quinta-feira, 30 de junho de 2011

A questão ambiental e a Igreja


"O Galo Verde" é um selo ambiental destinado às igrejas alemãs que planejam suas ações considerando o impacto ambiental.

Neste ano em que a IECLB escolheu como tema do ano a questão ambiental, sob o mote “Paz na Criação de Deus”, há uma questão importante que deve ser levantada. A mesma questão também se levanta diante do tema da Campanha da Fraternidade deste ano, promulgado pela igreja católica. Ao cobrar postura ambiental da sociedade e dos cidadãos, como se posiciona a própria igreja diante da questão ambiental? Ou seja, quem propõe ações e procedimentos também os considera em seu próprio meio?

Para ser bem direto: a questão ambiental faz parte das questões a serem consideradas na administração da igreja? Como lidamos com os dejetos, o lixo, as sobras das festas, o papel usado em nossas secretarias, o material dos retiros e seminários, o tipo de material adotado nos cofee-breaks de nossos encontros e reuniões? Adotamos pratos e copos descartáveis para poupar o pessoal de lavar a louça depois e nem pensamos na agressão ambiental desta decisão? Que destinação a igreja dá para as sobras das festas de comunidade? Que tipo de detergente é usado para lavar os pratos depois do café do grupo das mulheres, ou depois do chá beneficente?

Como é tratado o bosque ou o jardim que cerca o templo, o cemitério, a casa pastoral, o centro comunitário? Questões ambientais sérias e refletidas são colocadas na balança? Ou o veneno é mais prático e menos trabalhoso do que a enxada? As folhas que caem das árvores são tratadas como lixo ou como componentes da adubação natural? Que produtos e técnicas são utilizados na limpeza e manutenção interna e externa dos ambientes comunitários?

Quais os cuidados com a água nas dependências eclesiais? Que tipo de válvulas assiste as descargas dos banheiros? As torneiras têm timer ou jorram água indefinidamente? Há vazamentos a serem controlados? Uma cisterna recolhe águas pluviais para rega, uso na limpeza e nos banheiros?

Quando a paróquia troca o carro de serviço do seu/sua ministro/a, a questão ambiental é considerada ou o peso maior está direcionado unicamente para o custo? O veículo a ser comprado é a melhor opção do ponto de vista ambiental? A exigência do/a ministro/a em relação a tamanho/potência/acessórios/etc. condiz com uma igreja que propõe “Paz na Criação de Deus”?

A questão ambiental é conscientemente planejada num acampamento de jovens, num dia da igreja, numa assembléia sinodal ou em outro encontro qualquer? Ela é levada em conta na avaliação pós-evento? Ela é um item considerado primordial no planejamento estratégico da igreja? Até mesmo no nosso culto, há alguma preocupação concreta com a questão verde, ou nos limitamos a incluí-la nas orações de intercessão?

Quando a comunidade constrói um novo templo, local de reuniões, casa de retiros, a obra tem preocupação com o impacto ambiental? São tomados cuidados para que o ambiente contemple corretamente ventilação/refrigeração/calefação com o uso mínimo de aparelhos que minimizem deficiências nestes aspectos, como ar-condicionado ou aquecimento central? Uma casa de retiros precisa de aquecimento central de água, em que durante um banho se jogam centenas de litros de água pelo ralo antes que se possa alcançar a temperatura desejada para um banho confortável?

Enfim, esta listinha de perguntas inquietantes poderia estender-se por muitos outros parágrafos e áreas em que nos movemos como igreja, nas nossas atividades semanais. A questão primordial, entretanto, é a do exemplo. Quem cobra, deve ao menos estar disposto a incluir o objeto de sua cobrança nas ações do seu próprio dia a dia. Quem propõe um debate como este, do tema do ano, deve tornar-se ele próprio objeto de avaliação.

Para não ficarmos, mais uma vez, somente numa “prédica”, ou seja, num discurso sem consequências práticas, chamo a atenção para um fantástico projeto que está dando certo na Alemanha. Trata-se de um selo verde eclesiástico, chamado “Der Grüne Hahn” (O Galo Verde). A símbolo (acima) faz referência aos galos no alto das torres das nossas igrejas. Ele está lá como um vigia, um atalaia. O Galo Verde é um atalaia ambiental sobre a torre da igreja.

Trata-se de um programa ambiental em que qualquer paróquia ou instituição eclesial da Alemanha pode inscrever-se. Ela elabora um programa ambiental para ser usado em suas dependências e atividades, coloca-o em prática e se submete a avaliação de observadores do “Der Grüne Hahn”. Há uma vistoria periódica, tipo ISO 9000, que determina se a instituição pode receber o selo do Galo Verde e se está apta a manter o referido selo de período em período. O programa está construído sobre o tripé Credibilidade – Sustentabilidade – Responsabilidade.

O ideal do projeto é desafiar a Igreja a uma administração responsável com o futuro, no sentido de que a igreja que defende a Criação também executa suas ações de modo responsável ambientalmente, no sentido de manter o planeta habitável para as futuras gerações. Mais detalhes sobre o Galo Verde podem ser obtidos no site do selo: http://www.gruener-hahn.net/.

Coisas boas devem ser transplantadas e imagino que, a exemplo dos selos ISO, também possamos implantar o selo do Galo Verde entre nós, de modo amplo e macro-ecumênico. Estou disposto a organizar um grupo para refletir estratégias e fazer contatos com a entidade alemã, no sentido de viabilizar sua implantação por aqui. O desafio está lançado.

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Quem são os piratas?



Este documentário é longo. Mas recomendo que você tire os 23 minutos necessários para vê-lo. Agradeço ao Norival por me enviar o link e me mostrar a trilha que leva a ele. É chocante. Profundamente realista e de uma impressionante clareza de argumentação. Lança um olhar contundente sobre a impressionante história dos piratas da Somália, que volta e meia reaparecem nos noticiários internacionais como bandidos desalmados, que sequestram navios em troca de um resgate. Veja você mesmo esta história, neste documentário do produtor e diretor espanhol Juan Falque.

O que é um pirata? Nos filmes que estamos tão acostumados a ver, o pirata é um bandido que se dedica ao roubo e ao saque marítimo. Apropria-se daquilo que não lhe pertence e o faz fortemente armado e à margem da lei. Esta definição continua mais verdadeira do que nunca, neste documentário. Mas continue apenas acreditando nos filmes com Jonny Deep, porque na vida real os piratas não são os piratas que nos apresentam como sendo.

