segunda-feira, 31 de maio de 2010

Viagem derradeira para o Easy Rider



Dennis Hopper morreu. A abertura do filme Easy Rider, com a bela canção do Steppen Wolf, traz o seu mais famoso retrato, montado na legendária Harley do filme, ao lado de Peter Fonda. Dennis Hopper deixa um legado de seis décadas dedicadas ao cinema. Estreou em 1955 como ator ao lado de James Dean, em "Fúria de Viver", mas o percurso na sétima arte fica para sempre ligado à interpretação em "Easy Rider", filme do qual também foi o diretor. Mais tarde assume outros papéis memoráveis em Apocalipse Now e Veludo Azul. Hopper morreu Sábado aos 74 anos de câncer na próstata.

Um banco de dados sobre a tolerância

O primeiro prédio da hoje Faculdades EST (Escola Superior de Teologia), no Morro do Espelho, em São Leopoldo (RS).

O Núcleo de Pesquisa em Direitos Humanos da Faculdades EST lançou, no dia 20 de maio, um banco de dados direcionado à consulta de teses, dissertações, resenhas e trabalhos de conclusão referentes à temática da tolerância. O lançamento do projeto, coordenado pelo professor de Ética da EST, Valério Schaper, ocorreu em meio ao ciclo de debates do XIV Seminário Internacional do Programa de Diálogo Norte-Sul, evento que reuniu pesquisadores e professores dos cinco continentes no Morro do Espelho, em São Leopoldo, de 18 a 20 de maio.

“O objetivo deste projeto é democratizar o acesso à pesquisa realizada no Programa de Pós-Graduação da Faculdades EST sobre a noção de tolerância numa perspectiva da ética teológica para um público amplo, estimulando assim a cooperação entre pesquisadores e a continuidade da produção acadêmica sobre o tema”, destacou Valério.

Desenvolvida com o apoio financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul (Fapergs) e da Faculdades EST, a pesquisa contou com a adesão da doutoranda Kathlen Luana de Oliveira, que trabalhou voluntariamente no projeto ao longo de toda a sua execução. Os bolsistas Thyelles Bocarte Strelhow e Mauricio Avilez Álvares também contribuíram para a administração do banco de dados e indexação do material já pesquisado.

“A nossa proposta é utilizar este banco de dados como instrumento de discussão para redefinir concepções já fixas sobre o assunto e fomentar a reflexão da comunidade acadêmica e das pessoas que sofrem com a intolerância no dia-a-dia”, pontuou Kathlen.

Integrado ao site do acervo da biblioteca da Faculdades EST e disponível para consulta on-line, o banco de dados está em construção e aguarda o envio de textos sobre a temática da tolerância e que ainda não se encontram indexados. Para consultar o bando acesse www.est.edu.br/tolerancia.

(Com informações da Agência Latino-Americana e Caribenha de Comunicação: www.alcnoticias.net)

sexta-feira, 28 de maio de 2010

A história da água engarrafada


Para refletir durante o final de semana.

Os morangos que não cabiam


Durante muito tempo, a cristandade tem enfatizado que o ser humano é o ápice da Criação. Segundo o Gênesis – que não é, não deve e não pode ser encarado como um relato científico da origem das coisas, mas como um credo primitivo de que Deus criou tudo! –, Deus concluiu a sua criação moldando um boneco de barro à sua imagem e semelhaça e soprando o fôlego da vida em suas narinas. Este último ato da criação foi uma espécie de morango no topo do seu bolo criativo.

Mas o tempo provou o contrário. No seu íntimo, Deus deve ter se arrependido sinceramente do seu exagero criativo. Um arroubo criativo final, que poderia ter ficado de fora. Não fazia falta alguma. Tudo era perfeito naquele bolo. O problema eram os morangos. Não cabiam.

Não é de hoje que se pensa assim. Encontrei uma verdadeira pérola do padre António Vieira (1608-1697) sobre este tema. António veio de portugal aos seis anos e aqui tornou-se padre jesuíta. Foi um incansável defensor dos direitos humanos dos povos indígenas, indignando-se com a sua escravização e exploração. Ele também defendia os judeus e os cristãos-novos (judeus convertidos ao catolicismo), que eram implacavelmente perseguidos pela inquisição e, por causa disso, vinham em grande quantidade ao Brasil Colônia para esconder-se. Ele foi um dos críticos da inquisição e dos sacerdotes da sua época.

Grande orador, o padre António não ficou na Colônia, tornando-se diplomata em Portugal e foi nomeado pregador régio da Corte Real. Num sermão, que ele proferiu no ano de 1650, na Capela Real, o padre António Vieira disse:

“No primeiro dia da criação, criou Deus o Céu e a Terra e os elementos, e é certo em boa filosofia, que não ficou nenhum vácuo no Mundo, tudo estava cheio. Com isto ser assim, e parecer que não havia já lugar para caber mais nada, ao terceiro dia vieram as ervas, as plantas e as árvores; e com serem tantas em número e tão grandes, couberam todas. Ao quarto dia veio o Sol, e sendo aquele imenso planeta cento e sessenta e seis vezes maior que a Terra, coube também o Sol; vieram no mesmo dia as estrelas tantas mil, e cada uma de tantas mil léguas, e couberam as estrelas. Ao quinto dia vieram as aves ao ar, e couberam as aves; vieram os peixes ao mar, e com haver neles tantos monstros de disforme grandeza, couberam os peixes. No sexto dia vieram os animais tantos e tão grandes à Terra, e couberam os animais. Finalmente veio o homem, e foi o homem o primeiro que começou a não caber (...).”

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Ligação umbilical


Uma campanha publicitária lançada ontem, 26 de maio, em Treviso-Itália, vai direto ao ponto no combate ao consumo de bebidas alcoólicas durante a gravidez. A imagem da campanha mostra um feto dentro de um copo de bebida, acompanhado do texto: “A mãe bebe, o filho bebe”. Classificado pelos críticos como sendo de mau gosto, o anúncio está sendo colocado em ônibus, painéis e banheiros públicos, em uma iniciativa da autoridade local de saúde. Talvez devêssemos fazer anúncios de ainda mais mau gosto com relação ao consumo de drogas durante a gravidez, por mães viciadas que colocam no mundo pequenos bebês angustiados pela síndrome de abstinência, por já nascerem viciados em crack.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Preconceito atinge a beleza americana


Rima Fakih é libanesa naturalizada americana. Dona de uma beleza única, que contrasta com a beleza típica das mulheres americanas, ela venceu o concurso de miss Estados Unidos 2010, na semana passada. Entretanto, não foi a sua beleza estonteante que provocou polêmica, mas a sua origem.

No começo, tudo parecia ir bem, e na noite da eleição todos comentavam que ela era a primeira vencedora de origem árabe e islâmica. Mas, no dia seguinte, alguns jornais americanos usaram descrições nada lisonjeiras, classificando-a de terrorista a prostituta.

Muçulmana xiita, Rima era bem diferente da imagem internacional da mulher xiita, ligada a vestimentas conservadoras como o niqab ou a burka. Ela usava biquíni e participava de concursos de dança em Detroit. Quando se mudou para Nova York, do Líbano, chegou a estudar num colégio católico.

