A ousadia da frontal falta de qualquer respeito às leis quase transforma em tragédia um encontro já corriqueiro no pouco que resta da nossa escassa reserva florestal, que põem numa guerra os ambientalistas e os caçadores. O casal de ambientalistas Wigold Schaffer e Miriam Prochnow, que têm reconhecimento internacional e a admiração de todos, viraram caça em sua mata, em Atalanta, nas mãos de Odair Gembro.
Camuflado, Odair caçava tranquilamente
na floresta, quando foi surpreendido por um passeio matinal dos donos da
propriedade, que estavam tirando fotos da fauna que, a muito custo e contra a
falta de escrúpulos de gente como Odair, defendem com seu próprio sangue.
Irritado por ter sido descoberto apesar da camuflagem, Odair
partiu para a agressão. Ao perceber que estavam fotografando, transformou-se em
bandido armado disposto a tudo, para botar a mão no instrumento que o
incriminava num crime, largamente praticado e pouco reprimido, o da caça da
vida selvagem e em risco de extinção.
Espanta ainda mais que, ao ser pego em flagrante ato de
crime, em vez de reconhecer e fugir com medo da cadeia, enfrenta de arma em
punho e com violência extrema quem está em seu pleno direito...
Espanta também que este tipo de crime acontece todo final de
semana, em plena luz do dia e nenhum caçador é preso ou conduzido aos
tribunais. Nada acontece. Por isso, gente como Wigold e Miriam entram na mata
que protegem com medo, acuados como os animais que estes bandidos caçam,
convictos que, atrás da próxima árvore, pode estar à espreita um bandido armado
até os dentes que, sem escrúpulos de matar um animal indefeso, também não se
intimidariam em abater um ambientalista. Eles morreriam como caça. Afinal, já
faz tempo que são caçados impiedosamente.
E agora a realidade é esta. Não são os ambientalistas que
expulsam os caçadores da floresta, mas estes mantêm os ambientalistas fora das
florestas, para que não incomodem sua hedionda prática de caça predatória e
ilegal. Eu pergunto, e a polícia ambiental? Onde está e para que serve? Para se
enfurnar em mofados escritórios envoltos em um ar viciado de burocracia movida
a papelada e cheiro de cooler de computadores?
Com estas perguntas atravessadas e um nó na garganta
indignada, o Programa Ambiental Galo Verde, de ação ambiental nas igrejas
cristãs, solidariza-se com o casal de ambientalistas Wigold Schaffer e Miriam
Prochnow e vem a público pedir a mais rigorosa apuração dos fatos e a punição
exemplar dos caçadores tão à vontade em nossas últimas e minúsculas reservas ambientais.
Pastor Clovis Horst Lindner
Coordenador do Programa Ambiental Galo Verde
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