segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Uma pausa para novos ares


Este foi um ano muito enriquecedor. Não só pude expressar livremente a minha opinião, como aprendi muitas coisas com cada post que deixei neste espaço. O mais gratificante, entretanto, foi ver o número de leitores e leitoras crescer, poder interagir com as pessoas que leem os posts deste blog e aprender desta relação maravilhosa. Foram mais de 320 posts ao longo de 2011 e muita coisa bonita aconteceu por causa dessa troca.

Agradeço a cada um e a cada uma de vocês por este escambo de ideias, reflexões, protestos, indignações e defesas apaixonadas de tudo aquilo que acreditamos e defendemos neste espaço. Vamos dar alguns dias de tempo, até porque é bom ficar um pouco longe do teclado, da internet, desse mundo da rotina comunicacional em que tanto gosto de me envolver. Vai fazer bem e renovar ares, forças, lutas. Em poucos dias estarei aqui de novo. Enquanto esperam e reviram os arquivos que deixei, desejo-lhe um ano de 2012 repleto de boas experiências. Paz e bem a todos/as!
Clovis H. Lindner

domingo, 25 de dezembro de 2011

The day after


É incontornável. O dia 25 de dezembro chega com um estranho gosto de dia seguinte. Passou a correria, terminaram os preparativos, esgotaram-se os bons desejos e se foram todos os abraços. Todos os presentes foram dados. Uma montanha de lixo acumula-se em todos os cantos da casa e em meu coração. Restos da ceia entopem a geladeira e as minhas coronárias. Pets, longnacks e latinhas amassadas transferiram o torpor de seus interiores para o meu cérebro.

Desejos não realizados também jazem nos abscônditos recantos de minha alma e nada mais parece preencher os espaços em aberto. Um torpor me invade. Uma estranha sensação de que o mais importante, como das outras vezes, ficou por ser dito, sentido, experimentado, vivenciado, repassado...

Eu tenho tudo e não necessito de coisa alguma. Entretanto, sinto-me como numa corrida maluca. Uma busca, que começou não sei quando nem porque, mas que jamais termina. Ela envolve-me com sua avassaladora onda e me arrasta consigo, implacável. A busca que jamais termina não me dá descanso. Falta o essencial, o verdadeiro, o que preenche e renova. Falta tudo, portanto, apesar de não me faltar nada.

Eu sei todas as respostas. Estudei meticulosamente cada uma delas. Estão na mente, na vida, no DNA, na tradição que guardo como um tesouro. Estão no arquivo do certo e do errado. Mas a inquietude não me larga. Arrasta-se presa aos meus pés, como a corrente de um prisioneiro perpétuo.

O que faço com tudo que experimentei de novo na noite passada, centado sob a árvore de Natal, já com suas pontas caídas e denunciando a morte que se instala em seu tronco decepado por mera tradição? O que faço com a minha cepa, que teima em não brotar?

Deito meu olhar sobre o presépio, ignorado em seu canto. Está dramaticamente soterrado por uma montanha de presentes de todos para todos. Os gestos dos abraços cheios da expectativa do consumo fácil o relegaram a um lugar no reino do esquecimento. É um Märchen a mais.

Ó menino que vens, mais uma vez, para encontrar nossas hospedarias lotadas de desejos e nossos hospedeiros demasiado ocupados com os hóspedes da noite santa. Mais uma vez não tivemos lugar para receber-te em nossas vidas, em nossos corações vazios, mas tão repletos de desesos fúteis, inúteis, descartáveis.

Mas dali em que te encontras, na palha da manjedoura, não desiste de mim. Não nos refugues, ó amado menino, ó Jesus que salva.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Martin Niemöller


Hoje faz 71 anos que a revista americana “Time”, no dia 23 de Dezembro de 1940, colocou na capa o pastor luterano Martin Niemöller (1892-1984), um dos fundadores da Igreja Confessante, que se opôs ao nazismo, ao lado de outros pastores luteranos, como Dietrich Bonhoeffer.

Niemöller foi preso pela primeira vez em 1935. Portavoz da resistência protestante, ele foi libertado passados uns meses, mas voltou para a prisão até ao final da guerra. A sua ficha na Gestapo o classificava como “inimigo pessoal do Führer”.

No período pós-guerra, foi presidente da Igreja Territorial de Hessen e Nassau e um dos importantes interlocutores do processo de paz e da reconstrução da consciência alemã. É dele o seguinte texto (por vezes atribuído a Bertolt Brecht):

“Quando os nazistas levaram os comunistas, eu calei-me, porque, afinal, eu não era comunista. Quando prenderam os social-democratas, eu calei-me, porque, afinal, eu não era social-democrata. Quando levaram os sindicalistas, eu não protestei, porque, afinal, eu não era sindicalista. Quando levaram os judeus, eu não protestei, porque, afinal, eu não era judeu. Quando eles me levaram, não houve mais ninguém que pudesse protestar”.

