segunda-feira, 29 de julho de 2013

A ameaça do lixo orbital



Se você pensa que o lixo é somente algo que ameaça o nosso planeta aqui em solo, está enganado. A quantidade de sucata de objetos espaciais, satélites, estações meteorológicas e outras parafernálias em órbita do nosso planeta está próxima de um impasse tecnológico e ambiental. Como você pode ver nesta imagem, o Google mapeou satélites e estações que servem a humanidade nos mais diferentes setores e facilitam a nossa vida.

A quantidade de satélites feitos pela humanidade atualmente orbitando a Terra está próxima de 5000, lançados desde o início da era espacial. Cerca de dois terços dos objetos catalogados são fruto de separações orbitais, com mais de 240 explosões e menos de dez colisões. Cada colisão resulta em milhares de fragmentos espalhados.

Os cientistas estimam que o lixo especial atualmente circulando o planeta esteja em torno de 29 mil objetos maiores que 10 cm, 670 mil fragmentos maiores que 1 cm e mais de 170 milhões de minúsculos fragmentos de cerca de 1 mm.

Qualquer uma dessas partículas pode danificar uma espaçonave ou um satélite em operação. Isso significa que, de uma hora para a outra, parte da humanidade pode ficar sem TV, sem GPS ou sem previsões meteorológicas. Qualquer colisão com objetos maiores que 10cm podem tornar-se catastróficas. 

A remoção de parte desse entulho está se tornando uma questão estratégica. Uma conferência europeia sobre o tema, em abril em Darmstadt-Alemanha, debateu os mais recentes resultados sobre o tema e definiu ações futuras de remoção de parte desse material.

O cavalo está encilhado



A mobilização de milhões de pessoas no maior evento já ocorrido na praia de Copacabana foi um espetáculo impressionante, que reduziu todas as críticas de sempre a gravetos. A 28ª Jornada Mundial da Juventude foi um absoluto sucesso. Falaram dos gastos, do uso de dinheiro público, de que o evento fortaleceu o poder do papa... Tudo isso e muito mais perdeu o brilho, diante do esplendor do encontro.

Como mero elemento de comparação, a missa de encerramento da JMJ na praia de Copacabana reuniu quatro vezes o número total de membros da IECLB num único evento. E o vulcão de sentimentos e emoções, de fé e de esperança, de louvor e espiritualidade, presentes em eventos como o Acampamento Repartir Juntos ou o Encontrão Nacional, ou mesmo em retiros menores, estava lá em Copacabana, com a sua energia fascinante multiplicada por mil.

É o quanto basta, para nos sentirmos unidos a essa massa de cristãos e cristãs que partilham conosco tanto evangelho em comum que soa falso atirar velhas pedras. Afinal, elas batem num escudo de beleza e de brilho que derrete granito. Nem mesmo faltou uma das frases preferidas das igrejas protestantes, o velho paradigma da “eclesia semper reformanda”, que saiu da boca de ninguém menos que do próprio papa Francisco.

Em resumo: foi um show! Mesmo que digam que foi fogo de palha, que não vai levar a nada, que é mais do mesmo, que só fortaleceu velhos paradigmas de uma igreja em descrédito... Nada disso reduz o meu sentimento – e o de muitos – de que este encontro vai deixar marcas perenes na espiritualidade de uma geração inteira, muito carente disso, aliás, e que construiu pontes bem significativas entre cristãos e cristãs de diferentes confissões.

Os tão almejados ventos da abertura ecumênica voltam a soprar. É hora de aproveitar, porque a mesa do diálogo está posta. Se perdemos o último, este é o cavalo encilhado do ecumenismo passando de novo. Vamos montar nele. A hora é agora.

quinta-feira, 25 de julho de 2013

Polêmicas em torno do Papa Francisco

A visita do Papa Francisco ao Brasil está sendo tratada como histórica. E, de fato, é. Apesar de alguns comentários sobre gastos de dinheiro público com a sua visita e com a Jornada Mundial da Juventude, que não levam em conta que as medidas de segurança para proteger os visitantes estrangeiros é obrigação do Estado e que o papa, além de pontífice da ICAR, é chefe do Estado do Vaticano, um país com prerrogativas diplomáticas plenas, com direito a ter seu chefe político recebido com honras e amplas medidas de segurança.

