terça-feira, 30 de novembro de 2010

Tribunal de Nuremberg vira museu

A famosa Sala 600 onde ocorreram os julgamentos ainda funciona como tribunal

O tribunal de Nuremberg onde Hermann Göring, Rudolf Hess e outros líderes nazistas foram condenados por crimes de guerra e contra a humanidade agora virou museu e está aberto a visitação pública. É mais um memorial do terror daqueles anos da história da humanidade que envergonham não somente a Alemanha mas toda a espécie humana que vive na Terra.

Sessenta a cinco anos após o início dos Julgamentos de Nuremberg, o local que testemunhou a condenação dos líderes nazistas por crimes de guerra foi transformado em museu, lembrando o momento histórico que fez com que o mundo inteiro fixasse os olhos sobre a cidade do estado da Baviera, no sul da Alemanha.

Benjamin Ferencz, ex-promotor norte-americano no tribunal de guerra, e um dos poucos ainda vivos, retornou a Nuremberg aos 91 anos para discursar na cerimônia de abertura do museu, o Memorium Nürnberger Prozesse: “Quando deixei a Alemanha pela primeira vez após a Segunda Guerra Mundial, e deixei Nuremberg, o meu maior desgosto foi nunca ter ouvido um alemão dizer ‘sorry”. Nunca acreditaria que retornaria depois de 60 anos e ouviria um tom completamente diferente em um mesmo país”, discursou Ferencz, que foi promotor-chefe aos 27 anos no julgamento de 22 nazistas em 1947, um dos 12 julgamentos posteriores à condenação dos principais criminosos de guerra.

O Tribunal Militar Internacional de Nuremberg teve a primeira sessão em 20 de novembro de 1945 na Sala 600 no Palácio de Justiça de Nuremberg (foto), cidade associada aos congressos do partido nazista também foi o palco do primeiro tribunal de crimes de guerra da história. Chamado de "o tribunal do século" pela imprensa, passaram-se 218 dias antes que os acusados ouvissem suas penas em 1° de outubro de 1946. A Sala 600 ainda é usada como tribunal, ficando aberta a visitação em dias sem julgamentos.

A inauguração do museuagora simboliza o fim gradual da perseguição judicial dos crimes de guerra nazistas, deixando que os livros de história julguem aqueles que possam ter escapado da Justiça.

Os julgamentos de Nuremberg deixaram um legado que vai além do período nazista. Ao abrir o julgamento de 1946, o promotor-chefe Robert H. Jackson afirmou que “os erros que estamos para condenar e punir foram tão devastadores que a civilização não pode tolerar que eles sejam ignorados, porque não poderá sobreviver a uma repetição deles”.

O Tribunal de Nuremberg pavimentou o caminho para a criação do Tribunal Penal Internacional (TPI), além de ter sido a primeira corte a estabelecer o precedente legal de crimes contra a humanidade.
(Com informações de DW-World)

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Big Bang Big Boom



Esta animação em vídeo de dez minutos gastou muita tinta, meses de trabalho, criatividade e resultou num novo olhar sobre a história da vida do ser humano na Terra. Tudo isso pelas mãos do artista italiano Blu, especializado em artes de rua, que resultou em uma das animações Stop Motion mais impressionantes: o Big Bang Big Boom.

Stop Motion é uma técnica de animação que consiste basicamente em tirar várias fotos de objetos em diferentes posições ou ambientes em determinados intervalos de tempo. Depois é só juntar as imagens capturadas para termos a impressão de movimento. Imagine o trabalho gigantesco por trás desta obra.

Para ter uma ideia, esse vídeo tem uma média de oito imagens por segundo. Ou seja, na maior parte das cenas, oito imagens foram pintadas em paredes, calçadas e muros, sempre com um cuidado para que, ao juntá-las, os espectadores tivessem a impressão de uma única imagem em movimento. Isso significa 480 pinturas diferentes para cada minuto de evolução ilustrada. O trabalho todo levou uns dez meses para ficar pronto.

Afora o trabalho, a genialidade e a criatividade do artista, a mensagem é espetacular. Merece a nossa reflexão sobre onde queremos chegar. A iminência belicosa de mais uma guerra, desta vez, retomando a nunca encerrada guerra entre as duas Coréias, faz ressurgir em nos os mais assombrosos monstros.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Briga mortal


Asia Bibi (38 anos) foi condenada à morte no Paquistão depois de uma briga com outras mulheres. Ela é cristã católica e, segundo as suas vizinhas, durante a briga com elas Asia teria desrespeitado o profeta Maomé. Agora Ásia está na cadeia, no corredor da morte. Seu marido Ashiq Masih e as filhas Sidra e Isha estão em Islamabad para levar o seu drama ao conhecimento da imprensa mundial e para pedir o apoio dos políticos. Eles agora moram em Sheikhupura, para poderem visitar Asia na cadeia em que está presa.

Segundo as vizinhas que a levaram diante do tribunal, ela teria afirmado durante a briga que Jesus Cristo havia morrido na cruz pelos pecados da humanidade e o que Maomé fez em comparação? Tanto as vizinhas quanto o tribunal qualificaram isso como prova de blasfêmia. As discussões entre Asia e as vizinhas já vem ocorrendo há mais tempo e este provavelmente é o principal motivo da acusação.