Como a imprensa vive de estereótipos, pouca gente sabe que, assim como Rima, há muitas mulheres no Líbano. Desde sempre, em função desta divulgação preconceituosa e americanizada da imprensa internacional, o ocidente associa os xiitas ao que há de mais radical no mundo islâmico. Em Beirute, não é incomum uma jovem muçulmana, xiita ou sunita, estudar na Universidade Saint Jouseph ou ir a alguns dos liceus franceses dirigidos por padres católicos. Também vão às praias no verão, entram no mar ao lado de homens e frequentam a noite da cidade que tem a melhor vida noturna do mundo árabe.

Entretanto, numa mesma família pode haver uma mulher com roupas liberais, como Rima, e outra com o véu cobrindo a cabeça. São os contrastes libaneses que sempre marcaram a diversidade do país. E são opções que devem ser, em todos os casos, respeitadas.

Alguns parentes de Rima que vivem no Líbano integram o Hezbollah. Para os libaneses, algo comum. A organização é vista no país como um partido político, integrante da coalizão governamental e que realiza ações sociais. Já nos EUA, o Hezbollah não passa de um grupo terrorista que busca destruir Israel. Ao ser eleita miss em território americano, se viu cobrada por causa de seus parentes, com tais desprezíveis ligações terroristas, além de ter que explicar um suposto strip tease.

Como dois mais dois somam quatro, ela virou terrorista e prostituta do dia para a noite. Mais uma vez vence o preconceito e ela não terá vida fácil, num ano que, para qualquer miss, costuma transformar-se na experiência mais gloriosa da vida.

terça-feira, 25 de maio de 2010

Hoje é o dia da Mama África


Hoje é o Dia da África. A data foi instituída pela ONU e tem o objetivo de apontar para as mazelas do continente e, ao mesmo tempo, para os seus avanços. No primeiro mundo, quase nada se sabe sobre a África. Nos EUA, por exemplo, ao longo do ano passado o total das inserções de notícias sobre os países da África na televisão não passou de três minutos. Ao longo de todo um ano!

No resto do mundo, esta realidade talvez comece a modificar-se drasticamente durante o próximo mês, em função da Copa do Mundo de Futebol na África do Sul. Mesmo assim, o que se poderá ver será uma África muito diferente daquela que está oculta nos bastidores da festa do futebol.

Mesmo na África do Sul – que é de longe o mais bem-sucedido país de toda a região sub-saariana do continente – há muita miséria e sofrimento. No país, o desemprego está girando na casa dos 20 por cento, ou seja, um em cada cinco sul-africanos em idade de sustentar a família está desempregado! Além disso, o país tem um dos mais altos índices de contaminação por HIV/Aids da África, uma tragédia humana que grita aos céus, para a qual o mundo todo tem fechado os olhos solenemente.

No resto do continente, há tragédia sobre tragédia, empilhada uma sobre a outra. Além dos óbvios buracos ainda visíveis do tempo da dilapidação pelo tráfico de escravos, há também as marcas terríveis da colonização europeia do continente – que para espanto de muitos não teve só a participação dos ingleses, mas também de franceses, belgas, holandeses, portugueses, espanhóis e, pasmem, até dos alemães.

A principal delas é a divisão aleatória da África em países que não respeitam as antigas fronteiras tribais e étnicas. O resultado é um caldeirão que mistura o que não deve ser misturado, sob óbvio risco de explosão. Consequência disso é uma guerra fratricida após a outra, com genocídios como o de Ruanda (anos 1990) ou o que está acontecendo no Sudão agora mesmo. Como lá não há petróleo, os eternos "juízes" do planeta julgam-se livres de qualquer responsabilidade e não se envolvem, porque só têm a perder e nada a ganhar. Muitas dessas desastradas tentativas de colonização foram perpretadas com a Bíblia na mão, com a sincera e convicta determinação de evangelizar os povos africanos e livrá-los da sua perdição. Enquanto os levavam a Cristo, desconstruíam deliberadamente suas culturas "atrasadas e primitivas".

Mas o mais grave problema do continente é o da fome. Aqui no Brasil tem muita gente criticando o Lula por estar investindo na África e até perdoando a dívida de alguns países. É no mínimo gente insensível, que tranca a porta do seu armário abarrotado de comida e critica quem estende um pedaço de pão ao faminto.

A verdade é que a fome na África é uma vergonha para o mundo, num planeta que desperdiça comida e tem o suficiente para que toda a humanidade se alimente. Nada justifica que, em pleno século 21, ainda tenhamos os mesmos problemas que dizem respeito à Idade Média. Talvez a fome das crianças africanas não nos importune tanto assim – infelizmente, é preciso reconhecer – porque não são loirinhas, de olhos azuis. Se assim fossem, talvez despertariam nossa compaixão com mais facilidade.

Eu ainda teria muitas outras coisas para dizer. Mas vou parar por aqui, cheio de esperança de que, um dia, o continente africano seja integrado à comunidade humana mundial com mais igualdade, com acesso pleno à vida digna, que, por enquanto, estamos reservando somente para os nossos. Por hoje, o Dia da África é um daqueles dias de intercessão, em que peço a Deus olhos que vejam, lábios que falem, ouvidos que ouçam e mãos que toquem a dura realidade daquela gente.
(EM TEMPO: Mama África porque o continente africano é o berço da humanidade. Estamos tratando muito mal a nossa mãe.)

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Boulevard


Um passeio virtual, para espantar o tempo chuvoso, que não nos dá a oportunidade de torná-lo real.

O poço da aldeia


Na praça central de uma aldeia havia um poço com água de excelente qualidade. Não era um poço grande, mas tinha água boa e abundante para todos. A vida na aldeia girava em torno do poço. Mulheres, crianças, idosos e homens passavam várias vezes ao dia pelo poço. Ali todos se encontravam e, enquanto esperavam sua vez de pegar água, conversavam animadamente.

A vida da aldeia acontecia ao redor daquele poço. Os laços sociais eram pacientemente tecidos ali. Todos compartilhavam a sua vida e se inteiravam de tudo o que acontecia na aldeia, estendendo uma espécie de tapete de solidariedade que unia todos eles. Ao redor do poço era possível saber quem estava doente, quem estava em dificuldades ou necessitando de ajuda. O poço evitava que alguém fosse “ao fundo do poço” sem receber o auxílio de todos.

A praça ao redor do poço também era o parque em que as crianças brincavam, os idosos conversam longamente, todos partilhavam dores e alegrias e se refrescavam ao final de um dia de trabalho. Todos podiam olhar-se no rosto e revigorar os corpos cansados da luta diária, apoiando-se mutuamente. Tudo ocorria naquele lugar mágico, que provia a mesma água que mata a sede de corpo e espírito, unindo todos no gesto simples de buscar água.

Como nada permanece estático, os ventos da mudança também alcançaram aquela aldeia. A principal delas ocorreu justamente no poço. Junto dele, moradores começaram a questionar o modo de utilização daquele poço. Tudo era muito rústico e a distribuição da água deveria ser melhorada.