Portanto, apesar da Record, o Estado Laico continua intacto no Brasil...

Mas nada causou maior polêmica em torno do Papa inovador, que protagoniza uma nova primavera na Igreja Católica, do que a capa da TIME. A revista colocou o papa de perfil, por cima da logomarca da revista e, talvez com intenção, transformou as pontas do M em dois chifres vermelhos sobre sua cabeça. Sinceramente, a revista foi longe demais...

A humanidade é absurda



 
Absolutamente desconcertante este pequeno vídeo de pouco mais de seis minutos. Uma mistura de violência, insensibilidade, consumismo absurdo e final surpreendente misturam-se numa sequência de imagens chocantes. Há aí informação visual suficiente para perder completamente a fé na humanidade. A espécie humana é absurda...

sexta-feira, 19 de julho de 2013

Deus abençoe a Jornada Mundial da Juventude




Hoje pela manhã, ao abrir a mensagem diária do meu amigo Euclécio Schieck, ele nos surpreendeu tirando do baú esta bela e singela canção de Roberto Carlos. Lá se vão três décadas do tempo em que ele a compôs e gravou.  É um hino à paz, um sonho bonito de um mundo que se irmana e abraça, a partir das crianças e dos jovens.

 Até parece que o “rei” anteviu o que seria a Jornada Mundial da Juventude. Estamos aí, às portas deste encontro tão rico e bonito. Meu desejo é que Deus abençoe este encontro de jovens, “que vinham aos milhares e em pouco tempo eram milhões”.

Que a JMJ no Brasil, na próxima semana (23 a 28 de julho), possa ser um momento lindo, de encontro com Deus, com a fé, com a paz, com a utopia de que um outro mundo é possível. Que esses dias de celebração transformem as espadas da intolerância religiosa em arados da utopia de um mundo mais irmão, uma cristandade mais ecumênica e que ouse sonhar sonhos que transformam e edificam a paz.

terça-feira, 16 de julho de 2013

Jesus praticou o relativismo teológico

Um dos pontos mais controversos nos debates em torno da correta interpretação da Bíblia diz respeito ao que muitos chamam de liberalismo ou relativismo teológico.

Segundo os que acusam a teologia de ter ido longe demais, a reflexão de muitos teólogos passa por cima de preceitos bíblicos que deveriam permanecer intocados. Os alvos preferidos desses críticos são os teólogos que utilizam as ferramentas da pesquisa histórico-crítica e aqueles que se abrigam sob o grande chapéu da Teologia da Libertação.

Segundo esses mesmos acusadores, foi graças a esta relativização teológica que hoje as igrejas na Europa estão vazias (o que de modo algum é verdade, uma vez que um evento como o Dia da Igreja na Alemanha reúne tantos cristãos quanto a Marcha Para Jesus no Brasil). Afirmam, ainda, que este processo deve acontecer no futuro também no Brasil, especialmente na IECLB e nas igrejas que seguem o pensamento teológico europeu.

De minha parte, sou profundamente grato pela pesquisa histórico-critica da teologia do século 20, que tem trazido à luz importantes verdades ligadas ao contexto histórico dos personagens bíblicos. Este conhecimento não reduziu a minha fé, nem enfraqueceu convicções. Antes, desmistificou alguns conceitos pueris sobre a fé, amadurecendo-a e aprofundando a reflexão contextualizada da mesma, permitindo avançar. Afinal, a fé não é algo estanque. A própria Bíblia é fruto de uma caminhada de fé de três milênios e a Palavra de Deus é dinâmica e requer constante atualização.

Também sou grato pela moderna teologia europeia, que joga limpo com a complexa realidade da humanidade pós-moderna e não tenta passar anestésico nas dores do presente. Antes, parte da Palavra de Deus para refletir com sobriedade sobre temas como guerra e paz, intolerância, ecumenismo, sexualidade, consumismo, gênero, preservação da Criação e muitos outros.

