quarta-feira, 20 de junho de 2012

Para a Erundina eu tiro o chapéu




Entre os velhos políticos brasileiros, todos raposas que fazem qualquer negócio para sobreviver, há poucos que merecem o nosso respeito. Entre eles há uma mulher que sempre admirei. Eu tiro o chapéu para a Luíza Erundina.


Por conta de sua coerência política, ela foi convidada a retirar-se do PT (para não dizer expulsa), lembram disso? Eu não entendi aquela história e não a aceitei na época e a condeno até hoje. O PT foi muito sacana com a Erundina, porque ela, mesmo prefeita da maior cidade do Brasil, sempre esteve acima de conchavitos e acorditos de bastidores. Uma nordestina de fibra, um exemplo de retidão e de determinação.

Agora, ao se negar compor chapa com Haddad para a prefeitura de SP com o apoio do sacana do Maluf, ela provou de que cepa vem. Acho que a quimio afetou a cabeça de Lula. Como é que ele vai tomar um cafezinho com o Maluf, logo ele? O vale-tudo na política foi longe demais. Erundina tem toda a razão ao afirmar que o gesto ruim de Lula estraga a prática da política. “Nós da geração que está passando não podemos aceitar práticas políticas condenáveis que afastem a juventude do processo político”, disse ela ao Estadão.

E que discurso patético é aquele de que não existe mais esquerda e direita na política? Só podia vir daquela boca-de-cassapa que só o Maluf tem... Pode não haver mais essa dicotomia, mas existem credos, conjuntos de idéias e, principalmente, projetos muito distintos entre um lado e outro. De um lado está o individualismo, o coronelismo e a crença de que vale tudo para se dar bem. Do outro, há consideração pelo outro, inclusão, coerência com um discurso social.

Neste lamentável episódio, Lula e Maluf estão do lado dos que sempre querem se dar bem e que usam qualquer negócio para conseguir o que querem. E este é um lado que merece toda a nossa repulsa. Do outro lado está Erundina, que não vende seu arcabouço político e nem mancha a sua bela história por causa de 1m35s de espaço na propaganda política... É isso. Tirei o chapéu para Erundina.

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