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

História digital da Natividade



Esse vídeo é uma peça genial, que mostra como correriam as notícias inéditas do nascimento de Jesus Cristo na era das redes sociais. É uma forma diferente e criativa de contar a história do Natal. Esta peça foi montada para um culto no Facebook, uma nova forma de celebração que está em voga entre jovens Cristãos europeus. Eles realizam culto sem irem à igreja, sob a coordenação de lideranças do trabalho entre jovens. O que fica da idéia deste trabalho é a certeza de que a história do Natal nunca envelhece. Por mais que sejamos atropelados pela modernidade, ela se adapta, sempre.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Um pouco do próprio veneno


O primeiro ano do governo de Dilma Rousseff está chegando ao fim e foi um período difícil, com a oposição tendo como único plano de ação desmoralizar o governo. Denúncias e mais denúncias, com pouquíssimas provas do que se levantou até agora, tudo com o claríssimo objetivo de empurrar o governo para o cadafalso.

Agora experimentam um pouco do próprio veneno. O livro do jornalista Amaury Ribeiro Jr., com o título "A Privataria Tucana", coloca o dedo no centro da ferida aberta dos oito anos de privatizações do governo FHC. O livro teve a primeira edição de 15 mil exemplares esgotada no dia do seu lanbçamento. Até agora já vendeu mais de 70 mil exemplares.

Assim que entrou em circulação, a internet das redes sociais entupiram de comentários e caixas-postais eletrônicas lotaram. O que incomodou muita gente, e com razão, foi a posição silente dos denominados veículos tradicionais de mídia a respeito do livro, do seu conteúdo e dos documentos anexados.

Em todos os "casos" de ministros até agora demitidos, alguns deles claramente vítimas de um superbombardeio por parte dessa mesma mídia, com verbos sempre no futuro do pretérito (teria, seria, haveria etc.), não saíam de seus telejornais e jornais impressos enquanto continuassem nos seus cargos. Quando caíam, as metralhadoras escolhiam aleatoriamente um novo alvo. Isso tem sido assim por 11 longos meses. Com relação ao livro, apenas notas, de preferência com pronunciamentos do detestável Álvaro Dias que, sem ler o livro, falou em “matérias requentadas”.

Serra, que muitos consideram o próprio paladino do bem, chamou o livro de "lixo". O seu maior medo era que ele fosse lançado durante a campanha presidencial. Foi poupado até agora. A verdade é que o livro está recheado de documentos altamente comprometedores, comprovando um esquema de propinas, desvios e lavagem de dinheiro em paraísos fiscais envolvendo as privatizações praticadas no tempo em que ele era ministro e FHC era o presidente.

Particularmente a coitadinha da filha de José Serra, Verônica, que até chorou diante das câmeras do JN, porque teria sido vítima dos inescrupulosos petistas envolvendo familiar de candidato na sua sórdida campanha de difamação... Pois é... Está envolvida até o pescoço.

O veneno que agora bebem é o mesmo que estão ministrando em doses cavalares. Mas não é pelo bem do Brasil, não. E tem muita gente que se ilude com isso. O que está por trás é a disputa por voltar ao coxo e continuar a privataria, a rapinagem e muitas outras manobras das quais são grandes especialistas e tradicionais usuários.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Educação sem violência


O congresso aprovou ontem a lei que torna ilegais castigos físicos para a educação das crianças. A nova lei foi encaminhada pela Presidência da República no dia 14 de junho do ano passado para discussão no Congresso. Uma mensagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva apresentou ao Congresso o Projeto de Lei (PL) que agora foi aprovado.

A idéia original teve por trás a “Rede Não Bata, Eduque”, com o objetivo de suprir lacunas existentes no Estatuto da Criança e do Adolescente e criar mecanismos que garantam a integridade física e psicológica das pessoas com menos de 18 anos.

De acordo com a nova lei, a definição de “castigo” passa a ser incluída no artigo 18 do Estatuto como “ação de natureza disciplinar ou punitiva com o uso da força física que resulte em dor ou lesão à criança ou adolescente”. Aqueles que infringirem a lei podem receber penalidades como advertência, encaminhamento a programas de proteção à família e orientação psicológica.

A “Lei da Palmada” busca a reversão de um quadro apontado por profissionais de saúde e educadores que convivem com crianças vitimadas e por pesquisa da Secretaria de Direitos Humanos: 70% dos meninos de rua saíram de casa por causa da violência. A intenção não é entrar na vida das famílias, mas propor uma política de conscientização do problema e também para a elaboração de políticas públicas que possam atender adequadamente as vítimas da violência.