Por isso mesmo, também julgo a teologia da libertação um importante passo nesse processo constante de atualização da Palavra de Deus. Ela busca concretizar a mensagem de Cristo para dentro da realidade de injustiça e segregação do mundo, anunciando a salvação e a justiça de Deus em Cristo num formato que fala para dentro da realidade das pessoas que sofrem.

Esta curva de reflexão não é nenhuma novidade e o próprio Jesus histórico a fazia todos os dias, ao longo dos seus três anos de ministério. Por isso, não entendo a recusa dessa reflexão, nem a acusação de "relativismo", quando a radicalização da palavra de Deus é um princípio inalienável da reflexão teológica em todos os tempos.

A maior prova dessa curva de reflexão é que Jesus mesmo disse várias vezes: "Eu, porém, vos digo!". Cada vez que o Mestre iniciava uma frase com esta afirmação, ele praticava flagrante relativismo teológico. Ora para contestar, ora para enfatizar mais ainda alguma afirmação do Antigo Testamento, que era a Bíblia que Jesus usava e conhecia.

Isso de modo algum significa que Jesus amenizou a Palavra de Deus. Antes, a tornou atual, acentuando seu significado para os tempos em que viviam ele e seus contemporâneos.

Este é um bom princípio hermenêutico, do qual eu não pretendo abrir mão. E as ferramentas da pesquisa histórico-crítica, bem como a profunda reflexão teológica baseada no confronto da Bíblia com outras ciências, como a sociologia, a psicologia e a pesquisa científica, só contribuem para a crucial atualização do que Deus tem a nos dizer hoje.

quinta-feira, 4 de julho de 2013

Ekklesia e Democracia

Não sei quem é o autor ou a autora do texto a seguir. Armazenei sem referi-lo, o que lamento. Parece ser um texto de um pensador católico e do tempo de João Paulo II. Algumas referências me levam a deduzir isso. Mesmo assim, suas palavras merecem ser lidas com muita atenção no atual contexto dos ácidos debates no Facebook, especialmente nos grupos de pessoas ligadas à IECLB. O resumo: muito mais do que a sempre citada origem da democracia na Grécia antiga, a igreja primitiva praticava uma democracia radical, na qual nada acontecia sem a participação de todos. Além de perdermos este vínculo primordial da “Ekklesia” (assembleia popular), transformamos a Igreja num lugar pouco democrático.

Vejam:

EKKLESIA E DEMOCRACIA

Sempre que falamos de democracia, nos reportamos à experiência fundadora dos gregos. Em suas cidades, os cidadãos exerciam o poder de decisão de forma direta, consoante o princípio da predominância da maioria. Entretanto, por mais que a idealizemos – especialmente depois das teorizações de Platão e Aristóteles – a democracia era na verdade muito restrita. As cidades-estado gregas eram pequenas e somente um sexto da população exercia a democracia concretamente: os cidadãos livres. As mulheres, os escravos, os artesãos, os estrangeiros e os imigrados eram excluídos. Mas a experiência grega se tornou referência para toda a reflexão política posterior.

Entretanto, há uma outra experiência de democracia muito mais radical que a grega e que foi vivida pelas duas primeiras gerações de cristãos. Ela é paradigmática para todo o pensamento utópico posterior, embora tenha sido abandonada pelo cristianismo vigente que se organizou numa forma oposta. Ela não permaneceu referência para o discurso político atual pelo fato de ter sido realizada nos quadros de uma experiência religiosa, pouco ou nada valorizada pelo pensamento laico e laicista. Hoje, a despeito de seu nicho religioso, vemos a democracia cristã como qualquer outro fenômeno social, merecendo consideração especialmente quando se busca uma democracia radical, levada a todos os campos da convivência humana, aos movimentos sociais e também à economia; quer dizer, uma democracia sem fim.

