Vista panorâmica da Barragem Norte, em José Boiteux.
"É de conhecimento e de angústia de todos a situação das
nossas cidades frente às chuvas. Blumenau, Jaraguá do Sul, Guaramirim, Rodeio,
Corupá, Massaranduba, Schroeder, Gaspar... Desespero e incertezas novamente
estão presentes, e em tão pouco tempo.
Eu gostaria de colocar nesta triste lista mais um nome e
que por inúmeras vezes é ignorado, e que tem papel fundamental para que a
tragédia não seja pior em nossas cidades: o outro lado do muro.
A Barragem Norte, localizada no Município de José Boiteux,
é uma das comportas que controla o forte fluxo de água que entra no Rio
Itajaí-Açu. Para minimizar a quantidade de água que chega em nossas cidades (imaginem
se viesse mais água???),
o que tem atrás deste muro precisa ficar submerso. E atrás deste muro têm
pessoas, que vivem na Terra Indígena Xokleng-Laklãnõ.
Por estar trabalhando no COMIN (entidade que atua com os
povos indígenas dentro da Terra Indígena Xokleng-Laklãnõ), recebi
ligações de lideranças ontem e hoje informando que a situação está
caótica: pessoas ilhadas e desabrigadas, barreiras caídas nas estradas, falta
de alimento, necessidades básicas... E a preocupação aumenta porque as águas
dos morros precisam ainda descer, pois a chuva parou somente domingo à noite.
As nossas cidades felizmente têm um círculo de solidariedade nestes momentos de
dor e carência, mas as aldeias indígenas estão lançadas à própria sorte.
Segundo informações internas, a comporta da Barragem Norte foi aberta ontem
depois de muita pressão das aldeias. Faltou menos de 1 metro para a água
transbordar.
Duas questões são levantadas:
1. Encontrar maneiras de pressionar os órgãos competentes
para que atuem com agilidade: têm casas rachando e com água dentro, e em torno
de 50 famílias desabrigadas que estão fazendo protesto na Barragem (mais uma
entre tantas, pois quando há enchentes este é o primeiro local de destruição);
2. Segundo a liderança da Aldeia Sede, que terá reunião com
os outros caciques nesta tarde, as famílias desabrigadas necessitam de
alimentos. Quem puder auxiliar na compra de alimentos, agradecemos. Acredito
que o caminho mais prático seja via depósito na minha conta corrente (Banco do
Brasil, Ag.2990-4, c.c10914-2, JASOM DE OLIVEIRA) e estaremos comprando."
Desde já agradecemos a rede e solidariedade com todos e
todas que sofrem nestes momentos,
Jasom de Oliveira
COMIN / Leste Catarinense