quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Moralismo na crítica ao sepultamento do ator



A morte do consagrado ator norte-americano Philip Seymour Hoffman, no dia 2 de fevereiro aos 46 anos, causada por uma overdose de heroína, chocou o mundo. Muitas pessoas foram testemunhas da batalha de Hoffmann contra as drogas, uma inglória luta perdida.

Mas um choque maior ainda veio depois, e de dentro da igreja. Sepultado segundo o ritual católico de encomendação, nos dias seguintes muitos “cristãos” criticaram a legitimidade do cerimonial, uma vez que o apego de Hoffmann à droga o tornaria um pecador digno de julgamento e, portanto, não merecedor de um sepultamento como o que recebeu. Novamente a moral colocou os pesos na balança.

Como estamos às voltas com o tema suicídio, não pude deixar de fazer a dramática ponte entre nossa dor e tabus e o drama de Hoffmann. Segundo esses moralistas, à semelhança do trato destinado aos suicidas no passado, a morte do ator por overdose o tornaria quase um suicida. Talvez eu exagere, mas é exatamente esta postura que vejo nos críticos do cerimonial que ele recebeu e na falsa moral que o condenou ao limbo dos indignos.

Que Deus nos perdoe por nossa fé arrogante, moralista e injusta.

Maiores detalhes sobre o tema, em inglês, aqui.

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