sábado, 6 de março de 2010

Parabéns pelo dia da mulher!


Margot Kässmann acompanhada das quatro filhas


Nesta antevéspera do dia da mulher, eu volto mais uma vez aos recentes acontecimentos com Margot Kässmann. A primeira mulher a presidir o conselho da igreja protestante da Alemanha continua sendo um maravilhoso exemplo do que as mulheres são capazes de realizar. Não me refiro à sua brilhante passagem pelo bispado de Hannover e à quase unanimidade que amealhou na Alemanha como uma mulher de fibra, que tem convicção e coragem para carregar o mundo nas costas sozinha, para dizer o que deve ser dito e para buscar a coerência absoluta entre a prática e o discurso.

Refiro-me à sua determinação de ir até o fim. Ela foi literalmente soterrada por uma avalanche nas últimas semanas. E ela aguentou firme, sem titubear. Foi até o fim com o que deveria ter sido feito. Exatamente do jeito que as mulheres, mesmo as mais anônimas, sempre procederam. Se o leite está derramado, importa limpar tudo. O que não pode é deixar rastro, arestas, pontinhas em que se possa pendurar o que quer que seja. Com o coração sangrando, as mulheres são capazes das atitudes mais impressionantes.

Assim como as duas Marias no domingo de Páscoa. De que adiantaria fazer o mesmo que os homens e trancar-se atrás de portas sem saber o que fazer? Se Jesus estava morto, e sofreu do jeito que sofreu, o que importava era preparar o seu corpo para um descanso eterno digno. Graças a esta determinação, de não deixar para depois, de fazer o que tem que ser feito, as Marias foram as primeiras testemunhas da ressurreição e suas primeiras arautas.

E pensar que depois disso a Igreja fez de tudo para que elas não tivessem direito à palavra. As primeiras testemunhas da ressurreição do Senhor foram caladas durante séculos...

Margot Kässmann poderia ter se calado, depois da avalanche. Mas ela falou o que tinha que ser dito. E espero, sinceramente, que tal qual uma Maria do século 21, ela não cale a sua voz de testemunha tão eloquente, tão eficiente, tão coerente do Evangelho de Cristo. Eu sei que não o fará. Mesmo em alguma paróquia perdida numa vila qualquer do interior da Alemanha, ela continuará fazendo o que deve ser feito. Sem pestanegar. Exatamente do jeito das mulheres.

Inspirado no legado de Margot Kässmann, desejo mil bênçãos a todas as mulheres, neste dia da mulher, 8 de março. Não desistam! Vocês, tenho certeza, irão fazer o que tem que ser feito para que este mundo seja melhor, mais justo, mais íntegro, mais ético e, sobretudo, mais bonito. Mesmo que tentem impedir, vocês não desistirão. E isso é o que todos temos que aprender com vocês...

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