quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Mais uma lição básica aos humanos


Mais uma lição do mundo animal para os humanos, que pouco conseguem dividir. A foto da Agência EFE, vinda da Tailândia e divulgada no Terra, mostra um filhote de macaco de três meses se segurando nas costas de um cão, perto do templo budista de Tung Luang, na província de Chiang Mai, na Tailândia. O indefeso filhote órfão foi adotado pelo vira-latas, depois que a mãe do macaco foi morta por caçadores. Os dois dividem a comida e a água que recebem das pessoas na rua.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Advento é em dezembro!

No domingo passado fui surpreendido com um guindaste da Prefeitura de Blumenau enfeitando a Rua das Palmeiras para o Natal. Para o Natal? Sinceramente, não me senti empolgado com a ideia da chegada do natal. Outubro ainda não terminou, falta todo o mês de novembro e, somente então, começa o mês com os quatro domingos de Advento, tradicionalmente de preparativos para o Natal. No shoping também já estão bem adiantados os "enfeitamentos" natalinos.
Me faz lembrar uma densa campanha da Igreja Evangélica na Alemanha, iniciada por esta época no ano passado. "Advent ist in Dezember", era o mote da campanha. Talvez, devêssemos adotá-la por aqui também. Mas a sanha de lucro do capitalismo não tem limites. Senhores comerciantes: "O Advento começa em Dezembro"! Dá para respeitar isso? A vida é mais do que lucro a qualquer preço.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Parabéns, IECLB!


Hoje é um dia muito especial para o mundo luterano brasileiro. No dia 26 de outubro de 1949, há 60 anos, a Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil-IECLB tornava-se uma organização nacional, unificando os sínodos, paróquias e comunidades luteranos de norte a sul do Brasil. Seis décadas nos separam desse feito, que, visto desta distância, nem parece tão relevante assim.

Entretanto, um demorado processo ecumênico, no mais autêntico sentido desta palavra, possibilitou o feito. Uma verdadeira conquista, em termos de unificação. Várias tradições oriundas da Reforma do século 16 conseguiram entender que era hora de unificar as trilhas (syn-hodós) que cada uma delas havia aberto carinhosamente em vários pontos do território nacional, mormente aqueles marcados pela imigração alemã e pomerana.

Dentro do cenário religioso cristão brasileiro, a IECLB é uma igreja pequena, sem dúvida. Pouco mais de 750 mil brasileiros estão ligados à sua tradição confessional.

Mas a IECLB tornou-se uma inegável referência no mundo protestante brasileiro. A sua teologia e modo de edificar comunidade são referência. A formação teológica oferecida por décadas no Morro do Espelho e, mais recentemente, em dois outros centros de formação, em São Bento do Sul e Curitiba, são nota A em classificação do MEC com seus cursos de Teologia. Hoje, formar-se num desses centros, mesmo que para atuar em outras igrejas do mundo protestante brasileiro, é um quesito altamente considerado no currículo de cada vez mais teólogos e obreiros. A Faculdades EST, com seus programas de mestrado e doutorado em Teologia, são referência em toda a América Latina e, mesmo, nos grandes centros de graduação europeus.

Por isso, parabéns, IECLB!

Mas não é só isso que me orgulha por ser um dos 750 mil brasileiros com filiação na IECLB, ou mesmo por ser um de seus obreiros. O que me torna apaixonado por suas fileiras, é a confessionalidade luterana, a pessoa de Martim Lutero e sua impressionante obra, tornando a salvação uma graça e não uma conquista. Num mundo capitalista extremado, isso chega a ser uma afronta.

Também me orgulha o fato de pertencer a uma igreja em que muitas correntes filosófico-cristãs encontram pleno abrigo. Na IECLB há liberdade de pensamento. A crítica é forte às vezes, mas ninguém coloca mordaça em ninguém. Há muitas maneiras de ser IECLB, mas nenhuma é imposta. Por isso, a IECLB não é a minha igreja só porque nasci evangélico-luterano, mas porque ela é do jeito que é.
Menciono ainda, com prazer, a importância que esta pequena grande igreja conquistou no mundo ecumênico. Atualmente ocupamos a presidência do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs-CONIC (pastor Carlos Möller, em Brasília), a secretaria-geral do Conselho Latino-Americano de Igrejas-CLAI (pastor Nilton Giese, em Quito), e o nosso pastor-presidente é o Moderador do Comitê Executivo do Conselho Mundial de Igrejas-CMI. Somos protagonistas no que se refere à tarefa santa de unificar a cristandade. Esta abertura ecumênica ampla e irrestrita da minha igreja me enche de orgulho sadio.

Tenho certeza de que a IECLB é assim por causa da sua história. Muitos jeitos de entender Lutero uniram-se há 60 anos, no dia 26 de outubro. Foi necessária uma alta dose de ceder e aceitar, para poder colocar tudo isso sob o amplo e generoso guardachuva da IECLB. Desde então, essa diversidade só fez aprofundar a reflexão, enriquecendo todo o mundo ecumênico no seu entorno. Por tudo isso, apesar das muitas (e boas) rusgas, parabéns, IECLB!

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

A difícil arte do respeito à diversidade religiosa


Estudiosos, professores e representantes de diversos países da América Latina participaram ontem à noite, em Blumenau, no auditório do Viena Park Hotel, da solenidade de abertura do I Seminário Internacional Culturas e Desenvolvimento. O encontro, que se estende até sábado, abriga também o V Seminário Catarinense de Ensino Religioso. Organizado pela FURB-Universidade Regional de Blumenau, com participação da Associação de Professores de Ensino Religioso de Santa Catarina e diversas outras entidades, discute o tema Culturas e Diversidade Religiosa na América Latina - Pesquisa e Perspectivas Pedagógicas.

A importância do debate do encontro foi cravada já na apresentação pelo Dr. Roberto Araújo, assessor de Direitos Humanos da Presidência da República, ao quantificar que a Secretaria Especial de Direitos Humanos registra, entrementes, nove matrizes religiosas, que se dividem em 181 religiões em território brasileiro.

Segundo Araújo, os problemas de desrespeito por motivos religiosos estão entre as principais queixas que chegam à Secretaria, ligadas ao tema direitos humanos. "O estado brasileiro, segundo a constituição, é laico, mas tem o dever de zelar pela total liberdade de manifestação religiosa", o que, segundo ele, não é tarefa fácil num país que tem muitos preconceitos religiosos enraizados. Segundo ele, "respeitar o direito do outro de crer no que ele quiser ou até de não ter nenhuma crença é requisito básico para que eu tenha o meu direito de crença preservado também". Esta é a base do convívio respeitoso num ambiente de diversidade religiosa.

O secretário-geral do Conselho Latino-Americano de Igrejas-CLAI, o pastor luterano brasileiro Nilton Giese, exemplificou que, mesmo entre as diferentes tradições religiosas do cristianismo, o convívio fraterno às vezes é difícil. O problema se agrava quando o objetivo é estender o respeito à religião alheia que não seja ligada ao cristianismo porque, segundo muitos, aceitar redenção fora da pessoa de Jesus Cristo derruba o alicerce do evangelho, no qual o próprio Cristo se apresenta como o único caminho, a única verdade e a única possibilidade de vida. "O que fazemos com a nossa exclusividade de salvação?", questiona Giese. Isso se torna ainda mais delicado quando se trata de integrar as religiões de matriz africana ou indígena.

O seminário se debruça sobre um tema delicado, porém de extrema relevância num mundo plural: o respeito à crença alheia como conteúdo escolar, na formação plena da cidadania, na busca da construção de uma cultura de paz na sociedade. Como repassar tal conteúdo? Que ferramentas pedagógicas facilitam o processo?

A tarefa é gigantesca. Antes de encontrar ferramentas pedagógicas, é preciso quebrar muitas resistências, derrubando o mito da exclusividade da revelação divina a determinados grupamentos religiosos. É preciso desarmar espíritos, derrotar preconceitos e pavimentar caminhos de aproximação respeitosa. É necessário fomentar um estado de espírito favorável ao desejo de aprender com as características de fé do outro. É preciso, também, semear a ideia de que a minha liberdade religiosa depende de uma sociedade que dê liberdade religiosa aos outros e, por isso, não cabe nela a discriminação, o desrespeito, a intolerância ou a galhofa.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Diminuição do desperdício acabará com a fome


O número de famintos do mundo aumentou em 150 milhões em 2009, ultrapassando 1 bilhão de pessoas, ou um sexto da humanidade. O problema, entretanto, não é a falta de comida, que está até sobrando e sendo desperdiçada. O problema é a falta de vontade política para resolver e a má distribuição dos alimentos. A Organização da ONU para Agricultura e Alimentação (FAO) já dizia isso há 20 anos.

Como a pobreza é o principal causador da fome, esta diminui em países que empreendem políticas capazes de gerar empregos e renda. Em contrapartida, onde há ditaduras e despotismo, há fome e morte por inanição.

Em 2007 e 2008, os alimentos estavam extremamente caros, provocando o aumento da fome. Quando os preços começaram a baixar novamente, a crise financeira internacional provocou um colapso das exportações, reduzindo a renda dos países produtores. Secas e más colheitas causadas pela mudança climática completaram o quadro de carestia.

Segundo os especialistas, entretanto, hoje se produz alimentos demais. Muito mais do que seria necessário para alimentar a população atual, sendo que ainda nem estamos perto de esgotar o potencial da alimentação direta. Falta pouco para que os pequenos produtores rurais dobrem a produção, segundo o Relatório Internacional sobre Ciência e Tecnologia Agrícolas para o Desenvolvimento (IAASTD, na sigla em inglês) de 2008.

A crise de alimentos existe porque se joga fora entre 30% e 40% dos alimentos produzidos. A prática não se restringe aos abastados. Basta ficar observando, em qualquer restaurante no centro da cidade ou, mesmo, nos restaurantes das indústrias, para ver este fenômeno acontecer bem diante dos nossos olhos. Especialmente no Brasil é possível constatar o desperdício não somente no prato, mas na hora da colheita, durante o transporte até o porto pelas rodovias e ferrovias e no mau armazenamento dos grãos à espera de exportação ou industrialização.

Por isso, sem aumentar um único hectare na produção em todo o planeta, seria possível equilibrar o dramático mapa da fome aí, encima.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Um Nobel para a gestão comunitária


Uma das principais batalhas dos nossos estimados ambientalistas locais é impedir a todo custo que parte da Reserva do Itajaí seja anexada à reserva indígena Duque de Caxias, que passa por um doloroso processo de redemarcação. Alegam que a reserva ambiental em mãos dos indígenas vai acabar trazendo prejuízo à mesma, preferindo tudo sob a paquidérmica tutela do Estado.

A ganhadora do Prêmio Nobel de Economia de 2009 acaba de receber o prêmio justamente por provar o contrário. Trata-se da professora Elinor Ostrom (foto), de 76 anos, da Universidade de Indiana (EUA), doutora em ciência política e pesquisadora em gestão de recursos por comunidades. Ela dividiu o prêmio com Oliver Williamson, de 77 anos, professor da Universidade da Califórnia e doutor em economia. Ele estuda tomadas de decisão em empresas.

O trabalho de Elinor Ostrom derruba a tese de que, quando as comunidades administram recursos ou bens finitos, acabam destruindo tudo, e que é melhor um controle centralizado ou a privatização. Elinor comprovou que a gestão comunitária pode ter resultados melhores do que o a esmagadora maioria acredita.

Na prática, ela demonstra que políticas públicas ambientais têm mais resultados quando são baseadas na colaboração entre as partes, e não na simples imposição de regras e leis ou a simples gestão privada. Em 2006 ela disse que, quando os usuários estão engajados nas decisões referentes a regras que afetam a maneira como usam os recursos, a probabilidade de seguirem o que foi definido e monitorarem os outros é bem maior do que quando uma autoridade simplesmente impõe as regras e a lei.

Isso, entretanto, implica em muito trabalho e desgaste. No caso dos povos indígenas no Vale do Itajaí, no Mato Grosso ou na Amazônia, isso exige o empoderamento desses povos com informações e tecnologia parta preservar. Tenho certeza de que eles, tão amigos da natureza, vão saber fiscalizar muito melhor do que exércitos de guardas florestais.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Baleiro, paz é possível, sim!

O texto de Zeca Baleiro na última página da IstoÉ sempre atraiu minhas primeiras curiosidades. Nesta semana, entretanto, ele me entristeceu (http://www.terra.com.br/istoe/edicoes/2083/artigo153658-1.htm). Um diálogo azedo com um imaginário defensor da Marcha Pela Paz no Ibirapuera o faz condenar a empolgação dos pacifistas, que classifica de interessados em promoção ao participarem da referida, dizendo que os homens não nasceram para a paz, mas para a guerra.
Baleiro, uma das mais belas conquistas do pós-guerra é a busca pela paz como um objetivo platônico e real. Não há interesse em aparecer, mas em dignificar o ser humano como alguém que quer, sim, e pode, de fato, construir paz. A paz não é um atributo dos humanos, mas é uma utopia legítima, pela qual vale a pena lutar. Ela pode e deve ser construída, arduamente, no dia-a-dia, desde a mais tenra idade de cada pequeno ser da humanidade.
Pelo amor de Deus, Baleiro, ajude a salvar a humanidade de sua própria ruína. Com a influência que você tem, será bem mais fácil. Cá pra nós, Baleiro, depois dessa sou mais o Bob Geldof.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Um Jesus para o Século 21


Você quer uma coleção de imagens que atualizam a mensagem de Jesus Cristo para os nossos dias? Então conheça esta obra de arte, publicada há cerca de um mês. Obrigado, Valdim, por esta dica preciosa. Compartilho com os visitantes do Blog.
Desde o início do Cristianismo, é comum o uso de imagens para passar os ensinamentos do Evangelho. O que o fotógrafo da moda Michael Belk fez foi trazer Jesus para circunstâncias da modernidade. As fotos estão publicadas no site Journeys with the Messiah. Clique no link: http://www.thejourneysproject.com/. Vale a pena deixar que as fotos falem conosco. Para ajudar na reflexão, elas têm uma pequena mensagem (em inglês) ao lado de cada uma, com referência bíblica.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Um prêmio antecipado


Até Obama ficou surpreso com a escolha do Comitê do Prêmio Nobel da Paz. O mundo ficou entre estupefato e conformado. “Bem, até que ele iniciou vários esforços pela paz e falou muito no assunto”. Mas a verdade é que não há muita coisa para ser colocada na balança, ainda. Foi um prêmio antecipado? O próprio comitê justificou assim: “é um estímulo”. Ou seja. Obama deve continuar na trajetória que iniciou.

Mas a verdade é que os marines continuam no Iraque e no Afeganistão; Guantánamo continua em funcionamento; a redução de armas nucleares continua uma simpática retórica; o discurso ao mundo muçulmano fez sucesso, mesmo, só no Ocidente; o Irã continua na lista negra dos que mereciam uma guerrinha; os EUA continuam sendo, de longe, a maior potência bélica da face da Terra...

Para um incansável militante pela paz no mundo, ainda faz falta uma lista mais, digamos, convincente.

Quiçá, a intenção do Comitê do Nobel se transforme em obstinação e que a paz ocupe o topo da lista das atribuições do “Number One”. Para colocar nos jornais, a notícia do Nobel da Paz para Barack Obama é perfeita. Mas a sua escolha na lista de mais de 100 indicados é um ato precipitado, que não considera suficientemente centenas de pessoas que já fizeram infinitamente mais pela paz no mundo do que ele.
O problema é que eles não têm a notoriedade do maior fenômeno eleitoral do século 21 até agora.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Camisinha contra estupradores