O longo caminho pela liberdade

AMNESTY INTERNATIONAL - 50 years from Carlos Lascano on Vimeo.


A Anistia Internacional comemora 50 anos de lutas pela paz e pelos direitos humanos. Para comemorar a data, o estúdio Eallin Motion Art em parceria com o Dreamlife Studio produziu este anúncio, dirigido por Carlos Lascano. A música é do premiado Hans Zimmer e Nominee Lorne Balfe. A comemoração da AI é justa, mas alerta que a luta continua: “Ao longo dos últimos 50 anos temos defendido a liberdade, mas ainda temos um longo caminho a percorrer”. Que o belíssimo vídeo ajude você a se juntar aos apoiadores da Anistia Internacional.

“Passados 50 anos desde que a vela da Anistia começou a iluminar as trevas da repressão, a revolução dos direitos humanos vive agora um momento histórico de mudança”, disse Salil Shetty, secretário-geral da Anistia Internacional.

“As pessoas cansaram de viver com medo. Uma gente corajosa, estimulada por lideranças jovens, resolveu se erguer em defesa de seus direitos, enfrentando balas, tanques, gás lacrimogêneo e espancamentos. Essa bravura – combinada com as novas tecnologias que estão ajudando os ativistas a denunciarem e suplantarem a repressão governamental da livre expressão e das manifestações pacíficas – é um sinal para os governos repressores de que seus dias estão contados”, disse Shetty.

“Mas as forças da repressão estão reagindo com fúria. A comunidade internacional não pode desperdiçar essa oportunidade inédita de mudança e deve garantir que este despertar dos direitos humanos que vimos em 2011 não se torne uma ilusão”, concluiu

Uma batalha crucial está sendo travada pelo controle do acesso à informação, dos meios de comunicação e das tecnologias de rede, enquanto as mídias sociais impulsionam um novo tipo de ativismo que os governos estão fazendo de tudo para controlar.

terça-feira, 28 de junho de 2011

Um cacique incomparável


Para quem aprecia lendas, deve visitar este endereço: http://www.indianmotorcycle.com/. Aqui você descobre que algumas delas são bem reais. Diante de uma Indian Chief tinindo de nova, toda um luxo só, não tem como o coração não acelerar. Desculpe, mas é uma fraqueza extrema, confesso. Veja você mesmo, no site do fabricante. Deslumbrante! Enquanto você espera o site entrar, admire esta senhora das estradas aí encima, que renasceu das cinzas espetacular, depois de ter nascido em 1948. O negócio não é ser PHD. O negócio é ser o cacique logo, de uma vez, hehehe. Para que você saiba que não estou fazendo lorota, um aperitivo aí, embaixo. Quando será que vamos ter essas maravilhas por aqui?

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Ela precisava disso?


Lady Gaga está sendo processada em 3 milhões de libras (aproximadamente R$ 7,6 milhões) por embolsar fundos arrecadados para os sobreviventes do terremoto no Japão. A informação foi publicada pelo The Sun. De acordo com o site, um escritório de advocacia em Detroit (EUA) entrou com uma ação contra Stefani Germanotta, verdadeiro nome da cantora, porque ela não estaria repassando a quantia arrecadada com a venda das pulseiras “Nós oramos pelo Japão”. Segundo os advogado, Gaga inflou os custos da pulseira e pegou o dinheiro extra, além de se recusar a dizer quanto das 5.96 libras (cerca de R$ 15) cobradas pelo acessório realmente estão indo para as vítimas. “Quando você usa sua fama e o seu poder como cantora para pegar dinheiro das pessoas sob falsos pretextos, é errado”, disse o advogado Alyson Oliver, que entrou com o pedido na corte federal americana.

Os leões que a Palestina enfrenta



A Palestina tem dois leões para enfrentar. O primeiro, todo mundo sabe, é Israel. O segundo são os EUA.

Ainda na semana passada, eu tive oportunidade de palestrar para um grupo de homens em Balneário Camboriú, da Legião Evangélica Luterana da comunidade local, sobre o confronto entre Israel e Palestina. Falamos sobre as origens históricas do conflito, a criação do Estado de Israel, que é um equívoco teológico confundir o Israel bíblico com o moderno Estado de Israel, essas coisas. Vimos que o próprio povo de Israel fica vexado com a agressividade bélica contra a Palestina, praticada pelo governo e exército israelense.

Falamos sobre toda a dramática situação na fronteira da Faixa de Gaza, onde não há somente agressões mútuas diárias, mas onde o povo palestino é humilhado todos os dias nos postos de controle. A cada dia, antes de ir ao trabalho, uma dose maciça de humilhações de toda ordem, praticadas por moleques de 17 ou 18 anos, milicos de Israel, que se acham a última bolacha do pacote com um fuzil na mão.

Vimos a própria realidade dentro de Gaza, uma faixa de terra de 40 quilômetros de litoral e 14 de largura em que se amontoam 1,5 milhão de palestinos, num gigantesco “campo de concentração”, como bem descreveu um dos legionários durante a palestra. Neste, que é o local de maior densidade demográfica do planeta, quem mais sofre (como sempre!) são, pela ordem, as crianças, as mulheres e os idosos (estes por último porque, nessas condições, poucos chegam a ficar velhos).

Também falamos da realidade na Cisjordânia, onde os assentamentos israelenses desrespeitam qualquer linha divisória e sistematicamente invadem o território destinado aos palestinos. Quando o assentamento está pronto, tem água até para piscina (coisa escassa no outro lado), é cercado e tem acesso com autopistas, também cercadas, com travessias somente por postos de controle. Do lado de dentro, fartura e abundância. Do lado de fora, miséria e carestia.

Ainda falamos do muro de concreto na divisa, uma repetição absurda do velho muro de Berlim, só que agora com oito (!) metros de altura. Não há compreensão capaz de absorver tamanha insensibilidade para um povo que viveu o Gueto de Varsóvia, os campos de concentração e a terrível experiência do holocausto. Mas volto a afirmar que não é todo o povo de Israel, mas o seu governo. Nada mais vou dizer sobre isso. Veja você mesmo, no filma Lemon Tree.

