terça-feira, 10 de junho de 2014

As enchentes e "o outro lado do muro"

Vista panorâmica da Barragem Norte, em José Boiteux.

"É de conhecimento e de angústia de todos a situação das nossas cidades frente às chuvas. Blumenau, Jaraguá do Sul, Guaramirim, Rodeio, Corupá, Massaranduba, Schroeder, Gaspar... Desespero e incertezas novamente estão presentes, e em tão pouco tempo.

Eu gostaria de colocar nesta triste lista mais um nome e que por inúmeras vezes é ignorado, e que tem papel fundamental para que a tragédia não seja pior em nossas cidades: o outro lado do muro.

A Barragem Norte, localizada no Município de José Boiteux, é uma das comportas que controla o forte fluxo de água que entra no Rio Itajaí-Açu. Para minimizar a quantidade de água que chega em nossas cidades (imaginem se viesse mais água???), o que tem atrás deste muro precisa ficar submerso. E atrás deste muro têm pessoas, que vivem na Terra Indígena Xokleng-Laklãnõ.

Por estar trabalhando no COMIN (entidade que atua com os povos indígenas dentro da Terra Indígena Xokleng-Laklãnõ), recebi ligações de lideranças ontem e hoje informando que a situação está caótica: pessoas ilhadas e desabrigadas, barreiras caídas nas estradas, falta de alimento, necessidades básicas... E a preocupação aumenta porque as águas dos morros precisam ainda descer, pois a chuva parou somente domingo à noite. As nossas cidades felizmente têm um círculo de solidariedade nestes momentos de dor e carência, mas as aldeias indígenas estão lançadas à própria sorte. Segundo informações internas, a comporta da Barragem Norte foi aberta ontem depois de muita pressão das aldeias. Faltou menos de 1 metro para a água transbordar.

Duas questões são levantadas:

1. Encontrar maneiras de pressionar os órgãos competentes para que atuem com agilidade: têm casas rachando e com água dentro, e em torno de 50 famílias desabrigadas que estão fazendo protesto na Barragem (mais uma entre tantas, pois quando há enchentes este é o primeiro local de destruição);

2. Segundo a liderança da Aldeia Sede, que terá reunião com os outros caciques nesta tarde, as famílias desabrigadas necessitam de alimentos. Quem puder auxiliar na compra de alimentos, agradecemos. Acredito que o caminho mais prático seja via depósito na minha conta corrente (Banco do Brasil, Ag.2990-4, c.c10914-2, JASOM DE OLIVEIRA) e estaremos comprando."

Desde já agradecemos a rede e solidariedade com todos e todas que sofrem nestes momentos,

Jasom de Oliveira
COMIN / Leste Catarinense

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