Acabo de ler no portal G1 a terrível notícia da morte de Zilda Arns. A coordenadora internacional da Pastoral da Criança morreu no terremoto no Haiti, segundo informação divulgada na manhã desta quarta-feira (13) pelo gabinete do senador Flávio José Arns, sobrinho de Zilda, em Curitiba.
Zilda Arns Neumann tinha 73 anos, era médica pediatra e sanitarista, fundadora e coordenadora internacional da Pastoral da Criança e fundadora e coordenadora nacional da Pastoral da Pessoa Idosa. Ela era representante da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), do Conselho Nacional de Saúde e membro do Conselho Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES).
Catarinense de Forquilhinha (SC), terra que deu ao Brasil também seu irmão, o Cardeal Dom Paulo Evaristo Arns, Zilda Arns foi daquelas mulheres que fizeram mais pelo Brasil do que muitos governos. Seu programa de alimentação - da famosa "farinha milagrosa" - promovido pelas voluntárias da Pastoral da Criança, tirou o Brasil dos índices de fome e da desnutrição que o equiparava à África.
Certamente não estava no Haiti a passeio. O mais pobre país das Américas atraiu a atenção do seu gigantesco coração, que, literalmente, abraçou o mundo para torná-lo um lugar melhor e mais justo para os menores entre os mais pequenos.
É uma perda irreparável. Ela partiu sem receber as homenagens que certamente merecia. Indicada ao Prêmio Nobel da Paz, como efetivamente foi algumas vezes, ela por certo iria fazer boa figura na galeria dos laureados.
Vai em paz, Zilda! Que o teu exemplo inspire e motive muitos na busca de um mundo melhor. Tu provaste à sobeja que ele é possível, apesar dos séticos.
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Pobre Haiti!
Com uma superfície de 27.750 Km2 (1/3 do tamanho de Santa Catarina), o Haiti é o país mais pobre das Américas, com dez milhões de habitantes com renda per capita anual de 560 dólares.
Ocupando a parte ocidental da ilha Hispaniola, que partilha com a República Dominicana, o Haiti foi uma colônia francesa e tornou-se em 1 de Janeiro de 1804 a primeira república negra de todo o mundo, proclamada por escravos que derrotaram o império de Napoleão e inspirados nos ideais da revolução francesa. Assim, o Haiti foi o primeiro país independente da América Latina, num glorioso feito dos escravos liderados pelo negro Jean-Jaques Dessalines, que foi nomeado governador e se auto-proclamou imperador.
Hoje, nada lembra essa origem heróica. O Haiti moderno ocupa o lugar número 146 numa escala de 177 do Índice de Desenvolvimento Humano-IDH, do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). Mais de metade da população (95% de negros descendentes dos antigos escravos) vive miseravelmente, com menos de um dólar por dia, enquanto 78% mal chega aos dois dólares. De mil crianças nascidas 60 morrem antes de completar um ano.
As línguas principais são o crioulo e o francês e a religião principal, em termos meramente estatísticos é o cristianismo; mas a verdade é que 80% dos católicos praticam o vodu, um culto africano ancestral encarado por muitos como feitiçaria.
Depois de décadas de ditadura da família Duvalier (François e seu filho Jean-Claude), o ex-padre Jean-Bertrand Aristide tornou-se em 1990 o seu primeiro presidente livremente eleito. Derrubado em 1991 por um golpe militar, foi reinstalado pelos EUA, mas em 2004 acabou por ter de partir para o exílio, devido à rebelião de uma série de quadrilhas e de antigos soldados.
Desde 2006, o presidente do Haiti é René Preval, que dirige um estado praticamente falido e completamente dependente do auxílio externo. De 2004 a 2006 nem sequer teve chefe de estado, tendo vivido numa espécie de limbo difícil de imaginar, mas que está bem de acordo com a extrema debilidade crônica que sempre caracterizou o seu sistema político.
Ocupando a parte ocidental da ilha Hispaniola, que partilha com a República Dominicana, o Haiti foi uma colônia francesa e tornou-se em 1 de Janeiro de 1804 a primeira república negra de todo o mundo, proclamada por escravos que derrotaram o império de Napoleão e inspirados nos ideais da revolução francesa. Assim, o Haiti foi o primeiro país independente da América Latina, num glorioso feito dos escravos liderados pelo negro Jean-Jaques Dessalines, que foi nomeado governador e se auto-proclamou imperador.
Hoje, nada lembra essa origem heróica. O Haiti moderno ocupa o lugar número 146 numa escala de 177 do Índice de Desenvolvimento Humano-IDH, do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). Mais de metade da população (95% de negros descendentes dos antigos escravos) vive miseravelmente, com menos de um dólar por dia, enquanto 78% mal chega aos dois dólares. De mil crianças nascidas 60 morrem antes de completar um ano.
As línguas principais são o crioulo e o francês e a religião principal, em termos meramente estatísticos é o cristianismo; mas a verdade é que 80% dos católicos praticam o vodu, um culto africano ancestral encarado por muitos como feitiçaria.
Depois de décadas de ditadura da família Duvalier (François e seu filho Jean-Claude), o ex-padre Jean-Bertrand Aristide tornou-se em 1990 o seu primeiro presidente livremente eleito. Derrubado em 1991 por um golpe militar, foi reinstalado pelos EUA, mas em 2004 acabou por ter de partir para o exílio, devido à rebelião de uma série de quadrilhas e de antigos soldados.
Desde 2006, o presidente do Haiti é René Preval, que dirige um estado praticamente falido e completamente dependente do auxílio externo. De 2004 a 2006 nem sequer teve chefe de estado, tendo vivido numa espécie de limbo difícil de imaginar, mas que está bem de acordo com a extrema debilidade crônica que sempre caracterizou o seu sistema político.
Uma força de paz da ONU tenta manter a sociedade funcionando. Essa força militar é integrada por 1.300 soldados brasileiros. Mais que suas atribuições militares, esses homens têm feito verdadeiros milagres para manter alguma dignidade de vida no país miserável. Agora, o pouco que tinham está dramaticamente destruído pelo terremoto.
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