Fiquei com saudades do meu diploma de datilógrafo. Cada vez
menos gente sabe o real significado de ter um desses na pasta de documentos. Era
quase como uma passagem para uma vida melhor. Muitos o emolduravam e penduravam
na parede. Orgulho-me de ser treinado para usar os dez dedos no teclado de uma
pesada máquina de escrever.
Esse súbito ataque de nostalgia me sobreveio ao saber que
Tom Hanks coleciona máquinas de escrever. Tem mais de 200 em seu acervo
pessoal. Não satisfeito, ele acaba de criar um programa de computador que
resgata a maioria das sensações da produção de um texto numa máquina de
escrever. Trata-se do HANX WRITER. Uma vez instalado, permite ouvir o som das
tecladas durante a produção do texto, enquanto um papel virtual vai brotando na
tela enquanto o texto cresce.
Segundo o arquivista Aldemir Chiaramelli, do Estadão, o
aplicativo é especial. “O barulho dos teclados, as letras, os tipos são
perfeitos, igualzinho a uma máquina de escrever de verdade”.
Já fui bom nisso e me orgulho. Mas conheci um cara na minha
adolescência, que era escrivão da Câmara de Vereadores de Rio do Sul no início
dos anos 1970, que registrava os discursos e os debates. Nada escapava aos seus
ágeis dedos. Tudo ia para as atas e os registros. Ele foi um dos meus primeiros
ídolos.
Mas nada define melhor o sentimento de um datilógrafo do que
as apropriadas palavras de Tom Hanks: “Tudo o que se datilografa numa máquina
de escrever soa grandioso, as palavras se formam em miniexplosões: THAC, THAC,
THAC. Um bilhete de agradecimento ressoa com o mesmo fragor que uma obra-prima
da literatura”.
Veja o comparativo entre a máquina e o programa Hanx Writer aqui.
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