A justiça é tão míope que não se sensibiliza com o futuro dessas crianças...
“Mataram um
guerreiro Terena. Chegaram de forma covarde, com balas e bombas. Atiraram pra
matar. Não teve negociação. O Estado manda em tudo, em juiz, em tudo. Nós aqui
morrendo por um pedaço de terra. Osiel era jovem, comprometido com a vida de
seu povo.”
Essas nervosas palavras do líder indígena Gerson Terena descrevem
bem como foi mais um covarde ataque a indígenas.
Segundo ele,
crianças, mulheres e anciãos não foram sequer levados em consideração, naquela
fatídica tarde de quinta-feira 30 de maio, em Cidrolândia (MS). Os indígenas,
em mais uma de milhares de vezes na mesma lista, defendiam um pedaço de chão
para viver. Sob a conivência e a omissão do Governo Federal, os Terena foram
massacrados pela polícia federal e pela polícia militar de Mato Grosso Sul. O
jovem guerreiro terena morto era Josiel Gabriel, líder de 32 anos. Outras três
pessoas foram baleadas.
Ali perto, outro
indígena foi atropelado pela viatura da polícia e socorrido por jornalistas
presentes, que haviam sido proibidos de entrar na área para cobrir a ação. Para
dispersar os indígenas, foram utilizadas bombas de gás lacrimogênio. A polícia
alega que estava cumprindo determinação judicial. Mesmo com muitos indígenas
baleados, hipocritamente o Governo Estadual negou que a polícia tivesse
utilizado armas letais na ação.
O povo Terena foi
pego de surpresa numa “operação de guerra”, segundo seus líderes. A ação foi
impetrada por cerca de 400 policiais que cercaram a área indígena, que entraram
atirando com balas de borracha e lançando bombas de efeito moral. “Depois
começaram a atirar pra valer. Resistimos com pedras e eles atiraram. Foi um
horror, um horror. É doído a gente ver um patrício morrer defendendo algo que
lhe pertence. Essa terra é nossa, é a nossa”, declarou Gerson.
O massacre ocorreu
na área indígena que integra a Terra Indígena Buriti. Em 2010, as terras foram
declaradas pelo governo federal como Área de Posse Permanente da Nação Terena,
visto que sempre pertenceram a essa etnia. Por omissão do Governo Federal, que
vem cedendo às pressões dos latifundiários, o processo de homologação da terra,
entretanto, nunca chegou a acontecer. Segundo a Funai há mais de quatro mil
indígenas em nove aldeias da região.
Além de continuar a
promover as invasões das áreas indígenas, a elite latifundiária de Mato Grosso
do Sul contesta na Justiça a decisão do governo federal. No ano passado, em
conluio com agentes do poder judiciário, os fazendeiros conseguiram derrubar a
portaria declaratória no TRF (Tribunal Regional Federal). Setores da Funai
comprometidos ainda recorrem da decisão.
“A Justiça disse
que é nossa. Mesmo assim, morremos sobre ela... morremos por um pedaço de chão”,
denunciou Gerson Terena. O latifundiário Ricardo Bacha, que já foi secretário
da fazenda, deputado e candidato a governador do Mato Grosso do Sul, alega ser
o dono das terras. (Com informações do CEBI).
E a “justiça” opta
sempre pelo capital, nunca pelas pessoas. A “justiça” defende a especulação
imobiliária contra o que diz a Constituição, de que a terra tem fim social e é
de quem nela vive. A “justiça” defende sempre o grande, o poderoso, contra gente pequena, indefesa e incapaz, como essas crianças indígenas Terena na foto que abre este post. Em vista dessa opção de uma justiça, que não é cega mas
míope, expulsam-se quatro mil indígenas de suas terras para dar razão a um especulador,
que apenas acrescenta alguns trocados à sua fortuna suja, injusta e
inconstitucional...
Até quando?
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