Bem, a solução está longe das vistas da nossa e das futuras gerações. Israel não vai desistir enquanto não tiver eliminado os palestinos da face da terra. Depois, talvez, dirija as suas baterias de ódio contra outros países árabes, pois a Jordânia, a Síria e diversos outros ousaram ir contra Israel e defender a Palestina.

Agora, voltemos aos dois leões. O leão de Judá nunca será domado. Mas o outro faz jogo sujo, mesmo. Os EUA defendem Israel como se estivessem com os olhos vendados, cegos, teologicamente fundamentalistas e eternamente apocalípticos. Os americanos não estão nisso apenas como governo dos EUA. Estão nisso como povo. Acreditam que ninguém pode ir contra o “povo de Deus”, pois a sua vitória no oriente médio é conditio sine qua non para que o juízo final aconteça. As igrejas nos EUA são a favor de Israel e contra a Palestina. Um é o povo de Deus. O outro é um povo terrorista, que deve ser eliminado, como um cão sarnento.

É essa fé fundamentalista que elege o congresso americano que, por sua vez, amordaça quem está no governo ou desamarra a mão. Obama é refém deste congresso, comandado por fundamentalistas. E qualquer um será. Jimmy Carter conseguiu alguns avanços porque havia uma conjuntura muito favorável no Oriente Médio em seu tempo. Um enorme vacilo dos fundamentalistas deu a ele a chance de fazer algo por uma paz, que não veio porque eles acordaram logo. Depois dele, só jogaram lenha naquela fogueira.

Agora, o Leão americano resolveu chantagear. O primeiro-ministro de Israel, Benjanim Netanyahu, exigiu ação dos EUA contra a proposta do chefe da Autoridade Palestina, Mahamoud Abbas, de colocar em votação na ONU o reconhecimento do Estado Palestino, e a resposta não demorou. Segundo a edição domingo do jornal ingês The Telegraph, os americanos ameaçam a ONU com o corte dos fundos norteamericanos para manutenção da organização, como forma de pressão contra o reconhecimento da Palestina.

Se a estratégia de Netanyahu obtiver êxito, a coisa pode ficar feia para a ONU. Por outro lado, que diferença faz? A ONU é o boneco ventríloquo dos EUA faz um bocado de tempo. Se desaparecer, pode abrir espaço para uma nova era na humanidade. Talvez sem a interferência pelega da ONU possa ser encontrada uma solução pacífica para o Oriente Médio.

domingo, 26 de junho de 2011

O Brasil pleno em Parintins


Acontece neste final de semana em Parintins, no coração da Floresta Amazônica, o maior espetáculo de brasilidade de que se tem notícia. A diversidade cultural que resulta da miscigenação que dá origem ao povo brasileiro está toda presente em quatro dias de um espetáculo único e absolutamente fantástico. Já dizia Darcy Ribeiro que a Amazônia é o verdadeiro berço do homem brasileiro, posto que é lá que negros, índios e europeus fundiram seus genes e suas culturas de modo pleno, dando origem ao verdadeiro coração caboclo que nos caracteriza. Em Parintins, dois grupos concorrentes, o Caprichoso e o Garantido, o primeiro azul e o segundo vermelho, exibem-se de forma deslumbrante, num espetáculo que leva para o Amazonas experts do Carnaval Carioca em busca de grandes ideias para levar ao sambódromo. Vale a pena ver isso mais de perto e está nos nossos planos fazer uma viagem a Parintins uma hora dessas para ver isso ao vivo e a cores (muitas cores!). Por enquanto, quem divulga este show de brasilidade é a TV Bandeirantes. Não perca ainda hoje a oportunidade de ver um pouco desta maravilha, a partir das 21 horas, na Band. Você vai entender o que estou tentando dizer, quando afirmo que Parintins é o poço inesgotável de onde vem as grandes ideias do carnaval carioca. Veja lá!

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Blogosfera mete medo no PIG*


Os ataques ao II Encontro Nacional de Blogueiros Progressistas, ocorrido no último final de semana (17 a 19 de junho) e que teve Lula e Dirceu, só mostram que a blogosfera vai sendo levada cada vez mais a sério pela imprensa corporativa e conservadora. Folha, Veja, Estadão e Globo, como sempre, na linha de frente do ataque a pedradas. Do que é que eles têm tanto medo? Chavões e pauladas gratuítas, tentativa óbvia de minimizar a importância e de denegrir a imagem... Como diria o velho: "Aí tem!".

O que os blogueiros querem? Que o novo marco regulatório da comunicação finalmente seja discutido com seriedade e entre em vigor. O que as grandes corporações de comunicação não querem? Perder a mamata das concessões públicas eternas, que beneficiam a imprensa mafiosa das famíglias desde os anos 1960.

Mas se eles se importam tanto assim com 400 blogueiros reunidos, é porque a blogosfera está definitivamente com a bola toda. E isso apavora os grandes campeões de perdedores de assinantes. Por isso, desde já me incluo na lista dessa gente corajosa. Que venha logo o terceiro e o quarto encontros e, mais ainda, como diz Paulo Henrique Amorim, “que venha a ley de medios”! Ah, também é ele que não perde uma oportunidade de chamar pelo nome os agora assustados donos da comunicação no Brasil: * Partido da Imprensa Golpista. Por que será que esta sigla lembra um animal que fuça e chafurda na lama?

O Cristo brega da discórdia



O presidente do Peru, Alan García, inaugurou, no último final de semana e a 40 dias de encerrar o seu mandato, estátua do Cristo redentor em morro da capital, Lima. A estátua é semelhante ao Cristo do Corcovado, tem 37 metros de altura e foi doada pela construtora brasileira Odebrecht.

Trabalhada em acrílico, o Cristo do Pacífico ergue-se sobre uma base de concreto no pico Solar, assim que o messias parece olhar para a baía de Lima. O fato a estátua ser quase uma réplica do Cristo do Corcovado gerou uma grande polêmica estética e urbanística.

Pelas redes sociais, a população foi convidada a protestar contra a construção da estátua no movimento que ficou conhecido como Quaresma contra Alan, aludindo aos 40 dias para o término do mandato, em 28 de julho. Para a inauguração, o governo tratou de armar um forte esquema de proteção do presidente da República, pois temia atentado.

