sexta-feira, 29 de abril de 2011

O pastor herege


“Deus nos livre de um Brasil evangélico”, disse o pastor Ricardo Gondim, em entrevista à revista Carta Capital, esta semana. Polêmico e cada vez mais famoso – e perseguido – por causa de suas posições contundentes e sem meias palavras, Gondim é presidente da Igreja Assembléia de Deus Betesda e mestre em Teologia pela Universidade Metodista de São Paulo. “Sou o herege da vez”, disse ele na entrevista ao jornalista Gerson Freitas.

“Quanto mais cresce, mais o movimento evangélico se deixa influenciar”, disse Gondim. O crescimento dissipa o rigor doutrinário e os valores que são mais fortes nos pequenos grupos, aproximando os evangélicos “do perfil religioso típico brasileiro”.

Com isso, começa a delinear-se um perfil eclético, no qual “pela primeira vez, temos evangélicos que pertencem também a comunidades católicas ou espíritas. Já se fala em um evangelicalismo popular, nos moldes do catolicismo popular, e em evangélicos não praticantes, o que não existia até pouco tempo atrás”, descreveu Gondim.

Enquanto isso, “o movimento cresce, mas perde força”. Segundo Gondim, para fugir disso, o movimento elegeu alguns temas que lhe assegurem identidade, como a questão do aborto e da homossexualidade, “com um conservadorismo extremo nessas áreas, mas um relaxamento em outras... com aberrações éticas enormes”.

Para Gondim, o projeto evangélico quer impor toda uma espiritualidade, cultura, estética e cosmovisão que “de nenhum modo” é desejável. “Seria a talebanização do Brasil”, exagera. Precisamos da diversidade cultural e religiosa, alerta. Para ele, o objetivo político da Igreja Universal “é maquiavélico”. No desejo de salvar o Brasil da perdição, “os fins justificam os meios”.

A inspiração, segundo Gondim, vem dos EUA. “As lideranças daqui leem basicamente os autores norte-americanos e neles buscam toda a sua espiritualidade, teologia e normatização comportamental”. Com base nesse modelo, gerencial e pragmático, impõem ao Brasil “uma lógica individualista e antiética”, no qual Deus “abre portas de emprego para os fiéis”, à moda dos políticos corruptos.

“A teologia de um Deus títere, controlador da história, não cabe mais. Pode ter cabido na era medieval, mas não hoje. O Deus em que creio não controla, mas ama. É incompatível a existência de um Deus controlador com a liberdade humana. Se Deus é bom e onipotente, e coisas ruins acontecem, então há algo errado com esse pressuposto”, defende Gondim.

Gondim defende que “Deus não está no controle. A favela, o córrego poluído, a tragédia, a guerra, não têm nada a ver com Deus. Concordo muito com Simone Weil, quando diz que este mundo só é possível pela ausência de Deus. Vivemos como se Deus não existisse, porque só assim nos tornamos cidadãos responsáveis, nos humanizamos, lutamos pela vida, pelo bem. A visão de Deus como um pai todo-poderoso, que vai me proteger, poupar, socorrer e abrir portas é infantilizadora da vida”.

“A decadência do protestantismo na Europa não é, verdadeiramente, uma decadência, mas o cumprimento de seus objetivos: igrejas vazias e cidadãos cada vez mais cidadãos, mais preocupados com a questão dos direitos humanos, do bom trato da vida e do meio ambiente”, finalizou Gondim.

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Mangá profético alertou sobre Fukushima


Vinte e três anos antes do acidente nuclear na usina de Fukushima, a desenhista Ryoko Yamagishi havia feito um mangá – histórias em quadrinhos em estilo japonês – preto e branco de 46 páginas, prevendo algo assim. Com o nome de Phaethon – na mitologia grega é o filho de Hélios, deus do sol que colocou a terra em perigo –, o mangá antinuclear foi inspirado na tragédia de Chernobyl, acontecida cinco anos antes da publicação.

Em entrevista ao jornal El Pais, a autora contou que depois do acidente nuclear na Ucrânia ela percebeu o risco real por trás da energia nuclear. Questionada sobre a relação com Fukushima, Yamagishi afirmou que realmente já havia pensado sobre o risco de ocorrer um acidente na região quando escreveu o mangá, mas que nenhuma autoridade assumiria a possibilidade. “Entrei em pânico quando o acidente aconteceu de fato, mas pensei que a advertência do meu desenho não serviu para nada. Fiquei muito triste”, disse.

Entretanto, após o terremoto e o tsunami que atingiram a região e provocaram o acidente nuclear seu mangá foi imediatamente lembrado. De acordo com Yamagishi, em 1988, quando a história foi escrita, 70 mil cópias do mangá foram vendidas. Após o acidente, mais de 200 mil pessoas já leram o conto na internet.

Na visão da autora do mangá, “os reatores nucleares deveriam ser fechados um a um desde já e substituídos por mecanismos de energia solar, hidráulica e geotérmica”.

terça-feira, 26 de abril de 2011

Chernobyl: 25 anos de um alerta

As fadas estão tristes


Dois impérios desviam as atenções dos seus súditos para temas menos problemáticos do que aqueles que queimam as mãos como batatas quentes.

O primeiro reino é o britânico. O casamento de William e Kate veio a calhar para mandar a crise econômica e social direto para debaixo do tapete. E todo mundo festeja e se alegra e deixa se levar pelo conto de fadas. É uma história que se repete. Sabemos para onde caminha e no que vai dar. O que se repete, já se sabe...

O segundo reino é o mais antigo reinado patriarcal da história humana. Roma não “locuta” mais sobre o caliente tema dos abusos, nem sobre a questão do ministério feminino, ou mesmo sobre o necessário fim do celibato. É “causa finita”. Vão beatificar Karol Woytilla/João de Deus/João Paulo Segundo. E todos se deixam levar, mesmo puxando o canto da boca quando se pergunta sobre o excesso de entusiasmo neste processo sumário de beatificação. Até os poloneses estão achando isso exagerado. Mas, quando se precisa tapar o sol com uma peneira, vale. Vale mesmo! Mesmo que as fadas fiquem tristes...

segunda-feira, 25 de abril de 2011

A nossa Páscoa é standby


O feriadão foi entre nuvens e chuvas no Vale do Itajaí. Especialmente ontem, o Domingo de Páscoa, não teve manhã de sol, nem luz suficiente para aquecer e dar esperança de flores enfeitando tudo. Li agora, no blog “Tribo de Jacob” (http://tribodejacob.blogspot.com/), que não ficaria nada bem celebrar a Páscoa em pleno inverno. Acima da frase, um campo repleto de margaridas brancas, com corações amarelos, cobrindo tudo, onipresentes.

Pois é, caro Jorge, no Hemisfério Sul nós celebramos a Páscoa em tempo de poucas flores. Aqui, nessa época, não vemos campos floridos, nem pássaros alucinados e cantantes. Não há coelhos saindo das tocas, esticando os membros rígidos pelo tempo do encolhimento no calor dos esconderijos da hibernação. Ao contrário! As nossas lebres recolhem palhas para confeccionar seus abrigos protetores contra as noites frias que vêm por aí.

