sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Morte junto ao rio



Minha biografia pessoal tem algumas marcas bem destacadas. Elas são como sulcos profundos na pele, que moldam não apenas a minha fisionomia, mas também o meu caráter e os próprios contornos e cores da minha alma. Boney M é uma dessas marcas. By the rivers of Babylon já foi até inspiração para uma prédica empolgadíssima, quando fui homenageado pelo Vocal Isaec com a gravação da minha Canção para a América Latina.

A impressionante história deste negro spiritual belíssimo, que conta a épica história do povo de Israel morrendo de saudades da pátria, no exílio, junto aos dois rios que cercam a Mesopotâmia, em referência ao salmo bíblico "como vamos cantar a canção do Senhor numa terra estranha?".

Letra magistral e um credo de confissão de esperança, virou um kitch romântico no Brasil, na pobre e vazia tradução cantada pela Perla (Rios da Babilônia), que falava de um romancezinho bobo, que em nada lembrava o belíssimo negro spiritual composto pelos escravos norte-americanos para tracar um vigoroso paralelo entre o seu exílio e infortúnio escravo em terra estranha. A belíssima canção foi honrada também na inesquecível voz de Bob Marley.

Relembro tudo isso para mencionar aqui, com muita tristeza, que ontem morreu Bobby Farrell. Ele era a alma do Boney M e, aos 61 anos, ainda era seu mais emblemático representante. Com sua partida, Farrell desfalca de sua voz mais vigorosa o coral dos exilados nas barrancas do Eufrates (ou do Tigre, tanto faz).

Com eles eu canto:
By the rivers of Babylon, where we set down,
and there we wept when we remembered Sion.
Oh, the wicked karried us away in captivity,
required from us a song,
now how can we sing de Lords song in a strange land.
So lat de words of our mouths and the meditation of our hards
be acceptable in thy sight heare tonight.

Seja esta a canção de todos nós, na noite em que começa um novo ano.
Um abençoado 2011 a todos e todas!

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