A nova lei segue agora para o Senado.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Origem do termo “América Latina”

Memorial da América Latina, em São Paulo, com a mão criada por Oscar Niemeyer

O professor Carlos Walter Porto Gonçalves é especialista em América Latina, defensor das lutas indígenas e camponesas e ex-assessor de Chico Mendes, o líder sindical e ambientalista assassinado em 1988. No texto abaixo, ele nos dá uma aula de história sobre a origem do conceito “América Latina”. Sua palavras foram retiradas de uma entrevista ao jornal “Brasil de Fato”:

O termo “América Latina” foi usado pela primeira vez por um poeta colombiano, José María Caicedo, num poema chamado “As duas Américas”, em 1854. Ele usou essa expressão com clara posição de tensão em relação à América anglo-saxônica. Ele estava muito impactado pelo que havia acontecido, numa data que todos nós deveríamos ter sempre em mente: 1845- 1848, que é o período da guerra dos EUA contra o México. Quando os EUA fizeram a independência eram apenas as 13 colônias situadas a leste. Todas as terras do Texas até a Califórnia – com todos aqueles nomes em espanhol – foram tomadas do México.

De certa forma, o Caicedo dá continuidade ao que Simón Bolívar tinha percebido nos anos de 1820 em função da posição norte-americana em relação ao Haiti, o primeiro país do mundo a abolir a escravidão. O que faz os Estados Unidos? Junto com a França, faz pressão para que o Haiti pague por cada escravo que tinha se tornado livre, o que faz com que o país fique sufocado em dívidas.

E Simón Bolívar, que recebeu armas dos revolucionários haitianos para fazer os processos de libertação da América Latina, percebe que a doutrina de Monroe, “América para os americanos”, era para os americanos do norte, para os estadunidenses. Percebeu isso em 1823 e denunciou imediatamente, convocando uma integração entre os países, entre iguais, não uma integração subordinada. Ele usava a expressão “Pátria Grande”, a América integrada; ele dizia que tínhamos uma “pátria chica” – Brasil, Venezuela etc. – mas também a Pátria Grande.

A expressão “América Latina” tem um significado muito forte, porque abriga o caráter anti-imperialista, antagoniza com a América anglo-saxônica. Mas ao lado do seu caráter emancipatório, Caicedo não estava livre de um certo eurocentrismo. A expressão ‘latina’ ignora todo o patrimônio civilizatório que aqui existe e que não é de origem latina, como os quéchuas, os aimarás, os tupiguarinis, os maias.

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Os elementos do Advento

The Four Elements, arte de Cris Vector

O tempo de advento é o tempo de preparação para celebrar e afirmar que Deus, em seu amor, decidiu tornar-se alguém de nós, e preencher a vida, nossa vida, de esperança e de sentido. Ele nos presenteou a vida, e nos colocou para viver neste mundo onde os elementos fundamentais são a terra, o ar, a água e o fogo. Estes elementos nos ajudam a recordar que somos obra de suas mãos. O autor da vida é o Deus Criador. Portanto, é necessário reconhecer que somos frutos de seu grande amor.

Uma idéia interessante é usar a coroa de advento e as suas quatro velas como forma de apontar para estes elementos fundamentais da natureza como forma de recordar que Deus nos dá a vida, a vida abundante, a vida que não se perde.

A primeira vela é a terra. Fomos formados do pó da terra. Deus é nosso oleiro e nos moldou a cada um/a, com a sua característica, os seus dons, o seu modo particular de reagir aos eventos da vida. Cada um/a de nós é único/a, distinto/a, especial; formado/a do pó da terra, nosso elemento básico, primordial. Eles nos presenteou com a vida.

A segunda vela é o ar. Deus é Palavra. E ela se revela através do ar que passa entre as cordas vocais. Tudo foi criado por meio dela. O barro tornou-se ser humano pelo sopro em suas narinas. Ar é vida. Respiramos. Logo, existimos. O ar é liberdade de expressão, é elemento essencial para a vida. Ele é espírito, que corre livre, leve e solto. Não há amarras para o ar em movimento. Ele é o próprio movimento. Ele é o próprio Deus, em todos os lugares, cercando tudo e todos. Dependemos dele integralmente. Do ar. De Deus.

A terceira vela é a água. A água imediatamente nos remete ao batismo. Cada um/a de nós é chamado pelo seu nome. A salvação é universal. Mas ela é essencialmente individual, dirigida diretamente a cada ser humano, com nome e endereço, enviado para a nossa caixa postal. Estamos todos unidos pelo fluido que tudo interliga. Como a água, assim é o amor de Deus. É a água batismal que nos torna herdeiros da salvação. É o solvente universal, que a tudo purifica, lavando a nossa condição de párias do Reino de Deus. A água é inclusão, também diante de Deus. A fé faz brotar rios de água viva em cada ser humano.

A quarta vela é o fogo. É o Espírito Santo que veio sobre Maria e a ungiu para ser o meio que revela, conduz, entrega, apresenta aquele que salva. Deus é ardor, é calor, é elemento que purifica e transforma. Como o fogo, ele está presente em nosso meio, aquecendo, renovando, iluminando o caminho para os nossos passos. É tão essencial quanto o sol para a vida no nosso planeta. A escuridão deforma, resseca, esfria, provoca depressão e medo. A luz que vem de Deus, no menino revelado pelo Espírito, renova, acalenta e faz brotar.

