terça-feira, 18 de junho de 2013

A Igreja de retirantes pode ser uma parceira relevante

 O estádio Mangueirão lotado em Belém, nos 100 anos da AD em 2011.

No dia 18 de junho de 1911 era fundada, no Pará, a igreja Missão de Fé Apostólica. No ano de 1918 essa pequena igreja pentecostal foi rebatizada de Assembleia de Deus. A maior igreja evangélica do Brasil foi fundada pelos missionários suecos Gunnar Vingren e Daniel Berg, que chegaram em Belém no final de 1910, vindos dos Estados Unidos.

Ao longo dos anos, a Assembleia de Deus no Brasil expandiu-se pelo estado do Pará, alcançou o Amazonas e se propagou pelo Nordeste, em especial entre as pessoas mais carentes. A Igreja chegou ao Sudeste no começo da década de 20 por conta das famílias de retirantes do nordeste.

Outros missionários estrangeiros foram enviados para dar suporte a Gunnar Vingren e Daniel Berg no crescimento da Igreja. A partir de 1930, a Assembleia de Deus no Brasil passou a ser administrada exclusivamente pelos pastores residentes no Brasil, sem perder os vínculos com a igreja na Suécia. A partir de 1936 a igreja teve mais colaboração das Assembleias de Deus dos Estados Unidos através dos missionários enviados ao país.

Com a estimativa de 22,5 milhões de membros, a Assembleia de Deus no Brasil é hoje a maior denominação pentecostal do mundo. Em segundo lugar está a Coréia do Sul com 3,1 milhões. As Assembleias de Deus no Brasil puxaram o crescimento dos evangélicos no país e, segundo algumas projeções, deverá ultrapassar os 100 milhões em 2020, o que obviamente é um tanto exagerado.

As estimativas apontam ainda mais de 35 mil ministros e mais de 100 mil templos espalhados por todo o Brasil. Na verdade, a Assembleia de Deus está presente até mesmo nos lugares onde as estruturas governamentais não estão. 

Ao todo, as Assembleias de Deus têm 64 milhões de membros espalhados no mundo e 363.450 ministros, divididos entre 351.645 igrejas e presentes em 217 países. O Brasil lidera essa lista com 22,5 milhões de membros, de acordo com as estimativas da igreja nos EUA.

Na verdade, a AD é hoje uma igreja a ser considerada como parceira relevante no meio ecumênico brasileiro. 

Em primeiro lugar porque, como uma igreja institucionalizada e com um século de tradição, já não deve ser contada entre os grupos pentecostais de cunho meramente proselitista ou radical. Há cada vez mais teólogos entre seus ministros com uma reflexão aberta e bem fundamentada, inclusive com pensamento progressista, com influência dos grandes teólogos europeus e latino-americanos.

Em segundo lugar, porque é uma parceira de peso na formação teológica de contingentes cada vez maiores de ministros e ministras pentecostais em todo o Brasil, em centros de formação conduzidos por teólogos que fizeram mestrado e doutorado na Faculdades EST, em São Leopoldo (RS). Alias a Faculdades EST é uma instituição que contribui cada vez mais para o aprofundamento da reflexão teológica entre os pentecostais e, consequentemente, para a crescente abertura teológica da AD.

Em terceiro lugar, justamente por tudo isso, a AD é hoje o grande fiel da balança no meio pentecostal e neopentecostal brasileiro. Não só por conta de sua representatividade numérica mas especialmente por causa de sua influência teológica, a AD é o grande catalisador que tem força para resfriar o vulcão em crescente ebulição nesse lado do cristianismo na América Latina. Em meio à inconsistente e escaldante lava ainda lançada às alturas no meio pentecostal, a AD é a parte dessa massa que vai se acomodando e criando um terreno firme e confiável.

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