Aquela ideia foi tomando corpo e deu origem a uma grande obra. A captação foi melhorada, evitando que aquela água boa fosse contaminada, e uma complexa malha de canos foi implantada para distribuí-la a domicílio. Ninguém mais precisaria ir ao poço com baldes e cântaros, pois a água agora chegaria pelos canos, fresca e tranquila, para o consumo de cada um, no conforto do lar.

A novidade fez a aldeia progredir enormemente. A realização das tarefas diárias, como preparar comida, fazer pão, lavar roupa, tomar banho, regar a colheita, lavar os currais e chiqueiros, fazer queijos e preparar doces ficou muito mais prática. Agora todos podiam fazer muito mais em menos tempo.

Aquela praça ficou bem mais calma e silenciosa. Não havia mais tanta gente na rua, nem crianças fazendo algazarra por ali. Não havia mais conversas na praça em torno do poço. Na verdade, não havia mais um poço visível e poucos ainda sabiam onde ele se localizava. Sobre o local havia sido erguida uma construção estranha, que nem lembrava mais um poço.

Os hábitos de convívio na aldeia foram mudando drasticamente. Ninguém mais sabia o que ocorria, nem tinha tempo para as necessidades dos outros. Logo surgiu um jornal, e também uma rádio. Agora não se ouvia mais os acontecimentos de viva voz, da boca de quem passava por uma situação difícil. As notícias falavam sobre pessoas sem rosto e, aos poucos, todos foram sendo transformados em números e estatísticas.

Agora a aldeia tinha representantes dos moradores, que decidiam sobre melhorias na distribuição da água. Tudo foi sendo cada vez mais setorizado. Cada departamento criava as suas próprias regras de distribuição e fazia campanhas informando a população sobre a melhor forma de consumir a água.

Com o tempo, todos foram esquecendo o poço, a praça, as conversas e os problemas dos outros. Cada um cuidava só da sua vida e dos seus problemas. Os que ainda se lembravam do poço, tinham medo de voltar à praça, de voltar a encontrar-se em torno do poço comum ou, mesmo, de buscar uma alternativa que voltasse a provocar aqueles saborosos encontros diários. A privacidade passou a ser um bem apreciado.

As novas gerações nem se lembravam de tudo isso. A memória da aldeia havia se perdido no tempo. Embora todos bebessem da mesma água, nada mais tinham em comum. Embora a água continuasse a mesma, a complexa rede de captação que haviam criado os dividia. Todos, porém, tinham uma saudade ancestral do tempo em que um poço os havia tornado uma aldeia.
(Livre adaptação da história publicada por Valério Schapper no site do CONIC: www.conic.org.br)

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Para refletir durante o final de semana


O Brasil inteiro está aplaudindo o projeto “Ficha Limpa”. Pouca gente parou para pensar no que isso pode dar. Em meio a essa guerra suja que é a política brasileira, quantos adversários políticos serão simplesmente removidos da corrida eleitoral por meio de estratégias montadas por advogados inescrupulosos? Bem, para refletir sobre o assunto, uma reflexão de Marcos Rolim a respeito, que dá o que pensar:

“Muitos dos corruptos brasileiros possuem 'ficha limpa' – especialmente os mais espertos, que não deixam rastros. Por outro lado, uma lei do tipo na África do Sul não teria permitido a eleição de Nelson Mandela, cuja “ficha suja” envolvia condenação por 'terrorismo'. Várias lideranças sindicais brasileiras possuem condenações em segunda instância por 'crimes' que envolveram participação em greves ou em lutas populares; devemos impedir que se candidatem?”

Vamos pensar. Só pensar. Isso é bom para o nosso País...

Para o Editor da revista Carta Capital, Aurélio Weissheimer, é preciso tomar muito cuidado. Segundo sua avaliação, “agora mesmo, cabe lembrar, no Rio Grande do Sul e em São Paulo lideranças sindicais estão sofrendo condenações por protestos realizados contra os governos dos respectivos estados. Já não estão mais com sua ficha limpa. Os governantes dos dois estados, ao contrário, acusados de envolvimento em esquemas de corrupção, de autoritarismo e de sucateamento dos serviços públicos seguem com a ficha limpíssima. É este o caminho? Uma aberração político-jurídica vai melhorar nossa democracia?”

Vamos pensar. Só pensar.

Pac-Man, 30 anos de diversão solitária


Você se lembra desta tela? Quem nunca brincou com esse joguinho? Pois ele está completando 30 anos de existência amanhã, dia 22 de maio. O Pac-Man, pai de todos os heróis de jogos eletrônicos, inaugurou uma nova era no mundo lúdico, desbancando os jogos de mesa. O outro lado da história é a quantidade de doenças psicossomáticas que ele trouxe consigo. Cada vez mais as pessoas (não só os jovens) foram se isolando na frente da telinha do computador, esquecendo de ver o mundo, de fazer amigos, de conviver com a família. O mundo dos relacionamentos interpessoais mudou radicalmente nessas três décadas. O Pac-Man começou com tudo isso.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Sobrevida de um século


Você sabia que hoje, há exatos cem anos, o mundo devia ter acabado? Tudo teria um trágico final, nas primeiras horas da manhã do dia 20 de maio de 1910. Uma febre crescente acometia a humanidade: o Cometa Halley (que ja era visível a olho nu desde março) se chocaria contra a Terra e tudo acabaria.

Muita gente acreditou nisso. O cartão postal (imagem acima) é só uma pequena amostra do que corria na mídia da época. Ele retrata um pouco do pânico reinante em 1910. Suicídios, orgias sexuais, rituais religiosos absurdos, tudo isso estava acontecendo. O cometa tirou o planeta de órbita, literalmente. Os meios de comunicação retratavam o pânico das massas e as descabidas afirmações dos "especialistas" e cientistas de toda ordem. Muitos tinham medo do fim e, para não enfrentá-lo, chegaram a cometer suicídio.

Cem anos depois desse pavor coletivo, parece que quase nada mudou. O filme 2012 e a teoria em torno de um calendário maia dão o novo tom de final dos tempos. Take it easy, my friends...

Talvez, mais do que um fenômeno extra nos, a nossa civilização ocidental consumista-narcisista-nihilista-hedonista consiga um resultado muito mais catastrófico bem antes do fim dos tempos propriamente dito.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

O departamento de engorda da humanidade

O primeiro McDonald's, fundado em 15 de maio de 1940

No princípio havia uma lanchonete. No dia 15 de maio de 1940 começou, de forma insólita e pouco glamourosa, uma revolução que tornou a humanidade obesa. Naquele dia, na Califórnia (EUA), os irmãos Dick e Mac McDonald abriam uma improvável lanchonete em San Bernardino, próximo a Los Angeles.

Que esta lanchonete fosse transformar-se, 70 anos depois, na maior rede de fast-food do planeta, nem passava pela cabeça dos dois. Nem empresários especialmente talentosos ou ambiciosos eles eram. Eles haviam ido à Califórnia nos anos 1930 para se tornarem atores de cinema, mas viviam em Hollywood empurrando divisórias e fazendo pontas em comédias de quinta categoria. Em 1937 abriram uma lanchonete drive-in de cachorro-quente. Nenhuma idéia original, pois já havia mais dessas espeluncas em Los Angeles do que no resto dos EUA.

