sexta-feira, 29 de junho de 2012

Racismo ainda em campo


Mario Barwuah Balotelli imita o macaco que dizem que é.

Ao ver a foto de Mario Balotelli nas páginas esportivas dos jornais de hoje, não dá para não se lembrar de Jesse Owens. Inacreditável que 64 anos depois das Olimpíadas nazistas de Berlim o tema do racismo, da xenofobia e da arrogância racial dos brancos tenha um teimoso espaço, em pleno século 21. Poloneses, ucranianos, espanhóis, alemães, portugueses e até mesmo os italianos, que têm Balotelli no time, são racistas, imitam macacos e jogam bananas contra jogadores negros.

Balotelli mostrou-se acima de tudo que vem sofrendo desde que chegou à Itália como filho adotivo. Enfrentou poucas e boas até tornar-se o herói absoluto da Azurra. Ele é o artífice da Itália na final da Eurocopa. A sua vitória pessoal calou os racistas de plantão. O seu gesto imitando o macaco que dizem sempre que ele é jogou a pá de cal sobre a arrogância européia.

Jesse Owens levou quatro ouros diante de Hitler


Nos Jogos Olímpicos de 1936, na Alemanha de Adolf Hitler, também foi assim. Hitler queria mostrar ao mundo a superioridade da raça ariana. Mas os negros quebraram a teoria de Hitler ao meio. Das 14 medalhas de ouro conquistadas pelos Estados Unidos no atletismo, nove vinham de vitórias negras. Destas, quatro foram conquistadas por uma única muralha negra: Jesse Owens. O atleta nascido no Alabama fez Hitler abandonar o Estádio Olímpico, após subir no primeiro lugar do pódio pela terceira vez. Owens ficou com o ouro nos 100 m, 200 m e no revezamento 4 x 100 m. Além disso, teve o primeiro lugar no salto em distância.

Para não dizer que Mario Barwuah Balotelli venceu o racismo sozinho, o gol de honra do time alemão veio do turco Mesu Özil. Também isso deve ter feito muito alemão engolir em seco.

Quando é que vamos finalmente entender que, por debaixo da pele, todos somos exatamente iguais, feitos de carne, de ossos, de sangue e de tudo o mais da mesma cor? Mais ainda, que no interior de cada um e cada uma de nós habita um ser criado à imagem e semelhança de Deus, que somos todos/as iguais, irmãos e irmãs do mesmo Pai? Quando vamos aprender que todas as diferenças de origem, de cor, de posses e de valor terminam dentro de uma caixa de madeira?

Oh, Deus! Em pleno século 21 isso tudo podia ser coisa de um passado desprezível e sombrio....

Impiedosa superficialidade



As pessoas têm uma facilidade impressionante em emitir juízos superficiais umas sobre as outras, sobre as idéias e projetos alheios, sobre livros, filmes, coisas que se diz e se faz. A superficialidade reina nessas análises. E elas costumam ser bem duras, impiedosas e quase sempre afiadas como lanças. Em nossa sociedade impera uma tendência de desfazer o outro, de reduzir a pó seus feitos, suas idéias e pensamentos, de bater sem piedade.

Essa tendência agravou-se ainda mais com a internet. As redes sociais são o verdadeiro paraíso do hábito de desfazer o que não foi construído por nossas próprias mãos. Estou pensando concretamente, por exemplo, no pastor da Assembléia de Deus Bethesda, Ricardo Gondim, que de tanto levar na cabeça e ver sua teologia e sua ideologia enxovalhadas por posts impiedosos, retirou-se das redes sociais. Ele faz falta. As suas mensagens diferenciadas, bem-fundamentadas e escritas com muita propriedade desapareceram. É uma pena. Conseguiram calar uma voz expressiva, profunda, diferenciada no meio eclesial brasileiro.

Tudo baseado na inveja, no preconceito e, especialmente, na superficialidade banal e descabida que tem por regra número um o fundamentalismo bíblico.

Um pouco mais de cuidado com o que se diz, como se diz e quando se faz isso deveria reger as nossas manifestações. Principalmente, elas deveriam vir acompanhadas de amor, de desejo de construir e melhorar, nunca de desfazer, minimizar, reduzir a pó ou de destruir. Gondim, você está fazendo falta, cara.

Enquanto ele não volta às redes sociais, publico aqui o endereço do site de Ricardo Gondim para que os seus textos lúcidos e atuais sejam conhecidos também em nosso meio.

quarta-feira, 27 de junho de 2012

Limpeza social nas ruas


Uma pesquisa promovida pelo Movimento Nacional de Pessoas em Situação de Rua (MNPR) mostra que pelo menos 304 moradores de rua foram assassinados no Brasil entre janeiro e junho deste ano. Segundo o levantamento baseado em notícias publicadas em jornais, são quase duas pessoas por dia.

A maioria das mortes é resultado da ação de policiais atuando como seguranças privados ou da ação de grupos neonazistas. Os policiais são contratados por comerciantes como seguranças. “Esse extermínio é fruto da Copa, da Olimpíada e de uma sociedade preconceituosa que insiste em dizer que todo morador de rua é usuário de drogas, vagabundo, bandido”, diz Anderson Miranda, presidente do MNPR. “Nós estamos denunciando esse massacre e os governos não fazem nada”, enfatiza.

terça-feira, 26 de junho de 2012

Receita para triturar um governo


Foram muitos os sinais que antecederam o golpe contra o presidente Fernando Lugo: a maneira como ocorreu o conflito em Curuguaty que deixou 17 mortos, a presença de franco-atiradores entre os camponeses, a campanha via jornal ABC Color contra os funcionários do governo que se opunham à liberação das sementes de algodão transgênico da Monsanto, a convocação de um tratoraço nacional com bloqueio de estradas para o dia 25.

O jornalista paraguaio Idilio Méndez Grimaldi contou essa história, dias antes da destituição de Lugo, em artigo reproduzido pela Carta Maior, 23-06-2012. A tradução é de Marco Aurélio Weissheimer.

Quem está por trás desta trama tão sinistra? Os impulsionadores de uma ideologia que promove o lucro máximo a qualquer preço e quanto mais, melhor, agora e no futuro. No dia 15 de junho de 2012, um grupo de policiais que ia cumprir uma ordem de despejo no departamento de Canindeyú, na fronteira com o Brasil, foi emboscado por franco-atiradores, misturados com camponeses que pediam terras para sobreviver.

A ordem de despejo foi dada por um juiz e uma promotora para proteger um latifundiário. Resultado da ação: 17 mortos, 6 policiais e 11 camponeses, além de dezenas de feridos graves. As consequências: o governo frouxo e tímido de Fernando Lugo caiu com debilidade ascendente e extrema, cada vez mais à direita, a ponto de ser levado a julgamento político por um Congresso dominado pela direita.

Trata-se de um duro revés para a esquerda e para as organizações sociais e campesinas, acusadas pela oligarquia latifundiária de instigar os camponeses. Representa ainda um avanço do agronegócio extrativista nas mãos de multinacionais como a Monsanto, mediante a perseguição dos camponeses e a tomada de suas terras. Finalmente, implica a instalação de um cômodo palco para as oligarquias e os partidos de direita para seu retorno triunfal nas eleições de 2013 ao poder Executivo.

