Em meio à onda de protestos no Brasil e no mundo, de
reivindicações de balcão por toda parte e de exigências como de criança mimada
que se atira no chão da loja de brinquedos e esperneia até ser atendida, vai
passando despercebida uma lenta agonia. Aos 94 anos, Nelson “Mandiba” Mandela
quer o merecido descanso. Um ícone mundial das lutas difíceis – e daquelas que
realmente valem a pena – quer partir.
Mandiba é a prova de que “a luta é tamanha”. Não há balcões
onde se possa comprar um país melhor, mais qualidade na educação e na segurança
ou um pouco menos de corrupção. Essa é uma luta árdua e demorada, que pode
custar muito além de meia dúzia de cartazes ou faixas num protesto de rua.
Tanto é assim que Mandela passou a juventude e boa parte da vida adulta atrás
das grades por conta de uma África do Sul livre do apartheid.
Foi libertado já velho, para comandar uma transição difícil
de um país corrupto e nas mãos da minoria branca para um país africano
autêntico, em que havia espaço também para os negros. E não o fez espumando de
raiva, vociferando impropérios contra adversários, mas num duro e trabalhoso
processo de reconciliação nacional, que transformou a África do Sul num modelo
real do que significa recomeçar do zero, reconciliando os inimigos e
construindo pontes em vez de prisões.
Mandiba fará falta a um mundo ansioso, angustiado e
prisioneiro da pressa cidadã. A sua paciência repleta de sabedoria se fixa como
uma lição inalienável de que conquistas perenes são erguidas com persistência,
dedicação e paciência. Hoje não oro para que Nelson Mandela tenha mais alguns
dias, meses ou anos de difícil vida de alquebrado ancião, mas para que a bela lição
de Mandiba permaneça eternamente na nossa memória e se transforme num daqueles
legados que a humanidade não pode, sob nenhuma hipótese, esquecer.
Excelente texto! Obrigada por compartilhá-lo!
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