A prefeita de Lima, Susana Villarán, disse que o governo deixa para a capital “esse absurdo” e lamentou não ter sido consultada a respeito. Garcia frisou que o local onde está o Cristo do Pacífico será um ponto de peregrinação para peruanos e estrangeiros. Autoridades do Ministério da Cultura argumentaram que a estátua é uma homenagem aos que tombaram na Guerra do Pacífico, entre o Peru e o Chile.

O diretor do Museu da Memória, Pedro Pablo Alayza, disse que o Cristo do Pacífico perturbará a paisagem da capital. Ele lamentou que a estátua tenha sido erguida em área arqueológica pré-incaica. (ALC)


A estátua virou motivo de protestos e de chacota em Lima.

Teclando em gente


The Human Piano é um site desenvolvido pela Anistia Internacional na Turquia. Trata-se de um piano cujas teclas são dedos humanos e, como se fosse de verdade, você pode tocar música no próprio site. Até dá para compor e gravar essa música no site. Para cada tecla que você pressiona no piano humano, você fica sabendo de uma história real que está acontecendo, em algum lugar, de alguém sendo discriminado, vítima de violência ou preconceito. As músicas compostas também podem ser compartilhadas no Twitter ou Facebook. A criação é da Agência Grey Istanbul. Ah, o endereço é http://www.humanpiano.org/.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Meio século de Ver-Julgar-Agir


A encíclica Mater et Magistra, escrita pelo papa João XXIII, foi proposta durante uma audiência do arcebispo Joseph Cardijn (na foto com os jovens da JOC, que ele tanto amava) com o pontífice em março de 1960. Ele preparou um dossiê de 20 páginas com ideias e sugestões para a encíclica. Um ano depois, no dia 15 de maio de 1961, o Papa publicou a encíclica, que adotou especificamente o famoso método ver-julgar-agir que ele havia promovido durante toda a vida. Isso foi há 50 anos. Sempre fui adepto desse método como uma forma eficiente de trabalho e também como uma maneira de análise da realidade e de combate ao preconceito.

“Para levar a realizações concretas os princípios e as diretrizes sociais, passa-se ordinariamente por três fases”, escreveu o Papa João XXIII na encíclica. Primeiro, o “estudo da situação” concreta; segundo, a “apreciação da mesma à luz desses princípios e diretrizes”; terceiro, o “exame e determinação do que se pode e deve fazer para aplicar os princípios e as diretrizes à prática, segundo o modo e no grau que a situação permite ou reclama. São os três momentos que habitualmente se exprimem com as palavras seguintes: ver, julgar e agir”. Foi desta maneira que o famoso método foi incorporado especificamente no ensino e na prática social da igreja católica.

Na verdade, a fórmula ver-julgar-agir de Cardijn resumiu claramente o “método de educação democrática” nos “círculos de estudo” que o Sillon havia sido pioneiro na França na virada do século 20. “Cada cidadão deve conhecer o estado da nação. Quando a situação está mal, deve buscar soluções. E, finalmente, tendo encontrado as soluções, deve agir”, escreveu Marc Sangnier, descrevendo o método de pesquisa usado pelo Sillon em 1899. Mas foi Cardijn que aperfeiçoou o método e fez dele a pedra de fundação do movimento da Juventude Operária Cristã – JOC, a partir do qual ele seria adotado depois por outros tantos grupos e movimentos de apostolado de leigos.

O método VJA foi a pedra de toque das comunidades eclesiais de base no Brasil. Hoje alguns torcem o nariz para essa metodologia, que foi sobrepujada por instrumentos mais elaborados de atuação social. Ainda assim o tenho usado muito até mesmo como modus vivendi, forma de abordagem de assuntos e situações.

sábado, 18 de junho de 2011

Cidadania é coisa animal!



Esse simpático cachorro participa há mais de dois anos das manifestaçãos da população grega contra o arrocho imposto para salvar os bancos. O governo e os banqueiros estão empurrando as contas da quebradeira grega para a população, cortando benefícios, programas sociais e salários. Tem muitos gregos que não estão engolindo isso e promovem uma luta canina de cidadania exposta, tudo para evitar mais este confisco. Mas o pessoal do calote não contava com a coragem de Loukanicos, esse cachorro que manja mais de cidadania do que muitos humanos!

sexta-feira, 17 de junho de 2011

As mulheres querem dirigir


Novamente é preciso falar de dois pesos e duas medidas. As mulheres da Arábia Saudita estão sofrendo restrições em seus direitos civis e o mundo se cala. Se fosse no Irã ou no Afeganistão, o mundo iria tremer. Mas a Arábia Saudita, aparentemente, está livre das farpas de boa parte do Ocidente, que depende do seu petróleo para tocar suas economias.

Vamos aos fatos. Além de estarem proibidas de viajar ou de sair do seu país sem a companhia do marido ou de outro homem da família, agora elas podem sofrer sanções e até prisão se forem apanhadas dirigindo seus carros. Hoje era dia de protesto das mulheres e muitas delas desafiaram essa lei absurda e saíram às ruas com seus automóveis.

O protesto deveria ser bem maior e envolver muito mais mulheres dirigindo. Entretanto, a organizadora dos protestos, Manal Sherif, de 21 anos, foi presa em março por conta de seu ativismo. Foi solta depois de pagar fiança, mas não antes de prometer que não iria organizar os protestos do dia de hoje, que foi marcada por uma campanha com o título: “Vou dirigir meu carro”. Mas ele aconteceu, e as mulheres que ousaram dirigir – algumas acompanhadas de seus maridos – não foram molestadas pela polícia. Mas, com certeza, quando a imprensa tirar o olho de lá elas vão receber o que, na opinião dos radicais islâmicos, elas merecem.

Mas, pensando bem, que diferença há entre o bulliyng legal da Arábia (não no sentido de bacana, mas de previsto em lei!) e o bulliyng social praticado aqui no Brasil por conta da crença de que a mulher dirige pior que o homem? As estatísticas dizem justamente o contrário. Até as seguradoras já descobriram isso. Só os nossos eternos machistas ainda acreditam que quem provoca acidentes é a mulher.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Wagner Moura apoia o MST



Eis um discurso bonito, de um cara que entendeu as origens do conflito de terras no Brasil. É mais fácil criminalizar os movimentos sociais, vender a imagem de que são perigosos, agitadores e bandidos. É óbvio que há excessos. Mas constatar que existem não justifica a condenação do movimento ou da justeza de suas reivindicações.

