quarta-feira, 7 de outubro de 2009

O Povo Xokleng-Laklãno pede socorro


As duas fotos mostram a represa (quando estava vazia) e o vertedouro da Barragem Norte.

Chegou às minhas mãos, por e-mail do pastor Ari Käfer, um grito desesperado. Como coordenador do grupo de apoio à missão indígena em Santa Catarina, da Igreja Luterana, eu não posso deixar de reverberar este grito neste gramofone.

O grito vem do povo Xokleng, em José Boiteux. A chuva não dá tréguas no sul do Brasil e, para o conforto dos brancos do baixo Vale do Itajaí, foram construídas três barragens para conter as águas da chuva e nos livrar das cheias. Uma dessas barragens fica dentro do lugar que os brancos reservaram para este sofrido povo indígena (a Reserva Duque de Caxias). Outrora a nação Xokleng-Naklãno reinava soberana pelas paragens onde hoje viceja o nosso "progresso" branco.

Esta barragem é uma garantia para nós e uma tragédia para os "reservados". Quando as comportas se fecham, forma-se um imenso lago na área indígena, que divide as diferentes aldeias, que ficam isoladas umas das outras. As crianças não podem mais ir à escola, não há mais como ir ao mercado, nem como vender o produto do trabalho. Nem mesmo para socorrer um doente dá para chegar a algum lugar. Vários já morreram afogados ao tentar sair do isolamento de canoa. As estradas prometidas não vieram, as pontes prometidas não foram construídas, as reivindicações mínimas dos Xokleng não foram atendidas. Estão ao Deus dará! Leia abaixo o emocionado apelo do Aniel Priprá, cacique-presidente e, por conseguinte, a autoridade máxima da nação Xokleng-Laclãno.

O Povo Xokleng-Laklãno pede socorro
O Povo Xokleng da Terra Indígena Ibirama-La Klãno, Estado de Santa Catarina Pede socorro. A Barragem Norte, construída sem autorização do nosso povo em 1976, para controle das enchentes no Vale do Itajaí - SC, nunca esteve com um volume de água tão alto. Já temos aldeias completamente isoladas, sem comida, água potável, atendimento de saúde. O ônibus que transporta nossas crianças para a escola não tem mais como transitar devido às áreas alagadas ou desmoronadas. O nível da água sobe assustadoramente ameaçando casas e famílias inteiras. As comportas da barragem estão fechadas. Nosso povo está em uma situação de calamidade, correndo sérios riscos de vida. Ninguém ainda apareceu. Precisamos urgentemente de um barco ou helicóptero e de apoio governamental, principalmente da defesa civil.
Nosso povo foi brutalmente perseguido e assassinado nos últimos cem anos pelos bugreiros e companhias de pedestres financiados pelo governo brasileiro. De caçadores e coletores fomos obrigados a ser confinados em uma reserva em nome do "progresso" nacional.
Não satisfeitos, construíram em nossas terras a Barragem Norte, que além de nos usurpar a melhor parte das terras e causar graves violações a nossa estrutura social, econômica e cultural, hoje nos ameaça com enchentes e isolamento geográfico. Além disso, a ampliação de limites de nossa terra está parada: não temos para onde correr.
Quando este genocídio irá acabar? Ainda estamos vivos. Pedimos a todos que divulguem este documento de denúncia contra mais esta tentativa de assassinato do nosso povo por parte do Estado Brasileiro que assiste parado à nossa tragédia.
José Boiteux (SC), 2 de outubro de 2009
Povo Xokleng – Terra Indigena Laklaño
Aniel Pripá, Cacique Presidente


Um comentário:

  1. se todoas as auturidades se consentizasem tudo poderia estar bem, este povo sofrem não so hoje, nem ontem, nem mês passado, nem no ano passaso é de muito tempo ajuda-nos.

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