A lanchonete só decolou quando os dois começaram a fazer aqueles pães redondos com um bolinho de carne moída dentro. Nos anos 1920 esse alimento ainda era visto como uma nojenta comida de gente pobre. Inacreditavelmente, em pouco tempo havia duas dezenas de garçonetes correndo feito loucas entre os carros no estacionamento da lanchonete, que virou o ponto de encontro dos adolescentes e jovens de então.

Em pouco tempo, os irmãos McDonald's compraram uma mansão de 25 quartos e andavam para cima e para baixo de Cadillac. Eles nem queriam mais do que isso. “A coisa começou a ficar monótona, pois o dinheiro entrava até sem o nosso trabalho”, lembra Dick mais tarde.

Em 1948 eles despediram as garçonetes e organizaram a cozinha dentro do princípio de produção inventado por Henry Ford em 1913. “Rápido, barato e em abundância” eram os princípios que criaram, em pouco mais de três meses, o primeiro negócio de fast-food dos EUA. O dinheiro entrava como água e os irmãos decidiram criar uma cadeia de lanchonetes. Mas eles não eram muito espertos e, em dois anos, haviam distribuído somente 15 licenças. Além disso, permitiram que qualquer um entrasse e visse como tudo funcionava.

O resultado é que tudo começou a ser copiado, e a pressão da concorrência jogou Raymond Albert Kroc no negócio. Kroc era representante comercial e, em julho de 1954, viu pela primeira vez a interminável fila de clientes no pátio do estacionamento do McDonald’s. Ele enrolou Dick e Mac, que lhe venderam os direitos de franchising e o nome e, em 1955 Kroc abria a primeira loja em Des Plaines (Illinois), perto de Chicago. Um ano depois, ele tinha 12 filiais e chegaria a 200 até 1960. Ele mesmo montou uma construtora e erguia as lojas, cobrando aluguel e participação nos lucros. Em vez de cobrar de uma vez, ele amarrava os seus parceiros pelo resto da vida, levando o McDonald’s a ser o maior proprietário de imóveis do mundo.

Ao mesmo tempo, ele obrigou todos os parceiros aos mesmos padrões de qualidade, determinados numa “bíblia”, segundo a qual cada hamburger devia ter exatos 45,36g de carne moída, o pão devia tostar por 17 segundos e as batatas fritas deviam ter 0,71cm de espessura. Mas o maior e mais pérfido ingrediente do seu sucesso era o investimento dirigido com precisão sobre as crianças. De avião ele viajava pelos EUA para construir McDonald’s em frente de escolas. “Uma criança que adora as nossas propagandas na TV e carrega os seus avós ao McDonald’s, nos traz dois clientes”, era o seu credo. Em frente às lojas, ele montava parques de diversão, onde o palhaço Ronald McDonald’s se tornou uma figura mais conhecida do que o Papai Noel.

Em pouco tempo, as crianças, felizes e gordas, comiam lanches do McDonald’s ao redor do planeta. Além das multinacionais do petróleo, nenhum outro império antes de Kroc havia ousado: A partir de 1970 a McDonald’s Corporation invadiu o mercado mundial. Depois do Caribe e do Canadá veio o Japão, a Holanda e a Alemanha em 1971. Após 1988, o hamburger até ousou pular sobre a cortina de ferro, invadindo Belgrado, Budapeste e Moscou, numa impensável invasão culinária do capitalismo sobre o comunismo.

Mas já em 1988 uma ONG alemã, com o nome de “Dschungelburger” (Hamburger de Floresta) ousava desafiar a mega-rede e apontar para seu lado obscuro e desprezível. Acampados em frente às lojas em Berlim, Frankfurt e Munique, seus ativistas exibiam filmes e distribuíam panfletos contra o McDonald’s, acusando-o de derrubar a floresta tropical em Costa Rica para criar gado para a sua carne moída.

E era verdade. Eu lembro bem das cenas do filme, em que mostravam árvores caindo como num jogo de varetas e centenas de bois sendo abatidos impiedosamente para fabricar a carne. Era chocante. Jurei que iria ao McDonald’s somente se precisasse fazer xixi, porque os banheiros eram ótimos. Pois o meu neto já me fez entrar na fila deles para pegar um “Mc-Lanche Feliz”, com brinquedo. Eles continuam cooptando crianças...

Mas há outros lados bem obscuros, como a indução exagerada ao consumismo, as gigantescas montanhas de lixo que envolvem cada lanche, a monocultura e a criação extensiva de gado em quantidades absurdas estão entre os principais. Sem levar em conta os salários aviltantes dos milhares de funcionários mundo afora, e a deliberada guerra aberta aos sindicatos.

O protesto ousado do Djungelburger entrou numa gigantesca lista de protestos maciços contra o fast-food, até com bombas de fumaça e outros artefatos, sessões de vômito diante das lanchonetes e outros. O McDonald’s virou sinônimo do capitalismo selvagem norte-americano. Livros e filmes detonaram o empreendimento de todas as formas, mas os lucros sequer foram afetados com tanto barulho.

Hoje, em torno de 60 milhões de pessoas em 120 países enfiam um lanche de papelão do McDonald’s goela abaixo todo santo dia, levando o mega-negócio a faturar 4,5 bilhões de dólares em 2009. Os irmãos Dick e Mac, enquanto isso, não viram nem uma migalha de todo esse dinheiro. Em 1961, Kroc comprou a parte deles por 2,7 milhões de dólares e eles puderam ficar somente com a loja onde tudo começou, em San Bernardino, mas tiveram que rebatizá-la de “Big M”. Assim que Kroc pagou a grana, ele construiu um Mcdonald”s novinho em folha em frente do Big M. O Mc original foi à falência. A burger-revolução havia devorado os seus pais, para continuar faturando com crianças obesas e consumistas ao redor do mundo.

terça-feira, 18 de maio de 2010

Sonhos roubados



Hoje, 18 de maio, é o Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração contra Crianças e Adolescentes. Como forma de despertar o seu interesse e conscientizar, alguns dados sobre esta aterradora realidade em nosso país. As informações a seguir estão no site da Agência Nacional dos Direitos da Infância-ANDI (http://www.andi.org.br/).

No ano passado foram denunciados 15.345 casos de violência sexual contra crianças e adolescentes. Segundo dados do Disque 100, da Secretaria de Direitos Humanos (SEDH) da Presidência da República, em 2009 houve 9.638 registros de abuso sexual, 5.415 de exploração sexual, 229 de pornografia e 63 de tráfico de crianças. E só nos quatro primeiros meses de 2010, já foram contabilizadas cerca de 4.000 ocorrências de violência sexual contra meninos e meninas. Para alertar sobre situação, o Brasil instituiu, desde 2000, pela Lei 9.970, a data 18 de maio como Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes.

O 18 de maio foi criado para ser um dia de mobilização em todo o País. O problema é grave e deve ser enfrentado pelo poder público e pela sociedade, incluindo não só o terceiro setor, mas também a família e a escola.

