No Dia Mundial de Conscientização da Violência contra a Pessoa Idosa, é necessário apontar para o crescimento desse tipo de crime. O Brasil, como todos os demais países que iniciam um processo de declínio da curva de crescimento populacional, torna-se rapidamente um país de gente idosa. Conforme relatório da Organização Mundial de Saúde, a porcentagem de pessoas com idade acima dos 60 anos no país cresce acima da média mundial. Até 2050 o número de idosos deve triplicar no Brasil.
O que diminui com o aumento do número de pessoas idosas é a paciência dos mais jovens com elas. Velho é peso. Velho é estorvo. Velho devia morrer mais cedo.
O assunto foi meio que varrido para debaixo do tapete em meio à crise institucional brasileira. Mas não deixou de existir por isso. O Disque 100, que foi criado em 1997 para receber denúncias de violência contra crianças, desde 2011 está também recebendo denúncias de violência contra pessoas deficientes e idosas. No caso das pessoas idosas, as denúncias aumentaram 195% em 2012 só no Paraná, e no ano seguinte mais 75%.
Violência não é só bater ou humilhar. Há numerosas maneiras de violentar uma pessoa idosa, confiscando sua aposentadoria, confinando-a num quarto insalubre nos fundos da casa ou do rancho, deixando-a numa solidão desoladora enquanto o resto da família passa o dia fora (ainda mais quando preso à cama ou a uma cadeira de rodas), não tratando devidamente de seu bem-estar físico e psicológico. Nem falo de um asilo, pois lá quase sempre ela terá tratamento condizente. E a coisa vai por aí. Tudo pode ser resumido na palavra ABANDONO, que tem em sua raiz o verbo "to ban" (inglês), que significa "banir".
A Bíblia recomenda respeito à pessoa idosa. A lei de Israel diz: “Fiquem de pé na presença das pessoas idosas e as tratem com todo o respeito” (Lv 19.32). Paulo diz a Timóteo: “Não repreendas asperamente ao homem idoso, mas exorta-o como se ele fosse seu pai” (1 Tm 5.1). O Conselho dos Anciãos era o círculo de poder mais respeitado na antiguidade em diversos povos, sendo um dos últimos recursos para deliberar questões polêmicas ou jurídicas.
Cabe também à igreja cristã olhar com atenção esta questão. Não esqueçamos que, para o bem ou para o mal, as pessoas idosas são grande parte de nossas comunidades ativas. As crianças rareiam. Os adultos estão atarefados demais. São as pessoas com tempo livre, na aposentadoria, que formam o grosso da membresia ativa de nossas comunidades. Então, nada melhor que tratá-los com carinho e cuidado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário