Hoje é um dia muito especial para o mundo luterano brasileiro. No dia 26 de outubro de 1949, há 60 anos, a Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil-IECLB tornava-se uma organização nacional, unificando os sínodos, paróquias e comunidades luteranos de norte a sul do Brasil. Seis décadas nos separam desse feito, que, visto desta distância, nem parece tão relevante assim.
Entretanto, um demorado processo ecumênico, no mais autêntico sentido desta palavra, possibilitou o feito. Uma verdadeira conquista, em termos de unificação. Várias tradições oriundas da Reforma do século 16 conseguiram entender que era hora de unificar as trilhas (syn-hodós) que cada uma delas havia aberto carinhosamente em vários pontos do território nacional, mormente aqueles marcados pela imigração alemã e pomerana.
Dentro do cenário religioso cristão brasileiro, a IECLB é uma igreja pequena, sem dúvida. Pouco mais de 750 mil brasileiros estão ligados à sua tradição confessional.
Mas a IECLB tornou-se uma inegável referência no mundo protestante brasileiro. A sua teologia e modo de edificar comunidade são referência. A formação teológica oferecida por décadas no Morro do Espelho e, mais recentemente, em dois outros centros de formação, em São Bento do Sul e Curitiba, são nota A em classificação do MEC com seus cursos de Teologia. Hoje, formar-se num desses centros, mesmo que para atuar em outras igrejas do mundo protestante brasileiro, é um quesito altamente considerado no currículo de cada vez mais teólogos e obreiros. A Faculdades EST, com seus programas de mestrado e doutorado em Teologia, são referência em toda a América Latina e, mesmo, nos grandes centros de graduação europeus.
Por isso, parabéns, IECLB!
Mas não é só isso que me orgulha por ser um dos 750 mil brasileiros com filiação na IECLB, ou mesmo por ser um de seus obreiros. O que me torna apaixonado por suas fileiras, é a confessionalidade luterana, a pessoa de Martim Lutero e sua impressionante obra, tornando a salvação uma graça e não uma conquista. Num mundo capitalista extremado, isso chega a ser uma afronta.
Também me orgulha o fato de pertencer a uma igreja em que muitas correntes filosófico-cristãs encontram pleno abrigo. Na IECLB há liberdade de pensamento. A crítica é forte às vezes, mas ninguém coloca mordaça em ninguém. Há muitas maneiras de ser IECLB, mas nenhuma é imposta. Por isso, a IECLB não é a minha igreja só porque nasci evangélico-luterano, mas porque ela é do jeito que é.
Menciono ainda, com prazer, a importância que esta pequena grande igreja conquistou no mundo ecumênico. Atualmente ocupamos a presidência do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs-CONIC (pastor Carlos Möller, em Brasília), a secretaria-geral do Conselho Latino-Americano de Igrejas-CLAI (pastor Nilton Giese, em Quito), e o nosso pastor-presidente é o Moderador do Comitê Executivo do Conselho Mundial de Igrejas-CMI. Somos protagonistas no que se refere à tarefa santa de unificar a cristandade. Esta abertura ecumênica ampla e irrestrita da minha igreja me enche de orgulho sadio.
Tenho certeza de que a IECLB é assim por causa da sua história. Muitos jeitos de entender Lutero uniram-se há 60 anos, no dia 26 de outubro. Foi necessária uma alta dose de ceder e aceitar, para poder colocar tudo isso sob o amplo e generoso guardachuva da IECLB. Desde então, essa diversidade só fez aprofundar a reflexão, enriquecendo todo o mundo ecumênico no seu entorno. Por tudo isso, apesar das muitas (e boas) rusgas, parabéns, IECLB!
Gostei, colega, o ser ecumênico não é hoje mais uma opção, mas essencial para o ser igreja de Cristo. O respeito às diferentes opiniões e maneiras de ser igreja dentro da IECLB é o que faz ela tão rica. Pena que muitos destes 750 mil brasileiros não consigam entender assim e se degladiam em correntes teológicas.
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