“Na verdade todos nos damos muito bem por aqui”, disse Ashiq Masih, um morador da aldeia em que a briga ocorreu. Os muçulmanos e os cristãos do lugar têm um bom relacionamento. “Eu não entendo por que transformar uma briguinha numa catástrofe tão grande”, ele complementou.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Pedalando pela água


Os holandeses Joost Notenboom (28) e Michiel Roodenburg (25) viajam numa bicicleta feita de bambu e fibra de maconha e levam consigo uma garrafa de água que trouxeram do Polo Norte e querem levar até o Pólo Sul. A viagem irá durar 18 meses e deve acabar no Natal do ano que vem. Eles se conheceram em Israel e agora estão no México, em uma viagem de 30 mil quilômetros que começou no Alasca e vai terminar em Ushuaia, na Argentina.


A dupla quer chamar atenção para o problema da água no mundo. O projeto (que pode ser acompanhado pelo site Cycle for Water, em inglês) busca investigar a relação das diferentes populações em diferentes ecossistemas com a água. Os holandeses dormem em barracas ou na casa de pessoas que se oferecem para hospedá-los. As bicicletas têm quadros de bambu e, segundo a dupla, são fortes e resistentes.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Beatles! Sempre eles...


Até parece uma banda nova surgindo, embora já faça 40 anos que ela deixou de existir. Como explicar? Após anos de negociações entre o fundador da Apple, Steve Jobs, e a agência e gravadora dos Beatles (EMI), o catálogo da mais famosa – e bem sucedida! – banda de todos os tempos foi finalmente lançado no iTunes, a maior loja de música digital do mundo, no dia 16 de novembro.

Pasme você, os Beatles já venderam mais de 2 milhões de músicas e mais de 450 mil álbuns em todo o mundo na primeira semana. “Abbey Road” (a foto antológica está acima) foi o álbum digital mais vendido no iTunes nos Estados Unidos, encerrando a semana em sexto lugar. Já “Beatles Box Set” ficou em décimo lugar no ranking do iTunes. “Here Comes the Sun” foi o single digital mais vendido dos Beatles, mas a música não ficou entre as dez mais vendidas da semana, de acordo com a Apple.

Não é por acaso que Paul lota estádios por onde quer que se apresente. A febre, pelo visto, deve continuar ainda por muito tempo.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Uma pausa no Amargo Pesadelo



Esta sequência do filme “Amargo Pesadelo” foi um maravilhoso encontro do acaso, e merece ser relembrada pela sua beleza. Eu também estou aprendendo que pessoas especiais têm dons muito especiais, que nós, normais, temos dificuldade em compreender. A música é uma linguagem universal, que permite que entremos no mundo lindo de pessoas como este garoto do filme. Antes, porém, vamos à história desta sequência, que me marcou muito desde que a vi no cinema pela primeira vez.

O filme estava sendo rodado no interior dos Estados Unidos e, para esta sequência, o diretor John Boorman fez a locação de um posto de gasolina num lugar isolado, onde vários atores iriam contracenar com o proprietário do posto, que morava no local, com a sua mulher e o seu filhofilho. O rapaz era autista e nunca saía do terreno da casa.

Naquele cenário insólito aconteceu a cena mais marcante que o diretor teve a felicidade de encaixar no filme. Num dos cortes para refazer uma cena de abastecimento, um dos atores, que era músico e sempre andava acompanhado de seu violão, já tendo percebido a presença de um garoto que dedilhava um banjo na varanda da casa, aproximou-se e começou a repetir a sequência musical do garoto. Como houve uma resposta musical por parte do garoto, o diretor captou a importância da cena e mandou filmar. O resultado, para quem não viu o filme ou quer relembrar a espetacular cena, pode ver o vídeo.

O garoto é verdadeiramente um autista. O diretor incluiu o garoto, que não estava nos planos do filme. Alguns detalhes chamam a atenção: a alegria do pai curtindo o duelo dos instrumentos, dançando; a felicidade da mãe captada numa janela da casa; a reação autêntica de um autista, quando o ator músico quer cumprimentá-lo no final.

Vale a pena o duelo, a beleza do momento e, mais que tudo, a alegria do garoto, a sua expressão. No início está distante, mas à medida que toca o seu banjo ele cresce com a música e vai se deixando levar por ela, até transformar a sua expressão num sorriso contagiante, transmitindo a todos a sua alegria.

A alegria de um autista, que é resgatada por alguns momentos, graças a um violão forasteiro. O garoto brilha, cresce, exibe seu sorriso e seu talento, que a magia da música traz à superfície. Depois, ele volta para dentro de si, deixando a sua parcela de beleza eternizada por acaso, no filme “Amargo Pesadelo”, de 1972.

Bolsa Família também nos EUA


UMA REVELAÇÃO DESCONCERTANTE para os que desqualificam o Bolsa Família como um programa paternalista, que ajuda vagabundos e desocupados. Um artigo publicado no Wall Street Journal, no dia 4 de novembro, dá conta de que 42.389.619 cidadãos norte-americanos dependem de Food Stamps para comer. O texto é da jornalista Sara Murray. A mesma informação também foi mostrada no Globo Repórter, na última sexta-feira (19 de novembro), de uma forma muito sutil e disfarçada, como se não fosse o que de fato é, ou seja, ajuda humanitária para os miseráveis que hoje vivem nos EUA.