Mesmo assim, há Páscoa. Enquanto o sol teimava em manter-se debaixo da coberta de nuvens, insistíamos na mensagem da vida, na celebração da manhã de Páscoa, cobrindo uma coroa de espinhos com crisântemos, a flor de todas as estações. Apesar de todo o tradicional conjunto de imagens que herdamos das celebrações pascais do Hemisfério Norte, acho até que é justamente no outono/inverno que a mensagem da ressurreição se torna ainda mais forte. É neste tempo que a vida resiste com maior força. A natureza entra em standby, como a dizer: “Me aguardem!”.

A pedra removida da manhã de Páscoa é o nosso standby. O Cristo ressurreto é aquela luzinha vermelha que indica que a nossa vida está presa na sua energia e que, a qualquer momento, pode ser desperta pelo clic que tudo renova. Gosto desta imagem do standby da natureza no Hemisfério Sul, nesta época de Páscoa. Por isso, em vez da exuberância das flores, coelhinhos e ovos de imagem fácil, prefiro crer na ressurreição no modo standby. A propósito, caro Jorge, obrigado por esta oração judaica, também publicada no seu blog. Ela encaixa perfeitamente no que estou tentando dizer...

Creio no Sol,
mesmo quando não brilha.
Creio no amor,
mesmo quando não o sinto.
Creio em Deus,
mesmo quando se cala.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Vai em paz, Hulda!

Hulda Hertel está à direita, nesta foto.

Morreu, nesta noite, a irmã Hulda Hertel. Deus a levou, depois de uma luta desesperadora contra o câncer. Toda a comunidade do Ministério Ordenado da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil está com o peito apertado... a dor tomando conta. Ela morreu ontem à noite, no Moinhos de Vento, em Porto Alegre. Será enterrada amanhã, na Casa Matriz de Diaconisas.

Hulda, mulher admirável, que se fez diaconisa e não titubeou em tornar-se também teóloga e pastora... tudo para cumprir bem, cumprir plenamente a missão que se havia proposto. Sua morte causa dor e revolta. Acho que Deus exagerou na dose, nessa história da Hulda. Do mesmo jeito que ele exagerou em lançar sobre o seu filho todo o pecado da humanidade. Que neste vácuo de 33 horas, em que jaz estático o corpo de alguém que jamais demonstrou cansaço em vida, que nunca se entregou, para quem jamais houve qualquer tarefa difícil demais... que neste vácuo de 33 horas de despedida, Deus também exagere no seu consolo aos nossos corações magoados.

A Hulda não merecia tanta dor, tanto sofrimento, tanta esperança cancelada, adiada, rejeitada... Mesmo assim, que o Deus que sabe o que faz, a receba. A entregamos sob protesto, mesmo que resignados, confiadamente em suas mãos. Não compreendemos, mas confiamos no seu amor, que saberá também cicatrizar esta ferida. Vai em paz, Hulda! A tua dor cessou. Nós permanecemos aqui, enquanto Deus permitir, para continuar a tua luta.

Nós falamos demais na Igreja



“Muitas vezes queixamo-nos da imensa ignorância dos jovens relativamente ao Cristianismo. Mas será uma pura perda de tempo produzirmos mais documentos, vídeos, programas de rádio e de televisão, se não nos esforçarmos também por fazer da Igreja um lugar de coragem, alegria e esperança evidentes. Devemos escolher com cuidado as palavras que usamos. A Verdade conta. Mas as nossas palavras serão inúteis, se não estiverem ancoradas em comunidades que mostrem como estão apontadas para além de nós mesmos, para Aquele que nos procurou e nos deu a sua Palavra. Santo António, o pregador franciscano do século XIII, queixava-se de que a Igreja estava “farta” de palavras. As coisas não mudaram muito. Continuamos a produzir grandes quantidades de documentos, longos e aborrecidos sermões, mas se não se apreender uma lufada de liberdade nas nossas vidas, as nossas palavras corromperão radicalmente a pregação do Evangelho.” (Timothy Radcliffe*, citado de http://tribodejacob.blogspot.com/)

* TIMOTHY RADCLIFFE – Nascido em 1945 (Londres), Timothy Radcliffe, foi educado no St. John’s College tendo-se tornado frade dominicano em 1965. Foi capelão do Imperial College London e professor no seu Convento, do qual foi igualmente prior entre 1982 e 1988. Eleito Prior Provincial de Inglaterra, exerceu o cargo entre 1988 e 1992, tendo igualmente sido presidente da Conferência dos Superiores Religiosos de Inglaterra e Gales. Foi também professor de Sagrada Escritura na Universidade de Oxford. Eleito Mestre Geral da Ordem dos Pregadores em 1992, viajou por todo o mundo em visitas às diversas províncias da sua ordem. Escritor de méritos reconhecidos, publicou diversos livros de espiritualidade e de refexão sobre os desafios da vida contemporânea. Após deixar o cargo, em 2001, voltou a lecionar na sua universidade e é frequentemente convidado para conferências e palestras. Grande ativista dos direitos humanos, é frequente participar em seminários e mesmo manifestações de rua. (Fonte: Wikipédia)

terça-feira, 19 de abril de 2011

A eterna Paixão dos indígenas



Hoje é o dia do índio. Aliás, esta é uma semana em que todas as comemorações religiosas e históricas de abril se fundem, num feriadão que pode passar uma borracha sobre alguns fatos relevantes. É uma mistura de datas, todas elas claras histórias de paixão, sofrimento e sacrifício extremos.

Há a inconfidência mineira (dia 21), história em que o corpo esquartejado de Tiradentes lembra inequivocamente o sacrifício violento de Jesus na sexta-feira santa. Ele, um simples peão do tabuleiro do xadrez dos nobres que queriam o Brasil separado de Portugal, pagou o pato por todos os que não podiam ter seus nomes arrastados na lama.

Há a duvidosa história de Cabral (dia 22), revelando a existência do paraíso à Europa, mais belo que o bíblico – as fulgurantes palavras da carta de Caminha viraram o discurso de posse desse paraíso, que foi transformado em mina e ajudou a sustentar o renascimento e a industrialização do Velho Continente. Fizeram de conta que isso aqui era o ninho de Páscoa reservado para os portugueses e, agora revelado finalmente, era como uma cornucópia inesgotável para deleite das elites brancas e “civilizadas”.

No mesmo dia (22), neste abril de 2011, coincide a sexta-feira da Paixão. O Jesus humilhado e destroçado, que morre em sacrifício de expiação, em clara referência aos sacrifícios que aplacam a ira de Deus (do mesmo modo como se aplacava a ira dos deuses nas Américas, durante os milhares de anos antes da chegada dos conquistadores).

No dia 24, o domingo de Páscoa, esta sim, a história da virada e a grande novidade, que a civilização branca européia não conseguiu trazer a este continente: a ressurreição, a vida que se renova, vigorosa e salvadora. Não souberam explorar esta novidade. A sua chegada não representou vida para os nativos, mas a morte, a cruz, o sofrimento e o extermínio. É a paixão infinita, que começou em 1500 e ainda não findou. Ainda não houve Páscoa na terra do Monte Pascoal. Nossa história se alongou numa interminável sexta-feira da Paixão...

Digo isso porque, em meio a tantas datas douradas, muitos esquecem o dia de hoje. O dia 19 de abril, o dia do índio, o dia do crucificado povo da Terra de Vera Cruz.

Muitos nem sabem como surgiu o Dia do Índio, uma data que foi criada em 1943, pelo presidente Getúlio Vargas, através do decreto-lei número 5.540. A data foi escolhida em referência ao Primeiro Congresso Indigenista Interamericano, ocorrido no México em 1940. Nele participaram autoridades governamentais dos países da América e líderes indígenas.

