quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

O Natal inverte a lógica humana

Na estrebaria em Belém, onde Deus se torna ser humano num frágil bebê, inverte-se a lógica humana. Deus torna-se ser humano... E o ser humano sempre quis ser Deus. Foi assim desde sempre. Já no Gênesis, ao relatar a história da Criação, tanto fez até dar a entender que todas as coisas foram feitas para ele, em seu benefício e proveito. O ato criador do homem e da mulher foi convertido no ápice indevido da Criação. Auto atribuímo-nos o lugar de destaque.

Por isso, em nosso afã de confirmarmos a condição de morango do bolo que usurpamos desde sempre, sofremos algumas grandes humilhações ao longo da história. E elas foram necessárias para que pudéssemos ter a compreensão real da salvação que Deus nos proporciona no Natal.

Vou citar ao menos duas dessas humilhações. A primeira delas é a cósmica. Na visão antropocêntrica e egoísta que sempre caracterizou a humanidade, durante séculos a Terra era considerada nada menos que o centro do Universo, com todos os astros girando ao seu redor. Depois de Copérnico sabemos que não é assim. O planeta que habitamos é tão insignificante na imensidão cósmica, que se Deus enviasse um anjo para que lhe trouxesse o planeta Terra, ele simplesmente não o encontraria (Boff). Em meio à imensidão do cosmos, a humanidade é menor que um formigueiro no meio do serrado. A Terra é menos que um grão de areia.

A segunda humilhação é a teológica. O ser humano sempre se considerou autossuficiente, dono de sua vontade e capaz de fazer o que se espera dele. Somos exigentes com relação aos outros, e reclamamos que sejam perfeitos, não errem jamais, sejam justos, honestos e perfeitos. Mas, quando o apóstolo Paulo afirma que nós até queremos fazer o bem, fazer tudo certinho, mas não conseguimos porque somos fracos, incapazes, incompetentes, ele nos coloca no nosso lugar de pessoas fracassadas, que querem, acham que podem, mas não conseguem. Falhamos sempre de novo.

Com o nascimento deste menino, Deus nos ama mesmo assim. E nós não aceitamos esta lógica de Deus. Como pode um menino representar toda a salvação, todo o amor, toda a vida? Tinha que ser um super-herói, um Deus grego, um general vitorioso... jamais um frágil menino! Deus quebra a nossa autoestima e nos diz, a partir daquela estrebaria, com cheiro de vaca, de esterco, de palha babada e de urina, que o único jeito de nos tornarmos divinos é através deste frágil menino.

A salvação e o poder que sempre imaginamos, passa por ele, e somente por ele!  Só há um jeito de nos tornarmos divinos: através da admiração e da adoração a este presente natalino! Jesus veio para mim, para você, para toda a humanidade e é assim que, finalmente, a humanidade recebe o destaque que sempre julgou ter. Quem nos torna o morango do bolo, o ápice da criação de Deus é a contemplação deste bebê!


Um Feliz Natal a todos e a todas!

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