segunda-feira, 25 de abril de 2011

A nossa Páscoa é standby


O feriadão foi entre nuvens e chuvas no Vale do Itajaí. Especialmente ontem, o Domingo de Páscoa, não teve manhã de sol, nem luz suficiente para aquecer e dar esperança de flores enfeitando tudo. Li agora, no blog “Tribo de Jacob” (http://tribodejacob.blogspot.com/), que não ficaria nada bem celebrar a Páscoa em pleno inverno. Acima da frase, um campo repleto de margaridas brancas, com corações amarelos, cobrindo tudo, onipresentes.

Pois é, caro Jorge, no Hemisfério Sul nós celebramos a Páscoa em tempo de poucas flores. Aqui, nessa época, não vemos campos floridos, nem pássaros alucinados e cantantes. Não há coelhos saindo das tocas, esticando os membros rígidos pelo tempo do encolhimento no calor dos esconderijos da hibernação. Ao contrário! As nossas lebres recolhem palhas para confeccionar seus abrigos protetores contra as noites frias que vêm por aí.

Mesmo assim, há Páscoa. Enquanto o sol teimava em manter-se debaixo da coberta de nuvens, insistíamos na mensagem da vida, na celebração da manhã de Páscoa, cobrindo uma coroa de espinhos com crisântemos, a flor de todas as estações. Apesar de todo o tradicional conjunto de imagens que herdamos das celebrações pascais do Hemisfério Norte, acho até que é justamente no outono/inverno que a mensagem da ressurreição se torna ainda mais forte. É neste tempo que a vida resiste com maior força. A natureza entra em standby, como a dizer: “Me aguardem!”.

A pedra removida da manhã de Páscoa é o nosso standby. O Cristo ressurreto é aquela luzinha vermelha que indica que a nossa vida está presa na sua energia e que, a qualquer momento, pode ser desperta pelo clic que tudo renova. Gosto desta imagem do standby da natureza no Hemisfério Sul, nesta época de Páscoa. Por isso, em vez da exuberância das flores, coelhinhos e ovos de imagem fácil, prefiro crer na ressurreição no modo standby. A propósito, caro Jorge, obrigado por esta oração judaica, também publicada no seu blog. Ela encaixa perfeitamente no que estou tentando dizer...

Creio no Sol,
mesmo quando não brilha.
Creio no amor,
mesmo quando não o sinto.
Creio em Deus,
mesmo quando se cala.

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