Hoje será lançado o Prêmio Neide Castanha de Direitos Humanos de Crianças e Adolescentes. A iniciativa é uma homenagem à assistente social Neide Viana Castanha, falecida em janeiro deste ano e reconhecida defensora dos direitos humanos, dedicando grande parte de sua vida na luta contra a violência a que são submetidas crianças e adolescentes no Brasil. O Prêmio é destinado a pessoas físicas e jurídicas com atuação destacada na promoção e defesa dos direitos infanto-juvenis no enfrentamento da violência sexual.

Dentro da programação oficial da semana em que se comemora o Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, será lançado em circuito nacional o filme “Sonhos Roubados”, história baseada no livro “As Meninas da Esquina - Diários dos Sonhos, Dores e Aventuras de Seis Adolescentes do Brasil”, da jornalista Eliane Trindade. A obra investiga meninas da região Norte, Nordeste e Sudeste do País e reúne depoimentos do dia a dia dessas adolescentes. O filme é de Sandra Werneck.

O filme aborda os caminhos que levam à exploração sexual. As personagens são garotas que moram na periferia, num mundo em que as famílias são vulneráveis e a realidade é esmagadora. As meninas são carentes de tudo, principalmente de afeto. E mesmo nesse quadro de absoluta incerteza, elas teimam em amar, se divertir e sonhar com um futuro melhor.

“Sonhos Roubados” foi filmado em locações nas comunidades de Ramos e Curicica, bairros da Zona Oeste do Rio de Janeiro. O elenco conta com a participação de Nanda Costa, Amanda Diniz, Kika Farias, Marieta Severo, Daniel Dantas, MV Bill, entre outros. A atriz Nanda Costa recebeu o prêmio de melhor atriz no Festival de Cinema Brasileiro de Paris, que está em sua 12ª edição. O anúncio foi na última terça-feira (11/5).

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Os 75 anos do metrô de Moscou



O metrô de Moscou comemorou 75 anos de existência no sábado, 15 de maio. Um dos maiores, mais belos, mais usados e mais antigos metrôs do mundo, tem várias estações (veja os dois exemplos das fotos) que são verdadeiras obras de arte. Para os 75 anos, foram realizadas várias programações, como a inauguração de um trem retrô e a abertura de duas novas estações - Dostoievskaia e Mariina Roscha. O trem retrô é uma cópia praticamente exata do primeiro trem que circulou em 1935 e é uma das homenagens ao aniversário da maior rede metropolitana do mundo por densidade de passageiros.

Construído durante o governo de Joseph Stálin, em 1935, o metrô de Moscou é utilizado por cerca de 9 milhões de pessoas por dias. Algumas estações construídas durante a Segunda Guerra Mundial ou que passam sob o rio Moscou são profundas e foram planejadas para serem abrigos seguros em caso de bombardeio. A primeira linha foi inaugurada em 1935 entre as estações de Sokolniki e Park Kultury. O metrô de Moscou conta hoje com 182 estações dividas em 12 linhas e quase 300 km de extensão.

O metrô de Moscou já tem vários modelos de trens estilizados. Um dos mais famosos é o trem-pinacoteca “Aquarela”, que tem uma galeria de pinturas. Também há o “trem-museu” e o “Moscou que lê”, com imagens de escritores famosos da literatura russa e fragmentos de obras russas e estrangeiras.

Em 1967, trabalhadores veteranos do metrô fundaram na estação Sportivnaya o Museu Público do Metrô, onde é possível ver fotografias, documentos e máquinas antigas, além de modelos dos primeiros trens.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Os direitos humanos, de novo

O juíz Baltasar Garzón pode ficar 20 anos inabilitado, o que acabaria com a sua carreira

No mundo inteiro, os direitos humanos não são problema algum. Eles apenas se tornam um problema severo, quando se acrescenta um "para todos" atrás. Em todos os países há uma turma crescente que está totalmente convicta de que os direitos somente são "humanos" quando dizem respeito aos seus próprios. Quando os outros elevam suas vozes na busca de ampliação do seu alcance, logo surge uma horda de gente para dizer que "assim não pode, assim não dá".

Hoje, mais um defensor dos direitos humanos "para todos" foi encostado na parede com todo o rigor. Trata-se do juiz espanhol Baltasar Garzón, que foi suspenso preventivamente nesta sexta-feira 14de maio das funções como magistrado pelo Conselho Geral do Poder Judiciário espanhol. Famoso por condenações ao grupo terrorista basco ETA e por ter mandado prender o ex-ditador chileno Augusto Pinochet, ele foi afastado do ofício para ser investigado por abuso de poder.

O motivo? Ele foi formalmente acusado em abril, após o magistrado do Supremo Tribunal espanhol, Luciano Varela, analisar as queixas apresentadas contra o juiz pela organização franquista Falange, pela organização de extrema-direita Mãos Limpas e pela associação Liberdade e Igualdade, que alegam que as investigações de Garzón acerca de crimes cometidos durante a Guerra Civil (1936-1939) e a ditadura franquista ferem a lei de anistia geral, de 1997.

O órgão de governo dos juízes decidiu por unanimidade suspender Garzón. O juiz, de 54 anos, pode ficar inabilitado por 20 anos, o que acabaria com sua carreira profissional. Entretanto, até o início das investigações sobre o franquismo, não havia nenhuma prova dos crimes de violação de direitos humanos cometidos no período por conta da anistia concedida em 1977 pelo Parlamento, dois anos depois da morte de Franco.

Ou seja, não mexam nisso! Todo mundo foi anistiado. Já assisti a este filme...
(Com informações e imagem do Opera Mundi (http://operamundi.uol.com.br/).

quinta-feira, 13 de maio de 2010

De procuradora a procurada

A procuradora Vera Lucia de Sant'Anna Gomes se entregou, hoje, na 32ª Vara do Tribunal de Justiça, no Centro do Rio. Ela vinha sendo procurada há uma semana por agressões a uma criança de dois anos que pretendia adotar. A criança havia sido encontrada pelo Conselho Tutelar na casa da procuradora, no dia 15 de abril, com sinais de maus-tratos.

De acordo com a denúncia, a menina havia sido submetida todos os dias a violência física e moral, inclusive na presença das empregadas da casa da procuradora. Segundo o Disque Denúncia, que tem ligação direta com o Conselho Tutelar, a violência dentro de casa é o segundo tipo de crime mais relatado ao órgão.

Fotos e um laudo do Instituto Médico-Legal comprovaram que a criança era vítima de agressões desde quando passou a morar na casa de Vera Lucia. Também fazem parte da denúncia os depoimentos das ex-empregadas que presenciaram os maus-tratos, bem como uma gravação anônima com xingamentos e agressões à menina.

Enquanto Vera Lucia usava de sua prerrogativa de juíza para fazer a adoção da pequena que passou a ser objeto de seu sadismo, milhares de crianças estão à espera da adoção e centenas de casais esperam por anos a concretização do seu desejo de adotar alguém.

A procuradora Vera Lucia passou a ser procurada. Hoje, rendeu-se ao que teimava, ainda, em subverter: a sua ordem de prisão. Ela ainda acreditava que a sua arrogância de juíza a livraria das garras da lei.

