Quem ainda não ouviu falar dele no Vale do Itajaí? "El Niño" (do espanhol "O Menino" e lê-se El Ninho) é o maior fenômeno climático natural que ocorre no nosso planeta. Tem este nome porque costuma ocorrer por volta do Natal, em média a cada sete anos, por isso a referência ao Menino Jesus. Pela bagunça celestial da última noite, estamos em pleno campeonato de bolão do El Niño.
O fenômeno ocorre bem longe daqui, na mudança da temperatura das águas do Oceano Pacífico, na Corrente de Humboldt. Isso muda a realidade de chuvas e secas em todo o Hemisfério Sul e parte do Hemisfério Norte do planeta. Afeta a América do Sul e Central, a África, a Ásia e a Oceania, provocando reviravoltas gigantes no clima nessas regiões. Chuvas e enchentes aqui no Sul e seca no Centro Oeste e no Sudeste estão na pauta.
Entretanto, tem vezes que ocorre um chamado Mega El Niño. Os últimos aconteceram em 1975/76 e em 1982/83 (este último de triste lembrança para o Vale do Itajaí). Nesses eventos climáticos catastróficos acontece o que os oceanógrafos chamam de ENSO (El Niño Southern Oscillation), quando o fenômeno muda a direção das correntes marítimas. Nesses eventos climáticos gigantes, inverte-se radicalmente o regime de chuvas e de estiagem em vários pontos do planeta.
Para historiadores do clima no planeta, alguns desses Mega El Niños se estenderam até por décadas, aniquilando civilizações inteiras, como algumas pré-incaicas nos Andes, a civilização maia no México ou algumas das dinastias de faraós egípcios (por influenciar as cheias periódicas do Nilo). Óbvio que a tragédia climática que se abateu sobre essas civilizações não encontrou governantes em condições de reagir em tempo de salvar o povo da fome e de doenças dela decorrentes, mas o clima ajudou muito.
Por certo, apesar das tragédias sempre dramáticas associadas ao El Niño, a civilização atual é a mais preparada para enfrentar suas consequências. Mas também somos parte da primeira civilização que influencia e potencializa este fenômeno natural com nossa agressão ao meio ambiente, como desmatamentos e poluição atmosférica causadora do efeito estufa.
(Com informações de "Kulturgeschichte des Klimas", Wolfgang Behringer)
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