“O número dos que recebem o cupom de comida (Food Stamps, a versão americana do Bolsa Família) cresceu em agosto, as crianças tiveram acesso a milhões de almoços gratuitos e quase cinco milhões de mães de baixa renda pediram ajuda ao programa de nutrição governamental para mulheres e crianças. Foram 42.389.619 os americanos que receberam food stamps em agosto, um aumento de 17% em relação a um ano atrás, de acordo com o Departamento de Agricultura, que acompanha as estatísticas. O número cresceu 58,5% desde agosto de 2007, antes do início da recessão”, escreve o jornal.

Justamente a capital dos EUA, Washington DC, tem o maior número de residentes recebendo food stamps: mais de um quinto da sua população, 21,1%, recebeu assistência em agosto. Em segundo lugar vem o Mississipi, onde 20,1% dos moradores receberam food stamps, e o Tennessee, onde 20% dos residentes buscaram ajuda do programa de nutrição.

O benefício nacional médio por pessoa foi de 133,90 dólares em agosto. Por domicílio, foi de 287,82 dólares. Os cupons se tornaram um último refúgio para os trabalhadores que perderam o emprego, particularmente entre os que já perderam o direito ao seguro-desemprego.

Também a merenda escolar entrou na cesta básica de muitas famílias americanas. Mesmo durante as férias de verão as crianças foram às escolas para garantir a merenda. Cerca de 195 milhões de almoços foram servidos em agosto nas escolas, 58,9% deles de graça e 8,4% a preço reduzido.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Revolta da Chibata completa 100 anos


No dia 22 de novembro de 1910 uma rajada de metralhadora rompia o silêncio a bordo do encouraçado Minas Gerais, ancorado nas águas da Baía da Guanabara. A embarcação tornava-se palco de um motim de marinheiros que entrou para a história como a Revolta da Chibata. O movimento protestava contra o sistema de violência e opressão com que eram tratados os marinheiros de baixa patente, em sua maioria negros, pela Marinha do Brasil.

O objetivo do levante era acabar com os castigos físicos constantemente sofridos pelos marinheiros, além de exigir melhora da comida e adoção do horário de trabalho aprovado pelo Congresso na época.

O estopim do motim era a execução da punição de 250 chibatadas ao cabo Marcelino Rodrigues, que havia recebido o castigo por ferir um marinheiro a bordo do Minas Gerais. No dia de hoje, há cem anos, um grupo liderado pelo marujo negro João Cândido tomou o controle do navio, matando o comandante e outros três resistentes ao movimento.

Como a revolta já vinha sendo planejada há dois anos, os revoltosos conseguiram rápido apoio de outros navios da Marinha, forçando o presidente a negociar com os revoltosos para evitar que bombardeassem o Rio de Janeiro com os potentes canhões dos navios dominados pelo movimento revoltoso.

No dia 26 o presidente Hermes da Fonseca promete abolir o castigo físico e anistia aos revoltosos, conseguindo trégua. Mas ele não cumpriu a palavra e os revoltosos foram expulsos da Marinha e vários deles foram presos, inclusive João Cândido.

Banido da Marinha, João Cândido sofreu grandes privações, vivendo precariamente, trabalhando como estivador e descarregando peixes na Praça XV, no centro do Rio. De acordo com a sua ficha, nos quinze anos em que permaneceu na Marinha, foi castigado em nove ocasiões, preso entre dois a quatro dias em celas solitárias “a pão e água”, além de ter sido duas vezes rebaixado de cabo a marinheiro. Discriminado e perseguido pela Marinha até ao fim de sua vida, se recolheu no município deSão João do Meriti, onde tornou-se membro da Igreja Metodista. Ali em sua casa passou mal e foi levado ao Hospital Getúlio Vargas, noRio de Janeiro, onde faleceu de câncer, pobre e esquecido, no dia 6 de dezembro de 1969, aos 89 anos de idade.

A sua memória foi resgatada na década de 1970 pelos compositoresJoão Bosco e Aldri Blanc, no samba “O mestre-sala dos mares”.

Em 14 de julho de 2008, 39 anos depois da morte de João Cândido, publicou-se no Diário Oficial da União a Lei Nº 11.756 que concedeu anistia ao líder da Revolta da Chibata e a seus companheiros, ideia que partiu do Senado Federal e foi aprovada pela Câmara dos Deputados em 13 de maio de 2008, dia da Abolição da Escravatura. No entanto, a lei foi vetada na parte em que determinava a reintegração de João Cândido à Marinha do Brasil.

O motivo do veto é que esse reabilitação post mortem importaria em impacto orçamentário para o qual a lei não apontou fonte de custeio. Assim, uma vez que tal reconhecimento imporia à União o pagamento dos soldos atrasados e das promoções que lhe seriam devidas, bem como na concessão de aposentadoria e pensão aos seus dependentes, a lei foi vetada. Na realidade, somente duas famílias se apresentaram como descendentes de marinheiros que participaram da Revolta da Chibata: a do próprio líder João Cândido e a do marinheiro Adalberto Ribas, que fugiu de um dos barcos logo após a revolta. Entidades alegam que indenizar duas famílias não quebrará os cofres do governo.