No dia 21 de outubro de 2011, o Ministério da Agricultura e Pecuária, dirigido pelo liberal Enzo Cardozo, liberou ilegalmente a semente de algodão transgênico Bollgard BT, da companhia norte-americana de biotecnologia Monsanto, para seu plantio comercial no Paraguai. Os protestos de organizações camponesas e ambientalistas foram imediatos. O gene deste algodão está misturado com o gene do Bacillus thurigensis, uma bactéria tóxica que mata algumas pragas do algodão, como as larvas do bicudo, um coleóptero que deposita seus ovos no botão da flor do algodão.

O Serviço Nacional de Qualidade e Saúde Vegetal e de Sementes (Senave), instituição do Estado paraguaio dirigida por Miguel Lovera, não inscreveu essa semente nos registros de cultivares pela falta de parecer do Ministério da Saúde e da Secretaria do Ambiente, como exige a legislação.

Campanha midiática

Nos meses posteriores, a Monsanto, por meio da União de Grêmios de Produção (UGP), estreitamente ligada ao grupo Zuccolillo, que publica o jornal ABC Color, lançou uma campanha contra o Senave e seu presidente por não liberar o uso comercial em todo o país da semente de algodão transgênico da Monsanto. A contagem regressiva decisiva parece ter iniciado com uma nova denúncia por parte de uma pseudosindicalista do Senave, chamada Silvia Martínez, que, no dia 7 de junho, acusou Lovera de corrupção e nepotismo na instituição que dirige, nas páginas do ABC Color. Martínez é esposa de Roberto Cáceres, representante técnico de várias empresas agrícolas, entre elas a Agrosan, recentemente adquirida por 120 milhões de dólares pela Syngenta, outra transnacional, todas sócias da UGP.

No dia seguinte, 8 de junho, a UGP publicou no ABC uma nota em seis colunas: “Os 12 argumentos para destituir Lovera”. Estes supostos argumentos foram apresentados ao vice-presidente da República, correligionário do ministro da Agricultura, o liberal Federico Franco, que naquele momento era o presidente interino do Paraguai, em função de uma viagem de Lugo pela Ásia.

No dia 15, por ocasião de uma exposição anual organizada pelo Ministério da Agricultura e Pecuária, o ministro Enzo Cardoso deixou escapar um comentário diante da imprensa que um suposto grupo de investidores da Índia, do setor de agroquímicos, cancelou um projeto de investimento no Paraguai por causa da suposta corrupção no Senave. Ele nunca esclareceu que grupo era esse. Aproximadamente na mesma hora daquele dia, ocorriam os trágicos eventos de Curuguaty.

No marco desta exposição preparada pelo citado Ministério, a Monsanto apresentou outra variedade de algodão, duplamente transgênica: BT e RR, ou Resistente ao Roundup, um herbicida fabricado e patenteado pela transnacional. A pretensão da Monsanto é a liberação desta semente transgênica no Paraguai, tal como ocorreu na Argentina e em outros países do mundo.

Antes desses fatos, o diário ABC Color denunciou sistematicamente, por supostos atos de corrupção, a ministra da Saúde, Esperanza Martínez, e o ministro do Ambiente, Oscar Rivas, dois funcionários do governo que não deram parecer favorável à Monsanto.

Em 2001, a Monsanto faturou 30 milhões de dólares, livres de impostos (porque não declara essa parte de sua renda), somente na cobrança de royalties pelo uso de sementes de soja transgênica no Paraguai. Toda a soja cultivada no país é transgênica, numa extensão de aproximadamente 3 milhões de hectares, com uma produção em torno de 7 milhões de toneladas em 2010.

Por outro lado, na Câmara de Deputados já se aprovou o projeto de Lei de Biossegurança, que cria um departamento de biossegurança dentro do Ministério da Agricultura, com amplos poderes para a aprovação para cultivo comercial de todas as sementes transgênicas, sejam de soja, de milho, de arroz, algodão e mesmo algumas hortaliças. O projeto prevê ainda a eliminação da Comissão de Biossegurança atual, que é um ente colegiado forma por funcionários técnicos do Estado paraguaio.

Enquanto transcorriam todos esses acontecimentos, a UGP preparava um ato de protesto nacional contra o governo de Fernando Lugo para o dia 25 de junho. Seria uma manifestação com máquinas agrícolas fechando estradas em distintos pontos do país. Uma das reivindicações do chamado “tratoraço” era a destituição de Miguel Lovera do Senave, assim como a liberalização de todas as sementes transgênicas para cultivo comercial.

As conexões

A UGP é dirigida por Héctor Cristaldo, apoiado por outros apóstolos como Ramón Sánchez – que tem negócios com o setor dos agroquímicos –, entre outros agentes das transnacionais do agronegócio. Cristaldo integra o staff de várias empresas do Grupo Zuccolillo, cujo principal acionista é Aldo Zuccolillo, diretor proprietário do diário ABC Color, desde sua função sob o regime de Stroessner, em 1967. Zuccolillo é dirigente da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP).

O grupo Zuccolillo é sócio principal no Paraguai da Cargill, uma das maiores transnacionais do agronegócio no mundo. A sociedade entre os dois grupos construiu um dos portos graneleiros mais importantes do Paraguai, denominado Porto União, a 500 metros da área de captação de água da empresa de abastecimento do Estado paraguaio, no Rio Paraguai, sem nenhuma restrição.

As transnacionais do agronegócio no Paraguai praticamente não pagam impostos, mediante a férrea proteção que tem no Congresso, dominado pela direita. A carga tributária no Paraguai é apenas de 13% sobre o PIB. Cerca de 60% do imposto arrecadado pelo Estado paraguaio é via Imposto sobre Valor Agregado (IVA). Os latifundiários não pagam impostos. O imposto imobiliário representa apenas 0,04% da carga tributária, cerca de 5 milhões de dólares, segundo estudo do Banco Mundial, embora a renda do agronegócio seja de aproximadamente 30% do PIB, o que representa cerca de 6 bilhões de dólares anuais.

O Paraguai é um dos países mais desiguais do mundo. Cerca de 85% das terras, aproximadamente 30 milhões de hectares, estão nas mãos de 2% de proprietários, que se dedicam à produção meramente para exportação ou, no pior dos casos, à especulação sobre a terra. A maioria desses oligarcas possui mansões em Punta del Este ou em Miami e mantém estreitas relações com transnacionais do setor financeiro, que guardam seus bens mal havidos nos paraísos fiscais ou tem investimentos facilitados no exterior. Todos eles, de uma ou outra maneira, estão ligados ao agronegócio e dominam o espectro político nacional, com amplas influências nos três poderes do Estado. Ali reina a UGP, apoiada pelas transnacionais do setor financeiro e do agronegócio.

Os fatos de Curugaty

Curuguaty é uma cidade na região oriental do Paraguai, a cerca de 200 quilômetros de Assunção, capital do país. A alguns quilômetros de Curuguaty encontra-se a fazenda Morombi, de propriedade do latifundiário Blas Riquelme, com mais de 70 mil hectares nesse lugar. Riquelme provém das entranhas da ditadura de Stroessner (1954-1989), sob cujo regime acumulou uma imensa fortuna. Depois, aliou-se ao general Andrés Rodríguez, que executou o golpe de Estado que derrubou o ditador Stroessner. Riquelme, que foi presidente do Partido Colorado por muitos anos e senador da República, dono de vários supermercados e estabelecimentos pecuários, apropriou-se mediante subterfúgios legais de aproximadamente 2 mil hectares que pertencem ao Estado paraguaio.

