Era o que se ouvia pelas antenas do rádio amador em todo o mundo desde o dia 4 de outubro de 1957. O ruído intermitente vinha de uns 200 quilômetros de altura. Era o sinal emitido pelo satélite “Sputnik 1”, que se movia rápido em órbita da Terra. Enquanto os soviéticos festejavam seu feito, ao lançar o primeiro objeto feito pelo homem em órbita do planeta, no Ocidente se desconfiava daquilo. Quem pode lançar uma lua artificial em torno do planeta, também pode colocar foguetes intercontinentais com ogivas nucleares em qualquer lugar do mundo.
O pip-pip da pequena esfera metálica em órbita podia ser captado por três semanas em todas as antenas do mundo. Depois, silêncio. As baterias da Sputnik tinham acabado. Ficou volteando o planeta por três meses, dando uma volta à Terra a cada 96 minutos e carbonizou no dia 4 de janeiro de 1958, ao reingressar na atmosfera terrestre.
Com o Sputnik iniciou a Era Espacial e, simultaneamente, as superpotências da Guerra Fria, EUA e URSS, iniciaram a corrida para a conquista da Lua, vencida pelos americanos no dia 21 de julho de 1969, com a alunissagem de Neil Armstrong e Buzz Aldrin.
Mas os soviéticos conseguiram passar na frente várias vezes. Em novembro de 1957 colocaram a cadela Laica, o primeiro ser vivo, em órbita do planeta. Yuri Gagarin foi o primeiro homem, já em 1961. Valentina Tereschkowa o seguiu em 1963 como a primeira mulher em órbita. Alexei Leonow deu o primeiro passeio fora da nave em órbita em março de 1965. Dizem que eles estiveram até na Lua antes dos americanos, só que isso ninguém divulgou no Ocidente. Entre 1959 e 1970 mais de uma dúzia de foguetes soviéticos chegaram ao satélite natural da Terra. Com o uso de câmeras automáticas, foram eles que mostraram o lado oculto da lua à humanidade pela primeira vez. A nave “Luna 9” alunissou suavemente sobre o solo lunar em 3 de fevereiro de 1966. Em 1º de março de 1966 os russos chegaram a pousar uma nave no Planeta Vênus.
Somente seis anos depois do pouso dos astronautas americanos na Lua é que os dois países começaram a cooperar na pesquisa espacial. Em 1975 naves dos dois países foram acopladas pela primeira vez em órbita.
Hoje, 60 anos depois de Sputnik 1, em torno de mil satélites ativos orbitam o nosso planeta, pesquisando a meteorologia e o clima, fazendo espionagem militar e industrial, transmitindo sinais de TV, GPS, telefonia e internet e muitas outras funções. A ISS é uma base no espaço onde, além de Rússia e EUA, cooperam diversos países.
O lado ruim de tudo isso é uma enorme quantidade de sucata orbital, que transformou o entorno da Terra em um verdadeiro ferro velho cheio de peças velhas e sucata que circundam o planeta na velocidade do primeiro Sputnik. Cada pequeno parafuso em órbita tem o poder de impacto de uma bala de fuzil, como mostra muito bem o filme “Gravidade”, com Sandra Bullock e George Clooney. Hoje é um bom dia para rever esta obra impactante de Hollywood.
Nenhum comentário:
Postar um comentário