprio lar.
A Lei que protege as mulheres contra a violência recebeu o nome de Maria da Penha em homenagem à farmacêutica cearense Maria da Penha Maia Fernandes. Com muita dedicação e senso de justiça, ela mostrou para a sociedade a importância de se proteger a mulher da violência sofrida no ambiente mais inesperado, seu próprio lar, e advinda do alvo menos previsto, seu companheiro, marido ou namorado.
Em 1983, Maria da Penha recebeu um tiro de seu marido, Marco Antônio Heredia Viveiros, professor universitário, enquanto dormia, o que a deixou presa em uma cadeira de rodas. Seu marido tentou acobertar o crime, afirmando que o disparo havia sido cometido por um ladrão.
Após um longo período no hospital, a farmacêutica retornou para casa, onde mais sofrimento lhe aguardava. Seu marido a manteve presa dentro de casa, iniciando-se uma série de agressões. Por fim, uma nova tentativa de assassinato, desta vez por eletrocução que a levou a buscar ajuda da família. Com uma autorização judicial, conseguiu deixar a casa em companhia das três filhas.
Em 1984, Maria da Penha iniciou uma longa jornada em busca de justiça e segurança. Sete anos depois, seu marido foi condenado a 15 anos de prisão. A defesa apelou da sentença e, no ano seguinte, a condenação foi anulada. Um novo julgamento foi realizado em 1996 e uma condenação de 10 anos foi-lhe aplicada. Porém, o marido de Maria da Penha apenas ficou preso por dois anos, em regime fechado.
Sua história e luta foram o impulso central para a criação da lei que hoje protege a mulher contra a violência.
sexta-feira, 5 de agosto de 2011
Vinte anos de www
Tim Berners-Lee foi o criador da World Wide Web, a rede mundial de computadores
O ano de 1990 foi decisivo para a história recente da humanidade. Em fevereiro, Nelson Mandela foi solto da prisão em que esteve por 27 anos e deu início a um dos capítulos mais fascinantes da história moderna. Em abril, a nave Colúmbia carregava no seu compartimento de bagagem e lançava no espaço o telescópio Hubble. A pesquisa do espaço nunca mais foi a mesma depois desse espetacular olho que colocamos fora da nossa atmosfera. Em outubro, a Alemanha foi reunificada. E, no finalzinho daquele ano, iniciou uma revolução tecnológica que modificaria profundamente o nosso modo de viver.
O trabalho iniciado naquele frio inverno em Genebra terminou num convite, no dia 6 de agosto de 1991, quando o físico britânico Tim Berners-Lee convidou seus colegas para um fórum de debate por meio de um clique num hiperlink. O físico havia produzido um programa interno de rede para os computadores da Organização Européia de Pesquisa Nuclear, em Genebra. Através dele, era possível acessar os documentos de outros computadores a partir de um deles. Os documentos apenas precisavam estar lincados a páginas de hipertexto, por sua vez lincadas a outros documentos em outras páginas de hipertexto. Era uma cômoda rede de troca de informações científicas.
O primeiro penetra da rede criada por Lee foi Nari Kannan. Ele não tinha noção de estar produzindo um documento histórico ao escrever um pedido rotineiro de ajuda no Grupo Usenet: “Alguém aí, que participa aqui no Newsgroup, sabe se há alguma pesquisa ou desenvolvimento nesta área?”. Ele esperava uma troca de informações dentro do grupo chamado alt.hypertext, que lidava com “fenômenos obscuros como o hipertexto”.
Berner-Lee denominou o programa de World Wide Web, no começo escrito tudo junto. Desde o início ele imaginava que muitos outros computadores poderiam fazer parte daquela rede. A pergunta de Kannan apenas confirmou que havia interesse no esquema fora da rede criada por Lee em Genebra.
Alguns dias se passaram até que veio uma resposta à consulta de Kannan. Alt.hypertext não era o facebook e nesta seleta rede de computadores de universidades e organizações de pesquisa as pessoas não entravam todos os dias. Olhava-se lá somente de vez em quando, para verificar se a última participação havia surtido alguma reação. Quando o físico Berners-Lee leu a consulta de Kannan no dia 6 de agosto, não havia mais como segurar o processo de pular de um computador ao outro através de um simples clique.
Naquele dia 6 de agosto, a rede www tornou-se aberta. Depois disso, é quase inacreditável o que veio a ser aquele minúsculo projeto universitário de uma rede de informação científica. Info.cern.ch foi o endereço da primeira página web do mundo, cujo endereço era http://info.cern.ch/hypertext/WWW/TheProject.html. Ali os visitantes podiam aprender sobre hipertexto, detalhes técnicos para criar sua própria página web, e mesmo explicações sobre como pesquisar por informações na Web. Não foram preservadas imagens de tela dessa primeira página web, mesmo porque ela sofria alterações diárias. Há somente disponível uma cópia de 1992, de como eram aquelas páginas desenvolvidas pelo projeto www.