Esta parcela foi ocupada pelos camponeses sem terra que vinham solicitando ao governo de Fernando Lugo sua distribuição. Um juiz e uma promotora ordenaram o despejo dos camponeses, por meio do Grupo Especial de Operações (GEO), da Polícia Nacional, cujos membros de elite, em sua maioria, foram treinados na Colômbia, sob o governo de Uribe, para a luta contra as guerrilhas.

Só uma sabotagem interna dentro dos quadros de inteligência da polícia, com a cumplicidade da promotoria, explica a emboscada, na qual morreram seis policiais. Não se compreende como policiais altamente treinados, no marco do Plano Colômbia, puderam cair facilmente em uma suposta armadilha montada pelos camponeses, como quer fazer crer a imprensa dominada pela oligarquia. Seus camaradas reagiram e dispararam contra os camponeses, matando 11 e deixando uns 50 feridos. Entre os policiais mortos estava o chefe do GEO, comissário Erven Lovera, irmão do tenente coronel Alcides Lovera, chefe de segurança do presidente Lugo.

O plano consiste em criminalizar, levar até ao ódio extremo todas as organizações campesinas, para fazer os camponeses abandonarem o campo, deixando-o para uso exclusivo do agronegócio. É um processo doloroso, “descampesinização” do campo paraguaio, que atenta diretamente contra a soberania alimentar, a cultura alimentar do povo paraguaio, por serem os camponeses produtores e recriadores ancestrais de toda a cultura guarani.

Tanto o Ministério Público, como o Poder Judiciário e a Polícia Nacional, assim como diversos organismos do Estado paraguaio estão controlados mediante convênios de cooperação com a USAID, agência de cooperação dos Estados Unidos.

O assassinato do irmão do chefe de segurança do presidente da República obviamente foi uma mensagem direta a Fernando Lugo, cuja cabeça seria o próximo objetivo, provavelmente por meio de um julgamento político, mesmo que ele tenha levado seu governo mais para a direita, tratando de acalmar as oligarquias. O ocorrido em Curuguaty derrubou Carlos Filizzola do Ministério do Interior. Em seu lugar, foi nomeado Rubén Candia Amarilla, proveniente do opositor Partido Colorado, o qual Lugo derrotou nas urnas em 2008, após 60 anos de ditadura colorada, incluindo a tirania de Alfredo Stroessner.

Candia foi ministro da Justiça do governo colorado de Nicanor Duarte (2003-2008) e atuou como procurador geral do Estado por um período, até o ano passado, quando foi substituído por outro colorado, Javier Díaz Verón, por iniciativa do próprio Lugo. Candia é acusado de ter promovido a repressão contra dirigentes de organizações campesinas e de movimentos populares. Sua indicação como procurador geral do Estado em 2005 foi aprovada pelo então embaixador dos Estados Unidos, John F. Keen. Candia foi responsável por um maior controle do Ministério Público por parte da USAID e foi acusado por Lugo no início do governo de conspirar para tirá-lo do poder.

Após assumir como ministro político de Lugo, a primeira coisa que Candia fez foi anunciar o fim do protocolo de diálogo com os campesinos que ocupam propriedades. A mensagem foi clara: não haverá conversação, mas simplesmente a aplicação da lei, o que significa empregar a força policial repressiva sem contemplação. Dois dias depois de Candia assumir, os membros do UGP, encabeçados por Héctor Cristaldo, foram visitar o flamante ministro do Interior, a quem solicitaram garantias para a realização do tratoraço no dia 25. No entanto, Cristaldo disse que a medida de força poderia ser suspensa, em caso de sinais favoráveis para a UGP (leia-se: liberação das sementes transgênicas da Monsanto, destituição de Lovera e de outros ministros, entre outras vantagens para o grande capital e os oligarcas), levando o governo ainda mais para a direita.

Cristaldo é pré-candidato a deputado para as eleições de 2013 por um movimento interno do Partido Colorado, liderado por Horacio Cartes, um empresário investigado em passado recente nos Estados Unidos por lavagem de dinheiro e narcotráfico, segundo o próprio ABC Color, que foi ecoado por várias mensagens do Departamento de Estado dos EUA, conforme divulgado por Wikileaks. Entre elas, uma se referia diretamente a Cartes, no dia 15 de novembro de 2011.

Julgamento político de Lugo

Enquanto escrevia esse artigo, a UGP (4), alguns integrantes do Partido Colorado e os próprios integrantes do Partido Liberal Radical Autêntico (PLRA), dirigido pelo senador Blas Llano e aliado do governo até então, começaram a ameaçar com a abertura de um processo de impeachment de Fernando Lugo para destituí-lo do cargo de presidente da República. Lugo passou a depender do humor dos colorados para seguir como presidente do país, assim como do de seus aliados liberais, que passaram a ameaçá-lo com um julgamento político, seguramente buscando mais espaços de poder (dinheiro) como condição para a paz. O Partido Colorado, aliado a outros partidos minoritários de oposição tinha a maioria necessária para destituir o presidente de suas funções.

Talvez esperassem “os sinais favoráveis” de Lugo que a UGP – em nome da Monsanto, da pátria financeira e dos oligarcas – estava exigindo do governo. Caso contrário se passaria à fase seguinte, de interrupção deste governo que nasceu como progressista e lentamente foi terminando como conservador, controlado pelos poderes da oposição.

Entre outras coisas, Lugo é responsável pela aprovação da Lei Antiterrorista, patrocinada pelos EUA em todo o mundo depois do 11 de setembro. Em 2010, ele autorizou a implementação da Iniciativa Zona Norte, que consiste na instalação e deslocamento de tropas e civis norte-americanos no norte da região oriental – no nariz do Brasil – supostamente para desenvolver atividades a favor das comunidades campesinas.

A Frente Guazú, coalizão das esquerdas que apoia Lugo, não conseguiu unificar seu discurso e seus integrantes acabaram perdendo a perspectiva na análise do poder real, ficando presos nos jogos eleitorais imediatistas. Infiltrados pelo USAID, muitos integrantes da Frente Guazú, que participavam da administração do Estado, sucumbiram ao canto de sereia do consumismo galopante do neoliberalismo. Corromperam-se até os ossos, convertendo-se em cópias vaidosas de novos ricos que integravam os recentes governos do direitista Partido Colorado.

Curuguaty também engloba uma mensagem para a região, especialmente para o Brasil, em cuja fronteira se produziram esses fatos sangrentos, claramente dirigidos pelos senhores da guerra, cujos teatros de operações estão montados no Iraque, Líbia, Afeganistão e, agora, Síria. O Brasil está construindo um processo de hegemonia mundial junto com a Rússia, Índia e China, denominado BRIC. No entanto, os EUA não recuam na tentativa de manter seu poder de influência na região. Já está em marcha o novo eixo comercial integrado por México, Panamá, Colômbia, Peru e Chile. É um muro de contenção aos desejos expansionistas do Brasil na direção do Pacífico.

Enquanto isso, Washington segue sua ofensiva diplomática em Brasília, tratando de convencer o governo de Dilma Rousseff a estreitar vínculos comerciais, tecnológicos e militares. Além disso, a IV Frota dos EUA, reativada há alguns anos após estar fora de serviço desde o fim da Segunda Guerra Mundial, vigia todo o Atlântico Sul, caracterizando um outro cerco ao Brasil, caso a persuasão diplomática não funcione.

