sábado, 2 de abril de 2011

Eles incendiaram o mundo



No ano passado, o carismático pastor Terry Jones (à esquerda na foto), um notório inimigo do islamismo, ameaçou queimar um Alcorão em praça pública no dia 11 de setembro. O próprio presidente Barack Obama pediu que ele não o fizesse, sob pena de provocar uma reação mundial incontrolável do mundo islâmico contra o gesto radical e preconceituoso. Pois no dia 20 de março um de seus fanáticos seguidores, o pastor Wayne Sapp (à direita na foto), completou o serviço para Jones. Ao seu lado, o próprio Jones assistia a tudo, em solene aprovação.

Wayne Sapp o fez durante um encontro solene, um culto no seu templo, diante dos pastores de toda a região vizinha. O livro sagrado dos muçulmanos foi considerado culpado por crimes e, depois, queimado solenemente. O veredito de Sapp, sob as vistas de Jones, parecia indubitável, quando o livro foi ensopado em querosene e incendiado em seguida. Depois do veredito Saap deitou o livro numa bandeja de metal, no centro do templo, e ateou fogo nele. O evento era público e de livre acesso. Cerca de 30 pessoas assistiram a tudo. Jones disse depois que foi “uma experiência única em sua vida”.

O resultado de toda esta sanha movida a preconceito e intolerância em grau máximo é uma onda de protestos violentos, especialmente no Afeganistão, onde a representação local da ONU foi violentamente atacada e nove pessoas foram mortas durante os protestos.

Os dois patetas da fé colocaram fogo no mundo, não somente no Alcorão. Quando começarem os ataques a comunidades cristãs no Oriente, com talvez milhares de mortes movidas a puro ódio e desejo de vingança, certamente Jones e Sapp vão reunir as suas comunidades para orar a Deus pedindo por clemência em relação ao martírio e à perseguição de cristãos no mundo. Nem vão se tocar, ou sequer perceber, em sua solene ignorância intolerante, que todas as mortes advindas da vingança por seu gesto tresloucado recairão sobre as suas próprias cabeças. E não será Alá que condenará os dois por isso, mas o próprio Deus dos Cristãos.

A sua destruição simbólica de um livro sagrado para mais de um bilhão de muçulmanos absolutamente decentes e respeitosos com os mais de um bilhão de cristãos do outro lado da balança pode ter aceso o estopim que faltava. Eles não percebem que, ao confundir todo o mundo islâmico com um grupo minoritário de terroristas e radicais, levaram consigo todos os cristãos como se fizessem parte do seu pequeno grupo de fanáticos e radicais cristãos fundamentalistas, que é tão terrorista e condenável quanto aqueles que condenam. Em nome da imensa maioria dos cristãos e cristãs do planeta, exponho aqui a minha mais veemente repulsa ao gesto de Jones e Sapp.

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