A experiência geradora da democracia radical cristã foi a prática de Jesus: absolutamente anti-discriminatória, anti-hierárquica e de fraternidade universal. O apóstolo Paulo resumiu tudo dizendo: “Agora já não há judeu nem grego, nem escravo nem livre, nem homem nem mulher, pois todos são um em Cristo Jesus” (Gl 3.28). O resultado foi que escravos, livres, portuários, mercadores, advogados e soldados, independente de sua situação social e de gênero, formavam comunidades fraternas que viviam a koinonia (comunhão), palavra para expressar o comunismo radical de “colocar tudo em comum”, repartindo os bens materiais “conforme as necessidades de cada um”. E como louvor se diz que “não havia pobres entre eles” (At 2 e 3).

Essa democracia era radical mesmo, pois as decisões eram tomadas com a participação de toda a comunidade. A lei básica era: “o que concerne a todos, deve ser decidido por todos”. Isso valia também para a nomeação dos bispos e dos presbíteros.

Chamou-se tal comunidade de ekklesia em grego, ecclesia em latim e “igreja” em português. O sentido original de ekklesia não era religioso, mas político: a assembleia popular. Escolheu-se esse nome profano para distinguir a democracia cristã de outras expressões religiosas da época.

Essa memória foi perdida na Igreja Católica. Perguntaram, certa feita, a João Paulo II se a Igreja era uma democracia. Respondeu: “Não; ela é uma koinonia”. Ora, koinonia é sinônimo de democracia radical, coisa que seguramente o Papa não pensou. Com efeito, hoje como ela se estrutura, não é koinonia. É uma monarquia absolutista espiritual organizada sob a influência das monarquias do passado. Como tal, fecha as portas à democracia cristã dos primórdios. Ou só a aceita sob a forma inócua da espiritualização. É importante resgatarmos a memória revolucionária escondida na palavra “Igreja”. Quem sabe, não inspira outro jeito de ser cristão e de ser cidadão? (Autor/a desconhecido/a)

quarta-feira, 3 de julho de 2013

Quero ver o que você está levando aí!

"Uma grave ofensa a todo o nosso povo." Assim o presidente boliviano Evo Morales classificou a decisão de alguns países europeus, ontem, de proibir que seu avião sobrevoasse seus espaços aéreos sem uma vistoria. "Nosso presidente não é nenhum marginal", reagiram os diplomatas bolivianos.

Morales vinha de uma reunião de cúpula em Moscou. O endereço logo pavimentou o caminho para suspeitas de que o espião norte-americano, o ex-técnico da CIA Edward Snowden, estivesse a bordo para receber asilo na Bolívia. Primeiro foi a França, o que obrigou a aeronave a passar pela Áustria para reabastecer. Depois também a Itália proibiu o avião de Morales de sobrevoar seu espaço aéreo.

A decisão é semelhante a impedir o cara do fundo da rua de passar em frente à sua casa sem que você possa verificar quem ele está levando dentro do carro. Em suma, um verdadeiro absurdo. E, obviamente, um incidente diplomático gravíssimo, que viola as regras do tráfego aéreo. Com razão, a diplomacia boliviana anunciou que vai aos tribunais internacionais denunciar estes países.

Mas, como é Morales, como é a Bolívia, eles certamente não estão nem aí.

Durante o pouso de reabastecimento em Viena, Morales deu entrevista coletiva à imprensa. Ele rejeitou que o ex-técnico da CIA estivesse a bordo do avião, e disse que não sabia nada sobre o assunto. "Eu nunca o vi e Snowden não foi objeto de discussões com as autoridades russas", disse o presidente. Morales afirmou que até hoje nem sequer sabia direito quem é Snowden. "Nem sabia seu nome completo. Tinha ouvido dizer que havia um problema com os Estados Unidos", disse ele em uma sala VIP no aeroporto de Viena.

Tudo foi construído sobre a informação de que a Bolívia faria parte dos 21 países que seriam prováveis destinos para Snowden. "Não houve nenhum contato sobre isso à Bolívia", disse Morales, afirmando que estaria aberto a conversar sobre o assunto.

Pergunto: Se existem águas internacionais, por que não podem haver também ares internacionais? Invasão do espaço aéreo devia ser entendida somente a partir de determinada altitude...

DEPOIS DE WORMS, A CAÇADA A LUTERO

No último dia da Dieta de Worms, 26 de maio de 1521, já sem a presença de Lutero, foi decretado o Édito de Worms. O documento fora redigido ...