E o Paraguai é um país em disputa entre ambos países hegemônicos, sendo ainda amplamente dominado pelos EUA. Por isso, os eventos de Curuguaty representam também um pequeno sinal para o Brasil, no sentido de que o Paraguai pode se converter em um obstáculo para o desenvolvimento do sudoeste do Brasil.

Mas, acima de tudo, os mortos de Curuguaty representam um sinal do grande capital, do extrativismo explorador que assola o planeta e aplasta a vida em todos os rincões da Terra em nome da civilização e do desenvolvimento. Felizmente, os povos do mundo também vêm dando respostas a estes sinais da morte, com sinais de resistência, de dignidade e de respeito a todas as formas de vida no planeta.

Fonte: Agência Latino-Americana e Caribenha de Comunicação (ALC)

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Uma ração muito indigesta




A Rio+20 chega ao fim com resultados nulos para o futuro do Planeta. Ninguém se importa realmente. Todos aproveitaram para apontar o dedo na direção dos outros. O culpado de tudo sempre está extra nos. E a pergunta que mais se ouve é "quem vai começar?" É muito raro que apareça quem afirma ter, ele mesmo, iniciado a fazer a sua parte.

Depois de mais uma frustrada rodada de conversa fiada e acusações mútuas de um encontro de poderosos para confabular sobre o clima no planeta, apenas tire alguns minutos para ver o documentário acima. Ele mostra um paraíso. Trata-se de uma ilha no meio do oceano; o ponto da Terra mais distante da costa de qualquer civilização humana. E quando você estiver extasiado com tamanha ousadia da vida no planeta, que se reproduz livremente e avança de modo espantoso, vem a surpresa desagradável. Mesmo naquela ilha, os pássaros morrem porque se alimentam de plástico! O lixo humano chegou ao ponto mais distante da civilização.

Cada um de nós contribui diariamente um pouquinho para que aqueles albatrozes sucumbam de indigestão plástica. Enquanto isso, continuamos apontando o dedo na direção dos outros. Aplacamos as nossas próprias consciências com coisas menores, como usar sacolas retornáveis, enquanto teimamos em não abrir mão do nosso homo consumus interno, que nos possui. Não queremos que os países industrializados poluam menos. O que queremos é chegar no nível deles. Mesmo que isso custe a vida de alguns albatrozes menos espertos, que comem plástico como se fosse ração.

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Explicadíssimo


A imagem evidencia o motivo de agenda da chanceler alemã Angela Merkel para dar as costas para a Rio+20. Ela tinha de fato um compromisso inadiável nesta semana, qual seja, vencer a Grécia também no futebol... O negócio é tirar os gregos do caminho! Sustentabilidade? Que conversa é essa? O negócio é faturar, principalmente a Eurocopa.

Em defesa da diversidade linguística



Segundo o Google, até o ano de 2100 somente a metade dos idiomas que hoje são falados no planeta continuarão existindo. Com essa preocupação em mente, a mega-enciclopédia digital anunciou o lançamento de um site criado para facilitar a preservação das línguas em perigo de extinção.

“Registrar a documentação de mais de 3 mil línguas que estão à beira da extinção é um passo importante para preservar a diversidade cultural, honrar a sabedoria de nossos idosos e dar poder aos jovens”, explica o Google.

O “Projeto Línguas em Perigo de Extinção” deverá ser gerido pelo laboratório universitário do Instituto de Tecnologia e Informação de Línguas da Universidade de Michigan em parceria com o Conselho Cultural dos Povos Originários.

Segundo o site “Endangered Languages”, que tem versão em português, apenas 50% das línguas faladas atualmente estarão em uso até o ano de 2100. O site, que você pode acessar aqui é um espetacular passeio pela ameaçada diversidade linguística da humanidade.

“O desaparecimento de um idioma significa a perda de informações culturais e científicas valiosas e pode ser comparado ao desaparecimento de espécies”, diz o site. O projeto será apoiado financeiramente pela divisão filantrópica, o Google.org. (Com informações do G1)

O Brasil tem um rico patrimônio cultural a preservar, e que está desaparecendo rapidamente, que são as línguas de muitos povos indígenas.

A imposição do império brasileiro de transformar o português na língua oficial no Brasil fez desaparecer a língua geral, que era a língua mais falada no Brasil até o final do século 19. O português era a língua usada somente na corte e entre a nobreza.

A língua geral era uma rica mistura de tupi-guarani e português, da qual há uma herança cultural incalculável que está se perdendo, como a origem e o significado de inúmeras expressões regionais ainda em uso. Também nomes de muitos lugares do interior, como Pindamonhangaba, Porecatu, Itaquera, Jequitinhonha, são de origem tupi-guarani.

Estão se perdendo também línguas e troncos lingüísticos inteiros que eram portadores da cultura de povos indígenas na Amazônia e no Mato Grosso. Junto com a língua, vão-se as histórias, os ritos, o conhecimento da floresta e sua biodiversidade, os costumes e toda a bagagem cultural construída por milênios por um povo.

quinta-feira, 21 de junho de 2012

Boas ideias surgem no silêncio



Hoje em dia se fixa cada vez mais a ideia de que só tem importância quem aparece. O negócio é ser famoso, reconhecido, investir para alcançar quinze segundos de fama e tirar proveito da exibição pública para fazer dinheiro. Até é assim que diversas pessoas que perderam o foco dos holofotes se inscrevem em reality shows deprimentes para forçar uma volta ao mundo do glamour.

Mesmo nas empresas se cultiva a flor do sucesso como um requisito inalienável dos quadros mais importantes da empresa. Importa quem aparece, quem lidera, quem coloca a cara na vitrine. Muitas vezes a fama é construída com clonagens e espertezas que passam por cima de sentimentos e de pessoas sem o menor escrúpulo.

Nessa realidade, as pessoas circunspectas, zelosas de si mesmas, que se preservam, são vistas com reservas e até evocam comiseração. A introversão é vista como um traço de personalidade de menor valor. É quase uma patologia, que precisa de tratamento psicológico. Timidez, então, já é um quadro grave, que exige tratamento intensivo.

Não é o que entende Susan Cain, autora do livro “O poder dos quietos”. Quem abraça o ideal do sucesso a qualquer custo e preço está, segundo a autora, cometendo um grave erro.

Em seu livro, ela demonstra que algumas das mais aclamadas ideias produzidas pela humanidade vieram de gente quieta que sabia se comunicar com seu universo interior. Darwin e sua teoria da evolução, Van Gogh e seus brilhantes girassóis, Einstein e sua teoria da relatividade, os Noturnos de Chopin e o Google são algumas dessas ideias que surgiram em cabeças introspectivas.

A farra vai acabar



Em iniciativa inédita no país, o governo do Rio Grande do Sul decidiu retomar a administração de todas as rodovias gaúchas que, desde 1996, estão nas mãos de concessionárias privadas. São 1.500 quilômetros de estradas estaduais e federais cujos contratos de concessão vencem em 2013 e não serão renovados. O objetivo é reduzir as tarifas de pedágio, extinguir algumas praças e realizar um amplo programa de melhorias.


As rodovias federais passarão para a gerência do DNIT e as estaduais serão administradas pela Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR), cuja criação foi aprovada na Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul na semana passada. Com isso, o preço nas estaduais pode cair dos atuais R$ 6,70 para em média R$ 4,50 e as federais, depois da reversão, serão gratuitas.

A decisão foi tomada após a avaliação de que o modelo da concessão no estado teve maus resultados nos últimos 14 anos. A privatização das rodovias foi realizada durante a gestão do então governador Antônio Britto, pelo PMDB, e foi duramente criticada pela oposição que o PT fazia à época.