Se por estes quatro elementos Deus decidiu voluntariamente tornar-se presença para a humanidade, nos deixemos impulsionar pelos elementos essenciais da vida para portar vida digna, plena, abrangente, inclusiva, renovadora.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Natal é só consumo?



O arcebispo católico de Bamberg, Alemanha, Dom Ludwig Schick, dirigiu petição à cadeia de lojas de eletrodomésticos “Media Markt” para retirar do ar sua polêmica campanha publicitária, “O Natal é decidido embaixo da árvore”. O slogan é considerado inaceitável para cristãos e outros segmentos da sociedade. O decisivo do Natal não se resume à árvore ou aos presentes, “mas o nascimento de Cristo”, explica o arcebispo. “Por meio desta campanha publicitária, a mensagem do Natal é levada ao absurdo”, diz Schick.



O arcebispo elogiou expressamente a campanha que rola no Facebook, com o título “O Natal é decidido na manjedoura”, que se opõe ao natal comercial e já conta com mais de 15 mil apoiadores. Segundo a rede de lojas, entretanto, a sua campanha não se refere a símbolos religiosos e não tem a intenção de reduzir a festa cristã a um acontecimento que se adapta ao gosto de cada um.



Segundo o prelado católico de Munique, Wolfgang Bischof, entretanto, a campanha reduz a festa a um evento meramente comercial e ligado ao consumo. Mas também há vozes dentro da igreja que conseguem entender e aceitar a campanha, por reproduzir o que é realidade: as pessoas compram presentes e realizam a troca sob a árvore na noite de Natal. Também é lá, debaixo da árvore, que se encontra a manjedoura com a família sagrada e seu recém-nascido filho e salvador da humanidade. Segundo essa visão, não há mais como, hoje em dia, separar essas duas realidades.

Um coral luterano na Coreia



Um presente para você. Este vídeo mostra o esmero de um coral coreano executando o hino de Lutero, “Castelo Forte”.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Os riscos do novo Código Florestal

Os Muppets são de esquerda


Aí, Caco, o que tem a dizer sobre isso? Os Muppets estão sendo acusados de fazer campanha subliminar contra o capitalismo. Logo os Muppets. Eu adorava os Muppets, nos bons tempos da TV. Agora, adoro mais ainda. A gigante de mídia News Corporation, do magnata norte-americano Rupert Murdoch, especialmente o braço forte da News, a ultraconservadora Fox, levantou a acusação.

O alvo é o filme dos Muppets que está também nos nossos cinemas do Vale do Itajaí por estes dias. A acusação foi ao ar no programa “Follow the Money” (Siga o Dinheiro), aliás, um excelente nome para quem defende o Capitalismo com unhas e dentes.

O centro da polêmica é o personagem Tex Richman, o vilão do filme. Os apresentadores da Fox não entenderam porque o vilão deve ser um magnata do ramo do petróleo. No filme, Richman quer tomar o cinema dos Muppets sem indenização porque no terreno há um poço de petróleo. Isso, segundo a Fox Business, é lavagem cerebral nas crianças.

A acusação, na verdade, é antiga, e atinge Hollywood em cheio. Outros filmes são acusados de atacar a indústria petrolífera, como “Carros 2”, “Syriana” e “Sangue Negro”. Na lista negra também entraram o Capitão Planeta (super-herói que luta pelo meio ambiente), o Big Green Help, do canal Nickelodeon, que ensina princípios ambientais, o filme “O Dia Depois de Amanhã”, que mostra um futuro apocalíptico da Terra após um desastre ambiental. Também o filme Matrix entrou na lista maldita, por afirmar que a humanidade é um vírus sobre a pobre mãe Terra.

No programa da Fox inclusive foi levantada a suspeita se os Muppets não estariam fazendo apologia ao movimento “Occupy Wall Street”. O sucesso do movimento seria um resultado dessa lavagem cerebral de Hollywood, razão de haver um bando de gente nesse movimento por todo o país, por estarem sendo doutrinados por anos a fio com esse tipo de ideia.

É isso aí! Os Muppets são do bem, viu, Caco?

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Durban quer o veto de Dilma

Foto: Wilson Dias/Agência Brasil

O Senado brasileiro aprovou nesta terça-feira (06/12) uma nova versão do código florestal, que segue agora para apreciação da Câmara dos Deputados. O projeto de lei provocou fortes críticas na Conferência do Clima das Nações Unidas em Durban, na África do Sul.

“O projeto anistia desmatadores, reduz a proteção e ampliará no futuro o desmatamento. E cria uma expectativa de que vale a pena pressionar o governo para mudar a legislação”, criticou Marina Silva em Durban. Ela se uniu ao coro de vozes críticas que se manifestaram contra o projeto de lei.