A sul-africana Sonette Ehlers desenvolveu um instrumento perfeito para inibir o alto índice de estupros em seu país. Trata-se de uma camisinha feminina especial, que inibe a ação dos agressores: a Rape-aXe. A inventora atua há vários anos com vítimas de abuso sexual e a frase de uma dessas vítimas a inspirou: “Eu gostaria de ter dentes lá embaixo”.
A ideia de uma vagina que morde sempre aterrorizou os homens. Tanto é assim que, logo depois que ela apresentou a sua invenção numa cidade, o índice de estupros caiu a zero por três meses. “ homens ficaram com medo de que você tivesse deixado algumas dessas camisinhas por aqui”, disse-lhe o chefe da polícia local.
O medo se justifica, pois cometer estupro em uma mulher que esteja usando a tal camisinha tem consequências devastadoras para o agressor. Na hora em que ele tentar tirar o pênis, centenas de farpas perfuram a pele e a camisinha sai junto, só podendo ser retirada em um procedimento cirúrgico.
Feita de látex e plástico, as farpas são colocadas na parte interna de tal forma que a camisinha não pode ser retirada do órgão sexual masculino sem a ajuda de um médico. Com a camisinha presa ao pênis, o homem sente muita dor e sequer consegue urinar. O uso não é considerado agressão, porque a violência é do estuprador e a camisinha defende a vítima.
O preservativo anti-estupro já está em produção na Malásia e sua distribuição na África do Sul será gratuita para mulheres em situação vulnerável, especialmente durante a Copa do Mundo. Depois disso, deverá ter distribuição mundial.

Ver e emudecer

Este filme foi premiado num festival de curtas, na Alemanha.
http://www.cultureunplugged.com/play/1081/Chicken-a-la-Care

O suco de laranja mais barato do mundo


Depois que os “arruaceiros” do MST deixaram a fazenda da Cutrale, calcula-se em R$ 3 milhões o prejuízo deixado. Segundo a Folha, “a Cutrale, defendida com veemência por deputados e senadores depois de ter visto um de seus laranjais destruído pelo MST, injetou R$ 2 milhões em campanhas de congressistas nas eleições de 2006”.

Portanto, esse prejuízo não deve ser um grande problema para eles. Na verdade, esses pés derrubados e os tratores demolidos vão dar muito lucro. Eles deram a deixa para completar a lista de assinaturas para instaurar a CPI da Terra. A bancada dos “ruralistas” tem quórum... e muitos hectares... e muito poder de persuasão... e apoiadores do peso da Cutrale... e, agora, o argumento perfeito.

Por que criminalizar os movimentos sociais? Qual é o jogo por trás disso?

A Sucocítrico Cutrale Ltda. é de propriedade da família Cutrale, oriunda da Sicília, sul da Itália, há muitos anos. A revista Veja (!) publicou matéria em maio de 2003, segundo a qual “o brasileiro José Luís Cutrale e sua família detêm 30% do mercado global de suco de laranja, quase a mesma participação da Opep no negócio de petróleo”.

A produção mundial de laranjas e derivados, se reduz a duas regiões pontuais do globo terrestre: interior de São Paulo (Brasil) e interior da Flórida (EUA). Cerca de 70% do suco consumido no mundo é plantado e industrializado por brasileiros. O segredo dos altos lucros é comprar a laranja a preço de banana e espremer o suco.

Com apenas cinco grandes compradores de laranjas (o maior deles é a Cutrale) dominando o mercado tupiniquim, isso é fácil. Com esse poderio todo, a laranja brasileira é mais barata, porque o poder de pressão sobre os produtores beira a chantagem. Segundo disse um produtor a Veja, “empregados deles nos visitavam e queriam que a gente vendesse nossa propriedade. Do contrário diziam que seríamos prejudicados na safra seguinte”. Segundo outro entrevistado, “é difícil conseguir bons preços tratando com alguém que pode dizer não até sua laranja apodrecer”.

O cerco aos produtores está irremediavelmente fechado. O cerco ao congresso brasileiro também. Agora, é só cortar a jugular dos movimentos sociais, instaurando uma CPI para matar o MST de inanição, retirando dele o dinheiro que recebe para financiar a sua luta. E está pronto o melhor e mais barato suco de laranja do mundo.


Não parece fácil... e óbvio? Mas tem uma nação inteira que acredita na cena dos tratores derrubando os pés de laranja. Para essa gente, os bandidos estão nos movimentos sociais. Em sã consciência, você realmente acha que os líderes do MST seriam tão burros a ponto de dar uma deixa dessas?

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Valores?

Hoje pela manhã, caminhando pela cidade, chamou-me a atenção um carro-forte, desses blindados e armados até os dentes, sendo acompanhado por duas viaturas da Polícia Militar. "Deve estar transportando muitos valores", pensei comigo.

Mas que valores? Nessa sociedade demente, que erguemos com o suor nosso de cada dia, os únicos valores são aqueles que podem ser transportados num carro-forte.

