quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Quando o Sol desaparece

Dois meses sem sol começam a ter efeitos devastadores sobre as pessoas. Um incontrolável sentimento de melancolia começa a nos dominar. Segundo os estudiosos, a história do clima nos ajuda a entender. Em regiões de longos e escuros invernos, seguidos de primaveras e verões chuvosos e com o céu encoberto na maioria dos dias, populações inteiras são mais propensas à melancolia.
Esse clima depressivo que domina todos é hoje descrito como SAD, Seasonal Affective Disorder, que aparece quando o sol desaparece, levando muitos a um exagerado sentimento de tristeza e até mesmo, em alguns lugares, aumentando inclusive o número de suicídios. Os sintomas agudos da SAD manifestam-se como problemas de sono, letargia, falta de apetite, depressão, problemas sociais, sentimentos de medo, perda da libido e mudanças repentinas de humor. Não é por acaso que muitos se queixam de baixa imunidade e do aparecimento de infecções.
A luz e as trevas têm forte influência sobre a cultura e a religião. A própria Bíblia fala da luz como o bem e das trevas como o mal. E isso é assim na maioria das civilizações, como codificação cultural e religiosa que as assemelha. Em todas elas a luz é identificada com aspectos positivos e a escuridão com o mal. É uma cultura que chegou até mesmo a Hollywood, onde os filmes de pouca iluminação são sempre os mais tenebrosos, maquiavélicos e repletos de pesadelos e planos do mal.
O aumento da escuridão não traz bons sentimentos. Aumentam a sensação de solidão, de abandono, de angústia e cresce o medo do desconhecido e instala-se o pavor. Imagine como era isso nos milhares de anos em que a humanidade passou as noites sem a espetacular luz artificial que ilumina nossas casas e cidades nos dias de hoje. A noite era recebida com apreensão e angústia.
Anos e até décadas de pouca luz solar espalharam uma cultura trevosa, que produziu uma autêntica idade das sombras em muitas sociedades. Histórias de pessoas loucas, inclusive entre os governantes, não faltam. Lembro apenas o exemplo do jovem rei Luiz XIV da França, que se autodenominava o rei sol e se deixou retratar como a personificação do Sol em balé. Monarcas do seu tempo seguiram o exemplo dele, na desvairada busca por um pouco de luminosidade e se deixaram retratar também como sóis num tempo sem sol.
Alguém se habilita a dançar um balé solar por aqui? Volta, Sol!!!

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