segunda-feira, 20 de junho de 2011

Meio século de Ver-Julgar-Agir


A encíclica Mater et Magistra, escrita pelo papa João XXIII, foi proposta durante uma audiência do arcebispo Joseph Cardijn (na foto com os jovens da JOC, que ele tanto amava) com o pontífice em março de 1960. Ele preparou um dossiê de 20 páginas com ideias e sugestões para a encíclica. Um ano depois, no dia 15 de maio de 1961, o Papa publicou a encíclica, que adotou especificamente o famoso método ver-julgar-agir que ele havia promovido durante toda a vida. Isso foi há 50 anos. Sempre fui adepto desse método como uma forma eficiente de trabalho e também como uma maneira de análise da realidade e de combate ao preconceito.

“Para levar a realizações concretas os princípios e as diretrizes sociais, passa-se ordinariamente por três fases”, escreveu o Papa João XXIII na encíclica. Primeiro, o “estudo da situação” concreta; segundo, a “apreciação da mesma à luz desses princípios e diretrizes”; terceiro, o “exame e determinação do que se pode e deve fazer para aplicar os princípios e as diretrizes à prática, segundo o modo e no grau que a situação permite ou reclama. São os três momentos que habitualmente se exprimem com as palavras seguintes: ver, julgar e agir”. Foi desta maneira que o famoso método foi incorporado especificamente no ensino e na prática social da igreja católica.

Na verdade, a fórmula ver-julgar-agir de Cardijn resumiu claramente o “método de educação democrática” nos “círculos de estudo” que o Sillon havia sido pioneiro na França na virada do século 20. “Cada cidadão deve conhecer o estado da nação. Quando a situação está mal, deve buscar soluções. E, finalmente, tendo encontrado as soluções, deve agir”, escreveu Marc Sangnier, descrevendo o método de pesquisa usado pelo Sillon em 1899. Mas foi Cardijn que aperfeiçoou o método e fez dele a pedra de fundação do movimento da Juventude Operária Cristã – JOC, a partir do qual ele seria adotado depois por outros tantos grupos e movimentos de apostolado de leigos.

O método VJA foi a pedra de toque das comunidades eclesiais de base no Brasil. Hoje alguns torcem o nariz para essa metodologia, que foi sobrepujada por instrumentos mais elaborados de atuação social. Ainda assim o tenho usado muito até mesmo como modus vivendi, forma de abordagem de assuntos e situações.

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