Gráfico mostra que a elite se considera majoritariamente parte da classe média
Veja agora essa notícia, que li no JB há alguns dias. Segundo pesquisa do Instituto Data Popular, mais de um terço dos brasileiros que fazem parte das classes A e B se consideram de baixa renda. Ou seja, estão descontentes com o que ganham e ainda se consideram prejudicados. Segundo o IBGE, a classe B é composta por pessoas que ganham entre R$ 5 mil e R$ 10 mil por mês, enquanto a classe A ganha acima disso, mas bota acima disso. Juntas, essas duas camadas representam 11% da população brasileira.
São portentosos 20 milhões de brasileiros que, sinceramente, não têm de que se queixar ao bispo, ao governo, a Deus ou a quem quer que seja. Estão na turma da mamata, que troca de carro(s!) todos os anos, faz viagens à Europa e aos EUA (Orlando! Nova York!), estão em cruzeiros de luxuosos transatlânticos, têm os melhores apartamentos da orla brasileira, vestem roupas de marca (feitas por empresas que, aliás, vi ontem no belo programa “A Liga”, da Band, que usam mão de obra escrava para produzir aquelas roupas de marca a míseros dois reais por peça para depois receber a etiqueta de grife).
São abomináveis 20 milhões de brasileiros que odeiam a política de cotas, não querem ouvir de qualquer tipo de inclusão, detestam essa conversa de “politicamente correto” e odeiam principalmente pobres, negros e homossexuais. Desculpe generalizar, que eu sei que há alguns bons desse lado também, e que metem a mão no bolso generosamente para ajudar ONGs, projetos sociais ou até botam a cara pra bater no sentido de fazer atividades sociais de peso. Mas é uma honrada minoria com desconfiômetro, em meio a um mar de inúteis consumidores de logomarcas, futilidade e vazio existencial.
Ainda de acordo com a pesquisa, 66% dos membros da classe C e 82% das classes D e E se consideram de baixa renda. Apenas 10% da população de alta renda se considera realmente rica, ou seja, um em cada dez ao menos tem um pingo de vergonha na cara.
Hoje, a classe C é a mais numerosa do Brasil. Entre 2003 e 2011, essa parcela da população ganhou 39 milhões de membros, chegando aos 101 milhões. Em contrapartida, a classe E perdeu 24 milhões de pessoas e a classe D 7,9 milhões. Mas essa turminha aí, de cima, também odeia as políticas do governo que promovem inclusão social, como o Bolsa Família, o Luz para Todos, o programa de combate à miséria, o Casa para Todos e tantos outros. Dizem que é dar o peixe sem ensinar a pescar. Sinceramente, nem param para pensar quando repetem seus toscos argumentos todos os dias, o dia todo, como se a orelha da gente fosse...
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