Os ambientalistas afirmam que, caso o projeto do Código Florestal entre em vigor, o Brasil não teria como cumprir suas metas de redução das emissões de gases do efeito estufa. “O novo código florestal vai viabilizar uma área de desmatamento em torno de 22 milhões de hectares. Com certeza isso terá um impacto muito grande nos compromissos assumidos pelo Brasil em 2009 em Copenhague”, afirmou Thais Megid, do Greenpeace Brasil.

Marina Silva deu um exemplo concreto de como a área desmatada pode aumentar. “A legislação que serviu de base ao plano de combate ao desmatamento estabelecia que as margens de rios deveriam ser preservadas de 30 a 500 metros, para os rios menores e maiores. No projeto em discussão, isso cai para 15 e 100 metros.”

O texto agora aprovado pelo Senado mantém muitos erros da primeira versão. A principal consequência dele é que ele viabiliza e incentiva o desmatamento de novas áreas. Os ambientalistas temem um desmatamento brutal nos próximos anos.

Por isso, lançaram um apelo internacional à presidenta Dilma Rousseff. Eles pedem um veto dela para que o novo Código Florestal – que ainda tem que passar pela Câmara dos Deputados – não entre em vigor. Pois, como lembram os ambientalistas, Dilma prometeu, durante a campanha eleitoral no ano passado, que vetaria qualquer legislação que implicasse em aumento do desmatamento ou anistia a desmatadores. Também assegurou que não recuaria do compromisso assumido pelo seu antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva, de reduzir o desmatamento na Amazônia em 80%.

A propósito, o Brasil é o quinto maior emissor mundial de gases de efeito estufa. O principal motivo é o desmatamento e as queimadas que ocorrem no nosso serrado todos os anos. A aprovação do texto do Código Florestal do jeito que está atropela os compromissos do governo federal com a questão climática e coloca em questão a credibilidade do país para sediar, no ano que vem, a Rio+20.

A capacidade do Brasil de liderar uma ação global contra o desmatamento e as mudanças climáticas está sob sérias dúvidas. Se Dilma não agir para influenciar as decisões do Congresso no sentido de manter a proteção à nossa biodiversidade, seu governo terá sucumbido aos interesses do agronegócio, comprometendo a posição internacional do país.

Fonte das informações: DW-World e Greenpeace Brasil

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Um chiste


Eis uma postura sóbria diante das coisas da vida. O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, riu do anúncio da Benetton em que, numa montagem, ele aparece "beijando" seu rival ideológico Barack Obama, presidente dos EUA, e disse que se trata de uma "boa piada". Se você não acredita, veja você mesmo, no vídeo postado aqui. Sem dúvida, Roma tem alguma coisa a aprender com Chávez...

Juventude sem rumo


No ano que vem vamos trabalhar a importante temática da juventude como tema do ano da IECLB. A seguir, acrescento mais algumas informações para serem colocadas no baú de dados sobre o tema. As duas postagens que já coloquei neste espaço em poucos dias dão conta de que a situação é preocupante. Há muito que fazer, portanto. Se quisermos, será um bom debate. Mais, será impulso para modificar o quadro e colocar em prática ações que ajudem os nossos jovens. Segue texto publicado pela ALC no dia de ontem.

Na América Latina, 17% dos jovens não estudam nem trabalham, índice que se eleva para 27% na América Central. Os dados são do Latinobarômetro, que ouviu 20,2 mil latinos e caribenhos, em 18 países.

Enquanto no Uruguai e na Bolívia o percentual de jovens sem trabalho e estudo é de 12%, em Honduras chega a 33% e a 34% na República Dominicana. No Brasil, são 18% nessas condições, segundo a ONG chilena.

Mais mulheres (54%) do que homens (46%) não trabalham nem estudam. Também são jovens das classes menos favorecidas que estão sem trabalho e estudo – 61%. Já na classe média alta o índice fica em 6% e 31% na classe média.

O Brasil tem 48 milhões de jovens entre 15 e 29 anos de idade.

Fonte: Agência Latino-Americana e Caribenha de Comunicação - ALC

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

A fonte de água


Todo mundo tem saudade de uma fonte, ainda que nunca tenha visto uma. É que na alma ficam guardadas as coisas que a gente amou e se foram. Elas se foram, mas não morreram. O amor não deixa que elas morram. Ficam lá na alma da gente, esquecidas, adormecidas... Mas, de repente, a gente se lembra! E quando a gente se lembra, vem a saudade...

Onde estão as fontes? Você talvez nunca viu uma, mas eu garanto que, em algum lugar da sua alma, e na alma de todo mundo, há uma fonte de água cristalina. E a gente gostaria de beber da sua água, com as mãos em concha... O Pequeno Príncipe vivia num asteróide. Caiu, por acidente, aqui na terra e foi andando, encontrando-se com homens, conhecendo costumes, com olhos de criança. Tudo lhe parecia espantoso!