Os líderes indígenas foram convidados para participar das reuniões e decisões daquele congresso, mas não compareceram nos primeiros dias porque estavam temerosos. Era um comportamento compreensível, uma vez que os índios há séculos estavam sendo perseguidos, agredidos e dizimados pelos brancos.

No entanto, após algumas reuniões e reflexões, diversos líderes indígenas resolveram participar, depois de entenderem a importância daquele momento histórico. Esta participação ocorreu no dia 19 de abril de 1940, que depois foi escolhido em todo o continente americano como o Dia do Índio.

Neste dia do índio de 2011, é também inadiável que lembremos o envolvimento da igreja luterana com a missão indígena. Completamos 50 anos de envolvimento direto na defesa dos direitos dos povos indígenas.

Muita gente não entendeu o modo luterano de fazer missão entre índios. Partem do princípio que fazer missão é converter índios ao cristianismo. Já me confrontei diversas vezes com a pergunta fatídica: “Quantos índios viraram luteranos e se filiaram à IECLB através do trabalho do COMIN?”. Mas a IECLB optou por uma missão de solidariedade e convívio com o mínimo de interferência cultural (inclusive religiosa) sobre os povos com que se envolveu neste meio século.

De certa maneira, foi também uma caminhada de muito sacrifício, com fortes lances de paixão em diversos momentos críticos dessa história apaixonante. Poderíamos citar diversos nomes que fizeram esta caminhada – uma das poucas em que a IECLB se envolveu até a medula numa causa social de extrema urgência e relevância. Não vou citar nenhum nome, com medo de esquecer alguém muito importante.

São os nomes das pessoas que se envolveram com as comunidades indígenas, no meio de florestas ou de regiões inóspitas e longe de tudo, sem cobrar qualquer direito a um mínimo de comodidade ou conforto. Em diversos casos, deixaram a “civilização” ser apenas um apagado reflexo na sua memória, até com sacrifício da própria saúde e risco de vida por falta de segurança... Tudo para tornar a relação com a missão que abraçaram total, completa e visceral. Todos são heróis, no verdadeiro sentido da palavra; apóstolos, prontos a ir até o martírio em nome da causa.

Por isso, neste 19 de abril de 2011, a minha homenagem no dia do índio vai para todos esses intrépidos missionários. Eles foram e são exemplos do que é realmente “colocar a mão no arado sem olhar para trás”. Fizeram isso, na maioria das vezes, debaixo de muita crítica, incompreensão e falta de apoio até institucional. Alguns foram até jogados aos leões, como os primeiros cristãos.

Poucos se importaram com o que lhes aconteceria, nessa luta diária por um mínimo de justiça para os seus irmãos indígenas. Antes, esses heróis foram duramente criticados por sua coragem e ousadia missionária. Ouso até dizer que muitos, sentados em seus escritórios pastorais rodeados de belas capas de livros na estante e muita sabedoria oca sobre a escrivaninha, em meio ao conforto da casa pastoral, jogaram solenemente na lata do lixo o material destinado a trabalhar o tema da missão indígena com os confirmandos e grupos comunitários. A esses heróis, reais, de carne e osso, com nomes reais e constantes no prontuário da nossa IECLB, a minha mais emocionada homenagem neste Dia do Índio.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Livros podem virar vassouras?



Essa imagem é muita maldade. Veja o que fizeram com um exemplar da Encyclopedia Britannica, uma das mais espetaculares obras já publicadas sobre o conhecimento humano em todos os tempos.

Pois é, sempre que vou a um desses sebos que vendem livros velhos e me delicio com obras fantásticas, que as pessoas vendem ao risível preço do seu peso em papel, não consigo tirar os olhos de dezenas de exemplares de enciclopédias Barsa, Delta Larousse e outras. Tenho composto parte da minha biblioteca com livros comprados nesses sebos. E eu tenho uma enorme dificuldade em jogar livros fora. Mesmo desatualizados eles ficam lá, como sábios anciãos, no seu lugarzinho de destaque na estante.

Quando eu era criança, o meu pai não tinha dinheiro para comprar uma Barsa. Em seu lugar comprou, caprichosamente, cada um dos fascículos da Enciclopédia “Conhecer”, que eram vendidos pela Abril. Foi uma luta para o meu pai, mas ele comprou todos, inclusive as capas. Nunca fez a encadernação porque estava além de suas posses. Lamentavelmente, a enchente de 1983 em Rio do Sul acabou com ela, coitada. Ainda posso ver a “Conhecer” nos sebos. Ela está sempre lá, impávida, em cada um deles, abandonada que nem carro velho e empoeirado, mas trazendo velhas e belas lembranças à minha mente.

Outra coleção que está sempre lá nos sebos – e que eu comprei mensalmente na época de ouro da Abril – é aquela dos clássicos da literatura mundial, encadernada primorosamente, com dezenas de obras de autores como Camões, Homero, James Joyce, Shakespeare, Edgar Allan Poe e tantos outros. Tenho ela todinha. É a jóia da minha biblioteca. São os clássicos, que poucos valorizam, mas todos deviam ler. Ah, o mundo seria muito diferente se mais pessoas lessem algumas dessas obras.

Agora, com enciclopédias, na era do Google, não dá nem para xingar o maldoso que fez isso daí com a Britannica. Hoje em dia, enciclopédias envelhecem mais depressa do que é possível atualizar. O que tem dentro da Brittanica, por exemplo, a humanidade levou cinco mil anos para produzir. O mesmo conhecimento, novinho em folha, foi acrescentado somente nesses primeiros dez anos do século 21. É muita informação. É muita rapidez. Tem que ter um meio como a internet para divulgar tanta coisa nova.

É triste ver uma obra dessas ser transformada em vassoura... Mas eu me peguei pensando coisa parecida ao lembrar de uma majestosa RGG que eu tenho na minha estante. Para quem não sabe, trata-se de uma espetacular enciclopédia sobre religião, produzida na Alemanha por milhares de especialistas ao longo da história: “Religion in Geschichte und Gegenwart”. RGG, simplesmente. Eu tenho oito volumes, que pesam mais de cinco quilos cada um, impressos ainda antes da primeira guerra mundial. Hoje ela tem mais de 20 desses calhamaços. É um monumento lindo, fonte inesgotável de saber. Não vou fazer isso por causa do meu amor incondicional pelos livros, mas que eles davam belas vassouras como esta aí da foto, isso davam...

Sacrilégio, quê maldade!

sexta-feira, 15 de abril de 2011

A água e o vinho



Nos Alpes Italianos existia um pequeno vilarejo que se dedicava ao cultivo de uvas para produção de vinho. Uma vez por ano, lá ocorria uma grande festa para comemorar o sucesso da colheita. A tradição exigia que nesta festa cada morador do vilarejo trouxesse uma garrafa do seu melhor vinho, para colocar dentro de um grande barril, que ficava na praça central. Entretanto, um dos moradores pensou: “Por que deverei levar uma garrafa do meu mais puro vinho? Levarei uma de água, pois no meio de tanto vinho o meu não fará falta”. Assim pensou e assim fez.

No auge dos acontecimentos, como era de costume, todos se reuniram na praça, cada um com sua caneca para provar daquele vinho, cuja fama se estendia muito além das fronteiras do país. Contudo, ao abrir a torneira, um absoluto silêncio tomou conta da multidão. Daquele barril saiu... água!

