sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

O Haiti, os EUA e o belo exemplo brasileiro


O brilhante editorial da revista ISTOÉ, desta semana, desnuda, mais uma vez, o caráter belicista e imperialista da nação mais poderosa do mundo (http://www.istoe.com.br/assuntos/editorial/detalhe/44813_A+OCUPACAO+DO+HAITI). Os EUA não perderam tempo. Diante do caos absoluto no Haiti, cujos governantes sequer têm uma escrivaninha numa sala limpa e organizada para administrar o país, os americanos entraram ostensivamente na nação devastada. Não vieram para prestar ajuda humanitária, mas para deixar claro que vão mandar e desmandar. Foi uma invasão, diante dos olhos estupefatos de todo o mundo.

Podiam espelhar-se no Brasil, que está dando um show no Haiti. Espetáculo humanitário digno de um filme, o Brasil tem coração. Os EUA têm apenas interesses, que são invariavelmente e somente os seus próprios.

Depois de muita pressão, a Organização das Nações Unidas (ONU) declarou que o Haiti ainda é um “Estado soberano”, apesar das dificuldades diante do terremoto que devastou o país. A declaração da ONU estabelece limites para a operação americana no Haiti, especialmente no dia em que o país sofreu novo abalo sísmico de 6.1 graus na Escala Richter.

Como os americanos “tomaram conta”, queriam controlar diversos setores, alguns estratégicos, como o Aeroporto de Porto Príncipe, a ONU botou peso, criando uma bem-vinda tensão diplomática contra os todo-poderosos. Os americanos queriam definir quem tem o direito de pousar ou não, ao lado do fato de já terem no país mais soldados do que a missão de paz da ONU, causando mal-estar entre os cidadãos locais e a comunidade internacional.

O Editorial de ISTOÉ definiu muito bem as intenções americanas: “Com seus helicópteros Black Hawk descendo sobre o palácio presidencial, quiseram, simbolicamente, mostrar quem manda. Apresentam-se desta vez como redentores, mas são os mesmos que tentaram derrubar o governo eleito daquele país. Os mesmos que estabeleceram um embargo comercial capaz de estrangular a economia local. Os mesmos que por décadas patrocinaram ditaduras haitianas acusadas de cometer toda sorte de desmandos, massacres, crimes que, tanto como o terremoto, ajudaram a destruir o Haiti. Para um povo privado do sentimento de cidadania, da sensação de nação, da percepção de existência de um Estado operando serviços públicos essenciais, qualquer ajuda é bemvinda. Mas o esforço multilateral deveria se concentrar no pronto restabelecimento de sua dignidade. Pelo desespero da fome, da falta de casa e de condições mínimas de sobrevivência em meio aos escombros, os haitianos ficaram à mercê do caos, vivem em estado primitivo, vagando em hordas pelas ruas na busca de abrigo e alimento, enquanto anseiam pela reconstrução rápida, antes que todo o país se perca nas ruínas. É nesta direção que as forças de paz devem atuar e a primeira noção que os candidatos a salvadores dessa pátria precisam ter é a de que o Haiti não é um país a ser ocupado, mas ajudado.”

O Brasil, mais do que dar um bom exemplo no Haiti e com a força que conquistou internacionalmente, graças à estrela do seu Presidente tem força moral para colocar uma pedra no caminho das intenções americanas. Ninguém suporta mais o imperialismo deles. Chega de ingerência, de abusos de toda ordem. Se quiserem prestar ajuda, são bem-vindos. Mas, deixem seu poderio militar em casa. O Haiti não precisa de ajuda politizada. O Haiti é dos haitianos.

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