O Povo Xokleng-Laklãno pede socorro


As duas fotos mostram a represa (quando estava vazia) e o vertedouro da Barragem Norte.

Chegou às minhas mãos, por e-mail do pastor Ari Käfer, um grito desesperado. Como coordenador do grupo de apoio à missão indígena em Santa Catarina, da Igreja Luterana, eu não posso deixar de reverberar este grito neste gramofone.

O grito vem do povo Xokleng, em José Boiteux. A chuva não dá tréguas no sul do Brasil e, para o conforto dos brancos do baixo Vale do Itajaí, foram construídas três barragens para conter as águas da chuva e nos livrar das cheias. Uma dessas barragens fica dentro do lugar que os brancos reservaram para este sofrido povo indígena (a Reserva Duque de Caxias). Outrora a nação Xokleng-Naklãno reinava soberana pelas paragens onde hoje viceja o nosso "progresso" branco.

Esta barragem é uma garantia para nós e uma tragédia para os "reservados". Quando as comportas se fecham, forma-se um imenso lago na área indígena, que divide as diferentes aldeias, que ficam isoladas umas das outras. As crianças não podem mais ir à escola, não há mais como ir ao mercado, nem como vender o produto do trabalho. Nem mesmo para socorrer um doente dá para chegar a algum lugar. Vários já morreram afogados ao tentar sair do isolamento de canoa. As estradas prometidas não vieram, as pontes prometidas não foram construídas, as reivindicações mínimas dos Xokleng não foram atendidas. Estão ao Deus dará! Leia abaixo o emocionado apelo do Aniel Priprá, cacique-presidente e, por conseguinte, a autoridade máxima da nação Xokleng-Laclãno.

O Povo Xokleng-Laklãno pede socorro
O Povo Xokleng da Terra Indígena Ibirama-La Klãno, Estado de Santa Catarina Pede socorro. A Barragem Norte, construída sem autorização do nosso povo em 1976, para controle das enchentes no Vale do Itajaí - SC, nunca esteve com um volume de água tão alto. Já temos aldeias completamente isoladas, sem comida, água potável, atendimento de saúde. O ônibus que transporta nossas crianças para a escola não tem mais como transitar devido às áreas alagadas ou desmoronadas. O nível da água sobe assustadoramente ameaçando casas e famílias inteiras. As comportas da barragem estão fechadas. Nosso povo está em uma situação de calamidade, correndo sérios riscos de vida. Ninguém ainda apareceu. Precisamos urgentemente de um barco ou helicóptero e de apoio governamental, principalmente da defesa civil.
Nosso povo foi brutalmente perseguido e assassinado nos últimos cem anos pelos bugreiros e companhias de pedestres financiados pelo governo brasileiro. De caçadores e coletores fomos obrigados a ser confinados em uma reserva em nome do "progresso" nacional.
Não satisfeitos, construíram em nossas terras a Barragem Norte, que além de nos usurpar a melhor parte das terras e causar graves violações a nossa estrutura social, econômica e cultural, hoje nos ameaça com enchentes e isolamento geográfico. Além disso, a ampliação de limites de nossa terra está parada: não temos para onde correr.
Quando este genocídio irá acabar? Ainda estamos vivos. Pedimos a todos que divulguem este documento de denúncia contra mais esta tentativa de assassinato do nosso povo por parte do Estado Brasileiro que assiste parado à nossa tragédia.
José Boiteux (SC), 2 de outubro de 2009
Povo Xokleng – Terra Indigena Laklaño
Aniel Pripá, Cacique Presidente


segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Obrigado, Mercedes


Para muito além de Gracias a La Vida,
Viveste teu talento para cantar o nosso povo,
Suas tradições, amores, sonhos e tormentos,
Angústias, temores e esperanças.
Tua voz maravilhosa falou aos poderosos
Sobre a vida sofrida e rica da nossa gente comum.
Obrigado, Mercedes, por teres sido a nossa voz.
Por emprestares teu talento à nossa boca muda;
Por teu encorpado canto, que nossa dor desnuda.
Em tua garganta, nosso lamento tornou-se esperança.
Tornaste nossas canções ainda mais belas, inesquecíveis.
Partiste depois de hercúlea luta,
Mas teu talento continua brilhando,
Como o sol da manhã que anunciaste,
No outrora pálido horizonte da América.
Obrigado, Mercedes!
Por teres sido a nossa voz
E por nos animares a continuar erguendo a nossa própria.
Agora temos voz, porque não calaste a tua...