Como isto aconteceu? Fora justamente porque todos pensaram como aquele morador: “A ausência da minha parte não fará falta”. Muitas vezes somos conduzidos a pensar: “Tantas pessoas existem neste mundo que se eu não fizer a minha parte, isso não terá importância”. O que aconteceria com o mundo se todos pensassem assim? (autoria desconhecida)

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Um padre muito gente fina!


(Clique nas imagens para ampliar e ler o texto da revista).

O significado do ovo de Páscoa


Foto: Jens Meyer/AP

O casal alemão Christa e Volker Kraft decorou uma árvore com 9.800 ovos de Páscoa no jardim de sua casa, em Saalfeld, na Alemanha. Christa e Volker Kraft montam a árvore com os ovos de Páscoa há mais de 40 anos.

Esta é uma tradição ainda bastante desconhecida por aqui. Temos alguns ovos pendurados num pequeno arbusto, no nosso jardim, e uma árvore de Páscoa dentro de casa, montada num galho seco. Fica muito decorativo e bonito. Transmite o significado da nova vida que brota, depois do inverno gelado no hemisfério norte. O ovo tem um significado muito especial em relação à Páscoa, que tem origem nos tempos em que Roma perseguia os cristãos e os matava.

Diz a lenda que a filha do faraó egípcio, que vivia em Alexandria quando o Egito era governado pelo imperador romano Maxentius, falou ao soberano sobre esse Jesus, que havia sido crucificado pelos romanos e que se dizia ter ressuscitado. Apesar de ter gostado das muitas histórias que ela lhe havia contado sobre Jesus, riu dessa história de sua ressurreição. “Eu só acredito nessa tua história se puderes suscitar vida nova de uma pedra”, desafiou Maxentius. Desapontada, a filha do faraó teve uma idéia: comprou um ovo choco de um colono e o levou a Maxentius no dia seguinte. Ela mostrou o ovo ao imperador, enquanto o pintinho abria um buraco na dura casca e, lentamente, se libertava dela. Maxentius observava atentamente e não ria mais. “Aparentemente morto, mas vivo todavia”, disse-lhe a filha do faraó. Diz a lenda que o imperador ficou muito pensativo depois disso.

Foi dessa maneira que o ovo entrou na história da Páscoa, para explicar o que nenhum ser humano pode compreender pela razão, que Jesus Cristo ressuscitou na Páscoa. O ovo representa o renovo de vida que brota do sepulcro aberto na manhã de Páscoa. Depois da horrenda morte de Jesus na cruz, contra todas as evidências que se apresentam no seu corpo destroçado pela dor e pelo sofrimento, ele ressurge. Jesus torna-se vida para salvação. Essa mensagem nos enche de esperança e nos anima até quando queremos desistir de tudo, por exemplo, diante de atos estúpidos como o massacre no Rio de Janeiro.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Sabemos quem temos apoiado?



Nos conflitos que ora estão em curso no Chifre da África e em outras partes do mundo, o ocidente tem pedido que seus países interfiram e ajudem a resolver. Assim, a OTAN tem se envolvido em inúmeros conflitos e a ONU em tantos outros. A maioria de nós apoia esse tipo de ingerência, sempre sob o mote de que “alguém, afinal, tem que fazer alguma coisa!”.

O último caso típico é o do apoio do ocidente aos rebeldes que tentam derrubar Kadaffi na Líbia. A França e a Grã Bretanha, por exemplo, até chegaram a cobrar que a OTAN não tem feito o suficiente, nem agido com o necessário rigor, para pôr um fim mais rápido aos desmandos do ditador desprezado por todos.

Não que eu tenha algo a favor de Kadaffi, longe disso. Mas, assim como não tenho nada a favor do ditador líbio, também não tenho um pingo de apoio a dar a esse tipo de ingerência de umas nações sobre o destino das outras. Pelo simples fato de que, amanhã, alguém cisma com o nosso governante, que nós escolhemos, e resolve ajudar rebeldes a derrubá-lo, sem perguntar pelas reais razões. O grande problema é justamente esse: em nome do fim de um ditador, mal se pergunta pelo tipo de causa rebelde que se está apoiando no momento.

É justamente esse tipo de avaliação prévia que não tem sido feita com o necessário cuidado. O jornalista espanhol Pascual Serrano levantou vários casos do passado, em que houve o apoio do ocidente a rebeldes que conseguiram derrubar seus ditadores, e depois só pioraram a situação do povo e do país. Ele começa um extenso artigo no site “Rebelión” com o intrigante título “Os libertadores que apoiamos vieram a ser traficantes de órgãos”.

O primeiro exemplo que ele cita ocorreu em 1991, quando as grandes potências ocidentais, lideradas pela OTAN, foram a uma guerra para libertar o Kuwait da invasão de Sadam Hussein. Um apoio justo e inquestionável. Entretanto, esses apoiadores tornaram-se cúmplices de violação aos direitos humanos porque apoiaram um posterior regime ditatorial que se instalou no Kuwait, em que os partidos políticos estão proibidos, as mulheres precisam da autorização dos seus maridos para pedir passaporte, a pena de morte está em vigor e o emir do Kuwait é o dono da vida das pessoas.

O exemplo que dá título ao texto de Serrano revela que o diário espanhol El País de 10 de abril descobriu uma rede de tráfico de órgãos extraídos pela guerrilha de Kosovo dos presos sérvios, durante a guerra da Iugoslávia, que custou a vida de cem a trezentas pessoas. Trata-se da mesma guerrilha que a OTAN apoiou durante o conflito contra a Sérvia. Logo após o fim da guerra de Kosovo desenvolveu-se um monstruoso negócio de tráfico de órgãos conduzido pelos dirigentes da guerrilha.

Há acusações de que o próprio atual primeiro ministro de Kosovo é um dos principais responsáveis pelo crime organizado na região. Segundo o jornal, a clínica clandestina que extraía os órgãos ficava na Albânia, enquanto os prisioneiros amputados eram eliminados com um simples tiro na cabeça, enquanto o “cliente” em uma capital estrangeira estava preparado para receber o órgão extirpado do prisioneiro. O órgão era transportado de helicóptero via Istambul.

Assim são tratados os direitos humanos em diversas realidades que receberam amplo apoio da OTAN, da ONU e dos Estados Unidos. E como deram apoio, agora estão comprometidos e não podem retirar o apoio simplesmente, mesmo com evidências gritantes, como essa do tráfico de órgãos humanos pelos rebeldes de Kosovo. Bem dizia Paulo Freire, já no prefácio do seu livro "Pedagogia do Oprimido": Em cada oprimido oculta-se também o germe do opressor. Pois é.

terça-feira, 12 de abril de 2011

Meio século de corrida maluca



Faz hoje 50 anos que o astronauta soviético Yuri Gagarin se tornou o primeiro ser humano a orbitar o planeta Terra. O famoso astronauta soviético completou a órbita no dia 12 de abril de 1961, na apertada cápsula espacial Wostok. O hoje celebrado como um herói nacional, mesmo depois do fim do império soviético que o popularizou, apostou literalmente a sua vida no projeto. Mantido em segredo até o momento da glória no espaço, o projeto contava com a própria morte de Gagarin durante os arriscados procedimentos de lançar um homem ao espaço.