Em maio deste ano, a Transpetro, a pedido de Lula, batizou com o nome de João Cândido o primeiro navio do Programa de Modernização e Expansão da Frota, primeiro petroleiro produzido em estaleiro nacional após um intervalo de mais de 13 anos. O Petroleiro “João Cândido” tem 274 metros de comprimento e capacidade para transportar 1 milhão de barris de petróleo. O navio foi construído pelo Estaleiro Atlântico Sul, ao custo de R$ 300 milhões.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Querem destruir Julian Assange


A Suécia emitiu ontem, 18 de novembro, uma ordem de detenção internacional contra Julian Assange (foto), 39 anos, fundador do site WikiLeaks (http://wikileaks.org/), por crime sexual. O tribunal de Estocolmo, responsável pelo caso, emitiu ainda um mandado de busca e captura de Assange. “Será emitida uma ordem de prisão internacional”, anunciou o site da procuradoria responsável por crimes sexuais. O processo encerrado em agosto foi reaberto em 1º de setembro pela procuradora Marianne Ny.

Assange encontra-se em Londres. Seu advogado desmente a suspeita de que ele teria fugido. As suspeitas de abusos sexuais vieram pelas denúncias de duas mulheres suecas que, segundo as autoridades, fizeram declarações “profundamente perturbadoras”.

Seria uma história comum – mais uma – de abuso sexual contra mulheres, não fosse por um detalhe intrigante. Assange negou todas as acusações e disse estar sendo alvo de uma campanha de difamação lançada pelo Pentágono, que ordenou a destruição dos documentos confidenciais divulgados por ele no site WikiLeaks ainda antes de estes terem sido disponibilizados. O WikiLeaks divulgou mais de 400 mil relatórios sobre incidentes ligando o exército americano a graves delitos contra os direitos humanos no Iraque.

Julian Assange fundou o site WikiLeaks em dezembro de 2006 com o objetivo de divulgar informações recolhidas como provas de injustiças dos regimes opressores na China, na África subsariana e no Próximo Oriente. Mas Julian Assange deixou de ser um ilustre anônimo, passando a ser manchete dos jornais de todo o mundo, após a divulgação de 90 mil documentos militares sobre a guerra do Afeganistão.

Três meses depois, novas revelações sobre o Pentágono faziam estourar um novo escândalo, envolvendo o nome do australiano e do site que fundou. Apesar de Assange ser um dos homens mais temidos pelo Pentágono, por ter comprometido a credibilidade da Defesa norte-americana, especula-se que o australiano possa vir a ser considerado “homem do ano” pela revista “Time”.

Pode ser um simples caso de crimes sexuais. Mas, diante do tamanho do incômodo que o seu site e a simples menção do seu nome têm causado no mais alto escalão da inteligência norte-americana ultimamente, tudo aponta na direção de um grande jogo armado para desmoralizar Assange. Admira ainda estar vivo. Ainda hoje, o ousado ativista pediu asilo político à Suíça.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Prates deve ser punido pela lei



O comentarista Luiz Carlos Prates deixou de ser uma referência digna faz tempo. Como comentarista do Jornal do Almoço, da RBS-TV, ele tem destilado o seu veneno com um detestável formato de ranhetice e mau humor diário que vem irritando muita gente, cada vez mais gente. Os seus comentários agridem, doem nos ouvidos, ferem os sentimentos das pessoas e desrespeitam milhares de catarinenses que não pensam como ele e não assinam embaixo de seus infelizes palpites.

Para além de sua ranhetice habitual, entretanto, o comentário extremamente preconceituoso, xenófobo e infeliz deste vídeo merece o nosso mais veemente repúdio. Peço, solenemente, à OAB de Santa Catarina, que entre com um processo formal de discriminação contra Luiz Carlos Prates pelos disparates ditos neste comentário, que passa de trator por cima dos pobres e ainda por cima chama de espúrio um governo com mandato legítimo, segundo a Constituição deste país. Veja você mesmo e junte-se ao meu pedido: punição legal e exemplar para Luiz Carlos Prates!

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Creedence na veia é muito bom!



Foi uma experiência fantástica, daquelas de volta ao passado, com direito a som e imagem. Na noite de 14 de novembro, fui buscar o presente de aniversário que havia recebido dos meus mais íntimos. Ao lado da minha esposa, fui a Floripa, para ver um show de retorno ao passado.

Dentro do Floripa Music Hall um filme da minha vida passou diante de mim; da minha e da vida de todos e todas que foram ao Floripa. E olha que havia ali umas dez mil pessoas. Muitos jovens, mas o que mais se via eram cabelos grisalhos, brancos ou ausentes. Gente buscando um revival. E o tivemos de prato cheio.

No primeiro momento, um documentário montado pela banda Dasantiga, com todas aquelas imagens que estão guardadas porém muito bem vivas no fundo das nossas almas, como milhões de estampas indeléveis e reveladoras. Imagens que construíram nosso caráter, nosso comportamento; moldaram tudo o que somos, como que misturado ao barro de que fomos formados.

Estavam ali os Beatles, Antônio Britto anunciando, solene, a morte de Tancredo, o casamento de Charles e Diana, o nascimento do primeiro bebê de proveta, o lançamento do Saturno V e "um pequeno passo para um homem, porém um grande passo para a humanidade". Não podiam faltar ali as aberturas de Rin-Tin-Tim, de Jornada nas Estrelas, de Zorro (o bonachão sargento Garcia estava ali, fresquinho como na minha memória, sem faltar um único fio da barba mal-feita!).

Não faltaram nem as cenas da repressão da ditadura à livre-manifestação, um velho selo da Censura Federal, cenas de Irmãos Coragem, do programa Jovem Guarda e muita, muita velharia. Também marcaram presença os múltiplos rostos esculpidos na face de Michael Jackson, ao som de "Beat it".