Pois ele se encontrou com um homem que lhe tentou vender pílulas de matar a sede. “Para que servem as pílulas de matar a sede?”, perguntou o principezinho. O vendedor se espantou. Como era possível alguém tão ignorante, que não percebesse os benefícios da técnica e da ciência? E tratou de explicar: “Os cientistas e pesquisadores verificaram que, durante um mês, as pessoas perdem 30 minutos, só indo aos filtros, geladeiras e bebedouros para beber água. Gastam esse tempo porque têm sede. Se não tiverem sede, elas não gastarão mais esse tempo. A pílula de matar a sede, como diz o nome, mata a sede. Não sentindo sede, não precisam beber água. Não indo beber água, economizam, por mês, 30 minutos”.

O Pequeno Príncipe ficou espantado. “E o que é que eu faço com esses 30 minutos?” - perguntou. “Com esses 30 minutos você faz o que você quiser”, respondeu o vendedor. “30 minutos para fazer com eles o que eu quiser! Que coisa maravilhosa! E o que eu quero fazer com esses 30 minutos? Ah! Já sei! Se eu tivesse 30 minutos para fazer com eles aquilo que eu quero, eu iria tranqüilamente, andando até uma fonte, para beber água...”

É mais uma pequena lição que podemos aprender. Nós também passamos muito tempo da nossa vida procurando a “pílula para matar a nossa sede”. Nos afogamos com tantas coisas fúteis, inúteis, passageiras, sem sentido... Gastamos tempo e fortunas tentando aplacar a nossa sede interminável, sede que vem lá de dentro da alma... mas não conseguimos aplacar a nossa sede da alma, porque a fonte que está la dentro é só mais uma lembrança. A fonte da nossa alma secou, virou lodaçal ou areal...

Por isso temos tanta saudade da fonte que deveria estar dentro de nós.
Mas há uma fonte, que todos nós sabemos que existe. Sobre esta fonte, Jesus disse certa vez: “Quem beber desta água, jamais terá sede”. É a fonte da água da vida, daquela água que mata a nossa sede de verdade, mata a saudade da fonte... mata a sede da alma. Jesus, a fonte da vida, quer aplacar a nossa sede de vida, de sentido de vida, de amor, de paz, de tranqüilidade, de sossego... Assim como estes momentos de final-de-tarde de domingo, quando chegamos aqui, cheios de sede... Jesus aplaca esta nossa sede.

Coloquemos as nossas mãos em concha e bebamos até que o nosso estômago faça chlok chlok, de tanta água. E peguemos uma folha de inhame... lembram? ... Coisa linda, a água dentro de uma folha de inhame! Ela fica prateada, reluzente. Quem viu uma vez, jamais esquece... fica gravado na alma, para sempre, a imagem da água rolando dentro da folha de inhame! Peguemos uma folha de inhame e levemos dessa preciosa água, chamada Jesus, para as nossas casas, para que ela transforme nossas vidas, nossas famílias, nossos lares, tudo... É isso que é esse tempo de Advento. É isso que é Natal. A fonte da água prateada e bela, rica e que mata para sempre a nossa sede de vida.

(Baseado em reflexão de Rubem Alves)

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Hostilizada por causa do cabelo


A estagiária Ester Elisa da Silva Cesário acusa seus patrões de perseguição e racismo. Conforme Boletim de Ocorrência registrado no dia 24 de novembro, na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) de São Paulo, ela teria sido forçada a alisar o cabelo para manter a “boa aparência”. A diretora do Colégio Internacional Anhembi Morumbi ainda teria prometido comprar camisas mais cumpridas para que a funcionária escondesse os quadris.

Ester conta que foi contratada no dia 1º de novembro de 2011, para atuar no setor de marketing e monitorar visitas de pais interessados em matricular seus filhos no colégio, localizado no bairro do Brooklin, na cidade de São Paulo. A estagiária afirma ter sido convocada para uma conversa na sala da diretora, identificada como professora Dea de Oliveira. Nos dias anteriores, sempre alguém mandava recado para que prendesse o cabelo e evitasse circular pelos corredores.

“Ela disse: ‘como você pode representar o colégio com esse cabelo crespo? O padrão daqui é cabelo liso’. Então, ela começou a falar que o cabelo dela era ruim, igual o meu, que era armado, igual o meu, e ela teve que alisar para manter o padrão da escola.”

Além das advertências, Ester afirma ter sofrido ameaças depois de revelar o conteúdo da conversa aos demais funcionários do colégio. Eles teriam demonstrado solidariedade ao perceber que a estagiaria estava em prantos no banheiro.

“Depois disso, eu me vesti para ir embora e, quando estava saindo, ela me parou na porta e disse: ‘cuidado com o que você fala por aí porque eu tenho vinte anos aqui no colégio e você está começando agora. A vida é muito difícil, você ainda vai ouvir muitas coisas ruins e vai ter que aguentar’.”

