terça-feira, 29 de setembro de 2009

O olhar de Emmi


Esta imagem me chamou a atenção. Trata-se de um animal de zoológico. Mas não é isso que me atrai na cena. Emmi, o animal da foto, tem oito anos. É uma fêmea de lêmure-de-cauda-anelada, que vive no zoológico de Tel-Aviv, em Israel. No domingo (29/03) ela apresentou seu filhote ao mundo pela primeira vez. Mas também não é só isso que despertou meu interesse nesta imagem.
O que me atraiu é o olhar de Emmi. Os olhos exageradamente grandes dos lêmures desapareceram em seu rosto. Seus olhos estão absortos, concentrados, voltados para um único ponto que se tornou o universo dela. É um olhar repleto de amor, carinho, plenitude. Nada, absolutamente nada em volta dela recebe mais atenção do que aquele indefeso e precioso ser vivo em seu colo. Mesmo olhando em outra direção, ela parece estar toda voltada para o filhote. Digo isso porque já vi o mesmo olhar diversas vezes, quando a nossa cadela teve filhotes. Sempre me impressionou. É o supra-sumo da condição de mãe.
Quando vejo como os humanos tratam seus “filhotes”, vejo no olhar de Emmi uma lição que precisamos aprender. Ao ver o que se faz com crianças nas sociedades ditas humanas, minha alma cora de vergonha. Já dizia o historiador Eduardo Galeano: Se a história da humanidade fosse narrada do ponto-de-vista das crianças, teríamos uma imensa história de horror para contar. Não tem como negar: elas são as maiores vítimas nas guerras, na fome, nas epidemias e nas conquistas. Elas são os alvos principais de abusos de pais que descarregam nelas sua frustração ou de adultos que abusam delas em nome do seu sórdido prazer pedófilo e de suas taras.
Que o olhar de Emmi nos inspire. Não nos calemos diante do sofrimento das crianças. Não viremos o rosto diante da violência contra os pequenos. Não desviemos nossos olhares diante da imagem do abandono das crianças. Não tapemos nossos ouvidos ante o choro indefeso. As crianças do mundo precisam de Emmis, capazes de inspirar aconchego, confiança e acolhimento.

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