Coisas que fazem o paranho das nossas almas soltar-se euforicamente. Tudo isso, acompanhado por um DJ do perú, que mandava muito bem toda aquela trilha sonora tão visceral e intransferível, que ainda encanta as novas gerações como se de hoje fossem.

Enquanto esperávamos, animados e bombando adrenalina para dentro do peito, o relógio passava das 23 horas, quando o palco do Floripa apareceu sob uma tênue luz azulada. Aos poucos alguém movia uma guitarra aqui, um microfone ali, um fio acolá. A plateia alvoroçou-se cheia de fome de som eterno.

Num rompante, um senhor (desculpe... hehe) grande, com aquelas camisetas cavadas, mostrava braços enormes, tatuados e uma guitarra na mão. Ao saudar a platéia, a conhecida voz rouca e aguda já mostrava o rumo da prosa. Começava um show antológico, do Creedence Clearwater Revisited, uma banda que surgiu em torno do extinto Creedence Clearwater e dois honrosos sobreviventes do grupo. “Have you ever seen the rain...”, lembra? E por aí foi.

Admito que hoje em dia as platéias não vibram mais como antigamente. Ou melhor, como uma platéia com milhares de homens grisalhos e mulheres remoçadas com tudo que tem direito. Pois aquela platéia suportou heroicamente toda aquela overdose de passado. E o Creedence está tão empolgado com as suas platéias de grisalhos que, arrastando multidões por onde passa, já arriscou uma nova carreira de sucesso.

Faz tempo que não nos divertimos tanto. Foi um presente esplêndido. Valeu a pena chegar aos 57 para viver isso.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Hollywood viaja na maionese


Quando a gente lembra do ufanismo que cerca os filmes americanos que envolvem a Presidência, não tem a mínima noção de que tudo não passa de um grande mito. Cenas envolvendo o Air Force One (na foto sobrevoando Nova York), por exemplo, sempre foram recheadas de precisão, competência e decisivas para dar o suporte necessário em situações de catástrofe, para que o presidente dos EUA pudesse continuar plenamente apto a tomar decisões de última hora e salvar milhares de vida – inclusive todo o nosso planeta. O cinema está recheado de tais espetáculos de patriotismo patético.

O livro do ex-presidente Bush, que está em turnê de lançamentos pelos EUA, mostra uma realidade muitíssimo diferente daquela que Hollywood insiste em mostrar. O ex-presidente chega a assustar o mundo, quando revela que o sistema de comunicação do avião presidencial Air Force One era tão antigo, que foi difícil para ele ficar sabendo a bordo do mega-avião o que estava acontecendo, com a rapidez necessária, durante os ataques ao World Trade Center, em 11 de setembro de 2001. Não havia conexão de satélite a bordo da aeronave e, em intervalos de poucos minutos, a TV perdia o contato com as emissoras locais. “O monitor mostrava neve”, escreve Bush em seu livro.

Mais ainda: as ligações telefônicas com Condoleezza Rice, secretária de Segurança, e com o vice-presidente Dick Cheney eram constantemente interrompidas. Ou seja, o presidente só podia ser informado de maneira fragmentada sobre a queda das Torres Gêmeas.

O quadro de vergonhosa desmoralização dos EUA como potência capaz de salvar o mundo de uma catástrofe completa-se com esta espantosa declaração do livro do ex-homem mais poderoso do planeta: Em 11 de setembro Bush pensou que o caso do primeiro avião poderia ter sido um acidente. Ao saber do segundo, ele teve certeza de que se tratava de um ataque. “O terceiro foi uma declaração de guerra”, que levou o então presidente à ira. “Vamos descobrir quem foi o responsável por isso e dar-lhe um belo pé no traseiro”, ele teria dito naquele momento.

Pode até ser que Bush era tudo aquilo que dizem dele até hoje: incompetente e imprevisível. Mas, como é que todo o sistema de vigilância de uma orgulhosa nação como os EUA pode ter levado um golpe tão desmoralizante como o de 11 de setembro sem que se tenha detectado uma tão espantosa manobra de guerra com maior rapidez e antecedência? Hollywood, meus amigos, viaja na maionese...

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Anistia Internacional quer processar Bush


A Anistia Internacional convocou o governo norte-americano a processar o ex-presidente George W. Bush, por afirmar no livro Decision Points que ordenou o exército a usar a técnica de afogamento em prisioneiros sob interrogatório. A prática é enquadrada como uma forma de tortura pela própria CIA.

Para o chefe da Anistia Internacional Rob Freer, a confissão de Bush é suficiente para desencadear a obrigação internacional que os Estados Unidos têm de investigar a confissão e levá-lo à justiça.

Em seu livro, escrito pelo jornalista Christopher Michael, de 28 anos, Bush conta que autorizou a CIA a usar a simulação de afogamento ou “submarino” contra o autoproclamado idealizador dos ataques de 11 de setembro de 2001, Khaled Cheikh Mohammed.

Fábrica de Schindler vira museu

A fachada da fábrica de Schindler, que agora virou museu em Cracóvia

O industrial Oskar Schindler era um homem rico e influente. Entre seu patrimônio, havia uma fábrica de utencílios de cozinha, por meio da qual ele ajudou a salvar judeus durante a Segunda Guerra. Localizada em Cracóvia, na Polônia, a antiga fábrica de Schindler agora vira museu que atrai hordas de turistas.