Porque é mais do que óbvio: os donos das terras no Brasil não têm somente as terras em suas mãos. Eles detêm o poder, porque lotearam o Congresso. Eles detêm a mídia porque podem comprá-la – e a mídia está à venda. Eles detêm os meios de produção porque lotam os portos com os seus produtos, controlam as sementes e os preços, determinam os rumos da agricultura no governo e nas cooperativas. E eles detêm a economia, porque os bancos precisam deles. Por conseguinte, também são os donos da justiça: fazem as leis, corrompem os juízes, pagam a polícia e, se não conseguem por meio da lei, resolvem os problemas a bala mesmo.

E querem dizer que o MST é bandido? É só abrir um pouco os olhos, que dá para ver.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

O Coringa existe e está entre nós


Tudo anulado. Como se eles fossem ícones do empreendedorismo, e não os bandidos que são. O bandido agora é o investigador policial, que obteve provas indevidamente. Sempre foi assim e vai continuar sendo assim. Dinheiro é poder e vice-versa.

Então, somos reféns o tempo todo, numa sociedade mentirosa, hipócrita, onde se mede a qualidade do sujeito não pelo seu caráter, mas pelo tamanho da cara de pau que tem para mentir, dissimular, construir uma identidade de aparências e, especialmente, de criar uma extensa rede de influências que estende sua teia até mesmo para dentro da mais alta corte de justiça da nação.

Digo tudo isso porque ontem o Superior Tribunal de Justiça (STJ) anulou as provas da operação Satigraha, da Polícia Federal. A Quinta Turma do STJ decidiu, por 3 votos a 2, anular as provas obtidas na Operação Satiagraha porque considerou ilegal a participação de membros da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), ou seja, o grampo utilizado para gravar o descaramento dos bandidos era ilegal. Eles estão rindo da nossa cara, fazendo pouco, brincando, alegres e felizes como crianças inocentes.

A decisão permitiu que os criminosos do colarinho branco fossem inocentados, incluída a retirada da condenação do banqueiro Daniel Dantas por lavagem de dinheiro. Em abril, a mesma corte anulou a Operação Castelo de Areia, sob o argumento de que as escutas telefônicas foram autorizadas com base em denúncias anônimas.

Enquanto isso, a sociedade, que espera por justiça, fica com cara de taxo. Eles fazem, saem impunes e ainda por cima dão gargalhadas. O Coringa não é uma figura de gibi. Ele existe, em carne e osso. Mas quem tem a cara pintada somos nós.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

O CMI e os anos de chumbo

No ano passado, ao lembrar os 40 anos do Manifesto de Curitiba, o jornal O Caminho publicou uma entrevista com o Dr. Lindolfo Weingärtner, na época reitor da Faculdade de Teologia, que coordenou a produção do texto desse valioso documento. Não consegui fazer link direto do site do jornal, por isso, reproduzo a reportagem no meu blog de textos: http://reflexoesdopastorclovis.blogspot.com/.

O CMI e os anos de chumbo











A revista IstoÉ desta semana (Edição 2170) traz esta extensa reportagem (páginas 76 a 81) sobre documentos inéditos acerca do envolvimento das igrejas evangélicas brasileiras durante o período dos Anos de Chumbo. Havia desde torturados até torturadores. Vale a pena. A enorme pilha de documentos estava em Genebra, na sede do Conselho Mundial de Igrejas, e foi devolvida ao Brasil esta semana. Fazem parte do lote de documentos juntados para o livro Brasil Nunca Mais principalmente cartas entre o pastor presbiteriano Jaime Wright e Dom Paulo Evartisto Arns, num total de dez mil páginas.


Um acréscimo importante a reportagem merece ma linha do tempo da página 79, em relação ao ano de 1970 e da Assembléia da Federação Luterana Mundial, que deveria acontecer no Brasil e foi transferida para Evian por medo do regime. O documento emitido pela IECLB na época foi o "Manifesto de Curitiba", um dos mais importantes documentos já emitidos pela IECLB como reação ao que vinha ocorrendo no Brasil, e que pode ser lido na íntegra no portal www.luteranos.com.br. A carta foi entregue pessoalmente a Médici pelo pastor presidente Karl Gottschald, o pastor Kunnert e o pastor de Brasília, Ernesto Schlieper. Na audiência, não se deixou de dizer da preocupação da IECLB com os rumos do regime e a preocupação com os direitos humanos.

sexta-feira, 10 de junho de 2011

As igrejas querem ajudar

Ontem à noite eu tive uma experiência muito boa. Por solicitação do pastor sinodal Breno Willrich (IECLB Vale do Itajaí), participei de uma mesa redonda organizada pela Fundação Municipal do Meio Ambiente de Blumenau para marcar a Semana do Meio Ambiente. O tema da noite foi "O papel das Igrejas frente às questões ambientais".

O encontro, no auditório do Colégio Bom Jesus, reuniu o Frei José Luiz Prim, como representante da Igreja Católica, o pastor Linderson Wagner Medeiros Teixeira, representante da Igreja Assembleia de Deus, e eu, como representante da IECLB. Na plateia, um grupo de professores e estudantes do curso de engenharia ambiental do Senai e diversos ambientalistas blumenauenses, o querido e veterano Lauro Bacca entre eles, além de muitos lutadores da causa ambiental, ligados à FAEMA e à ACAPRENA. A moderação da noite esteve com o professor Nélcio Lindner.

Cada um de nós teve vinte minutos para expor seus argumentos e, depois, uma bela troca de saberes entre a plateia e os integrantes da mesa redonda. Foi um momento rico, de muita aproximação, de respeito mútuo e de descoberta que, para essa luta hercúlea, precisamos somar todos. Nós, representantes das igrejas, deixamos com os ambientalistas o compromisso de que estamos juntos na luta comum. Os ambientalistas se dispuseram a nos assessorar, nas igrejas, nos trabalhos de grupos e atividades voltadas para a preservação ambiental.

Parabéns à FAEMA por esta iniciativa de nos convidar para este espetacular diálogo. De minha parte, espero que possa produzir frutos e que, juntos, possamos colocar sinais concretos de que um outro mundo é possível e, a partir da nossa esperança, é o que realmente queremos.

