terça-feira, 29 de setembro de 2009

A lição de Armstrong


Depois de sentir seu corpo colado ao banco da apertada cabine da Apolo 11, alojada na ponta do poderoso foguete Saturno V durante o lançamento no dia 16 de julho de 1969, e após passar quatro dias no espaço, o astronauta americano Neil Armstrong estava ansioso. Junto dele no módulo lunar estava também o astronauta Edwin Aldrin. Na Apolo 11, em órbita da Lua, estava o terceiro membro da equipe: o astronauta Michael Collins.
No comando do módulo lunar, Armstrong havia acabado de pousar na Lua no dia terrestre de 20 de julho de 1969. Prestes a abrir a escotilha, ele seria o primeiro ser humano a colocar os pés na fofa superfície do satélite da Terra. No distante planeta azul visível no horizonte, 1,2 bilhão de terráqueos estavam grudados à tela de suas TVs.
Ele sabia bem o inacreditável momento histórico que protagonizava. E também já sabia o que iria dizer tão longe de casa. Quando sua bota listrada tocou o poeirento solo lunar, ele disse: “É um pequeno passo para um homem, mas um gigantesco salto para a humanidade”. Uma frase tão emblemática quanto o “terra à vista” dos portugueses, quando esses avistaram os costados de Porto Seguro.
Por cerca de duas horas e meia, Armstrong e Aldrin caminharam, pularam, fotografaram e realizaram diversos experimentos em solo lunar. Eles seriam seguidos por vários outros, mas nenhum deles jamais os superou no status de heróis e de figuras humanas especiais, muito especiais… e únicas.
Um feito magnífico. Muitos não acreditaram no que seus olhos viam na TV. Muitos negaram-se a crer no feito ainda muito tempo depois. Até hoje muitos tentam juntar provas de que aquilo tudo foi uma grandiosa encenação e procuram “evidências” do que classificam como a “maior fraude do século 20”.
O fato é que o extraordinário feito de 40 anos atrás levou os Estados Unidos da América a superar seus arquirrivais na mais louca e arriscada corrida da história da humanidade: a corrida espacial. Os soviéticos haviam iniciado com larga vantagem quando colocaram o primeiro homem em órbita da Terra mais de dez anos antes disso. “A Terra é azul”, extasiara-se Gagarin então.
A própria NASA admite hoje que – apesar dos muitos momentos de suspense e até de terror, com gastos estratosféricos, alguns desastres, diversas vítimas e muita improvisação – teve muito mais sorte do que juízo. Se aquela disputa insana valeu a pena? Talvez. Além de algumas lições interessantes sobre os astros, hoje russos e americanos deixaram a infantilidade de lado e trabalham em projetos de parceria no espaço.
A Lua? Bem, deixou de ser um lugar interessante para ambos. A não ser que, algum dia, sirva de “plataforma” para voos mais altos. E hoje, apesar da frase de efeito de Armstrong, a humanidade tem certeza de que ir a Júpiter, a Marte ou a qualquer outro lugar, mesmo que seja muito distante da Terra, na proporção do universo conhecido, será apenas um pequeno passo para o homem que chegar lá… e para a humanidade também. O passo gigantesco, pelo menos por enquanto, permanecerá refém das obras de ficção científica.
Se houve algum passo gigantesco para a humanidade depois das viagens espaciais, então foi a descoberta de que a Terra é o nosso único lar no espaço. Aquela esfera azul flutuando contra o denso fundo negro do universo é nossa casa. Ninguém viu isso de forma mais eficaz do que Armstrong, Aldrin e Collins… e muitos outros. Todos, sem exceção, voltaram maravilhados.
Numa ampliação do significado da definição do novo homem descrito na Bíblia, quem teve aquela visão única transformou-se em nova criatura. Passou a perceber, de maneira mágica, que tudo o que temos que fazer é preservar nossa casa.
Talvez muitos mais deveriam ver a Terra do espaço, para que a humanidade mude sua relação predatória com o único planeta habitável que conhece e pode alcançar com seus pequenos ou gigantescos passos. Quarenta anos já se passaram desde que a primeira criatura humana experimentou a mais maravilhosa de todas as visões. Não temos outros quarenta anos para aprender a lição de Armstrong.

(Artigo publicado na revista Novolhar Nº 28 - http://www.novolhar.com.br/)

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