A fábrica de Schindler inspirou o diretor norte-americano Steven Spielberg a rodar, em 1993, o mundialmente conhecido A Lista de Schindler, filme que conta os atos heroicos do industrial que salvou 1.200 judeus durante a Segunda Guerra. Antes com os portões fechados, a antiga fábrica só podia ser observada de fora. Desde meados deste ano, o prédio encontra-se aberto ao público.

A prefeitura de Cracóvia transformou a antiga fábrica em um museu e inaugurou a primeira exposição permanente sobre a vida na cidade durante a ocupação nazista, intitulada Cracóvia: ocupação entre 1939 e 1945. A mostra é composta da biografia de Oskar Schindler e dos funcionários de sua fábrica. Agora a antiga fábrica de utensílios de cozinha virou fábrica de lembranças.

Oskar Achindler no meio dos funcionários da sua fábrica.

Filho de uma família de industriais, Oskar Schindler viveu entre 1908 e 1974. Em outubro de 1939, após a ocupação da Polônia por forças nazistas, ele comprou uma fábrica de utensílios de cozinha em Cracóvia, que até a passagem compulsória das propriedades para mãos de “arianos”, pertencia a judeus. Schindler foi beneficiado pela “arianização” das propriedades dos judeus e acumulou, nos anos que se seguiram, uma fortuna com negócios no mercado negro.

Apesar de pertencer ao partido nazista NSDAP, aos poucos, ele se tornou cada vez mais consciente a respeito da condição aterrorizante dos judeus. Em sua fábrica, ele ocupava 1.200 trabalhadores forçados, que integraram sua famosa lista e foram por ele declarados “imprescindíveis” para a produção bélica nazista. Assim, ele salvou a vida de seus funcionários da morte certa nos campos de concentração.

A fábrica de Schindler foi estatizada em 1947 e transformada na fornecedora de material de telecomunicações Telpod, que fechou as portas em 2002. Três anos mais tarde, as instalações foram compradas pela prefeitura de Cracóvia para transformar a fábrica em museu.

Panelas, vasilhas e pratos de metal simbolizam a história de Schindler com os seus funcionários.

A história de Oskar Schindler é contada onde era o escritório da fábrica, por meio de fotos, documentos e móveis da época. No meio da sala, um grande cubo transparente, cheio de panelas, vasilhas e pratos de metal, serve para simbolizar a história do industrial e de seus funcionários. Dentro do cubo, estão os nomes de aproximadamente 1.200 trabalhadores forçados judeus, cujas vidas foram salvas por Schindler.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Brasil monta fábrica de remédios em Moçambique

Fachada do prédio utilizado para abrigar a fábrica de remédios

O presidente Lula faz uma visita de dois dias a Moçambique, a última a um país africano durante seus oito anos de governo. Em Maputo o presidente irá inaugurar uma fábrica de medicamentos para tratamento do HIV, um dos maiores e mais ousados projetos do governo brasileiro na África.

Com uma verba de 13,6 milhões de reais aprovada pelo Congresso nacional para a compra de equipamentos e transferência de tecnologia e um gasto adicional de 600 mil com um estudo de viabilidade econômica, o projeto da fábrica pretende expandir a experiência brasileira de produção de medicamentos contra a Aids.

Essa será a primeira fábrica pública a produzir medicamentos para o tratamento do HIV na África, o continente mais afetado pelo vírus e onde o acesso ao tratamento é difícil e dependente de doações internacionais. Moçambique é um dos países com maior incidência de HIV do mundo - 13,1% das mulheres adultas e 9,2% dos homens adultos possuem o vírus, totalizando 2,4 milhões de pessoas infectadas. No Brasil, calcula-se que 630 mil pessoas são soropositivas, menos de 1% da população.

Serão produzidos, inicialmente, 21 medicamentos, entre eles cinco antirretrovirais, como são chamados os medicamentos usados para o tratamento da Aids. O registro dos medicamentos foi doado por Farmanguinhos, unidade de fabricação de medicamentos da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

A capacidade prevista instalada é de cerca de 250 milhões de comprimidos de antirretrovirais e de 150 milhões de comprimidos de medicamento para atenção básica, como diclofenaco de potássio (anti-inflamatório). Estima-se que a fábrica começará a operar no no final do ano que vem, embalando os medicamentos. A próxima etapa será de produção.

Além do registro dos medicamentos, o Brasil doou duas linhas de produção, uma de antirretrovirais e outra capaz de produzir medicamentos diversos. O maquinário já foi encomendado e deve chegar ao país no primeiro semestre de 2011. Já Moçambique ficou responsável pelo prédio onde será montada a fábrica e pelo custeio e manutenção da Sociedade Moçambicana de Medicamentos, empresa que tocará a fábrica.

O Brasil fabrica remédios antirretrovirais desde 1993. O acesso universal e gratuito aos medicamentos é uma política prioritária desde 1996 e calcula-se que cerca de 200 mil pessoas estejam sob tratamento. Já em Moçambique, o tratamento antirretroviral começou apenas em 2004, quando seis mil pessoas passaram a receber o medicamento. Hoje, 200 mil pessoas são tratadas, o que corresponde a menos de um terço das necessidades e a cerca de 10% do total de soropositivos do país.

