As indulgências são uma antiga prática na igreja. A palavra indulgência vem de "indulto", que tem múltiplos significados dentro do espectro do "perdão" (desde o perdão de culpa até redução de pena ou de impostos, concedidos por uma autoridade).
A indulgência é um indulto concedido pela autoridade eclesiástica a algum pecado específico. Implica em confissão e penitência e é uma prática legítima. A bênção "Urbi et Orbi" tem embutido um indulto universalproferido pelo papa. Na teologia católica a igreja tem autoridade, concedida por Cristo, para perdoar pecados.
Lutero concordava com isso e este conceito é parte da confessionalidade luterana até hoje. Em seu "Catecismo Menor", Lutero explica no terceiro artigo do Credo Apostólico: "Nesta Igreja ele perdoa, cada dia e plenamente, todos os pecados a mim e a todas as pessoas que creem".
O que Lutero e o movimento da Reforma condenou, foi o COMÉRCIO das indulgências. Este comércio visava lucro e negociava com o perdão da igreja. João Tetzel, um dos principais mascates de indulgências no tempo de Lutero, agia em nome de um bispo que precisava juntar dinheiro para pagar sua dívida junto aos Fugger, os maiores banqueiros da Europa na época. O que sobrava ia para Roma, para construir a Catedral de São Pedro.
A doutrina das indulgências entrou injustamente em desgraça na idade média tardia por causa do comércio das indulgências. Este comércio foi oficialmente proibido pelo papa em 1562, em parte graças ao empenho dos reformadores e da contra-reforma. Mais do que proibido, desde então o comércio com a graça de Deus era motivo para excomunhão.
O moderno comércio com a salvação, praticado pela teologia da prosperidade de inúmeras igrejas neo-pentecostais, é uma volta ao comércio de indulgências. Pastores inescrupulosos fazem negócio, colocando alto preço na graça de Deus. A graça não está à venda, diz o tema da IECLB de 2016.
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