De fato, um livro escrito 50 anos depois por Yuri Baturin revela documentos, até agora mantidos em segredo, que relatam inúmeras panes e acidentes graves que ocorreram até o dia do lançamento de Gagarin. O incrível lance de sorte colocaria os russos na vanguarda da estúpida e onerosa corrida espacial que marcou a guerra fria entre o ocidente e o oriente, nos anos 60. Para os dirigentes de ambos os lados a morte de um astronauta era o que menos importava nessa verdadeira corrida maluca.

“Para ganhar tempo, os pesquisadores não hesitavam em avançar, mesmo sem ter alcançado soluções técnicas ideais para problemas que iam surgindo ao longo do projeto”, registrou o especialista espacial Igor Marinin. Não havia um plano, por exemplo, para o caso de um incêndio a bordo da cápsula ou uma falha no lançamento.

Nem mesmo as leis da aerodinâmica foram levadas muito a sério, uma vez que a Wostok era uma simples esfera de aço que deveria ser lançada com um foguete que pesava 300 toneladas e tinha 38 metros de comprimento, submetido a um teste em 9 de março de 1961, que mostrou ser possível manter um homem vivo dentro daquela bola de aço. Naquele teste, ao lado de um astronauta-boneco que o povo apelidou de Iwan Iwanowitsch, estava um ser vivo de verdade, a cadela Tschernuschka. O heróico animal retornou vivo de seu inusitado passeio e sobreviveu até mesmo a um duro pouso em terra firme. Isso bastou para que os cientistas dissessem que se poderia mandar Gagarin no lugar da cadela.

Dois dias antes do voo, consciente do risco extremo, Gagarin escreveu uma carta de despedida à sua esposa e às duas filhas, para ser lida caso a missão falhasse. Mas a família recebeu a carta somente em 1968, após a morte de Gagarin. “Confio totalmente na técnica”, ele escreveu, “ela não me deixará na mão”.

Mesmo com o sucesso da missão, não faltaram panes antes do lançamento. Dois dias antes do lançamento, por exemplo, os engenheiros descobriram que a roupa espacial e a poltrona do astronauta pesavam 14 quilos mais do que a nave podia levar. Para não adiar o lançamento, simplesmente cortaram uma série de cabos e retiraram uma parte dos equipamentos eletrônicos da espaçonave para reduzir o peso necessário. Pouco antes da partida, já com o astronauta instalado em seu posto, um dos sensores não completou o fechamento da escotilha e toda a porta teve que ser desmontada para recolocá-la no lugar correto. A falha de um sensor levou a nave para uma órbita 7 quilômetros além dos 230 planejados. Em pleno voo, o lápis desencaixou do lugar e Yuri não o conseguiu pegar novamente, amarrado que estava à poltrona. Como não podia mais fazer anotações, ele colocou a caderneta para esse fim no bolso. “Ela não será mais útil para nada”, comunicou ele à base em terra.

Em 90 minutos ele deu uma volta ao planeta e, num retorno cheio de panes, voltou à terra. A Wostok girava em torno do próprio eixo como um peão. Sete quilômetros antes do impacto com o planeta, como os engenheiros ainda não haviam encontrado um meio seguro de pouso para a espaçonave, ele teve que ejetar da cápsula com um pára-quedas. Ele precisou de seis longos minutos para abrir os respiradouros do seu traje espacial, porque um dos cordões teimava em não abrir um nó cego que se havia formado.

Por fim, ele conseguia pousar em terra firme, 600 quilômetros longe do local que havia sido previsto. A sua gloriosa viagem espacial não tinha muito a ver com pioneirismo heróico. Parecia mais um espetáculo circense de uma bala humana lançada por um canhão. Ele mal tinha controle sobre a sua espaçonave. O todo-poderoso premiê soviético Nikita Kruschev, entretanto, não se deixou abalar e o saudou como um herói nacional: “Camarada, você acaba de tornar-se imortal”.

Os americanos já sabiam de tudo bem antes da população soviética. Os postos de observação no Alasca haviam captado a conversa entre a espaçonave (codinome “Cedro”) e a base russa em terra (“Alvorecer”), informando o presidente Kennedy às 9h39min sobre o sucesso soviético. A frase que Gagarin teria dito sobre Deus (“Não encontrei Deus no céu”), nos poucos minutos no espaço, foi tudo o que os americanos queriam para desfazer a ousadia soviética. Às 10h02min, finalmente, a rádio estatal de Moscou festejava ruidosamente a chegada do primeiro ser humano ao espaço sideral.

Depois disso, a guerra fria entrava no seu ápice, com os americanos pulando etapas e menosprezando a segurança dos seus astronautas para, já que os russos foram os primeiros a ir ao espaço, eles pudessem ser os primeiros a pisar em solo lunar. E conseguiram em 1969, longos oito anos e diversas vidas perdidas depois.

Toda essa corrida maluca traz à minha lembrança uma velha brincadeira de criança: “O último a chegar é a mulher do paaaadre!!!”.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Realengo, uma assinatura de sangue



A lamentável tragédia humana no Realengo, no Rio de Janeiro, infelizmente, deixa uma assinatura de sangue, muito sangue, embaixo do que eu disse aqui neste blog e no Santa há algum tempo sobre a questão do desarmamento. A capa da santa VEJA serve de lembrança para os senhores das armas, que são, afinal, os culpados pelo massacre do Realengo. Na época, fui linchado virtualmente, até pelo presidente da entidade que comandou a derrota do desarmamento no Brasil. Fui acusado por diversos internautas de estar defendendo uma causa amplamente derrotada naquele plebiscito e que eu deveria calar-me, portanto. Relembre você mesmo em http://clovishl.blogspot.com/2009/11/um-debate-com-cheiro-de-polvora.html.

Ninguém quis entender. Ninguém quis ouvir que ter arma em casa leva também a tragédia consigo. Sem armas, Wellington não teria como executar seu tresloucado projeto assassino. E olha que ele entendia de armas. Uma das poucas armas que eu já vi na minha vida é o famoso 38. Fiquei sabendo, depois dessa loucura de Wellington, que existiam carregadores rápidos para essa arma que, teoricamente, pode dar somente seis tiros. E ele usou os carregadores por nove vezes antes que impedissem a continuação alucinada do seu tiro ao alvo humano.

Pois, senhores das armas, volto à carga. A vitória num plebiscito não o torna a única verdade. E os derrotados, mesmo sendo a minoria, podem continuar defendendo a sua visão sobre tudo isso. Nem sempre maioria é sinônimo de estar certo. Hoje, graças à ampla campanha de desinformação que os senhores perpetraram em 2005, adquirir uma arma de fogo no Brasil se tornou tão simples quanto tomar um café expresso.

Em 2005, o Brasil teve a chance histórica de se desarmar. Um referendo colocou uma única questão diante do eleitor: a venda de armas de fogo deve ser proibida no Brasil? Sim ou não? E o “não” venceu depois de uma ampla campanha de desinformação financiada por interesses privados. Uns diziam que só os bandidos teriam armas – como se os “homens de bem”, armados, pudessem fazer algo diante de criminosos. Outros afirmavam até que se tratava de uma iniciativa totalitária do governo Lula, que marchava rumo ao chavismo. Diziam umas asneiras absolutas, comparando o referendo ao que Hitler fez na Alemanha, confiscando as armas dos cidadãos e desarmando o povo.