As concessionárias tentaram negociar obras com o governo, propondo diminuição de tarifas em troca da prorrogação do contrato por mais onze anos, mas o governo gaúcho decidiu não aceitar. Ao final do contrato, as praças de pedágios atualmente administradas por nove concessionárias serão revertidas em patrimônio ao Rio Grande do Sul. Os contratos acabam entre junho e dezembro de 2013.

(Com informações da Rede Brasil Atual)

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Para a Erundina eu tiro o chapéu




Entre os velhos políticos brasileiros, todos raposas que fazem qualquer negócio para sobreviver, há poucos que merecem o nosso respeito. Entre eles há uma mulher que sempre admirei. Eu tiro o chapéu para a Luíza Erundina.


Por conta de sua coerência política, ela foi convidada a retirar-se do PT (para não dizer expulsa), lembram disso? Eu não entendi aquela história e não a aceitei na época e a condeno até hoje. O PT foi muito sacana com a Erundina, porque ela, mesmo prefeita da maior cidade do Brasil, sempre esteve acima de conchavitos e acorditos de bastidores. Uma nordestina de fibra, um exemplo de retidão e de determinação.

Agora, ao se negar compor chapa com Haddad para a prefeitura de SP com o apoio do sacana do Maluf, ela provou de que cepa vem. Acho que a quimio afetou a cabeça de Lula. Como é que ele vai tomar um cafezinho com o Maluf, logo ele? O vale-tudo na política foi longe demais. Erundina tem toda a razão ao afirmar que o gesto ruim de Lula estraga a prática da política. “Nós da geração que está passando não podemos aceitar práticas políticas condenáveis que afastem a juventude do processo político”, disse ela ao Estadão.

E que discurso patético é aquele de que não existe mais esquerda e direita na política? Só podia vir daquela boca-de-cassapa que só o Maluf tem... Pode não haver mais essa dicotomia, mas existem credos, conjuntos de idéias e, principalmente, projetos muito distintos entre um lado e outro. De um lado está o individualismo, o coronelismo e a crença de que vale tudo para se dar bem. Do outro, há consideração pelo outro, inclusão, coerência com um discurso social.

Neste lamentável episódio, Lula e Maluf estão do lado dos que sempre querem se dar bem e que usam qualquer negócio para conseguir o que querem. E este é um lado que merece toda a nossa repulsa. Do outro lado está Erundina, que não vende seu arcabouço político e nem mancha a sua bela história por causa de 1m35s de espaço na propaganda política... É isso. Tirei o chapéu para Erundina.

Não está na lei, não é crime?



O crime existe. Você sabe que é crime e as autoridades também sabem. Mas os criminosos não podem ser punidos. Sabe por quê? Porque se esqueceram de colocar o crime no Código Penal brasileiro. Assim sendo, os criminosos devem ser soltos, porque não há na lei como puni-los.


É o que entendeu o STF com relação aos “apóstolos” endinheirados que assaltaram incautos crentes que abriram as suas contas para ajudar a igreja e contribuíram para o enriquecimento ilícito de mercadores da fé.

Segundo ALC, o Supremo Tribunal Federal encerrou, por unanimidade, na terça-feira 12 de junho, a ação penal em que o apóstolo Estevan Hernandes Filho e a bispa Sonia Haddad Moraes Hernandes, fundadores da Igreja Renascer em Cristo, eram acusados de lavagem de dinheiro por meio de organização criminosa. Eles passaram um tempo presos nos EUA por conta disso, lembram? Pois foram soltos e o Brasil não pode puni-los por conta dessa falha no Código Penal.

O advogado do casal, Luiz Flávio Borges D’Urso, argumentou que não existe no Código Penal brasileiro o texto que conceitua a organização criminosa. Se não existe esse tipo penal, não é possível atribuir aos acusados a prática do delito de lavagem de dinheiro através desse meio, argumentou o relator do processo, ministro Marco Aurélio.

A Convenção Nacional das Nações Unidas contra o Crime Organizado Transnacional e a Convenção de Palermo conceituam esse crime, o que foi ratificado pelo Brasil e arrolado em decreto de 2004. No entanto, a norma não entrou no Código Penal, o que impede a tipificação do crime.

O que há de leis, convenções e acordos não regulamentados no Brasil é uma coisa inacreditável. Estevan e Sonia poderão continuar com suas atividades 171 à vontade. Só não podem ser pegos com dólares não-declarados a caminho dos EUA. Lá a conversa será diferente.

terça-feira, 19 de junho de 2012

Jovens luteranos estão na Rio+20

Um grupo de jovens luteranos participa da Cúpula dos Povos, no Rio de Janeiro (RJ) - evento organizado pela sociedade civil paralelamente à conferência oficial da Rio+20. Os 18 jovens da IECLB e seis de igrejas luteranas da Bolívia, Chile, Colômbia, Nicarágua e El Salvador integram o projeto Criatitude – Rumo à Rio+20.

O projeto foi desenvolvido pela Secretaria Geral da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB), junto com a Fundação Luterana de Diaconia (FLD) e a Federação Luterana Mundial (FLM).

O grupo integra a Caravana da Juventude, organizada pela Rede Ecumênica de Juventude (REJU). São cerca de 200 pessoas – jovens e adultos – hospedadas no Instituto Bennet, colégio e faculdade metodistas, localizado próximo do Aterro do Flamengo, onde está montada a Cúpula dos Povos.

O Criatitude criou uma cartilha a partir do Tema do Ano da IECLB de 2011, Paz na Criação de Deus, Esperança e Compromisso, já pensando na Rio+20. O material serviu como ferramenta para trabalhar o Mês de Missão de 2011 do Conselho Nacional da Juventude (Conaje).

“A cartilha foi a semente para o Criatitude – Rio+20”, relatou a coordenadora do Programa de Voluntários de Missão Internacional e pessoa de referência para assuntos da juventude, a diácona Simone Voigt. “Essa iniciativa coloca a juventude luterana como protagonista em um evento histórico, internacional”, afirmou a assessora de projetos da FLD, Marilu Nörnberg Menezes, que também está na coordenação do projeto.

Os jovens e as jovens participaram da Vigília da Paz, no domingo. Também inistram oficinas no Bennet para outros jovens e vão apresentar palestra na Cúpula dos Povos, amanhã, intitulada Criatividade e Protagonismo – Criatitude, na tenda da Juventude e Justiça Socioambiental. Além disso, vão participar com milhares de outras pessoas do Dia da Mobilização Global, no dia 20 de junho.

(Fonte: ALC)

sexta-feira, 15 de junho de 2012

A Rio+20 e o futuro que nos espera



Para Bastián Torres Durán, do Conselho Latino Americano de Igrejas-CLAI, a Rio+20 terá muito a avaliar, discutir e propor.

Entre 3 e 14 de junho de 1992 realizou-se, no Rio de Janeiro, a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento. Os governos que dela participaram adotaram declaração que reafirmava a Declaração da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente, aprovada em Estocolmo em 16 de junho de 1972.

Os governos defenderam, então, uma aliança mundial nova e equitativa com a criação de novos níveis de cooperação entre os Estados, os setores chaves das sociedades e de pessoas. O resultado foi uma declaração que, além de reconhecer a natureza integral e interdependente da Terra, nosso lar, proclamou 27 princípios relacionados ao uso e usufruto responsável e sustentável do planeta.

