quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Abaixo os muros que nos dividem

O muro que isola o território dos EUA do México e da América Latina toda.

O governo grego anunciou que vai construir um muro com cerca de 13 quilômetros de extensão e três metros de altura na fronteira com a Turquia para evitar a entrada de “imigrantes ilegais”. O modelo copiado pelas autoridades gregas é o muro entre a Califórnia e o México.

O muro de Berlim, derrubado euforicamente há mais de 20 anos, continua sendo cada vez mais copiado em todo o mundo. Já há muros entre as Coreias, entre Marrocos e o Saara Ocidental, entre os EUA e o México, na Cisjordânia, entre Israel e o Egito, Israel e a Faixa de Gaza, entre o Paquistão e o Afeganistão. Agora o muro grego na fronteira com a Turquia entrará nessa lista. Será o segundo a separar zonas de influência dos dois países, contando com o que existe em Chipre.

A chamada “Fortaleza Europa” vai começar a ter forma física na zona fronteiriça de Orestidada, segundo as autoridades gregas. De acordo com dados de Atenas e da agência europeia Frontex, cerca de 200 imigrantes “ilegais” entram diariamente na Grécia por aquele ponto de passagem, apesar da presença de tropas no terreno. “É uma realidade dura e temos uma obrigação para com os cidadãos gregos de lidar com ela”, declarou o ministro grego da tutela, Christos Papoutsis, ao apresentar o projeto.

Diz a agência Frontex que nove em cada dez estrangeiros entram na Europa através da fronteira entre a Turquia e a Grécia e que 75% desse movimento se registra na zona de Orestidada ao longo de cerca de 13 quilômetros.

A maioria dos “imigrantes ilegais”, ainda segundo as mesmas fontes, são originários de países como o Afeganistão, o Paquistão, a Somália, alguns do Oriente Médio, como o Iraque, e do Norte de África, na sua maioria regiões onde as guerras conduzidas pelos Estados Unidos e a OTAN, com envolvimento da União Europeia, não resolveram e têm agravado os problemas sociais, humanitários e políticos.

Bruxelas, onde fica a sede da União Européia, mantém um silêncio quase absoluto sobre a estratégia fortificadora grega. Apenas Michele Cercone, porta-voz da comissária Cecilia Malstrom, comentou que “vedações e muros já provaram no passado que são medidas de curto prazo” pelo que é “importante que as fronteiras sejam geridas de modo a desencorajar e interromper o tráfico”. A esta declaração de aceitação do muro, desde que “a curto prazo”, junta-se a declaração grega segundo a qual a cooperação com Estados-membros no âmbito da solução encontrada “vai bem”.

A oposição grega de esquerda considera desde já a medida “desumana e ineficaz”. Oficialmente, a Turquia afirma que necessita de ter mais informação, mas que sendo o problema de âmbito internacional deverá ter uma abordagem internacional. Um funcionário público turco da região fronteiriça afirmou que o muro não resolverá o problema porque há outros meios de passagem, como por exemplo o rio Evros – de barco no inverno e a pé no verão.

Um diplomata europeu citado pelo jornal britânico Daily Telegraph transportou, entretanto, o problema da fortificação europeia para outros terrenos de debate que estão à tona. “É fácil imaginar como uma estrutura permanente sinalizará o campo anti-turco ou dará a impressão de uma fortaleza cristã europeia para manter os islâmicos do lado de fora”, disse. O mesmo diplomata, citado em condição de anonimato por estar em funções oficiais, acrescentou que “construir muros não ajuda neste tempo em que o importante é construir pontes”. (Com informações de Brasil de Fato)

Que caiam todos os muros! Também os que separam os nossos quintais e redutos em que nos isolamos. Quem defende o direito de ir e vir, não pode construir muros.

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