terça-feira, 31 de outubro de 2017

Bota ele no prego, professor!

Quinhentos anos depois, é fácil. Deve beirar aí o milhão de páginas o que já foi escrito sobre aquelas 95 teses. Mas eu quero ir por outro caminho. Quero imaginar o estado do professor Martin Luther naquele fatídico dia 31 de outubro, há quinhentos anos.
Na noite anterior, ele nem deve ter pregado olho. Se bem que, nas anteriores, também dormiu mal. Aquele Tetzel estava entalado na sua garganta. O Santo Padre, em Roma, não devia estar sabendo disso. Muito menos, dar o seu aval a essa barbaridade! Alguém precisava contar ao Papa o que esse safardanas andava fazendo em nome da Igreja! Um babaca, isso é o que ele era!
Como é que pode negociar desse jeito com a fé simples do povo? A Igreja não podia estar por trás disso! E aquele discurso que ele andava fazendo soava como um slogan de propaganda enganosa: "Quando a sua moedinha tilintar na caixinha, a alma do seu pai, da sua mãe, do seu marido salta do purgatório para o céu! Não tem intermediários, é negócio direto! Só depende de você, meu amigo! Se você não tem a grana agora, faça um empréstimo, levante uma grana entre os seus parentes, use o seu cartão de crédito! Fazemos qualquer negócio para livrar a sua mãe do inferno! Você não vai querer ser responsável por ela continuar queimando lá, vai? Eu não ia querer levar esta culpa anotadinha no livro da minha vida. E quando você morrer, a sua libertação vai custar uma pequena fortuna para algum parente seu e você vai queimar no inferno pela eternidade! Pense bem!!! Só depende de você, meu amigo, minha amiga! É só escutar o tilintar da moeda no fundo da caixa e está feito! ..." (A ilustração mostra Johannes Tetzel como homem-propaganda das indulgências).
Como é que um espertalhão desses dos infernos podia jogar assim com o medo dessa gente? Quanto mais o Dr. Martin pensava em Tetzel, mais o sangue lhe subia na cabeça.
A aula naquele dia só foi isso! Doktor Luther não conseguia dar aula. Ele fez um discurso para os alunos. E eles adoravam aquele professor: "Eu vou denunciar aquele porco de uma figa ao Papa! Ele vai ver com quantos paus se faz uma canoa!". E os alunos aplaudiam e urravam: "Bota ele no prego, professor! Vai fundo!".
E foi o que ele fez. Botou Tetzel no prego. E o resto da história vocês já sabem de cor e salteado. Não precisava de um Dr. Luther de novo, bem no meio dessa festa dos 500 anos?
SANTA INDIGNAÇÃO!
VIVA O DIA 31 DE OUTUBRO DE 1517!

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