Vinte anos depois da Rio 92 é impossível não se perguntar o que ocorreu desde então. Desde a Cúpula do Rio a temática da sustentabilidade deixou de ser privativa dos organismos internacionais e do âmbito acadêmico. Pelo tratado, em 1997 materializou-se o conhecido Protocolo de Kyoto (Convênio sobre Mudança Climática), pretendendo ser um freio à emissão dos gases provocadores do efeito estufa.

Infelizmente, o mecanismo não conseguiu impactar o planeta da maneira esperada. Pelo contrário, depois da crise de 2009, as emissões seguiram em constante aumento. Não se conseguiu reduzir o uso de carvão e petróleo como combustíveis de sustentação da atividade industrial. A superfície arborizada de bosques caiu 5% entre 1990 e 2010. Se em 1990 essa área era de 4,2 bilhões de hectares, ela foi reduzida para 4 bilhões em 2010.

A Rio+20 tem muito a avaliar, discutir e propor. Os países, grupos militantes e produtores econômicos devem trabalhar em conjunto para a real consecução de um desenvolvimento sustentável.

O Conselho Latino-Americano de Igrejas (CLAI), como grupo internacional, dará o melhor de si para manter tanto os nossos irmãos latino-americanos vinculados aos tratados, lembrados e declarados nas jornadas que, esperamos, signifiquem a adoção de políticas internacionais concretas para que o crescimento e o desenvolvimento assegurem o futuro que nos espera.

(Até aqui o texto de Torres Durán, publicado por ALC)

O duro trabalho da Rio+20 começou. Um dos objetivos do trabalho que vem sendo realizado nesses dias, é o de elaborar um documento-base a ser submetido aos governos dos países no final da Conferência, para que o sancionem. Tarefa difícil essa.

Até o momento, há em torno de 250 pontos com sérias divergências no texto que deve ser apresentado, as principais sobre como melhor implantar a tão apreciada plataforma da “Economia Verde”. O hemisfério norte parece não estar disposto a questionar o seu estilo de consumo e de produção, atrelado a um imenso desperdício de recursos naturais.

Enquanto isso, os países emergentes do hemisfério sul temem que o norte use as reivindicações de frear o consumo e a produção como instrumento de chantagem para fechar o seu mercado aos produtos e recursos que produzem. Sentem-se em desvantagem por conta dos avanços tecnológicos das nações industrializadas para implantar uma economia verde. Exigem que o norte pague mais pela preservação no sul, pois fica difícil convencer o Brasil, por exemplo, a preservar a Amazônia para proteger o clima do planeta e, além disso, ter que pagar uma fortuna pela tecnologia necessária para isso.

Por isso mesmo, é improvável que a rio+20 produza significativos impulsos concretos, que de fato alterem substancialmente o quadro climático do planeta, e promovam mais proteção ambiental do que a que foi realizada até aqui. Quem aposta nessa linha, não conhece o que move o ser humano. No fundo mesmo, todo mundo quer continuar a andar no mesmo ritmo que se trilhou até agora. Alguns até querem acelerar...

Numa análise realista, Rio+20, sem disfarces e fingimentos, significa que há mais vinte nações na fila, querendo arrancar a sua parte do já devastado planeta que todos habitamos.

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Em busca de uma imagem...



Sempre os chargistas! Eles têm a capacidade mágica de resumir numa imagem tudo o que precisa ser dito. Eis a opinião de Loredano sobre a Rio+20. Genial! Um mundo em formato de laranja cortada e o Pão de Açúcar em formato de espremedor. Perfeito!

quarta-feira, 13 de junho de 2012

To be or not to be?



Este vídeo demonstra que a dúvida de Hamlet não é mera retórica de teatro. Os povos originários da Terra Brasilis estão sendo confrontados com a dúvida existencial do personagem de Shakespeare no confronto diário com a civilização. Discriminação na escola, no emprego, nas ruas, na vizinhança, nos círculos de amigos... Preconceito nos ambientes em que são identificados... Disfarçar a aparência de índio para fugir da dor da pecha... Um estigma escrito na pele, no cabelo liso, nos olhos puxados, na dificuldade com a língua portuguesa... O dedo apontado: "você é índio!"

Tudo isso contribui para a dúvida avassaladora, que dói no peito como uma flechada... Ser ou não ser? To be or not to be?

Na fuga desesperada da identidade marcada em cada detalhe, a pintura agora não é mais na pele, mas no disfarce da cor do cabelo, nas unhas com esmalte, na maquiagem para mudar o tom da pele, no corte de cabelo estilo Neymar, no brinco moderninho com jeito de surfista.

O preconceito se eterniza na maior cidade da Floresta amazônica, último território dos povos originários de uma terra outrora de domínio exclusivo dessa gente.
Por toda a história do Brasil, os indígenas sempre foram agredidos, segregados e exterminados pelo homem branco. Hoje, há uma nova forma de extermínio, lenta e silenciosa. Este vídeo produzido em Manaus (2011), dirigido por Leo Moura, é uma pequena amostra da dura realidade enfrentada pelos indígenas na metrópole da floresta.Assista e tire suas próprias conclusões.

FICHA TÉCNICA:
Direção: Leo Mura
Assistente de Direção: Marcos César
Editor: Eduardo Hübner
Diretor de Produção: Anderson Mendes
Diretor de Fotografia: Wolfgang Brög
Assistente de Cinegrafia: Dário Matos
Técnico de Som: Reldson de Paula
Microfonista: Linconl Mar
Elenco: Idelson Mouta

terça-feira, 12 de junho de 2012

Nós somos diferentes



Um dos maiores problemas em países fanáticos por futebol, como o Brasil, a Inglaterra, a Itália, a Argentina, a Espanha, a Alemanha e muitos outros, é a violência entre as torcidas. Os conflitos não raro levam à violência nos estádios, agressões entre torcidas, quebra-quebras e até mortes. Conhecemos isso também no futebol brasileiro.

O futebol não só divide torcidas, mas destrói relações de amizade, impede que pessoas se aproximem e até é capaz de fazer desmoronar relações estáveis.

Há uma década, um grupo de torcedores de diversos times alemães quer mudar essa realidade de violência e intolerância em torno do esporte das multidões. Eles fundaram o movimento cristão “Totale Offensive”, com a intenção de levar Deus aos estádios. O objetivo é fomentar o respeito e a paz no futebol, inclusive durante a Eurocopa.

“O adversário não é nosso inimigo”, eles defendem. O símbolo do movimento é o peixe (IXTYS), um dos mais antigos e significativos símbolos cristãos, com o qual os seguidores de Jesus Cristo se identificavam, ao desenharem um peixe na porta de casa. A palavra IXTYS (peixe, em grego) resume a frase Iesus Xristós Teou Yiós Sother (Jesus Cristo, Filho de Deus, é Salvador). Aliás, é por conta do Sother (Salvador) que o morador da Capital da Bahia é definido como "soteropolitano".

O movimento “Totale Offensive” está presente em toda a Alemanha e tem engajamento social e diacônico. Suas principais metas de ação são o combate à violência, à intolerância e às drogas. O lema do movimento é “nós somos diferentes”.

Este parece ser um bom exemplo a ser copiado no país do futebol, ainda mais num momento tão eufórico como este, em que o Brasil será sede da Copa do Mundo.