O resultado de tudo isso é que, no ano do referendo (2005), o Brasil comercializava 68 mil armas de fogo. Cinco anos depois (2010), foram quase 120 mil. Mas os senhores das armas dirão, justificando, que o assassino do Realengo deve ter comprado suas armas no mercado paralelo. Pior ainda. Se ele adquiriu os revólveres 38 e 32 no mercado oficial, é um escândalo. Se fez isso no paralelo, um escárnio (Leonardo Attuch, na IstoÉ desta semana).

O resultado desse descontrole sobre as armas pode ser transformado em números alarmantes. Enquanto os EUA têm 311 milhões de habitantes e teve 15 mil pessoas mortas por armas de fogo no ano passado, o Brasil tem somente 190 milhões de habitantes e 50 mil mortos por armas de fogo a cada ano. É uma terra sem leis, em que aquelas que existem estão sob o jugo de fortes interesses particulares... uma terra em que policiais decidem aplicar a execução de criminosos sem a menor cerimônia, mesmo que não haja pena de morte e haja tribunais para julgar os que transgridem a lei.

Mais do que uma campanha de desarmamento, o que o Brasil precisa é de um novo referendo. Diga não às armas. E se você tiver uma em casa para defender-se dos ladrões, saiba que há mais de noventa por cento de chance de você morrer, caso reagir a um bandido armado que invada a sua casa ou tente assaltá-lo na rua. A sua defesa, portanto, pode ser a sua sentença de morte.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

De mouse pelo universo

O sistema solar não é mais um grande mistério para os usuários da internet. O Solar System Scope (SSS), ou Telescópio do Sistema Solar, é um site criado por quatro fãs de astronomia eslovacos que mostra o espaço em uma animação em três dimensões. No site, o usuário pode mover o sistema solar e observá-lo de diferentes ângulos somente com o movimento do mouse. A ferramenta usou cálculos da NASA para posicionar precisamente todos os objetos celestiais. Segundo os desenvolvedores do site, a ideia foi fazer um modelo tão amigável que qualquer pessoa possa entender o movimento dos planetas e reconhecer as constelações. O site permite também que o usuário calcule a distância entre os planetas em determinado momento. “Nós estamos apenas começando, mas queremos melhorar o caráter educacional do projeto. Queremos popularizar a astronomia, especialmente entre os jovens”, afirmou Mito Sadlon, líder da equipe que administra o SSS. Mito promete uma versão do sistema em português em breve. O site pode ser acessado pelo endereço http://www.solarsystemscope.com/.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Água mole em pedra dura...



Eles insistem, insistem e, quem sabe, um dia, conseguem. Como se não bastasse o avanço da extrema-direita em todo o continente europeu, vazou ontem (5 de abril) a iniciativa do partido italiano Povo da Liberdade (PDL), legenda do primeiro-ministro Silvio Berlusconi, de apresentar ao Senado da Itália um projeto de lei que busca revogar a proibição do fascismo no país.

O vazamento da informação provocou grande polêmica entre a oposição, que se mostrou surpresa e espantada com a iniciativa.

O projeto de lei apresentado é intitulado “Derrogação da 12ª disposição transitória e final da Constituição”, em referência à parte da Carta Magna de 1948 que indica que fica “proibida a reorganização, sob qualquer forma, do dissolvido Partido Fascista”.

A iniciativa do PDL foi qualificada de muito grave e ofensiva para a história do país e da república e para a democracia, e qualificado de um ato de provocação insuportável.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Autoridade é uma conquista



A conferência mensal de ministros/as da IECLB no Vale Do Itajaí é um encontro mensal de ao redor de meia centena de pastores, pastoras, diáconos e catequistas. O grupo é responsável pelo atendimento eclesiástico dos 80 mil luteranos que vivem na região e se juntam nas mais de vinte paróquias. É uma das mais densas concentrações de luteranos ligados à IECLB no Brasil.

Um desses encontros mensais está acontecendo hoje. Eu estive lá até agora. O grupo está preocupado com a autoridade pastoral. Para trabalhar essa preocupação, eles convidaram o pastor sinodal aposentado Nelso Weingärtner e o psicólogo Claudemir Casarim.

Segundo o pastor Weingärtner, a função pastoral passa por um amplo esvaziamento da condição de porta-voz de Deus para os fiéis. Os pastores foram nivelados com outras funções e, em diversos casos, viraram meros funcionários dos presbitérios, que devem prestar seus serviços segundo um critério cada vez mais empresarial de rendimento. Isso faz com que tenham que demonstrar serviço e, nesse corre-corre, sobrecarregam-se e não têm mais tempo para ler, preparar-se, meditar e, mesmo, orar.

Penso que o pastor Nelso tem razão. A próxima avaliação do ministro pode também significar o fim do seu contrato de serviço, causando insegurança e temor. Isso lhe tira a autoridade pastoral e a condição de porta-voz de Deus. Ao ser nivelado desta maneira, a tendência é que prefira mesmo falar amenidades e engolir em seco quando deve levantar a voz profética.

Exagerando um pouco, sempre me lembro do filme “Chocolate”. Nele, Alfred Molina faz o papel de um prefeito que censura os sermões do padre local nos sábados de madrugada e, no domingo pela manhã, senta na primeira fila da igreja com uma cópia na mão para ver se o padre realmente diz tudo que está no texto e nada além (a cena de Molina no banco da igreja está na foto acima).

Ainda não chegamos lá, mas imagino que isso não é impossível de acontecer. Pelo menos, uma comissão avaliadora num culto pode ter um efeito semelhante. Ou seja, a autoridade pastoral foi pisoteada e rebaixada. Há um trabalho duro a ser feito para recompor tudo isso. As dicas do psicólogo Casarim podem ajudar a restabelecer um pouco a auto-estima dos ministros.

A saída está no auto-conhecimento e em trabalhar com força o marketing pessoal. Nossos ministros e ministras precisam dar-se o respeito. Precisam amar-se. Quem chega escondido, pelos fundos, todo encolhido e com medo de aparecer, contando os minutos para encolher-se novamente no seu cantinho, não é visto, nem reconhecido.

Assim também não se granjeia autoridade. Sim, porque a autoridade não é imposta, nem vem da função ou de um papel de dominação. A verdadeira autoridade é construída pelo reconhecimento. Eu não sou uma autoridade porque sou pastor, mas me torno uma autoridade porque minha postura profissional me deu a condição de autoridade. Por isso mesmo, eu só tenho autoridade quando a conquisto.

E isso, meus caros colegas, é uma arte, que se aprende a dominar, como lutar esgrima ou andar de motocicleta. Quanto a lutar esgrima, não tenho nenhuma noção. Mas quanto a andar de moto, primeiro é preciso andar 30.000 quilômetros para dizer que domina esta arte com razoável destreza. Depois, é só prazer. E você pode falar com autoridade...

terça-feira, 5 de abril de 2011

O golpe de 64 na TV



Como o Brasil não tem a coragem da Argentina para rever as principais feridas da sua história recente e tratá-las com o remédio que merecem, mesmo que dolorido, a temática do período obscuro dos Anos de Chumbo está aparecendo na TV. Uma nova série, que está passando desde ontem, chama-se “O Dia que durou 21 anos”. A série é apresentada pela TV Brasil, desde ontem. Perdi o primeiro capítulo. Hoje vou assistir ao segundo e, amanhã, ao último, sempre às 22h.