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

A chacina de Tlatelolco


Há 41 anos, o dia 2 de outubro é um dia de luto no México. Nesse dia, no turbulento ano de 1968, entre 300 e 500 jovens universitários perderam a vida na Plaza de Las Tres Culturas, em Tlatelolco, na capital do México. Faltavam poucos dias para a realização dos jogos olímpicos e as ruas da capital mexicana estavam lotadas de atletas e turistas, repórteres e curiosos já se preparavam para assistir à abertura dos jogos, quando no fim daquela tarde, já noite, ocorreu uma das maiores chacinas de que sem notícia no país.
Naquela praça, o movimento estudantil realizava manifestações pacíficas pedindo reformas no governo do então presidente Gustavo Dias Ordas, quando, por volta das 17 horas, um rio de sangue começou a correr em função do fogo cruzado, atingindo manifestantes, transeuntes e até idosos sentados na praça, na qual convive a história pré-colombiana, a colonização espanhola e o México moderno (por isso, praça das três culturas). Além dos mortos, mais de seis mil foram presos. Entre os manifestantes havia também professores, intelectuais, operários e donas de casa.
Depois daquele dia, durante três décadas o governo disse em sua defesa que os estudantes iniciaram o banho de sangue. Sobreviventes do massacre e pesquisadores, no entanto, rebateram essa versão, ao provar que havia agentes infiltrados, vestidos em roupas civis, que iniciaram o tiroteio indiscriminado que resultou na chacina, executada pelo Batalhão Olímpia e pelo Exército Mexicano contra a manifestação pacífica do Conselho Nacional de Greve.
No dia seguinte as mães saíram pelas ruas para buscar seus filhos, convencidas que a nação, depois do massacre, deveria reagir com armas. Mas encontraram silêncio total. Nem mesmo os mortos puderam ser fotografados, a imprensa nada noticiou e as atividades oficiais não sofreram a menor alteração da rotina. Tlatelolco era uma tragédia secreta, que só dizia respeito aos infelizes que estiveram ali naquele momento. Mas o mundo inteiro não se calaria diante da barbaridade, expondo e relatando a arbitrariedade que ocorreu.
Três séculos antes daquela chacina, no dia 13 de agosto de 1521, exatamente naquele mesmo lugar onde está a Praça das Três Culturas, Cuauhtemoc havia perdido, com os seus mortos, o palácio e o comando do império asteca, caindo no poder do conquistador espanhol Hernán Cortés. Iniciava ali o doloroso processo de colonização e o nascimento do povo mestiço que hoje habita o México. É também o que está escrito numa placa, na praça.
Hoje a Praça das Três Culturas é um sítio arqueológico e histórico imponente. Suas construções e a placa em que aparecem os nomes dos estudantes mortos e identificados do dia 2 de outubro de 1968, impressionam pela crueldade daquele massacre.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Mercedes Sosa está internada


A cantora argentina Mercedes Sosa, de 74 anos, está internada desde o dia 20 de setembro no hospital Trinidad, em Buenos Aires. Conectada a um respirador artificial, seu estado é delicado. Ela tem um problema hepático que afeta rins e pulmões. Segundo os médicos, ela sofre de uma disfunção renal progressiva.


Seu frágil estado de saúde impediu Mercedes de lançar seu ambicioso álbum duplo “Cantora”, em que canta com Joan Manuel Serrat, Luis Alberto Spinetta, Caetano Veloso, Shakira, Gustavo Cerati, Charly García, Calle 13 e Joaquin Sabina. Ao longo de sua vida construiu uma notável trajetória musical com um vasto repertório folclórico e popular que passeou por todo o mundo.

DEPOIS DE WORMS, A CAÇADA A LUTERO

No último dia da Dieta de Worms, 26 de maio de 1521, já sem a presença de Lutero, foi decretado o Édito de Worms. O documento fora redigido ...