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Namoro é olho no olho



Quando o assunto é amor, muita gente acredita em predestinação. O homem ou a mulher com quem vamos estabelecer uma relação por toda a vida cruzará o nosso caminho em algum momento – e quando isso acontece a gente vai perceber, com certeza. Mas nem sempre o parceiro dos sonhos aparece assim, do nada.

Os sites de relacionamento na internet prometem uma ajuda bem substancial nessa busca. Esses sites são especialistas, e organizam a busca pelo grande amor do mesmo modo que um site de vendas de carros ou de imóveis. Basta preencher um questionário com os dados solicitados e o site promete arrumar a pessoa certa para você. Interesses, gostos, desejos devem ser todos relacionados com todo o cuidado, para que o site se encarregue de organizar o algoritmo que combine com você. Segundo os especialistas que elaboram o perfil do site, tudo é conduzido segundo regras baseadas em preceitos científicos.

Muita gente confia cegamente nos relacionamentos construídos virtualmente e há cada vez mais pessoas com histórias emocionantes de um grande amor que começou pela internet.

Dois psicólogos americanos, entretanto, acabam de publicar um estudo que questiona esse tipo de busca virtual pelo grande amor. Segundo um estudo do psicólogo Eli Finkel e seus colegas da Nordwestern University, publicado na revista especializada Psychological Science in the Public Interest, os sites de relacionamento não têm condições de prever o acerto ou o fracasso futuro das relações que arranjam.

Hoje as grandes revistas e jornais de todo mundo têm sites parceiros que se encarregam de arranjar companhia para os solitários e desejosos de viver um amor inesquecível. Em todos eles, os solteiros começam preenchendo um extenso formulário, que serve para construir um perfil pessoal como base da parceria entre o usuário e o site. Com o perfil esses sites apenas conseguem encontrar pessoas parecidas entre si, quando uma das regras de um relacionamento perene é a velha frase “os opostos se atraem”.

Segundo o estudo dos psicólogos americanos, nenhuma fórmula matemática é capaz de atrair dois solteiros para construir uma relação amorosa de longa duração. Não está em discussão a existência de métodos que ajudem um casal a ter uma relação duradoura. Mas esses sites não dispõem das informações realmente necessárias para dar as garantias que anunciam. Como um bom exemplo, a forma como um casal discute e soluciona suas diferenças de opinião é decisiva para diagnosticar a satisfação mútua numa relação.

Frases soltas num site de computador não servem para encontrar o parceiro ideal, dizem os cientistas. E alguns desses sites literalmente sufocam pretendentes com perfis de prováveis pessoas que possam combinar com eles. “Isso dificulta muito a tarefa de encontrar o parceiro potencial em meio a tantos perfis”, dizem os psicólogos. É até difícil encontrar alguém que poderia ser uma boa promessa em meio à avalanche de perfis. Há um enorme risco de encantar-se com características que pouco contribuirão no futuro para um relacionamento significativo.

Um dos pontos principais da crítica dos psicólogos ao método virtual de construir um relacionamento permanente é a total ausência de um contato real, olho no olho, entre os pretendentes. Questionários e e-mails são frequentemente usados para o “embelezamento” do perfil e até podem levar à construção de um perfil fictício ou repleto de inverdades, coisa muito mais difícil de manter por longo tempo num contato pessoal, direto, e até mesmo através do telefone.

Além de poder representar frustração e decepção, há um risco pouco considerado nesse tipo de busca por um parceiro. Os perfis construídos nessa busca não raro servem de base para fins escusos e são usados para compor perfis de consumidores, que depois são vendidos por muito dinheiro.

Cá entre nós, o velho e bom método de se arriscar numa relação real, sem se atirar com muita pressa, preferindo dar tempo ao tempo para conhecer o outro e permitir que ele nos conheça, ainda é o caminho mais recomendado para construir um amor sólido e duradouro. Experimente sair da frente do computador e olhar para o rosto da outra pessoa, observando, ao vivo e a cores, o quão interessante pode ser. Dê tempo ao tempo e não atropele as coisas. O amor é química e não há bites ou megabites capazes de transmitir a sensação real do frio na espinha de uma relação que começa “à primeira vista”, olho no olho. Quem já passou por essa sensação incrível, jamais esquece.

quarta-feira, 6 de junho de 2012

As pantufas verde-oliva do general



O contundente texto do jornalista Luiz Claudio Cunha no Viomundo de ontem, sobre o cinismo verborrágico e explícito de um senhor de 91 anos chamado Leônidas Pires Gonçalves, foi como tirar a casca de uma ferida antiga. Cada palavra, cada linha da triste memória de um passado dolorido e traumático faz brotar um nó no peito da gente. Você pode ler o texto de Cunha na íntegra aqui.

Eu havia visto parte da insubordinação explícita do velho comandante de torturadores na entrevista que deu ao Globo News. Vi o repórter corar de estupefação várias vezes. Vi o insensível ancião expor toda a sua torta ideologia como quem dá uma aula de bons costumes. Não resisti a tanta arrogância e autoenaltecimento de um crime condenado por qualquer tribunal humanitário do mundo civilizado. Leônidas não se rende. E não tem medo. Ele está acima da nação. Ele voltou à carga em entrevista ao O Estado de S. Paulo.

Ele não respeita nem a Comandante em Chefe das Forças Armadas que integrou. Para ele, aquela mulherzinha não passa de uma impostora. Ele deveria ser enquadrado pelo crime de desacato a autoridade, essa mesma lei com que ameaçam os cidadãos comuns com imensos cartazes nas repartições públicas, para intimidar qualquer reclamação pelo tratamento desumano que costumam dar à gente humilde desta varonil nação. Mas ele deveria ser enquadrado na lei militar de motim, porque, mesmo de pijama e pantufas, lhe cabe bater continência à Comandante em Chefe das Forças Armadas.

Eu vi Leônidas dizer que não houve exílio... que os exilados eram uns covardes fugitivos, que saíram do país porque quiseram. "Que ficassem e enfrentassem as consequências de sua rebeldia!" Que fossem machos e se dispusessem a integrar a lista dos desaparecidos e mortos nos porões obscuros de que Leônidas cinicamente desmentiu a existência. Não suportei. Mudei de canal para não ver tamanha exibição de nonsense. Também não li a entrevista no Estadão.

Talvez não tenhamos que ser submetidos aos desvarios de um velho caudilho demente. Mas fez bem a Globo News e o Estadão em escancarar o tamanho do cinismo verde num país que tenta construir uma democracia sólida, tijolo por tijolo. É bom sabermos o quanto a Comissão da Verdade é fundamental para pavimentar de boas pedras o caminho que leva à democracia. Temos que lidar com os nossos fantasmas. E Leônidas Pires Gonçalves é um fantasma insepulto. Nonagenário, o velho aprendiz de nazista tripudia da nação e faz piada sórdida da dor de famílias inteiras que só querem saber em que vil buraco deram sumiço no seu filho ou filha que ousou desafiar o status quo. Enquanto Leônidas mostra os seus dentes cariados, nós temos cada vez mais certeza que não dá para colocar uma pedra sobre tudo isso.

terça-feira, 5 de junho de 2012

Quando tudo está perdido...



Por que o ser humano só se dá conta de determinadas urgências com o tempo?

Um exemplo. Não há nada mais falado, alertado e pisoteado na atualidade do que a temática ambiental. Todo dia o tema está na TV, no facebook, em spams de e-mails e até nos anúncios das grandes corporações que, de modo geral, contribuem decisivamente para a degradação ambiental. E é no Dia do Meio Ambiente (se ele existe, é porque todos sabem da gravidade da situação!) que o tema chega a cansar a gente.

