quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Quem quer ler coisa boa?



Susana Barrera, de El Salvador, publicou um texto no portal de ALC Noticias que expõe a dificuldade principal da comunicação alternativa. Duas páginas da internet pedem socorro para continuar existindo. Segundo Susana, os dois projetos enfrentam um mesmo desafio: a sobrevivência publicitária.

O primeiro e o Pax Noticias, cujo lema é “escrever o que é justo”. Segundo Susana, “o site é tocado por um coletivo de profissionais voluntários e busca a divulgação de novidades positivas num contexto onde predominam as más notícias”.

O segundo é o Equilibrium, que tem por lema “Soma-te à diferença”, e surgiu em outubro de 2011 durante a Depressão Tropical E12, que devastou várias regiões de El Salvador, para publicar mensagens de otimismo. Sua prioridade é destacar as coisas positivas e contar, o menos possível, o negativo, contrário ao resto de meios que lucram com o negativo.

O alerta de Susana me fez lembrar da Novolhar. A revista da IECLB, mantida pela Editora Sinodal – que na próxima edição chega ao número 50 –, também tem muita dificuldade em captar publicidade. Com uma linha editorial semelhante, a revista busca uma abordagem diferenciada dos temas da atualidade a partir da confessionalidade luterana. Ao longo de uma década de circulação, Novolhar granjeou admiração e prestígio entre os/as leitores/as e assinantes, mas em dois terços desse período teve muitas dificuldades para permanecer sobre as próprias pernas.

Como desabafo, no empurrão que Susana e sua notícia me deu, afirmo que pouca gente quer saber de notícia boa ou ler coisa para pensar.

O que vende é falar de tragédia, de ônibus incendiado, de bandido morto a bala e execução sumária, de assalto a banco e rebelião em presídio, de pastor pedófilo ou padre devasso...

Também vende bem descer o pau no MST, nos movimentos sociais e até na igreja... Guerras e violência nos países islâmicos também faz crescer o capital de qualquer organização bem sucedida na área da comunicação.

Ou então, mulher pelada, BBB, Michel Teló ou Psy, música cheia de coisa alguma e muita safadeza de duplo sentido, fingindo ser sertaneja. Novelas que repetem à exaustão fórmulas antigas e velhas histórias de muita traição e dramalhões recorrentes.

Também pode ser muita futilidade, ricos torrando seu dinheiro ganho por meios desonestos, fofocas e intrigas sobre astros de ocasião e sem talento algum; futebol ou rinha de galo, UFC ou a carnificina diária no nosso trânsito.

Vale tudo, meu irmão... menos falar de valores e ideais, paz e cidadania, fé e esperança. Isso tudo é uma grande bobagem. Afinal, o mundo é assim mesmo e não há nada a ser feito. Além do mais, o povo quer é pão e circo!

Mas eu prometo: enquanto tiver forças, eu não me rendo!

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