Ainda mais ousada é a abordagem do tema pelo SBT, que está lançando hoje a sua nova novela, “Amor e Revolução”. Escrita por Tiago Santiago, a novela mistura ficção e realidade, mostrando todo o drama da tortura, da guerrilha, da truculência de um dos períodos ainda bastante obscuros da história brasileira. A novela estreia hoje à noite, terça-feira, às 22h15min, mostrando o atentado na UNE já no capítulo inicial.

Vale a pena conferir e esperar o que vem. Por menos que seja, irá levantar o assunto. Os que viveram o drama da época e os que nada sabem a respeito. Será uma aula de história necessária e inadiável para toda a nação.

Costa do Marfim afunda na xenofobia



Mais uma eleição “democrática” faz aflorar o que as pessoas têm de pior dentro de si. Desta vez, é na Costa do Marfim. Mais uma nação africana “forjada” a ferro e fogo pelo antigo colonialismo europeu, que misturou tradicionais inimigos tribais sob um mesmo guarda-chuva nacional, a Costa do Marfim está longe de ser uma nação de gente que se sente abrigada numa mesma pátria. Ela lembra mais um caldeirão em ebulição, repleto de elementos químicos conflitantes, que explodem quando se fundem. Na Costa do Marfim, esses elementos são a xenofobia e o racismo.

A briga que aflora é entre duas forças eleitorais que não querem reconhecer o resultado das urnas. De um lado, está o atual presidente da Costa do Marfim, Laurent Gbagbo, que não quer deixar o poder. De outro, o presidente eleito e reconhecido pela comunidade internacional, Alassane Ouattara. Em luta feroz, até a última gota de sangue, os partidários dos dois. Entre os brigões está a população civil, que sempre é a parte mais prejudicada em qualquer conflito. Mas o pano de fundo é o ódio entre nativos e imigrantes.

Mais do que uma briga eleitoral, há informações de que o conflito estaria descambando na direção de massacres e ações de limpeza étnica, por partidários de ambos os lados em conflito. Estão sendo cometidos abusos de direitos humanos e matanças.

O ódio entre os marfinenses não decorre somente da luta política entre os que disputaram a presidência em novembro último. Na cidade de Duékoué, no oeste do país, os assassinatos em massa podem ter causado a morte de até mil pessoas. Tensões entre as etnias existem há muito tempo na Costa do Marfim. Como, por exemplo, entre a população do norte do país ou os imigrantes de países vizinhos e a população nativa da região. Essa tensão foi fortalecida pela ideia de identidade nacional criada nos anos 1970 – o conceito de ivoirité, que enfatiza as características comuns dos marfinenses após o fim do colonialismo.

Já nos anos 1980, o conceito de ivoirité foi utilizado contra a população não nativa, ao dar prioridade à população nativa na questão da posse da terra. Na década de 1990 novos documentos de identidade com rigorosas regras no tocante à origem, discriminaram os imigrantes, que não chegaram nem mesmo a receber o documento, por não serem marfinenses. Essa é uma das principais causas do conflito, para o qual a Costa do Marfim não encontra saída já há dez anos.

Sob o pretexto de controlar documentos de identidade, forças de segurança procediam de forma agressiva contra migrantes e pessoas do norte do país. Esses se sentiam perseguidos. Em 1994, o conceito de ivoirité foi integrado à lei eleitoral. Somente poderia tornar-se presidente quem vivia no país há mais de cinco anos e cujos pais eram marfinenses.

Assim, por muito tempo, o próprio Alassane Ouattara não esteve apto a concorrer, sob a alegação de que sua mãe teria vindo de Burkina Fasso, onde também teria sido emitido o passaporte de Alassane Ouattara. Com 60 grupos étnicos, a xenofobia se alastrou no Estado multinacional da Costa do Marfim – uma carga explosiva que levou à guerra civil em 2002. Até hoje, Ouattara é uma importante figura de identificação nacional, especialmente para os imigrantes, que perfazem um quarto da população da Costa do Marfim.

Dessa forma, a clara dicotomia eleitoral entre um imigrante e um nativo incendiou a nação com o explosivo ingrediente da intolerância xenófoba. Não só os marfineses estão de mãos amarradas. A comunidade internacional não sabe o que fazer para resolver mais este imbróglio, que, como todos os outros na África, originou-se na lambança e na ganância do período colonialista.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

O sonho de King não se realizou



No dia 4 de abril de 1968 Martin Luther King é assassinado a bala em Memphis (EUA). O pastor batista, que fora laureado com o Prêmio Nobel da Paz em 1964 por seu engajamento pela igualdade de direitos de brancos e negros nos Estados Unidos nas décadas de 1950 e 1960, morria os 39 anos de idade.

O país em que o eloquente pastor negro travou a sua luta se considerava modelo de democracia e liberdade, ao mesmo tempo em que seus habitantes eram classificados de acordo com a raça. Os negros eram discriminados na política, na economia e no aspecto social.

Eles não podiam votar, eram chamados pejorativamente de "nigger" e "boy", seu trabalho não era devidamente remunerado, e as agressões dos brancos eram rotina. Até que, em dezembro de 1955, em Montgomery, a costureira negra de 52 anos Rosa Parks resolveu não ceder seu lugar num ônibus para um passageiro branco. Parks foi presa e, em decorrência, Martin Luther King, pastor da cidade, conclamou um boicote dos negros aos ônibus. Em um ano, tornou-se tão conhecido no país que assumiu a liderança do movimento negro norte-americano.

O boicote aos ônibus foi apenas o começo. Seguiram-se as marchas de protesto de King e milhares de defensores dos direitos civis em todo o país, acompanhadas de violações conscientes da legislação racista. Usavam, por exemplo, as salas de espera e os restaurantes reservados aos brancos. Nem a violenta repressão policial enfraqueceu o movimento.

“Temos que levar nossa luta adiante, com dignidade e disciplina. Não podemos permitir que nosso protesto degenere em violência física”, advertia o pastor batista, não se deixando provocar pela ordem pública. Era a lição da não-violência ativa, que ele havia aprendido de Gandhi.

Um dia antes de sua morte, King pronunciou o célebre discurso “I have a dream”, em que anunciava ter avistado a terra prometida. “Talvez eu não consiga chegar com vocês até lá, mas quero que saibam que nosso povo vai atingi-la”, declarou ele, como se previsse a proximidade da morte. Seu assassinato provocou consternação internacional. A sua luta foi vitoriosa e a segregação racial foi abolida por lei nos EUA.

Mas a discriminação das pessoas pela cor de sua pela continua, em pleno século 21. Não só nas ridículas piadas de negros que se conta sem o menor constrangimento como forma de diversão numa roda de amigos, mas em atitudes reais, como a banana aos pés de Neymar, num recente amistoso na Escócia. Entretanto, o Neymar é um cara de muita sorte, porque está milionário por causa de sua habilidade com a bola.

Enquanto isso, milhões de pessoas, no Brasil e no Mundo, são as mais pobres só por causa da cor de sua pele. Milhões de pessoas recebem menos por seu trabalho só por causa da cor de sua pele. As cadeias estão lotadas de pessoas que sofrem todo o rigor da lei e até injustas condenações somente por causa da cor de sua pele. A própria Mama África, o continente miserável e esquecido pela humanidade rica, é sistematicamente vítima por causa da cor da pele da maioria de seus habitantes.