Moçambique é completamente dependente da ajuda internacional para combater a epidemia. Por isso, os programas de saúde pública na área de HIV são vulneráveis a cortes no financiamento. Em maio deste ano, a organização Médicos Sem Fronteiras (MSF) alertou para a redução dos fundos para tratamento do HIV na África, inclusive em Moçambique. Além de impedir que novos pacientes fossem tratados, um corte nos fundos poderia forçar as pessoas que já recebem tratamento a interrompê-lo. Mas quem começa a tomar o medicamento não pode parar, precisa continuar até o final da vida.

A moçambicana Florência Tamelle, 33, viu a irmã morrer por causa do HIV. Depois disso, decidiu se informar sobre a causa da morte da irmã, fez o teste e descobriu que também tinha o vírus. Hoje, Florência trabalha para o MSF dando orientação para grávidas soropositivas.

“Se cortam o financiamento [para os medicamentos antirretrovirais] e me dizem que não tem mais medicamento para mim, eu vou morrer! Vou criar uma resistência no vírus. Gravíssimo! Isso não pode acontecer. O nosso país não tem capacidades financeiras para custear as despesas. Estamos a viver num país que está no caminho do subdesenvolvimento, ainda não é desenvolvido. Se tivesse uma fábrica de antirretrovirais aqui, seria muito bom”, afirmou Florência.

(Com informações do Opera Mundi. Texto e foto de Amanda Rossi)

Um limite para o latifúndio


O Banco do Brasil, com 164 mil hectares, e o Bradesco, com 131 mil hectares, são seis dos maiores latifundiários do país. De 0 a 1 numa tabela de concentração de terras, o Brasil apresenta o nível 0,854, considerado elevado.

“O Estado brasileiro tem os maiores latifúndios da humanidade e nunca teve uma atitude política de controlar seus territórios”, disse o professor de Geografia da Universidade de São Paulo, Ariovaldo Umbelino, na apresentação do resultado do Plebiscito Popular pelo Limite da Propriedade.

O plebiscito, iniciativa do Fórum Nacional pela Reforma Agrária e Justiça no Campo, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil e do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil, foi realizado este ano de 1 a 12 de setembro, e dele participaram 519,6 mil pessoas, de 23 Estados e do Distrito Federal.

Desse total, 95,5% disseram que a propriedade de terra no Brasil precisa ter um limite máximo, e 94,3% afirmaram que introduzindo esse limite o país teria aumento na produção de alimentos saudáveis e melhores condições de vida no campo.

“A agricultura familiar produz trabalho, alimento saudável e protege o meio ambiente”, argumentou o bispo dom Pedro Stringhini, da Comissão Episcopal de Pastorais Sociais. Ele destacou que a luta pela terra é uma questão prioritária para a Comissão.

Umbelino frisou, na entrevista coletiva, semana passada, que a função social da terra não vem sendo cumprida, “pois 200 milhões de hectares de terras são improdutivos no Brasil”. Enquanto o agronegócio emprega 1,4 trabalhador por propriedade, a agricultura familiar envolve 17 trabalhadores.

O número de participantes no plebiscito foi considerado positivo, uma vez que ele não foi noticiado pela grande imprensa. Esse ensaio, afirmam os organizadores do Fórum, também é um indicativo de que um plebiscito oficial deveria ser proposto para que todos os cidadãos pudessem se manifestar sobre um tema de tamanha relevância para o país.

(ALC - Agência Latino-Americana e Caribenha de Comunicação)

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Nossos deputados marajás




Ao ver este vídeo sobre como é a vida e o trabalho de um deputado sueco, que ainda por cima não tem nenhuma mordomia enquanto está à disposição do Parlamento Sueco, a não ser um apartamento que não é maior do que um quarto de hotel, fui pesquisar. Descobri, estarrecido, que os nossos deputados estão entre os mais bem-pagos do mundo. Segundo dados levantados em 2006, entre salário e ganhos extras, cada um custa aos cofres do Estado R$ 92.300,00 por mês. Sem contar despesas com assessores e de cada gabinete.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Uma sombra se levanta sobre nós



A seção Pernambuco da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) entrou ontem com uma representação criminal na Justiça de São Paulo contra a onda de ataques aos nordestinos divulgada por meio do Twitter após a eleição de Dilma. Tudo começou no domingo à noite, assim que a vitória de Dilma estava definida, e usuários do twitter começaram a postar mensagens ofensivas aos nordestinos, relacionando o resultado à boa votação de Dilma no Nordeste. Esta afirmação, na verdade, é falsa, porque Dilma teria ganho as eleições sem os votos do Nordeste. Os votos das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste somaram 33,2 nilhões de votos para Dilma contra 32,9 milhões para Serra.

A representação da OAB-PE é contra a estudante de Direito Mayara Petruso, de São Paulo, uma das responsáveis pelo início dos ataques. Segundo o presidente da OAB-PE, Henrique Mariano, Mayara deverá responder por crime de racismo (pena de dois a cinco anos de prisão, mais multa) e incitação pública de prática de crime (cuja pena é detenção de três a seis meses, ou multa), no caso, homicídio.

Algumas das mensagens postadas pela universitária, com frases como: “Nordestino não é gente. Faça um favor a SP, mate um nordestino afogado!”, estão no vídeo acima. “São mensagens absolutamente preconceituosas. Além disso, é inadmissível que uma estudante de Direito tenha atitudes contrárias à função social da sua profissão. Como alguém com esse comportamento vai se tornar um profissional que precisa defender a Justiça e os direitos humanos?”, diz Mariano.