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Animais também sentem


Vivissecção é um palavrão. Esconde a barbárie atrás da sua erudição. Ela é a referência a uma prática que acontece todos os dias, agora mesmo, entre as assépticas quatro paredes dos laboratórios de pesquisas, em indústrias e universidades de todo o mundo. Em sentido amplo, refere-se ao uso de seres vivos para pesquisas e experimentos em laboratório ou para estudar anatomia e fisiologia. Para os animais, que são submetidos a verdadeiras sessões de tortura em nome da ciência, a vivissecção representa sofrimento e dor.

Experiências de toda ordem empregam mamíferos, de pequenos roedores a símios do tamanho de humanos, para testar medicamentos, produtos de beleza e reações aos mais diversos produtos. Eles sofrem amputações de membros sadios para testar próteses, recebem injeções de produtos tóxicos ou têm substâncias aplicadas sobre a pele para testar os seus efeitos, ou ainda, recebem implantes com aparelhos em seus órgãos internos para serem monitorados e diversas outras formas de atos invasivos que atingem diretamente seus organismos.

Tudo com a justificativa de pesquisar em nome da ciência e para o bem da espécie humana. Como se esta justificativa desse à nossa espécie a primazia sobre as demais para qualquer coisa. Na era do avanço das pesquisas de Bioética, isso é inadmissível. A Bioética não se resume ao questionamento de pesquisas sobre sementes transgênicas. Especialmente aqui o humano deveria falar mais alto do que a justificativa da pesquisa.

A vivissecção é uma prática tão corriqueiramente aceita, que nem mesmo há estatísticas oficiais de quantos animais são sacrificados em nome da pesquisa. Um livro com o apropriado nome de Holocausto (Heller e Manzoli) afirma que são mortos assustadores 400 milhões de animais por ano nesse tipo de prática.

Mas o pior lado disso tudo é que a justificativa humanitária, de usar os bichinhos na pesquisa que salva vidas humanas, apenas disfarça o que realmente está por trás de todas as pesquisas: o lucro. No fundo, mesmo, o que quer a indústria farmacêutica, os laboratórios e até as universidades é ganhar dinheiro com as pesquisas (ou com a formação de profissionais, na era da indústria dos diplomas).

Há outras práticas possíveis, que esvaziam o discurso de que o sacrifício de animais é necessário para o bem da ciência. Segundo o biólogo brasileiro Sérgio Greif, é possível trabalhar com simuladores mecânicos ou computadorizados, usar a realidade virtual, e até animais mortos por causas naturais. Também há diversas instituições internacionais com uma coleção de argumentos contrários à prática, e sem apelo a uma defesa piegas dos animais. Universidades consagradas, como Harvard, Columbia e outras, não usam mais animais em suas pesquisas ou aulas de anatomia dos cursos de medicina. Além do mais, há diversos estudos que comprovam que mais de 51 por cento das drogas lançadas entre 1976 e 1985 apresentaram riscos aos seres humanos que não apareceram na fase das pesquisas com cobaias.

A prática da vivissecção, que pode ser qualificada sem medo de erro como uma barbárie, ainda se baseia em conclusões apressadas do passado, como, por exemplo, a idéia de que os animais não têm sentimentos ou não elaboram reações típicas da espécie humana, como o medo e o stress. Hoje se sabe com toda a certeza, que bois na fila do abate, ao sentirem o cheiro do sangue dos seus pares que morrem na sala ao lado, sentem-se tão estressados e destroçados pelo pavor quanto um ser humano às vésperas da sua execução numa cadeira elétrica.

Como eu já vi, pessoalmente, um pequeno pássaro tentando desesperadamente reanimar sua companheira morta por um carro, no meio da rua, sobrevoando-a e puxando-a para cima na tentativa de vê-la voltar a voar, eu acredito no sentimento dos animais. Por menores que sejam; até ratos de laboratório o possuem.

terça-feira, 7 de junho de 2011

Três décadas de flagelo da AIDS


O flagelo da AIDS completa 30 anos. O primeiro texto sobre a misteriosa doença foi publicado no dia 5 de junho de 1981, pelo médico Michael Gottlieb, do Centro Médico da Universidade da Califórnia, em Los Angeles (UCLA). Em duas páginas ele falava da doença de cinco homossexuais que estavam com uma infecção rara nos pulmões. Eles foram tratados em três hospitais de Los Angeles sem sucesso, e dois deles já haviam morrido quando Gottlieb publicou o artigo.

Assim começou a história da contaminação do vírus HIV, causador da AIDS, uma doença que inicialmente colocou os homossexuais em pânico e que, em pouco tempo, mostrou que pode ir muito além dessa barreira sexual, atingindo inclusive donas de casa e idosos.

Desde então, em torno de 30 milhões de pessoas morreram de AIDS no mundo e mais de 60 milhões foram infectados. Três décadas depois do artigo de Gottlieb, a medicina ainda não tem perspectiva para uma futura vacina contra o mal, embora as pessoas portadoras de HIV hoje possam levar uma vida normal por conta de um coquetel de medicamentos que controla os devastadores sintomas provocados pelo vírus. Segundo os cientistas, sete mil novas contaminações acontecem todos os dias.

O primeiro caso no Brasil aconteceu ainda no ano de 1980, embora na época ninguém sabia que tipo de causador estava por trás da doença, causa identificada somente dois anos depois. Somente no ano de 1982 os médicos conseguiram dizer com certeza que a doença era transmitida pelo sangue, através do ato sexual, do uso de drogas injetáveis e de contato direto com o sangue e seus derivados.

Nomes de fama mundial, como o ator Rock Hudson, o cantor Freddie Mercury (Queen) e o bailarino russo Rudolph Nureyev foram vítimas do vírus implacável. A história do superatleta do basquete americano Magic Johnson comoveu o mundo. O Brasil também perdeu diversos artistas famosos. A vítima mais conhecida foi Cazuza, que morreu no 7 de julho de 1990. Outros nomes são Sandra Bréa, Lauro Corona, Cláudia Magno, Renato Russo, o cartunista Henfil e seu irmão sociólogo Betinho (hemofílicos contaminados por transfusão), e muitos outros.