Muitos discursos com teor ambiental servem largamente para aplacar as consciências e para dizer ao mundo “eu estou fazendo a minha parte”. Sustentabilidade, por exemplo, virou jargão de discurso ambientalmente correto para empresas que não mudaram uma vírgula em seus procedimentos agressivos ao meio ambiente.

Economia verde virou uma identificação colorida para os sepulcros caiados da economia ocidental. Branquinhos por fora e cheios de ossos e podridão por dentro, os principais países da economia mundial se fingem de mortos quando o assunto é cortar na própria carne para salvar o planeta.

Os EUA na frente consomem, sozinhos, a metade dos recursos energéticos do planeta e, com a sua economia numa crise braba, não querem nem ouvir falar em cortes. A China, que tem um sexto da humanidade para alimentar, não vai parar as turbinas para “esverdear” a economia mais poluente do mundo. E a lista pode continuar até chegar ao Brasil, joga o discurso verde no lixo para continuar a faturar alto com o agro-business. A Europa até tem uma relação mais cabeça com o tema ambiental, desde que os outros botem a mão no fogo para salvar o planeta, de preferência os emergentes.

Já está claro até aqui que o Dia Mundial do Meio Ambiente é mais um daqueles dias para enfeitar calendário. A poucos dias da Rio+20 é uma constatação que nos trava dos pés à cabeça. Vão gastar uma fortuna e sonhar grandes sonhos, cujo destino todos já conhecem: as gavetas, que hoje são virtuais. Há HDs lotados com terabites de delírios ambientais que não se concretizam.

No final de semana o Jornal de Santa Catarina produziu uma capa contundente, toda branca com um quadradinho verde no meio, comparando o estado de Santa Catarina ao tamanho do que sobrou da Mata Atlântica. Comovente, mas inócuo. Ainda tem gente demais em nosso meio querendo acabar com o Parque da Serra do Itajaí, onde fica o berço das nossas águas preciosas. No dia seguinte, o Santa mostrou que ainda há quatro pumas vivendo no parque. E não foi difícil encontrar gente que achou isso um perigo e, se topasse com uma das quatro, não pensaria duas vezes em abatê-la com o discurso do perigo que representava.

Mas isso tudo chega ainda mais perto de nós. Quando falei que a gente se dá conta da urgência de certos temas somente com a idade, eu me referia ao comportamento dos jovens em relação ao tema ambiental. Eles sabem o que os espera no futuro. Mas não estão nem aí, literalmente. Continuam a festa do consumo. Não se envergonham de atitudes porcas, como livrar-se da embalagem de qualquer coisa no meio da rua (vi isso diante dos meus olhos por duas vezes só nas últimas 48 horas). Não ficam nem corados... A professora que dedicou horas ao discurso do cuidado com o ambiente na infância deles deve sentir-se a pior das pessoas, ao ver isso.

Olha, já não sei mais o que fazer. Vou agarrar-me às poéticas palavras de Renato Russo, para não desistir: “Quando tudo está perdido, sempre existe um caminho. Quando tudo está perdido, sempre existe uma luz”. Tenho fé e esperança...

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Justiça feita



O órgão especial do Tribunal Superior do Trabalho (TST) rejeitou por unanimidade os últimos recursos do grupo Lima Araújo contra uma decisão que o condenou ao pagamento de R$ 5 milhões de indenização por dano moral ao submeter 180 trabalhadores à condição análoga a de escravos. Os juízes seguiram o voto da relatora, a vice-presidenta do TST, Maria Cristina Peduzzi, “no sentido de não haver nenhuma dúvida, omissão ou contradição” em decisão que negou recurso extraordinário da empresa, que queria ver seu caso examinado pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Tecnicamente, segundo o TST, não cabe mais recurso. Caso as empresas (as duas fazendas do grupo onde foi flagrada a irregularidade) não entrem com mais nenhum embargo declatório (recurso para consulta de dúvidas), a decisão transitará em julgado em cinco dias, a partir da publicação do acórdão. O grupo alagoano já foi rmultado por medidas consideradas protelatórias.

A empresa foi condenada em primeira instância em 2005, após resgate de 180 trabalhadores nas fazendas Estrela de Alagoas e Estrela de Maceió, produtoras de gado, em Picarras, no Pará.

(Com informações da Rede Brasil Atual)

19 mil não dá!!!



Por hoje, apenas este post acima, que saquei do Facebook da minha filha Sheila. Agora eu entendo porque eles brigam com tanto empenho para voltar ao cocho. Dá uma peninha de quem ganha só 19 mil reais por mês... Detalhe: é líquido. Ou seja, lim-pi-nho!!! Definitivamente, essa gente que está em Brasília perdeu completamente a noção de ridículo.

sexta-feira, 1 de junho de 2012

A nova estrela clássica é da Venezuela



Para quem acha que a Venezuela se resume às peripécias bolivarianas de Hugo Chávez, sabe muito pouco daquele país magnífico. E esta espetacular orquestra deste vídeo não é de jovens europeus, mas é a Sinfónica Juvenil Simón Bolivar, interpretando as Danças Sinfônicas de Leonard Bernstein.

Mas o que eu queria, de fato, é chamar a atenção para o prodigioso maestro que dirige a Simón Bolivar. Ele é Gustavo Dudamel, um jovem de 31 anos que empolga críticos, plateias e músicos no mundo inteiro. Conhecido por seu modo entusiástico de dirigir, ele arrasta multidões aos concertos com a sua personalidade tão exuberante e esvoaçante quanto a sua vasta cabeleira. Já em 2009 a revista Time o considerou uma das 100 personalidades mais influentes do mundo. O jovem venezuelano é uma estrela global da música clássica.



Ele cresceu na cidade mais musical da Venezuela, Barquisimeto, onde quase todo mundo tem um instrumento em casa. Gustavo começou a estudar violino aos quatro anos e começou a dirigir orquestras aos nove, colocando uma fita cassete para tocar e imitando os movimentos dos maestros. Aos 12 anos ele já era o maestro da orquestra juvenil da cidade e, aos 15, tornou-se profissional, dirigindo a Orquestra Nacional da Juventude da Venezuela.

Atualmente, Gustavo Dudamel vive entre os EUA e a Venezuela, quando não está pelo mundo, regendo grandes orquestras. Dudamel é o maestro residente da Orquestra Filarmônica de Los Angeles, nos EUA, e continua regendo a Simón Bolivar, em Caracas. A orquestra de Caracas é um projeto elogiado em todo mundo, por ser formada de jovens músicos vindos dos bairros pobres da Capital, que recebem instrumentos e educação musical top de linha.

Além dos dois trabalhos fixos, Dudamel viaja constantemente por todo o mundo, dirigindo concertos nas mais renomadas salas do planeta. Sua próxima grande apresentação será The Big Concert, um dos espetáculos de abertura dos Jogos Olímpicos de Londres. O espetáculo será no dia 21 de junho, no Castelo de Stirling, na Escócia, para um seleto público de oito mil espectadores. Pela TV, seus gestos exuberantes serão seguidos por milhões de pessoas.

DEPOIS DE WORMS, A CAÇADA A LUTERO

No último dia da Dieta de Worms, 26 de maio de 1521, já sem a presença de Lutero, foi decretado o Édito de Worms. O documento fora redigido ...