Colégio se defende

Após contato da reportagem, um funcionário indicado pela Direção do Anhembi Morumbi informou que a instituição não recebeu nenhuma notificação sobre o registro do Boletim de Ocorrência. Ele negou a existência de preconceito e se limitou a dizer que “o colégio zela pela sua imagem e, ao pregar a ‘boa aparência’, se refere ao uso de uniformes e cabelo preso”.

A advogada trabalhista Carmen Dora de Freitas Ferreira, que ministra cursos no Geledés – Instituto da Mulher Negra – assegura que a expressão “boa aparência” é usada frequentemente para disfarçar preconceitos.

“Não está escrito isso, mas quando eles dizem ‘boa aparência’, automaticamente estão excluindo negros, afrodescendentes e indígenas. O padrão é mulher loira, alta, magra, olhos claros. É isso que querem dizer com ‘boa aparência’. E excluir do mercado de trabalho por esse requisito é muito doloroso, afronta a Lei, afronta a Constituição e afronta os direitos humanos.”

Métodos conhecidos

De acordo com o depoimento da estagiária, as ofensas se deram em um local reservado. A advogada explica que essa prática é comum no ambiente de trabalho, além de ser sempre premeditada.

“O assediador sempre espera o momento em que a vítima está sozinha para não deixar testemunhas, mas as marcas são profundas. O preconceito é tão danoso, que ele nega direitos fundamentais, exclui, coloca estigmas, e a pessoa se sente humilhada, violentada. Quando o assediador percebe a extensão do dano, ele tenta minimizar, dizendo ‘não foi bem assim, você me interpretou errado, eu não sou discriminador, na minha família, a minha avó era negra’.”

Ester ainda afirma que teria sido pressionada a deixar o trabalho, ao relatar o ocorrido a uma conselheira do Colégio. Como decidiu permanecer, passou a ser vigiada constantemente por colegas.

“Eu estou lá e consegui passar numa entrevista porque sou qualificada para o cargo, mas ela não viu isso. Ela quis me afrontar e conseguiu abalar as minhas estruturas emocionais a ponto de eu me sentir um lixo e ficar dois dias trancada dentro de casa sem comer e sem beber. Você pensa em suicídio, se vê feia, se sente um monstro.”

Sequelas e legislação

Ester revela que as situações vividas no trabalho mexeram com sua auto-estima e também provocaram grande impacto nos estudos e no convívio social.

“Desde que isso aconteceu, eu não consigo mais soltar o cabelo. Quando estou na presença dela eu me sinto inferior, fico com vergonha, constrangida, de cabeça baixa. É a única reação que eu tenho pela afronta e falta de respeito em relação a mim e à minha cor.”

O Boletim de Ocorrência foi registrado como prática de “preconceito de raça ou de cor”. A Lei Estadual nº 14.187/10 prevê punição a “todo ato discriminatório por motivo de raça ou cor praticado no Estado por qualquer pessoa, jurídica ou física”. Se comprovado o crime, os infratores estarão sujeitos a multas e à cassação da licença estadual para funcionamento.
(Retirei do jornal Brasil de Fato)

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

O meu Menino Jesus


Poema de Fernando Pessoa

Ele mora comigo na minha casa a meio do outeiro.
Ele é a Eterna criança, o Deus que faltava.
Ele é o humano que é natural,
ele é o divino que sorri e que brinca.
E por isso é que eu sei com toda a certeza
que ele é o Menino Jesus verdadeiro.

E a criança tão humana que é divina
é esta minha quotidiana vida de poeta,
e é porque ele anda sempre comigo que eu sou poeta sempre,
e que o meu mínimo olhar enche-me de sensação,
e o mais pequeno som, seja do que for, parece falar comigo.

A Criança Nova que habita onde vivo
dá-me uma mão a mim e a outra a tudo que existe,
e assim vamos os três pelo caminho que houver,
saltando e cantando e rindo e gozando o nosso segredo comum
que é o de saber por toda a parte que não há mistério no mundo
e que tudo vale a pena.

A Criança Eterna acompanha-me sempre.
A direção do meu olhar é o seu dedo apontado.
O meu ouvido atento alegremente a todos os sons.
São as cócegas que ele me faz, brincando, nas orelhas.

Damo-nos tão bem um com o outro
na companhia de tudo, que nunca pensamos um no outro,
mas vivemos juntos a dois, com um acordo íntimo,
como a mão direita e a esquerda.

Ao anoitecer brincamos as cinco pedrinhas no degrau da porta de casa,
graves como convém a um poeta,
e como se cada pedra fosse todo um universo
e fosse por isso um grande perigo para ela deixá-la cair no chão.

Depois ele adormece e eu deito-o.
Ele dorme dentro da minha alma
e às vezes acorda de noite e brinca com os meus sonhos.
Vira uns de pernas para o ar, põe uns em cima dos outros
e bate palmas sozinho, sorrindo para o meu sono.