Se conseguir livrar-se da prisão, o que para ela vai ser mumu, que ao menos seja punida com a reparação aos danos causados a esta indefesa criança, se é que isso é possível. A juíza Katerine Jatahy Kitsos, da Vara da Infância, da Juventude e do Idoso, determinou que Vera utilize 10% de seus vencimentos para custear o tratamento psicológico da menina de 2 anos que foi aterrorizada pelo seu sadismo.

Mais uma vez, ecoa em meus ouvidos uma frase do historiador uruguaio Eduardo Galeano: “Se contássemos a história da humanidade a partir da perspectiva das crianças, estaríamos diante de uma interminável história de horror”.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Abril demite editor que criticou Veja no Twitter

Retirado do blog do Altino Machado (Terra Magazine)
A National Geographic Brasil, da Editora Abril, demitiu ontem, terça-feira 11 de maio, o editor-assistente Felipe Milanez (foto) pelas críticas em seu Twitter contra a revista Veja, da Abril, por causa da reportagem “A farra da antropologia oportunista” sobre delimitação de reservas indígenas e quilombos no país.

“A decisão me foi comunicada pelo redator-chefe Matthew Shirts. Ela veio lá de cima e ainda estou zonzo ainda porque não imaginava que minha opinião fosse resultar nisso”, disse Milanez.
Bastante conhecedor da Amazônia, especialmente das tribos indígenas, o repórter-fotográfico Felipe Milanez estava com viagem marcada para o Amazonas na quinta-feira (13). Ele iria percorrer durante 15 dias a BR-319, que liga Manaus (AM) a Porto Vellho (RO), acompanhando uma equipe da Embratel que dá suporte às torres de telefonia.

Ele usou o Twiter para avisar seus seguidores sobre a demissão: “To destruido, muito chateado. Acabo de ser demitido por causa dessa infeliz conta de Twitter. Sonhos e projetos desmancharam no ar virtual”.

Milanez havia se manifestado no Twitter a respeito da nota do antropólogo Eduardo Viveiros de Castro, citado por Veja na reportagem, mas que nega ter dado entrevista para a revista. “Eduardo Viveiros de Castro achou um bom adjetivo pra definir a matéria da Veja: 'repugnante'”, escreveu.

Milanez escreveu mais adiante: “Veja é abusada. Assim E. Viveiros de Castro corre o risco de nunca mais ser citado na revista(!), como JonLee Anderson”.

Além de ter reproduzido tweets em que o antropólogo acusa Veja de “fabricar” declaração, Milanez também chegou a citar os microblogs dos repórteres Leonardo Coutinho, Igor Paulin e Júlia de Medeiros, autores da reportagem, como exemplos de “anti-indígenas” para quem quisesse segui-los.

“Não sei ainda o que vou fazer da vida. Não estou arrependido porque nunca imaginei que minha opinião pudesse causar uma reação tão drástica. Talvez eu tenha sido ingênuo, mas quem defende índio tem que estar com a cabeça preparada para levar paulada”, afirmou Milanez.

A traça e a ferrugem


Tanto cuidado e amor pelas coisas
Tanto apego e desejo de possuir
Sonho que maltrata
que é concretizado
logo se transforma
em desejo do passado.
Quantos truques e segredos
para manter a jovialidade, o brilho...
Um pequeno lapso de tempo
transforma tudo em ferrugem.
Nossos objetos do desejo,
nossos sonhos e anelos,
a nossa própria vida
enferrujada e sem sentido,
qual carro outrora belo e imponente,
transforma-se também em sucata soterrada pelo tempo.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

A fantástica fábrica de realidades

Não é de hoje que a maior revista semanal brasileira serve, para mim, apenas para aquecer o meu sangue quando está frio. Não recomendo, não leio, não assino, não compro em bancas, não cito... Apenas vou ao seu arquivo digital de vez em quando, para recalibrar meu indignômetro.

E não foi diferente ontem, quando resolvi dar uma passada nas matérias da edição da última semana. Tudo ia até mais ou menos, até topar com a matéria "A farra da antropologia oportunista" (http://veja.abril.com.br/050510/farra-antropologia-oportunista-p-154.shtml). Conforme as páginas virtuais da revista iam passando pelos meus olhos, meu semblante ia se crispando. Não dá para absorver tanta barbaridade e baixeza jornalística em tão poucas linhas. Bem, não vou entrar em maiores detalhes. Quem tiver interesse, acompanhe de perto a indignação generalisada, no endereço: http://faire-savoir.info/2010/05/04/a-farra-do-jornalismo-oportunista/.

Alerta definitivo: Veja bem, nada impede você de ter uma visão absolutamente distorcida, preconceituosa e inverossímil da realidade brasileira. Basta alimentar-se, semanalmente, da superficialidade e da visão tendenciosa e mal-intencionada do jornalismo oportunista sistematicamente praticado por esta revista.

quinta-feira, 6 de maio de 2010

O Palhaço de Kierkegaard


Em sua obra “Either/Or” (Ou isso, ou aquilo), o filósofo e teólogo Soren Kierkegaard (1813-1855), o pai do existencialismo, conta uma história emblemática sobre um palhaço que tem a tarefa de anunciar à plateia que o circo está pegando fogo. Vejam a história (acima, em destaque, na página do livro em inglês, e a seguir, em tradução livre):

“Deflagrou um incêndio nos bastidores de um teatro. O palhaço apresentou-se para dizê-lo aos espectadores. Estes julgaram tratar-se de uma piada e aplaudiram. Ele falou-lhes novamente, e eles acharam ainda mais engraçado. É desta forma, penso eu, que o mundo será destruído – entre a universal hilaridade de avisos e acenos que são encarados como piada.”

quarta-feira, 5 de maio de 2010

O mundo é uma aldeia


No ano de 1962, a estilista britânica Mary Quant revolucionava o mundo da moda ao inventar a minissaia. Mesmo com a pretensão comunista de “isolar” o Leste do capitalismo, apenas um ano depois a jovem Annette Hellbach, de Haldensleben, na então República Democrática Alemã – mais conhecida como Alemanha Comunista – já tinha um exemplar também. Para entrar na moda do ocidente, ela simplesmente cortou o seu vestido azul-celeste e refez a bainha, bem ao estilo de milhões de moças pobres do ocidente à época, que “produziam” a sua minissaia do mesmo jeitinho. A foto acima mostra a orgulhosa proprietária do mini-vestido durante suas férias na praia, posando sobre o Trabant de propriedade dos pais.

Meio judeu


Groucho Marx, famoso ator e comediante americano de origem judaica, tinha um filho da sua mulher, que não era judia. O filho não foi admitido num clube muito chique do bairro de Nova York em que residiam. Groucho enviou-lhes um telegrama: “Uma vez que o meu filho é só meio judeu, será que ele não poderia entrar na sua piscina só até a cintura?”

terça-feira, 4 de maio de 2010

O professor que eu não tive

Marcelo Gleiser, brasileiro, físico e astrônomo nos EUA

O físico e astrônomo brasileiro Marcelo Gleiser é pouco conhecido em seu próprio país. É uma pena, pois ele é um daqueles professores que a gente gostaria de ter. Professor da Universidade de Dartmouth, nos EUA, Marcelo Gleiser é famoso por odiar frases pomposas e aulas de exposição de fórmulas no quadro negro.