Embora já tenham sido descobertos medicamentos poderosos para dar vida normal aos portadores, camisinhas químicas que evitam a transmissão (de uso vaginal) e diversos outros avanços na área da prevenção, as principais vítimas da AIDS estão nos países pobres, especialmente na África. Nesses países, a maioria dos pacientes ainda não tem acesso ao tratamento e aos caros remédios. O Brasil contribuiu muito para a melhoria desse quadro com duas decisões importantes: a quebra das patentes dos remédios do coquetel de combate à AIDS e a iniciativa concreta de ajuda em pesquisa e produção desses medicamentos na África.

O apoio oficial do governo brasileiro ao combate à AIDS na África, que aconteceu debaixo de uma chuva de críticas, deu-se de modo especial nos últimos anos. O empenho pessoal do ex-presidente Lula permitiu ajuda a Moçambique, por exemplo, para a construção de uma fábrica de medicamentos genéricos em Maputo. A fábrica foi inaugurada no ano passado e é uma das mais importantes contribuições no combate à epidemia que mais atrapalha o desenvolvimento da África na atualidade, a AIDS. Ao lado das guerras civis e dos genocídios típicos de uma configuração política forçada durante o regime colonial, a AIDS é a maior responsável pelas mortes naquele continente.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Ultimato corta Gondim

Foram mais de duas décadas de artigos lúcidos, que faziam refletir e não somente o eterno lambuzar-se no próprio mel, típico do comportamento de abelha de muitos cristãos evangélicos. Uma opinião, somente uma, foi capaz de desagradar os editores. E o pastor Ricardo Gondim teve a sua coluna encerrada na revista Ultimato. A notícia chegou até mim por meio do blog do jornalista Antônio Carlos Ribeiro (http://transcenderapalavra.blogspot.com/). Provavelmente, a decisão já vinha cozinhando em banho-maria há mais tempo, porque o pastor Gondim não tem medo de expor suas opiniões, sempre com lucidez e determinação, sem papas na língua.

Mas desta vez, ele defendeu a PLL 122, que quer criminalizar a homofobia. Isso foi demais para Elben Cesar, dono da Ultimato. Em nome da sua revista, ele comete duas agressões aos direitos humanos. Uma, óbvia, contra os homossexuais; a outra, contra o direito de livre expressão. Voltaire não tem nada a lhe dizer sobre respeitar o direito do outro de expor a sua opinião. "Não na minha revista", deve ter pensado Elben. Nem mesmo a surrada frase dos expedientes salvou a coluna: "A opinião de artigos assinados é de exclusiva responsabilidade dos seus autores e não representa necessariamente a opinião da revista"..

Mas a atitude de Elben condiz com o nome da sua revista: Ultimato. Não tem conversa. Imagino que, para manter o projeto familiar no nível atual de sucesso, ele tenha o firme propósito de jamais se indispor com os leitores da sua revista. Então vale ficar sem Ricardo Gondim. Afinal, tem muita gente boa querendo se lambuzar no mesmo mel de sempre... coisa que os seus leitores adoram.

A PLL 122 ainda vai fazer rolar muitas cabeças no meio cristão. O assunto polêmico é proibido. Não tem discussão. Vale o fundamentalismo bíblico e, para boa parte dos cristãos, isso encerra a discussão. Quem for contra, que se adapte ou caia fora. Por conta de sua pretensa liberdade de opinião, doravante será tratado como um leproso. É uma moderna forma de ressuscitar a Inquisição.

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Kässmann sai do esconderijo

Margot Kässmann, a musa da Igreja Evangélica da Alemanha, volta a brilhar diante dos holofotes. Durante o espetacular Kirchentag (Dia da Igreja), que começou nesta quarta-feira dia 1 de junho, a sua palestra lotou o estádio e juntou uma multidão do lado de fora. E o seu discurso pacifista e a favor dos direitos humanos também provocou reações do tamanho do brilho da sua estrela.


Em artigo agressivo e espinhoso (http://www.spiegel.de/kultur/gesellschaft/0,1518,766381,00.html), a revista Spiegel desancou Kässmann por conta das suas afirmações sobre o envolvimento bélico do exército alemão no Afeganistão, dizendo que a sua poêmica da guerra é falsa e banal. "Não há guerra justa; somente há uma paz justa", desafiou a teóloga e pastora. Entre outras afirmações, disse que em vez de combater os talibãs, os cristãos deveriam unir-se a eles em oração pela paz. O artigo da revista Spiegel foi qualificado por alguns de ranso antiprotestante.


Para o Spiegel, "não se sabe se Jesus virá, mas a pastora estará lá, em todos os casos". Na visão da revista semanal "Kässmann voltou a pregar política. Ela é o Paulo Coelho dos pastores. O Jesus dela é aquela figura kitsch de cabelos longos e olhar esquálido que auxilia mães solteiras e, no mais, se junta ao Partido Social Democrata para marchar contra a guerra e a injustiça".


Nem o próprio Kirchentag, um mega-evento da igreja na Alemanha, escapou do veneno da Spiegel, ao ser qualificado como um encontro que reúne pessoas que "constroem um mundo melhor com o seu artesanato". O evento foi qualificado pela revista como um encontro em que "a gente confecciona utopias em cursos de desenho para mulheres e em eventos de bate-palminhas para salvadores do clima e cristãos de ocasião".


Na verdade, o que incomoda muitos na Europa é o estrondoso sucesso do Kirchentag, que juntou mais de 300 mil pessoas no culto de abertura, nos gramados à beira do rio, em Dresden. A estrela Margot Kässmann também incomoda, porque a sua atitude de entregar o posto de Presidente da Igreja da Alemanha depois de ter sido flagrada dirigindo após ter ingerido duas taças de vinho, ultrapassa a compreensão. Pelo visto, prefere-se o velho jogo de esconder o jogo. E ela nunca foi disso, também não em suas pregações.

Divulgando meus textos

Já faz algum tempo que sinto vontade de divulgar alguns dos textos que andam guardados nos meus arquivos, prédicas que fiz e que gostei, artigos que foram publicados e outros materiais. Para isso, acabo de lançar um blog específico: http://reflexoesdopastorclovis.blogspot.com/. Espero que este material possa ser útil e que ajude no debate da teologia no confronto com a realidade em que vivemos, em meio à qual somos desafiados ao duro exercício do anúncio e da denúncia.

