segunda-feira, 6 de junho de 2011

Ultimato corta Gondim

Foram mais de duas décadas de artigos lúcidos, que faziam refletir e não somente o eterno lambuzar-se no próprio mel, típico do comportamento de abelha de muitos cristãos evangélicos. Uma opinião, somente uma, foi capaz de desagradar os editores. E o pastor Ricardo Gondim teve a sua coluna encerrada na revista Ultimato. A notícia chegou até mim por meio do blog do jornalista Antônio Carlos Ribeiro (http://transcenderapalavra.blogspot.com/). Provavelmente, a decisão já vinha cozinhando em banho-maria há mais tempo, porque o pastor Gondim não tem medo de expor suas opiniões, sempre com lucidez e determinação, sem papas na língua.

Mas desta vez, ele defendeu a PLL 122, que quer criminalizar a homofobia. Isso foi demais para Elben Cesar, dono da Ultimato. Em nome da sua revista, ele comete duas agressões aos direitos humanos. Uma, óbvia, contra os homossexuais; a outra, contra o direito de livre expressão. Voltaire não tem nada a lhe dizer sobre respeitar o direito do outro de expor a sua opinião. "Não na minha revista", deve ter pensado Elben. Nem mesmo a surrada frase dos expedientes salvou a coluna: "A opinião de artigos assinados é de exclusiva responsabilidade dos seus autores e não representa necessariamente a opinião da revista"..

Mas a atitude de Elben condiz com o nome da sua revista: Ultimato. Não tem conversa. Imagino que, para manter o projeto familiar no nível atual de sucesso, ele tenha o firme propósito de jamais se indispor com os leitores da sua revista. Então vale ficar sem Ricardo Gondim. Afinal, tem muita gente boa querendo se lambuzar no mesmo mel de sempre... coisa que os seus leitores adoram.

A PLL 122 ainda vai fazer rolar muitas cabeças no meio cristão. O assunto polêmico é proibido. Não tem discussão. Vale o fundamentalismo bíblico e, para boa parte dos cristãos, isso encerra a discussão. Quem for contra, que se adapte ou caia fora. Por conta de sua pretensa liberdade de opinião, doravante será tratado como um leproso. É uma moderna forma de ressuscitar a Inquisição.

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