Depois disso, começaram a surgir outros servidores na Europa e o primeiro fora do continente europeu foi montado no Stanford Linear Accelerator Center, nos EUA, em dezembro de 1991. Um ano depois, havia 26 servidores no mundo e em outubro de 1993 já havia cerca de 200 deles, mesmo ano em que a Universidade de Illinois lançou a primeira versão do programa Mosaic, que permitiu o uso da web a usuários de PC e Mac. O resto é história da web.
Tendo iniciado como uma ferramenta para ajudar físicos a trocar informações sobre as questões acerca do universo, hoje seu uso se aplica aos mais variados aspectos da comunidade global e afeta nossa vida diária. Hoje há mais de 80 milhões de páginas web conectadas à rede mundial de computadores, que tem centenas de milhões de usuários. Hoje se compra um computador não para computar, mas para navegar na internet.
O ano de 1990 foi decisivo para a história recente da humanidade. Em fevereiro, Nelson Mandela foi solto da prisão em que esteve por 27 anos e deu início a um dos capítulos mais fascinantes da história moderna. Em abril, a nave Colúmbia carregava no seu compartimento de bagagem e lançava no espaço o telescópio Hubble. A pesquisa do espaço nunca mais foi a mesma depois desse espetacular olho que colocamos fora da nossa atmosfera. Em outubro, a Alemanha foi reunificada. E, no finalzinho daquele ano, iniciou uma revolução tecnológica que modificaria profundamente o nosso modo de viver.
O trabalho iniciado naquele frio inverno em Genebra terminou num convite, no dia 6 de agosto de 1991, quando o físico britânico Tim Berners-Lee convidou seus colegas para um fórum de debate por meio de um clique num hiperlink. O físico havia produzido um programa interno de rede para os computadores da Organização Européia de Pesquisa Nuclear, em Genebra. Através dele, era possível acessar os documentos de outros computadores a partir de um deles. Os documentos apenas precisavam estar lincados a páginas de hipertexto, por sua vez lincadas a outros documentos em outras páginas de hipertexto. Era uma cômoda rede de troca de informações científicas.
O primeiro penetra da rede criada por Lee foi Nari Kannan. Ele não tinha noção de estar produzindo um documento histórico ao escrever um pedido rotineiro de ajuda no Grupo Usenet: “Alguém aí, que participa aqui no Newsgroup, sabe se há alguma pesquisa ou desenvolvimento nesta área?”. Ele esperava uma troca de informações dentro do grupo chamado alt.hypertext, que lidava com “fenômenos obscuros como o hipertexto”.
Berner-Lee denominou o programa de World Wide Web, no começo escrito tudo junto. Desde o início ele imaginava que muitos outros computadores poderiam fazer parte daquela rede. A pergunta de Kannan apenas confirmou que havia interesse no esquema fora da rede criada por Lee em Genebra.
Alguns dias se passaram até que veio uma resposta à consulta de Kannan. Alt.hypertext não era o facebook e nesta seleta rede de computadores de universidades e organizações de pesquisa as pessoas não entravam todos os dias. Olhava-se lá somente de vez em quando, para verificar se a última participação havia surtido alguma reação. Quando o físico Berners-Lee leu a consulta de Kannan no dia 6 de agosto, não havia mais como segurar o processo de pular de um computador ao outro através de um simples clique.
Naquele dia 6 de agosto, a rede www tornou-se aberta. Depois disso, é quase inacreditável o que veio a ser aquele minúsculo projeto universitário de uma rede de informação científica. Info.cern.ch foi o endereço da primeira página web do mundo, cujo endereço era http://info.cern.ch/hypertext/WWW/TheProject.html. Ali os visitantes podiam aprender sobre hipertexto, detalhes técnicos para criar sua própria página web, e mesmo explicações sobre como pesquisar por informações na Web. Não foram preservadas imagens de tela dessa primeira página web, mesmo porque ela sofria alterações diárias. Há somente disponível uma cópia de 1992, de como eram aquelas páginas desenvolvidas pelo projeto www.
Depois disso, começaram a surgir outros servidores na Europa e o primeiro fora do continente europeu foi montado no Stanford Linear Accelerator Center, nos EUA, em dezembro de 1991. Um ano depois, havia 26 servidores no mundo e em outubro de 1993 já havia cerca de 200 deles, mesmo ano em que a Universidade de Illinois lançou a primeira versão do programa Mosaic, que permitiu o uso da web a usuários de PC e Mac. O resto é história da web.
Tendo iniciado como uma ferramenta para ajudar físicos a trocar informações sobre as questões acerca do universo, hoje seu uso se aplica aos mais variados aspectos da comunidade global e afeta nossa vida diária. Hoje há mais de 80 milhões de páginas web conectadas à rede mundial de computadores, que tem centenas de milhões de usuários. Hoje se compra um computador não para computar, mas para navegar na internet.
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