Nosso preconceito escancarado


Esta imagem tornou-se bem corriqueira na mídia: uma mulher muçulmana com o seu típico traje, usando inclusive o véu, que tem incomodado muita gente. Mas a foto é também um importante infográfico, que desmascara o nosso preconceito em relação ao mundo islâmico.

O véu da mulher é, na verdade, formado de três peças de diferentes cores, cujo significado é explicado pela legenda ao lado, colocada debaixo do título: “Generalização sobre Muçulmanos”.

No véu, a cor preta representa o total de muçulmanos no mundo, que é de um bilhão e 500 milhões de pessoas. A parte azul do véu, que é uma parte bem pequena em relação ao preto, representa os muçulmanos ligados ao movimento radical Talibã, que é de 36 milhões de pessoas. A parte vermelha do véu, que é ainda menor que a azul, representa os muçulmanos ligados ao grupo terrorista Al-Qaeda, que é de 10 milhões de pessoas.

A imagem, que retirei do blog do Marcelo Tas (http://blogdotas.terra.com.br/), foi desenvolvida pelo instituto Millward Brown, cujo slogan é “Um gráfico diz tudo”. De fato, este infográfico diz mais que tudo sobre como o ocidente está equivocado em relação ao universo muçulmano.

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Árvores na Nova Rússia


A notícia já está no Jornal de Santa Catarina de hoje: http://bit.ly/kVYStx. A Mythos Comunicação está também envolvida, como parceira da Frechal Construtora. O Ecomuseu Doutor Agobar Fagundes, na Nova Rússia-Blumenau (http://ecomuseuagobarfagundes.blogspot.com), vai receber 600 mudas de árvores nativas neste sábado, em comemoração ao Dia do Meio Ambiente. Além da Frechal, também os Gincaneiros de Blumenau estão envolvidos na ação, que irão plantar as 600 mudas como uma das provas da Gincana de Blumenau, da qual participam 17 equipes. Parabéns à Frechal, aos Gincaneiros e ao Ecomuseu pela iniciativa.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Cuba tem fé e o governo apoia

Rev. Marcial Miguel Hernández, presidente do CIC de Cuba

Eis uma notícia que vai muito além dos velhos estereótipos preconceituosos que ainda temos em nossas mentes em relação à velha divisão do mundo entre esquerda e direita, conservador e progressista, democrático e comunista, ateu e crente. No sábado 28 de maio, o Conselho de Igrejas de Cuba-CIC, na ilha de Fidel Castro, fez uma grande festa para comemorar os seus 70 anos de existência.

Já só por isso, quebra o nosso paradigma de que em Cuba a religião é perseguida. Como assim, 70 anos? Ser o mais antigo conselho ecumênico do mundo, mais velho até do que o Conselho Mundial de Igrejas, não é pouca coisa. A revolução cubana – o famigerado regime de Fidel Castro –, comunista e ditatorial, como se diz, não acabou de completar 52 anos de existência, uma vez que se instalou no ano de 1959? Então essa entidade continuou existindo ao longo de todo este tempo, sem que o Fidel metesse o bedelho? Surpreende, não?

Mas as surpresas dessa celebração não terminam por aí. A festa foi em grande estilo, na maior catedral de Havana, com ampla cobertura e divulgação na imprensa oficial e transmissão pela TV estatal, que exibiu um amplo documentário sobre a história do ecumenismo em Cuba. O diário Juventude Rebelde dedicou a capa e duas páginas internas para entrevistas com personalidades do ecumenismo (veja a matéria completa: http://www.juventudrebelde.cu/cuba/2011-05-28/dias-en-pos-de-la-unidad-y-la-nacion-fotos/). Agora imagino eu que, como dizem os gaúchos, “cai o facão da mão” de tantos críticos contumazes do famigerado regime de comedores de criancinhas, que segundo eles teria se instalado em Cuba. Então a igreja teve ampla liberdade e até apoio oficial durante todo este tempo? Pois é... Pasmem e calem-se.

Mas ainda tem mais. E o que vem é “prá acabar”! O presidente Raúl Castro Ruz participou da cerimônia dos festejos dos 70 anos do CIC na catedral de Havana! Ele foi à missa! E tem mais, além de pedir “as bênçãos de Deus para a nação, os governantes, o presidente e seus familiares”, o presidente do CIC, pastor Marcial Miguel Hernández, entregou uma placa de reconhecimento ao presidente cubano “pelo apoio dado ao desenvolvimento do ecumenismo na ilha”.

Para tirar o chão dos pés dos que combatem o difamado “comunismo” como coisa do demônio e contra a Bíblia, ainda tem a pá de cal. O pastor pentecostal que preside o SIC falou do significativo momento que vive o país “no aperfeiçoamento do seu modelo socialista”, concluindo que “essas transformações foram a vontade de Deus para esta hora”. Raúl Castro agradeceu e disse “Dou graças, porque precisamos, hoje mais do que nunca, de todas essas bênçãos”.

Em nome do governo falou a bacharel Caridad Diego Bello, chefe do Escritório de Atendimento de Assuntos Religiosos do Comitê Central do Partido Comunista de Cuba (ops!, então tem até um departamento para assuntos religiosos?). “Seguiremos contando com vocês no labor de ajuda e respeito ao próximo, no atendimento da unidade familiar, para cada homem e mulher sejam melhores cidadãos, tornando realidade o expressado por Martí: ‘Só as virtudes produzem nos povos um bem-estar constante e sério’”.

“Nosso convite é que sejamos expressão visível dessa paz, sinal do Reino, pela qual trabalhamos e digo que não deixemos de lutar, desde nossa missão de fé, contra os espíritos do individualismo, racismo, elitismo e de classe que subsistem em nossas igrejas”, disse o presidente do CIC. A festa cubana de fé e ecumenismo teve a participação também do moderador do Conselho Mundial de Igrejas, o ex-pastor presidente da IECLB Walter Altmann, e do secretário-geral do CMI, pastor Olav Tveit. (As informações sobre o evento são da Agência Latino-Americana e Caribenha de Comunicação-ALC)

DEPOIS DE WORMS, A CAÇADA A LUTERO

No último dia da Dieta de Worms, 26 de maio de 1521, já sem a presença de Lutero, foi decretado o Édito de Worms. O documento fora redigido ...