Uma de suas disciplinas em Dartmouth se chama Física para Poetas, que o tornou o professor mais popular da Universidade. Mas ele não só dá aulas ou faz pesquisa. Ele tem vários livros e peças de teatro publicados. Além disso, o cara é uma figura única. Numa das vezes em que veio ao Brasil, visitar os familiares, ele desfilou vestido de Santos Dummont na escola de samba Unidos da Tijuca.

Por causa de seus múltiplos talentos, Marcelo Gleiser recebeu condecoração especial das mãos do presidente Bill Clinton por seu trabalho de pesquisa em cosmologia e por sua dedicação ao ensino. Difícil acreditar, diante de tanto sucesso profissional, que este cientista famoso um dia quis largar tudo para ser músico.

Mas não é só a fama de professor incomparável que me fez chegar mais perto de sua trajetória, na qual já o comparam a Carl Sagan, que, humilde, diz ser um ícone para ele. Em meio ao seu incrível dom de transformar a astronomia numa deliciosa reflexão sobre a vida, ele não encara a ciência como a única resposta a tudo, mas como uma grande porta aberta para refletir sobre a existência humana até sob um prisma espiritual (Carl Sagan iria odiar isso!).

Numa entrevista dele, que eu vi recentemente, ficou registrado que a pesquisa cósmica abriu tanto o nosso leque de visão sobre o universo, especialmente depois do lançamento do telescópio Hubble, há 20 anos, que o foco, na verdade, se fechou novamente (Os resultados da pesquisa do Hubble valem uma visita em: http://hubblesite.org/gallery/).

Para Gleiser, no passado a ciência oferecia uma visão totalmente antropocêntrica do universo. Tudo girava em torno do ser humano, que, nada modesto, colocava o seu próprio planeta no centro de tudo. A ciência na época de Colombo, por exemplo, era totalmente geocêntrica, ou seja, todos os outros astros giravam em torno da Terra, que era considerada o centro do universo.

Com a ciência ampliando a visão do universo, o ser humano e o seu próprio minúsculo planeta Terra foram sendo empurrados cada vez mais para uma insignificante periferia do universo. Dentro da nossa galáxia, a Via Láctea, por exemplo, o nosso Sol é um entre bilhões, e está apenas numa das remotas pontas da galáxia, enquanto o nosso planeta é um pequeno astro girando ao redor dessa estrela – de quinta grandeza! – que está na beiradinha da Via Láctea. Ao mesmo tempo, a nossa própria galáxia é somente uma entre milhões de outras galáxias, e nem é tão majestosa assim. Ou seja, durante boa parte do século 20, o ser humano perdeu o foco do centro e tornou-se um insignificante grão de areia diante do universo infinito.

Com as pesquisas do Hubble, o foco ficou muito concentrado, provocando um radical retorno ao antropocentrismo. Descobrimos de repente, conta Gleiser, que o nosso planeta é único em sua configuração no Sistema Solar. Por causa da sua posição específica, da sua massa e do sua composição química especial, ele é o único com condições de abrigar vida. “Inclusive os tão temidos terremotos contribuem para que o planeta tenha a química ideal para manter essa enorme biodiversidade que vive nele”, diz Gleiser. O Hubble revelou que a vida é um milagre no universo conhecido.

“Certamente há vida em outros lugares do universo. Seria muita arrogância imaginar o contrário”. Dentro do universo conhecido, entretanto, é uma aparição muito rara. Na configuração existente na Terra, com certeza, ela é absolutamente única. “Agora, vida inteligente no universo conhecido, é algo definitivamente raro!”

Segundo Gleiser, “estamos sozinhos, pelo menos, até onde conseguimos enxergar com o Hubble”. Isso é algo muito especial. Não temos visinhos, nem temos qualquer lugar semelhante que esteja suficientemente próximo de nós para que, algum dia, possamos alcançá-lo em tempo real.

Portanto, é hora de cuidarmos deste diamante vivo, absolutamente raro e insubstituível. Mais do que provocar a extinção de espécies, está em nossas mãos evitar a extinção da vida na forma em que a conhecemos neste planeta.

Pensando bem, este cara não é como o Carl Sagan. Ele é muito melhor que o Carl Sagan. A sua poesia pode nos ajudar a entender a urgência de amar esta criação que, como privilegiados observadores – também através dos fantásticos olhos do Hubble – somos os únicos a poder observar desta maneira tão complexa.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

A História cobrará seu preço ao STF

O Ministro Eros Grau foi o relator, votando pela manutenção da Lei de Anistia

A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), a Anistia Internacional, a Organização das Nações Unidas (ONU) e o Projeto Direito à Memória e à Verdade, da Secretaria Nacional de Direitos Humanos (SNDH), da Presidência da República, condenaram a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), tomada no dia 29 de abril, de manter a Lei da Anistia.

Agência Latino-Americana e Caribenha de Comunicação-ALC
Brasília, segunda-feira, 3 de maio de 2010

A Lei da Anistia perdoa crimes de tortura, estupro, sequestro e execução sumária cometidos por agentes do Estado contra civis que se opuseram à ditadura militar, de 1964 a 1985. O STF decidiu rejeitar a ação impetrada pela OAB que pedia uma revisão da lei de 1979, por 7 votos a 2.

A Ordem defende que a Lei da Anistia não beneficie autores de crimes como homicídio, abuso de autoridade, lesões corporais, desaparecimento forçado, estupro e atentado violento ao pudor cometidos por militares das três armas contra opositores ao regime de exceção.

O presidente nacional da OAB, Ophir Cavalcante, disse que a decisão é um retrocesso e que a corte “perdeu o bonde da história” ao sancionar a anistia aos torturadores. “Lamentavelmente, o STF entendeu que a Lei de Anistia (6.683/79) anistiou os torturadores, o que a nosso ver é um retrocesso em relação aos preceitos fundamentais da Constituição e às Convenções Internacionais, que indicam de forma muito clara que tortura não é crime político, mas crime comum e de lesa-humanidade, sendo portanto imprescritível”.

Cavalcante entende que “a própria História é quem vai julgar o STF pelo entendimento que hoje adota. A História é quem vai dizer se essa decisão foi ou não correta; o STF será julgado pela sociedade, daqui a algum tempo, pelo passo que deu”. Negar o questionamento da sociedade civil “não ajuda a desvendar o que ocorreu no período mais obscuro de nossa história e, assim, tudo vai continuar sepultado: restam às famílias vítimas daquele período apenas as sanções morais e recorrer às indenizações que estão sendo pagas por parte do governo brasileiro”. E concluiu: “as sanções penais não poderão mais ser recapituladas a partir dessa decisão do Supremo”.

Com o mesmo tom de crítica, a Anistia Internacional enfatizou que “a decisão coloca um selo judicial de aprovação aos perdões estendidos àqueles no governo militar que cometeram crimes contra a humanidade”, afirmou seu pesquisador para o Brasil, Tim Cahill. “Isto é uma afronta à memória dos milhares que foram mortos, torturados e estuprados pelo Estado, que deveria protegê-los. Às vítimas e a seus familiares foi novamente negado o acesso à verdade, à justiça e à reparação”, argumentou.