Em julho deste ano, a seção pernambucana da Ordem já havia prestado queixa à Polícia Federal contra pelo menos dez usuários do Twitter, por mensagens ofensivas aos nordestinos após as enchentes na região. “Essas redes sociais são meios de comunicação de alcance nacional, e crimes que ocorram nelas são de ordem federal. São ofensas que atingem a todos os nordestinos, existe um direito difuso aí sendo desrespeitado” completa Mariano, para quem o nível agressivo da campanha pela internet este ano, apesar de não justificar os ataques, pode tê-los estimulado.

No domingo, usuários do Twitter insatisfeitos com a vitória de Dilma começaram a postar frases como “Tinham que separar o Nordeste e os bolsas vadio do Brasil” e “Construindo câmara de gás no Nordeste matando geral”. Como reação, outros usuários passaram a gerar uma onda de mensagens com “#orgulhodesernordestino”, hashtag que ficou entre os primeiros lugares no ranking mundial de temas mais citados no Twitter.

O problema maior, entretanto, está na semente que foi plantada. Um sentimento generalizado de ódio contra os movimentos de esquerda e de repulsa aos humildes vem crescendo assustadoramente na sociedade brasileira, coisa que não havia antes – pelo menos não de forma tão clara. Repetem-se a rodo, por exemplo, casos de bulling em escolas contra crianças que declararam apoio a Dilma. Há outros casos de crianças que não têm o menor pudor em revelar que são estimulados pelos pais e agredir Dilma com joguinhos de computador, que chutam o traseiro da presidenta eleita e outras atitudes ostensivas.

Os movimentos sociais também estão cada vez mais e de modo mais explícito na lista das instituições odiadas. Os ataques de ódio chegaram a tal ponto que a própria presidente eleita teve que dizer explicitamente que o MST não é caso de polícia mas de política pública, por exemplo. O que mais assusta, entretanto, é que há cada vez mais ouvidos surdos a qualquer argumento que defenda os direitos dessa gente. O grupo dos que simplesmente se negam a pensar sobre a questão cresce a olhos vistos.

Enquanto olhamos com pena para Obama e vemos, assustados, que democratas e republicanos estão num embate de guinadas fortes, esquecemos que esta briga nos EUA é antiga e está institucionalizada. Ela por lá tem as suas regras bem claras e os dois grupos se respeitam, apesar de tudo.

Aqui, temos uma crescente parcela da sociedade que começa a flertar perigosamente com pensamentos fascistas, que podem construir um futuro sombrio. Pior que isso, há uma sementinha sendo diligentemente plantada em cada coraçãozinho infantil, no sentido de odiar o outro lado acima de todas as coisas. Não estamos sabendo ser promotores de paz e justiça e, sem perceber, plantamos ódio, preconceito, egoísmo exacerbado e xenofobia no mais amplo sentido.

E, cá prá nós, está certo que a OAB de Pernambuco tente frear esses jovens por meio da lei. Mas não tenho tanta certeza assim de que isso vai trazer o resultado esperado. Na verdade, estamos forçando esta gente a manter o seu ódio entre quatro paredes. Mas ele continuará por lá, pronto para revelar-se à luz do dia na primeira oportunidade e, pior, ainda mais forte do que antes. Por isso mesmo, urge conclamar todas as forças da sociedade que acreditam nos direitos humanos a iniciar um trabalho gigantesco de educação e divulgação dos ideais de igualdade, paz e justiça entre nós.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Americanos arrependidos

O senador reeleito pelo estado do Arizona, John McCain, segura cartaz com a frase "Demitam Pelosi", em referência à líder democrata na Câmara, Nancy Pelosi

A ESCASSA MAIORIA que colocou Barak Obama na presidência dos EUA derreteu em dois anos. Nas eleições legislativas de ontem, o Partido Republicano reconquistou a maioria na Câmara dos Representantes, passando de 178 para 233 cadeiras, segundo projeção da CNN. Os democratas de Obama despencaram de 255 para 180 cadeiras, segundo esta mesma projeção.

Como o Senado não foi completamente renovado nestas eleições, Obama e os Democratas mantiveram uma pequena maioria nesta casa. Além de colocar um breque nas reformas planejadas, os republicanos prometem derrubar aquelas que já forma feitas por Obama, como a reforma da saúde.

Na prática, esta é a terceira eleição em que houve uma troca de poderes desde 2006. Ainda durante o governo de George W. Bush, a Câmara passou para as mãos dos democratas. Em 2008, Barack Obama foi eleito para a presidência, e agora a Câmara volta ao partido da oposição. Tais mudanças rápidas e radicais no Congresso são relativamente novas na história dos Estados Unidos. Com esse tipo de eleição, os eleitores mandam uma mensagem clara: não gostamos do que vocês estão fazendo, e vamos tirá-los daí”.

O conservadorismo americano mostra a sua força. Obama não é conservador que chega para a maioria dos americanos e esta eleição deixa claro que ou ele entra numa luta inglória contra esta força para manter seu programa de Governo ou Obama terá um segundo tempo mais apagado do que o primeiro na Presidência que, tão duramente, granjeou. Minha aposta vai pela segunda opção.

DEPOIS DE WORMS, A CAÇADA A LUTERO

No último dia da Dieta de Worms, 26 de maio de 1521, já sem a presença de Lutero, foi decretado o Édito de Worms. O documento fora redigido ...