Esta é a história do meu Menino Jesus.
Por que razão, que se perceba,
não há de ser ela mais verdadeira
que tudo quanto os filósofos pensam
e tudo quanto as religiões ensinam?”

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Kátia Abreu revela tudo


A nota abaixo, de Ilimar Franco, foi publicada no jornal O Globo de hoje. Os ruralistas estão usando as necessidades dos pequenos agricultores para aprovar tudo que quiserem em relação ao novo Código Florestal. Veja o texto você mesmo e, depois, assine a petição do Greenpeace para que a presidenta Dilma vete o Código, aqui.

"Os deputados ruralistas Paulo Piau (PMDB-MG), cotado para relatar o Código Florestal na Câmara, e Abelardo Lupion (DEM-PR) conversavam, quando chegou a senadora Kátia Abreu (DEM-TO), presidente da Confederação Nacional da Agricultura. Entusiasmada, disse: 'Conseguimos tudo o que a gente queria. Dilmão concordou com tudo.' E, empolgada, acrescentou: 'Um dos nossos (ruralistas) tem que ser o relator lá (na segunda votação na Câmara). O Aldo Rebelo (relator na primeira votação na Câmara) é socialista. O Jorge Viana (relator no Senado) é um verdinho. O Luiz Henrique (relator na CCJ do Senado) não é mais nosso. A relatoria agora é nosso direito'. Fecha o pano."

O jovem na berlinda


A igreja luterana (IECLB) fez uma excelente escolha temática para 2012. Coloca na mesa um assunto urgente no Brasil, a juventude. A formulação ficou muito ampla – Comunidade Jovem, Igreja Viva –, mas a esperança é de que as questões prementes que envolvem as gerações mais jovens da igreja e da sociedade sejam realmente consideradas. Para muito além do âmbito eclesial, o assunto vem à tona neste final de ano em especial por causa de um relatório dramático sobre a juventude brasileira. O relatório foi produzido pela Unicef, e foi divulgado no último dia de novembro.

Segundo o Fundo das Nações Unidas para a Infância, o adolescente brasileiro está mais pobre e permanece exposto a casos de violência em nível preocupante. Dos 21 milhões de adolescentes brasileiros de 12 a 17 anos, 38% – cerca de 7,9 milhões – vivem em situação de pobreza, em famílias com renda inferior a meio salário mínimo per capita por mês (R$ 272,5). Outros 3,7 milhões de adolescentes (17,6% da população adolescente) vivem na extrema pobreza, em famílias com até 1/4 do salário mínimo per capita/mês (R$ 136,25).

O relatório também aponta que, de 2004 a 2009, o número de adolescentes na extrema pobreza passou de 16,3% para 17,6%, em descompasso com a crescente redução da pobreza no país. O Unicef utilizou dados oficiais do governo brasileiro para a obtenção das informações.

Também há muitas mortes violentas na faixa dos 12 aos 17 anos. Com base em dados do Ministério da Saúde, o Unicef observa que 19,1 meninos e meninas em cada grupo de 100 mil pessoas morreram vítimas de homicídio em 2009, o que equivale a 11 assassinatos de adolescentes por dia no país. A cada 100 mil adolescentes, 43,2 deles morrem por homicídio.

As condições de vida do adolescente se agravam quando são destacadas por cor da pele. Segundo o relatório, um adolescente negro tem 3,7 vezes mais risco de ser assassinado em comparação com adolescentes brancos. A mesma lógica se aplica entre adolescentes indígenas em casos de analfabetismo: as chances são três vezes maiores do que a dos adolescentes em geral.

As distorções por gênero também merecem atenção, de acordo com o Unicef. Existem 10 casos de meninas infectadas por HIV para cada 8 de meninos. São os meninos, contudo, que apresentam a maior taxa de analfabetismo: 68,4% não sabem ler e escrever.

Conforme o relatório, a situação de pobreza é maior na Amazônia, que concentra 38% dos adolescentes pobres no país. Já o semi-árido lidera nos índices de distorção idade-série, com 35,9%. Entre os grandes centros urbanos, o destaque é São Paulo, com média de 10,7 homicídios de adolescentes entre 10 e 19 anos para cada grupo de 100 mil adolescentes.

Um quadro preocupante, esse revelado pelo relatório da Unicef. O descaso do Brasil com a sua população mais jovem é evidente. Demonstra o quanto está de fato empenhado em estabelecer um bom futuro para as gerações que vêm aí, em busca de espaço no mercado de trabalho, de condições de vida dignas e de conquista de direitos. Os dados desse relatório devem ser levados em conta nos debates em torno do tema da IECLB para 2012, sob pena de, se isso não ocorrer, estarmos falando de uma pseudo-realidade.

DEPOIS DE WORMS, A CAÇADA A LUTERO

No último dia da Dieta de Worms, 26 de maio de 1521, já sem a presença de Lutero, foi decretado o Édito de Worms. O documento fora redigido ...