A negação da dignidade às vítimas impede que o Brasil siga o exemplo de países vizinhos como Argentina, Chile, Bolívia e Uruguai, que levaram à Justiça acusados de crimes contra os direitos humanos durante os regimes militares nessas nações. Ademais, a decisão do STF, tomada na quinta-feira, deixa o Brasil em desacordo com leis internacionais que não permitem exceções para crimes de tortura e execuções extrajudiciais.

A principal autoridade da ONU para direitos humanos, a sul-africana Navi Pillay, criticou a decisão do STF e pediu o fim da impunidade no Brasil. “Essa decisão é muito ruim. Não queremos impunidade e sempre lutaremos contra leis que proíbem investigações e punições”, disse. Em sua primeira visita ao Brasil, em 2009, Pillay já havia afirmado que o país precisa “lidar com seu passado”. Há dois meses, em um encontro com o ministro de Direitos Humanos, Paulo Vannuchi, em Genebra, ela apoiou iniciativas que fortalecessem a ideia de acabar com a Lei de Anistia.

No Comitê contra a Tortura da ONU, os peritos independentes também não pouparam críticas à decisão do STF. “Isso é incrível e uma afronta. Leis de anistia foram tradicionalmente formuladas por aqueles que cometeram crimes, seja qual for o lado. É um autoperdão que o século XXI não pode mais aceitar”, afirmou o jurista espanhol Fernando Mariño Menendez.

O perito contra a tortura da ONU, o equatoriano Luis Gallegos Chiriboga, disse que “há um consenso entre os órgãos da ONU de que não se deve apoiar ou mesmo proteger leis de anistia. Com a decisão tomada pelo Supremo, o país está indo na direção contrária à tendência latino-americana de julgar seus torturadores e o consenso na ONU de lutar contra a impunidade”, apontou.

O senegalês Abdoulaye Gaye, outro perito do Comitê contra a Tortura, mostrou indignação. “Não há justificativa para manter uma lei de anistia. Se uma Justiça decide mantê-la, isso é um sinal de que ela não quer lidar com o problema da impunidade”. Na ONU, cresce a pressão para que leis de anistia sejam abolidas em todo o mundo.

O coordenador do Projeto Direito à Memória e à Verdade, da Secretaria Nacional de Direitos Humanos, disse ser uma frustração assistir aos votos do STF favoráveis à Lei de Anistia. “Em nenhum momento a tortura foi permitida, nem nas leis mais duras da ditadura. Mas os torturadores, para não serem punidos, se abrigaram sob o guarda-chuva dos crimes conexos. Quem torturou, no entanto, não estava cometendo um crime político, mas, sim, de lesa-humanidade, e assim devia ser tratado”, alegou.

Para ele, se o Brasil não modificar a interpretação da legislação para julgar os torturadores, poderá sofrer derrotas nas cortes internacionais. O advogado Modesto da Silveira, que defende vítimas de tortura, assinalou que o próximo passo deverá ser levar o caso à Corte Interamericana, onde, acredita, o Brasil pode ser condenado. “Isso desmoralizaria o país, prejudicando inclusive suas pretensões de maior protagonismo em órgãos como a ONU”, vaticinou. Ana Miranda, integrante do Fórum de Reparação e Memória do Estado do Rio e presa quatro vezes pelos militares na ditadura, distribuiu adesivos com a mensagem “Tortura é crime”.

Em São Paulo, o arquiteto e ativista social Chico Whitaker, ganhador em 2006 do “Prêmio Nobel Alternativo”, concedido pela Fundação Nobel, de Estocolmo, disse que “é surpreendente a decisão. Não pensava que fossem tão duros os posicionamentos. Acreditava que fosse ouvido o clamor da sociedade, como aconteceu em outros países da América Latina, onde Comissões da Verdade foram instaladas e pelo menos um pouco de justiça foi feita. Aqui no Brasil nem um pouco. É triste, muito triste. Mas não podemos esmorecer”, disse. Para a diretora executiva da Justiça Global, Andressa Caldas, a decisão é lastimável. “Era de se esperar que fossem respeitados a legislação e os acordos internacionais”.

Vitória Grabois, vice-presidente do Instituto Tortura Nunca Mais, disse que o Brasil é o país da América Latina que tem a legislação mais atrasada para a punição de militares. “A nação precisa saber o que fizeram essas pessoas que cometeram crimes de lesa-humanidade”, afirmou.

O ex-ministro da Justiça Tarso Genro, um dos principais defensores da tese de revisão da Lei de Anistia, disse que gostaria de ler os votos dos ministros antes de formar uma opinião, mas entende que a revalidação da anistia não livra torturadores de prestar contas. “O fato de o STF ter declarado a validade da lei, dizendo que os torturadores estão abrigados na anistia, não impede a proposição de processos contra essas pessoas, que, para serem beneficiadas pela decisão do Supremo, terão que demonstrar que a tortura que cometeram foi no contexto político da ditadura para defender o regime”, explicou.

Falsa sensação de proteção



Em 1955, uma campanha americana de proteção à população civil em caso de um ataque nuclear, chamada "Duck anda cover", explicava detalhadamente que bastava abaixar-se e cobrir-se para escapar dos efeitos da bomba. Era levada tão a sério que se ensinava na escola e se fazia demonstrações e exercícios nas ruas. O motorista abaixado sob o painel do seu automóvel e os alunos debaixo de suas carteiras são algumas demonstrações desta insanidade. (Continua no post abaixo)

Esta imagem, tirada em Nagasaki pouco depois da explosão da fatídica bomba atômica, no dia 9 de agosto de 1945, demonstra que as medidas de proteção ensinadas aos americanos uma década depois não faziam o menor sentido. Mesmo assim, quase todo mundo acreditou estar protegido e as repetia com total confiança.

Também na atualidade nos sentimos falsamente protegidos muitas vezes.

Enchemos as nossas cidades de câmeras de vigilância, que bisbilhotam a nossa vida privada de forma escancarada e ostenciva, nos dando a falsa sensação de proteção. Servem apenas para filmar a violência ao vivo e a cores, na maioria das vezes sem levar os seus executores à justiça. Obrigam os motoristas a baixarem a velocidade para evitar a multa, para acelerarem logo em seguida, continuando a desrespeitar o limite de velocidade determinado para aquela via.

Acreditamos proteger a natureza ao plantar uma árvore ou recolher algum lixo na rua. Mas não abrimos mão do carro em troca da bicicleta ou do transporte coletivo. Não investigamos a origem dos produtos que consumimos, desconsiderando seu grau de agressão ao meio ambiente.

Há tantas coisas que sequer imaginamos existir... Intrincados caminhos que causam morte, destruição, injustiça e preconceito. Nos sentimos seguros e isentos por desconhecê-las, simplesmente. “Melhor não saber”, é a nossa prática de sobrevivência.

DEPOIS DE WORMS, A CAÇADA A LUTERO

No último dia da Dieta de Worms, 26 de maio de 1521, já sem a presença de Lutero, foi decretado o Édito de Worms. O documento fora redigido ...