Só por causa dessa pequena lista óbvia, a luta de Martin Luther King não terminou e o seu sonho não se realizou. Mesmo nos EUA a discriminação racial é uma realidade, apesar da lei. Aqui no Brasil, o país que foi construído em grande parte por mão-de-obra escrava, negra, africana, continua a existir uma vergonhosa realidade de discriminação e preconceito, apesar de nos vangloriarmos de ser uma nação em que não há racismo. Ele não está presente na Costituição e provoca indignação quando se manifesta publicamente. Mas o racismo, na vida real, está em cada esquina do nosso país, de modo tão escancarado que só não enxerga quem não quer. Por tudo isso, o discurso de Martin Luther King deve ser lembrado todos os anos, sempre de novo, até que também entre nós a terra prometida possa ser vista.

Um mundo plural e tolerante



Joseph Weiler é o advogado de defesa de um grupo de nações, lideradas pela Itália, que recorreu da decisão do Tribunal Europeu dos Direitos Humanos que dizia que os crucifixos nas salas de aula italianas violavam a liberdade religiosa (o recurso ainda não obteve resposta). É um dos maiores especialistas em direito constitucional europeu.

Na questão dos crucifixos, argumenta que remover a cruz é algo realmente antiliberal. Permitir a cruz é a posição liberal, a posição pluralista, porque a Europa tem tanto uma França quanto uma Grã-Bretanha. A França é um Estado oficialmente laico, enquanto na Inglaterra o hino nacional é "God Save the Queen" (Deus salve a rainha), e a Rainha é também a chefe da Igreja da Inglaterra. Toda imagem da Rainha em uma sala de aula britânica é tanto um símbolo nacional quanto religioso.

Você poderia dizer que essa é uma grande tradição, que é a Europa autêntica. A posição esclarecida é aceitar uma Europa que inclua a França, como também a Grã-Bretanha, e não afirmar, como a Câmara fez, que todos têm que ser como a França – ou neste caso como os EUA. O que é preciso fazer é capacitar uma potencial maioria a se sentir que está fazendo a coisa certa, que deveriam se orgulhar disso. Isso não é anti-europeu, antiliberal ou reacionário.

Acontece que Joseph Weiler é judeu. Nasceu na África do Sul, filho de um rabino da Letónia. “Judeu ortodoxo profundamente fiel”. Deu uma entrevista a John L. Allen Jr., do “National Catholic Reporter”, na qual insiste que a defunta Constituição Europeia deveria ter referido as raízes cristãs.

As pessoas me perguntam um milhão de vezes como um judeu praticante pode defender uma referência às raízes cristãs na Constituição Europeia, e eu digo que nesse contexto não sou um judeu praticante, mas um constitucionalista praticante. Sou um pluralista praticante.

O pluralismo praticante é a atitude que falta a muitos de nós que, em lugar de defender “a” verdade, defendemos “a nossa” verdade, que sempre será parcial, unilateral, distorcida e, pior, muito pequena diante da verdade toda.

sábado, 2 de abril de 2011

Eles incendiaram o mundo



No ano passado, o carismático pastor Terry Jones (à esquerda na foto), um notório inimigo do islamismo, ameaçou queimar um Alcorão em praça pública no dia 11 de setembro. O próprio presidente Barack Obama pediu que ele não o fizesse, sob pena de provocar uma reação mundial incontrolável do mundo islâmico contra o gesto radical e preconceituoso. Pois no dia 20 de março um de seus fanáticos seguidores, o pastor Wayne Sapp (à direita na foto), completou o serviço para Jones. Ao seu lado, o próprio Jones assistia a tudo, em solene aprovação.

Wayne Sapp o fez durante um encontro solene, um culto no seu templo, diante dos pastores de toda a região vizinha. O livro sagrado dos muçulmanos foi considerado culpado por crimes e, depois, queimado solenemente. O veredito de Sapp, sob as vistas de Jones, parecia indubitável, quando o livro foi ensopado em querosene e incendiado em seguida. Depois do veredito Saap deitou o livro numa bandeja de metal, no centro do templo, e ateou fogo nele. O evento era público e de livre acesso. Cerca de 30 pessoas assistiram a tudo. Jones disse depois que foi “uma experiência única em sua vida”.

O resultado de toda esta sanha movida a preconceito e intolerância em grau máximo é uma onda de protestos violentos, especialmente no Afeganistão, onde a representação local da ONU foi violentamente atacada e nove pessoas foram mortas durante os protestos.

Os dois patetas da fé colocaram fogo no mundo, não somente no Alcorão. Quando começarem os ataques a comunidades cristãs no Oriente, com talvez milhares de mortes movidas a puro ódio e desejo de vingança, certamente Jones e Sapp vão reunir as suas comunidades para orar a Deus pedindo por clemência em relação ao martírio e à perseguição de cristãos no mundo. Nem vão se tocar, ou sequer perceber, em sua solene ignorância intolerante, que todas as mortes advindas da vingança por seu gesto tresloucado recairão sobre as suas próprias cabeças. E não será Alá que condenará os dois por isso, mas o próprio Deus dos Cristãos.

A sua destruição simbólica de um livro sagrado para mais de um bilhão de muçulmanos absolutamente decentes e respeitosos com os mais de um bilhão de cristãos do outro lado da balança pode ter aceso o estopim que faltava. Eles não percebem que, ao confundir todo o mundo islâmico com um grupo minoritário de terroristas e radicais, levaram consigo todos os cristãos como se fizessem parte do seu pequeno grupo de fanáticos e radicais cristãos fundamentalistas, que é tão terrorista e condenável quanto aqueles que condenam. Em nome da imensa maioria dos cristãos e cristãs do planeta, exponho aqui a minha mais veemente repulsa ao gesto de Jones e Sapp.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Vinte anos de Mythos!




Hoje é um dia muito especial. Não porque seja 1º de abril, mas porque algo que parecia mentira acabou virando realidade. Há 20 anos Irene, Rubens e eu recebíamos o registro da Mythos Produções Gráficas Ltda. Este foi o embrião que deu origem à Mythos Comunicação, que é hoje uma agência publicitária, em parceria com o Cristiano Zambiasi, meu genro, e a Débora Lindner Zambiasi, minha filha.

Esses dias alguém me perguntou como é essa vida de pastor e empresário, ao que respondi que passei muitas noites sem dormir quando decidi dar o passo de sair debaixo das asas protetoras da “santa madre igreja” para dar vazão à minha paixão por comunicação. Ingrid, a minha amada esposa de quase 34 anos de convívio, sempre ao meu lado, dando força total e carregando o novo sonho com cores de esperança.

Estamos aí, 20 anos depois disso, lembrando com carinho os eternos amigos e compadres Rubens e Irene, que avançaram esse projeto na direção de um sólido casamento e hoje vivem na Suíça com os seus filhos.

Ontem à noite Cristiano, Débora e eu demos as últimas pinceladas na nova sede da Mythos Comunicação. Estamos dando um novo passo, ampliando a estrutura e fortalecendo relações com novos clientes. Após duas décadas, nossos mais sinceros agradecimentos a tantos que acreditaram em nós e nos deram o suporte para chegar até aqui. Agora é fé em Deus e esperança redobrada no futuro.

DEPOIS DE WORMS, A CAÇADA A LUTERO

No último dia da Dieta de Worms, 26 de maio de 1521, já sem a presença de Lutero, foi decretado o Édito de Worms. O documento fora redigido ...